Preocupado com o cenário de Brasília, Lula convoca reunião de emergência em SP

Depois de uma rodada de muitas conversas em Brasília nos últimos dois dias, Lula convocou uma reunião de emergência nesta quinta-feira (10) em São Paulo. Ele deve receber em um almoço lideranças do PT, inclusive pessoas com quem conversou em Brasília.

Segundo relatos, Lula deixou Brasília extremamente preocupado com os rumos do governo da presidente Dilma Rousseff e com sua própria situação. Apesar de ter negado a intenção de assumir um ministério, esse é um cenário ainda cogitado pelo ex-presidente. 

Lula foi alertado que poderá ter mandado de prisão para ele em uma nova fase da Operação Lava Jato, que pode ser precipitada com os últimos acontecimentos e novas delações. 

Petistas mais próximos do ex-presidente avaliam que Lula deveria ter uma função mais ampla como uma espécie "de chefe de governo", assumindo a articulação política, incluindo até mesmo a política econômica. Mas a dúvida dos petistas é se Dilma teria capacidade de abrir mão desse espaço no governo para o ex-presidente.

Lula também deixou Brasília preocupado com o PMDB. Ele recebeu relatos de que até mesmo a ala do partido no Senado, considerada mais governista, já começa a dar sinais de abandonar o barco, deixando Dilma à própria sorte.

 


INTOCÁVEIS ?



Publicado no Estadão
A condução coercitiva do ex-presidente Lula, para depor sobre sua participação no Petrolão, é a prova definitiva de que o edifício institucional e democrático do Brasil resistirá a essa gigantesca onda de fisiologismo, corrupção e imoralidade que tomou o Congresso, o Executivo e parte substancial do empresariado desde que o PT chegou ao poder. As autoridades do Judiciário não se deixaram intimidar pela salivação da matilha lulopetista, que passou os últimos meses a desafiar o juiz Sérgio Moro, a Polícia Federal e os procuradores da Lava Jato a cometerem a ousadia de tocar em seu dono, elevado à categoria de santo.
As evidências contra Lula são tantas e suas explicações, tão ofensivas à inteligência alheia, que os agentes da lei estariam prevaricando se não tivessem tomado nenhuma providência contra o chefão petista. Pode-se dizer até que demorou demais, pois já está claro, desde os tempos do mensalão, que Lula não apenas sempre soube da corrupção que devastou a administração pública sob os governos do PT, como a corrupção em si mesma acabou por se tornar um método, cujo mentor não pode ser outro senão o ex-líder sindical que ascendeu usando a máscara de herói da ética na política.
Essa máscara finalmente lhe foi arrancada. Conduzido a depor sob escolta policial, Lula teve de prestar contas de seu enriquecimento em meio a suspeitas cada vez mais fortes de que se aproveitou pessoalmente do esquema que assaltou a Petrobras. Durante quase quatro horas, ele teve de responder a questões envolvendo os favores que recebeu de seus grandes amigos empreiteiros, todos mergulhados até o pescoço na Lava Jato.
Qualquer cidadão sobre quem pairassem suspeitas desse tipo teria sido igualmente obrigado a dar esclarecimentos à polícia. Assim funciona o Estado de Direito, no qual ninguém está acima da lei. Mas Lula, para o PT, não é “qualquer cidadão”. É o “maior líder popular da história do Brasil”, como seus cupinchas dizem e repetem há anos, desses que, vez ou outra, podem transgredir a lei. Ora, é a lei que nos torna iguais. Mas, para os petistas, Lula se tornou “preso político”, e forçá-lo a depor caracteriza um “golpe”, contra o qual só é possível responder por meio da truculência. “Agora, é rua e guerra”, anunciou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) – aquele que não gosta que se fale de transporte de valores em sua presença. Foi esse o tom adotado pelo PT.
Lula reiterou, de maneira irresponsável e truculenta, o seu desrespeito habitual à democracia e às instituições, às quais praticamente declarou guerra, convocando a militância lulopetista para defendê-lo nas ruas. Mas o seu julgamento pelas ruas virá depois. Primeiro, terá de se haver com as leis do país e com quem as faz valer. E aí a conversa não admite valentia de botequim.
Diante do chamamento à desordem e à indisciplina cívica feito por Lula, das autoridades judiciais e dos líderes políticos exige-se energia, mas também serenidade e responsabilidade para isolar aqueles que não têm nenhum compromisso com o diálogo e com o respeito às instituições. É a estabilidade do Brasil que está em jogo.
Essa grave crise, na qual as fantasias criadas em torno do grande projeto revolucionário petista e de seu líder messiânico se desfazem de forma dramática, leva à reflexão de como o país chegou a esse ponto. Deve-se perguntar como o Brasil se deixou seduzir por esses prestidigitadores que, em quatro eleições presidenciais desde 2002, convenceram os eleitores de que bastava o desejo de Lula para que se fizesse a justiça social e o país se transformasse, por milagre, num paraíso de riqueza e felicidade.
Lula et caterva chegaram ao poder porque alguém os colocou lá. O monumental desastre do lulopetismo é um pesadelo que o Brasil escolheu ter, nas urnas, mesmo diante das evidências de corrupção e de incompetência.
Na hora de decidir os rumos da política, os brasileiros precisam considerar que impulsos e entusiasmos momentâneos frequentemente se transformam em ônus insuportáveis, pouco tempo depois. Cada escolha deve ser, portanto, medida e pesada responsavelmente. Do contrário, o País estará condenado à ruína crônica e à irrelevância, como uma república bananeira que, embora riquíssima, definha e se deixa devorar pelos corruptos e pelos ineptos. Lula é o exemplo vivo – muito vivo – dos males que podem advir a uma nação despreocupada.


 


QUEM É A VÍTIMA?


Lula se diz vítima, mas deve perdão ao caseiro que prejudicou.

Lula se acha injustiçado no inquérito sobre a corrupção na Petrobras, mas nunca pediu desculpas a Francenildo, cujo direitos foram violados e a vida foi devassada pelo seu governo
Dilma Rousseff, ontem, em Caxias do Sul ( RS), para militantes do Partido dos Trabalhadores: — O presidente Lula, justiça seja feita, nunca se julgou melhor do que ninguém. Lula, sexta- feira, em São Paulo: — Antes deles ( policiais, procuradores e juízes) já fazíamos as coisas corretas nesse país... Eu fui melhor que todos. Eu fui melhor que todos cientistas políticos, fazendeiros, advogados e médicos que governaram este país.
Lula é um hábil ator da política- espetáculo. Soube com antecedência e reagiu de forma estudada. “Vou ser preso ou vão fazer a minha condução coercitiva”, avisou na véspera a Gilberto Carvalho — contou o ex- secretário presidencial à repórter Natuza Nery.
O momento mais espontâneo da sexta talvez tenha sido a conversa gravada e divulgada pela aliada Jandira Feghali ( PCdoB- RJ). Ao telefone com a presidente, Lula disse o que pensa sobre as instituições, sugerindo um rumo para o processo sobre corrupção na Petrobras: “Que enfiem...” Não se conhece resposta de Dilma.
Lula sabe, também, que deverá ser denunciado. É a tendência da procuradoria com base em evidências sobre as finanças de cinco grandes empreiