Saul Alinsky – O demônio que viveu nas sombras
“Organização e poder: uma única
coisa. A mudança vem do poder e o poder vem da organização. Para agir, as
pessoas precisam se juntar. O poder é a razão de ser uma organização. Quando as
pessoas entram em acordo sobre certas idéias religiosas e querem o poder para
propagar sua fé, elas se organizam e chamam a isso ‘uma igreja’. Quando as
pessoas entram em acordo sobre certas idéias políticas e querem o poder para
colocá-las em prática, elas se organizam e chamam a isso ‘um partido’”.
Saul Alinsky, defendendo que organização e poder, são a mesma
coisa.
Alinsky é um completo desconhecido pela maioria das pessoas e quase
desconhecido pelos próprios esquerdistas, isto se deve ao fato dele ter
escolhido agir nas “sombras”, ou seja, nos bastidores da agitação política.
Passados quase 50 anos da sua morte, é o maior influenciador do Partido
Democrata norte americano e mentor de Barack Obama e Hillary Clinton. Seu
livro, que compila todas as suas estratégias de ação chama-se: “Regras para
Radicais: um guia pragmático para radicais realistas” é um trabalho de um autor
altamente perspicaz e inteligente do ponto de vista político. Sua leitura é
imprescindível para todos que desejam compreender as manipulações orquestradas
por movimentos políticos radicais de esquerda até os nossos dias.
A palavra ‘revolucionário’ define a personalidade de Saul Alinsky, que
não era comunista e não acreditava na forma que o marxismo pretendia ser
aplicado, mas concordava com todos os preceitos filosóficos e políticos pregado
por essa ideologia demoníaca: ódio ao sistema capitalista, aos valores
tradicionais, à família e às raízes judaico-cristã – embora ele seja judeu.
De acordo com o livro: “Os EUA e o Partido das Sombras”, Saul
Alinsky, não dividia as ‘classes sociais’, separando a sociedade entre
opressores e oprimidos, mas sim em grupos de poder. Quem tem poder e quem não
tem.
Paulo Henrique Araújo e Ivan Kleber da Fonseca, autores do livro
supracitado, destacam a dedicatória da bíblia para os revolucionários – Regras
para radicais -: “Devemos olhar para o passado e dar crédito ao primeiro
radical de verdade, o primeiro radical conhecido pelo homem, que se rebelou
contra o sistema, e que fez de forma tão eficaz que, pelo menos, conseguiu seu
próprio reino: Lúcifer”.
O livro ainda traz os três campos de atuação de Alinsky: desinformação,
justificação dos meios pelos fins e, por último, a destruição do oponente.
Vida, influência e ativismo
Saul Alinsky, nasceu em Chicago, em 30 de janeiro de 1909. Filho de
imigrantes judeus ortodoxos russos (Benjamin e Sarah Alinsky). Formou-se como
bacharel em Filosofia pela Universidade de Chicago, onde se especializou em
arqueologia. Trabalhou como criminologista. Casou-se ao longo de sua vida três
vezes. Seus planos para se tornar um arqueólogo profissional foram alterados
devido à corrente depressão econômica nos EUA, em 1929.
Identificava-se como um organizador de comunidades. Suas habilidades
organizacionais focaram-se nas condições de vida e violência de comunidades
pobres dos Estados Unidos. Na década de 1950, Alinsky voltou sua atenção para
os guetos afro-americanos, começando por Chicago – porém mais tarde trabalhou
em outros guetos localizados na Califórnia, Michigan e Nova Iorque.
Suas ideias foram usadas ainda na década de 1960 por alguns estudantes
universitários norte-americanos e outros organizadores da contracultura da
época, como parte de suas estratégias para formar organizações nos campus
universitários e em outras entidades.
Um artigo da Revista Time publicado em 1970 avaliou que “não seria um
exagero argumentar que a democracia americana vem sendo alterada pelas ideias
de Alinsky”.
Enquanto diversos pensadores das questões sociais se dedicaram a
encontrarem soluções para as mazelas da sociedade, Alinsky, ao contrário, não
pretendia elaborar um texto para ensinar as pessoas a reformar a estrutura ou
ao menos melhorá-la, mas sim, para derrubá-la. Além disso, suas táticas são
voltadas para organizações civis e organizações populares.
Para Alinsky a Ética e a Moral simplesmente não existem e não devem
existir em nenhuma esfera da política, para se ter uma ideia comparativa,
diversos filósofos até viam uma separação da Ética e da Moral entre as questões
políticas, porém não em todos os momentos, por exemplo, Nicolau Maquiavel.
Alinsky prega um total relativismo moral e uma ação sem freios, que na prática
pode ser entendida como: “faça o que tiver de ser feito, não importa o que
seja!” Ele nega a ética e a moral e as transforma em um instrumento hipócrita
para poder conduzir as massas, para apresentar razões falsas, moralmente
falsas, como motivações para “manipular” as pessoas, para atingi-las
emocionalmente, legitimando assim o agir revolucionário. O que importa é
manipular e impulsionar as massas para a ação desejada.
Em seu “manifesto” deixa muito claro seu ódio pela classe média,
observada por ele, nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e início de 1970,
todavia, admite que as fileiras de revolucionários são compostas basicamente de
indivíduos oriundos dessa classe, indicando portanto, que o crescimento da
classe média a torna agora o principal alvo como “massa de manobrável” e que
seria preciso entender seus desejos, seus medos, suas ambições mais íntimas e
profundas para poder criar falsamente uma aproximação da causa revolucionária,
atraindo os componentes dessa parcela da população para o movimento, incitando
o idealismo revolucionário de transformação do mundo como uma atitude positiva
e ao mesmo tempo contraditória, levando-os a crer que ou aderem à revolução ou
perderão a razão de existir, seus valores, princípios e modo de vida. A
manipulação direta da classe média para obter sua radicalização apenas como um
mero instrumento, sem nenhuma consideração ou reconhecimento dela, apenas
desprezo e indiferença, como peões num jogo de xadrez.
Suas ideias de manipulação das massas de manobra demonstram sua absoluta
frieza e relativismo moral, sua indiferença perante o fato de ter de matar,
enganar, mentir, fingir etc.
Percebe muito bem o abismo entre a realidade e o ideal e aponta com
propriedade esse abismo. Seu absoluto desprezo pela verdade, pela honestidade,
inclusive intelectual e moral é gritante e abjeta.
Propõe não enfrentamento direto do sistema, mas sim, penetrar nele por
vias usuais e implodi-lo por dentro.
Seu livro trata-se de Política pura em termos de conquista do Poder a
qualquer custo. Portanto, pode sua obra e autor serem acusados de tudo, menos
de serem ineficientes para os fins a que se propõem.
Alinsky é pouco conhecido, mas muito citado por conta de suas táticas
não-violentas voltadas à “arte” de organizar comunidades com o intuito de
promover mudanças sociais. Na publicação em questão, o autor apresenta uma
lista de 13 regras que representariam seu legado duradouro.
Tais regras de Alinsky podem ser classificadas como “táticas de
confronto”, e são projetadas para derrotar seus oponentes através de
resistência não violenta, porém, friamente imoral baseando-se nas diversas
campanhas de sucesso que ele promoveu ao longo dos anos nas comunidades que
“manipulava”
O livro (Tratado para radicais) conta com a menção à Lúcifer, como sendo
o primeiro radical das lendas – um indivíduo que se rebelou contra o
establishment e conquistou seu próprio reino. Alinsky inspira-se no modelo de
Lúcifer, propondo com seus ensinamentos ativistas o inferno na Terra.
Saul Alinsky morreu com 63 anos, vítima de um ataque cardíaco, em 12 de
junho de 1972, na Califórnia. Foi cremado na mesma cidade e teve suas cinzas
enviadas ao cemitério Mt. Mayriv, em Chicago.
Linguagem e postura
Saul faz uso da linguagem para enganar. Por exemplo: ao invés de dizer
“liberação do aborto”, os revolucionários falam: “direito reprodutivo da
mulher”. A segunda frase se torna mais palatável para a classe média,
principalmente. Um dos seus princípios fundamentais é a mentira.
O mentor dos revolucionários alerta que, para ser ouvido, é preciso
trajar ternos, barba feita, com uma aparência e postura atrativa e limpa.
Ele também era contrário a manifestações barulhentas e agressivas, pois
as únicas coisas que conseguiam eram ser expulsos dos locais e afastar os
moderados.
Divisão
Alinsky não se limita à divisão entre os que ‘têm’ e os que ‘não tem’, e
afirma que a classe média – classe que precisa ser dominada -, é uma classe de
‘aqueles que têm pouco e querem ter mais’.
Classe média
Os revolucionários não conseguem dominar a classe média pois, mesmo sem
ter profundo conhecimento ou atuação política, o sujeito está disposto a
trabalhar e consegue prosperar.
Base da Revolução
Para enfrentar alguns obstáculos, os comunistas começaram atraindo as
pessoas que vivem a margem da sociedade, como: bandidos, viciados, prostitutas
e outros tipos que não são aceitos pela sociedade produtiva. Já Alinsky
defendia a ideia de subverter os que têm pouco e querem mais, recorrendo à
corrupção da linguagem.
O primeiro recado de Alinsky, é a importância da comunicação. O segundo
é que não há outro caminho senão trabalhar por dentro do sistema. E o terceiro
é ressalta a importância de se conquistar o poder. “Não há nada mais importante
do que conquistar o poder”.
O revolucionário
Para Saul, é urgente que o revolucionário esteja sempre alerta, em
estado de guerra e preparado para a guerra. Ele tem que ver a política como
religião e, assim, tendo vantagem em cima dos conservadores.
Dominar os sindicatos, a educação e as redações de jornais eram
imprescindíveis.
Um dos conselhos, de acordo com o livro: “Jogando para Ganhar”, de
Roberto Motta, de Alinsky é a arte da comunicação. Ele explica que a
comunicação precisa acontecer dentro da experiência do seu público-alvo. Usar
as experiências do cotidiano do seu público para desenhar seu discurso.
Alinsky não prega o revolucionário violento e incendiário e sim
moderação e pragmatismo. Motta frisa que Alinsky rejeita a violência explicita
e a política de confronto direto, estimulando a tomada do poder por meios democráticos.
“Não se conquista o poder pelo confronto violento, mas operando por dentro do
sistema”.
Religião.
Alinsky defende a política como religião e, os revolucionários odeiam os
cristãos e o cristianismo. Anatole Lunarcharsky dizia que os comunistas odiavam
os cristãos e o cristianismo: “Odiamos os cristãos e o cristianismo. Mesmo os
melhores entre os cristãos devem ser considerados nossos piores inimigos.
Pregam o amor ao próximo e a misericórdia, que são contrários a nossos
princípios. O amor cristão é um obstáculo ao desenvolvimento da revolução.
Abaixo o amor ao próximo! O que queremos é o ódio […]. Somente então poderemos
conquistar o universo.”
O comunismo precisa da subversão e da perversão juvenil e a quebra da
base familiar para ter êxito. Crianças e adolescentes sem parâmetros familiares
são alvos fáceis para professores militantes e para a mídia televisiva, assim
como “Anittas” e “MCs” não sei das quantas.
O culto à personalidade tem que predominar e as vontades triviais
precisam ser satisfeitas para manter o jovem submerso a vontades corporais e
com baixa tolerância a frustração, para que tenham combustível para enfrentar
os pais e se rebelarem. Famílias que dão pouca importância ao jantar na mesa e
as missas aos domingos, tendem a viver em conflitos obtusos e profundos.
Guerra Política
O livro do autor Roberto Motta: “Jogando para Ganhar”, ressalta que, a
guerra política é o resultado da colisão de visões diferentes do mundo. Quando
um dos lados tem medo de enfrentar essa guerra, seu adversário pode conseguir a
vitória mesmo enfrentando evidências avassaladoras contra as práticas éticas ou
morais.
No livro podemos encontrar os seis princípios da guerra política de
Horowitz.
1-) Política é guerra conduzida por outros meios.
2-) Política é uma guerra de posicionamento.
3-) No combate político, quem está na ofensiva geralmente vence.
4-) Uma posição é definida por medo e esperança.
5-) As armas políticas são os símbolos que evocam medo e esperança.
6-) A vitória estará com aquele que está ao lado do povo.
A política é uma guerra conduzida por outros meios, como por exemplo,
não se luta apenas para ganhar uma discussão e sim para destruir a capacidade
de luta do inimigo. A política acontece dentro de um contexto e, portanto, as
regras não podem ser aplicadas de uma forma rígida.
Apelar para o emocional, como o medo e a esperança, é uma das principais
ferramentas para vencer essa guerra. Convencer as pessoas que elas são
importantes e suas necessidades serão sempre uma prioridade são primordiais
para ter vantagem sobre esta guerra.
Bradar pela redução da desigualdade e pela justiça social, desperta o
ímpeto de compaixão e justiça nas pessoas, as impelindo as pessoas bradarem
junto com o candidato, mesmo que elas não saibam o que essas duas frases
significam.
Redução da desigualdade e justiça social são frases tão fortes que até
quem não é de esquerda, as usa para conseguir relevância no cenário da corrida
eleitoral. Porém, estas frases de efeito são usadas para demonizar o sistema
capitalista, colocando-o como desigual e injusto.
Palavras e símbolos são as melhores e mais eficazes armas que um
candidato por ter. Motta esclarece ainda que, justiça social, é um termo vazio
sem significado real, já que toda justiça é social.
Ativismo
O ativismo e a manipulação das massas é um dos pilares essenciais para o
sucesso da esquerda. Recomenda-se que os ativistas trabalhem em uma gama de
causas. Quanto mais causas, maior será sua base de apoio na população.
Ativistas que agem pela pseudo-minoria é um dos alicerces para manter a
população revoltada, ocupada e reativa a fatos cotidianos. Como exemplo é o
assassinato de mulheres. Crime de caráter passional, ganhou o nome de
feminicídio, mesmo que o companheiro não a mate por ser mulher e sim por vê-la
como objeto de posse e desejo. Passional. Age com paixão. Essas causas sociais
causam uma relativização dos valores morais e sociais.
Alinsky recomenda que os ativistas aproveitem ao máximo a competição entre
os ricos e pobres e use isso em benefício próprio para promover a causa da
revolução.
As regras
Roberto Motta elencou as 13
regras propostas por Saul Alinsky:
1-) Poder não é apenas o que você possui, mas o que o inimigo pensa que
você possui.
2-) Nunca atue fora da experiência da sua comunidade.
3-) Sempre que possível, atue fora da experiência do seu inimigo.
4 e 5 -) O ridículo é a arma mais poderosa; é quase impossível
contra-atacar a humilhação causada pelo ridículo.
6-) Uma boa tática é uma tática que agrada a sua equipe. Se o seu grupo
não está se divertindo, existe algo errado com sua tática.
7-) Uma tática que se arrasta durante muito tempo, se transforma em peso
morto.
8- ) Mantenha a pressão, com diferentes táticas e ações, e utilize todos
os eventos disponíveis para essa finalidade.
9-) A ameaça costuma ser mais apavorante do que a própria ação, mas
apenas se todos sabem que você tem o poder e a determinação de executar o que
você ameaçou fazer.
10-) Atue sempre para manter a pressão.
11-) Se a pressão for mantida por tempo suficiente, o outro lado
cometerá um erro fatal.
12-) O preço de um ataque bem-sucedido é estar sempre pronto a oferecer
uma solução construtiva, se o inimigo ceder.
13-) Escolha o alvo, congele seu foco nele, personalize o ataque e
polarize a questão ao máximo.
Você pode saber ainda mais sobre Saul Alinsky em nosso curso: Saul Alinsky e o
Império do Radicalismo Político
Referências bibliográficas
– “Regra para Radicais: um guia
pragmático para radicais realistas” (Em espanhol). Autor: Saul Alinsky.
– “Saul Alinsky e a Anatomia do
mal”. Autores: André Assi Barreto e Márcio Scansani
– “Os EUA e o Partido das
Sombras”. Autores: Paulo Henrique Araújo e Ivan Kleber Fonseca.
– “Jogando para ganhar. Teoria e
prática da Guerra Política”. Autor: Roberto Motta.
Jornalista. Editora-chefe do Vista Pátria, colunista do PHVox e do Sinopse OnLine. Apaixonada por política e cultura pop. Avessa as relações sociais, prefiro ficar em casa com meus filhos, lendo e assistindo séries.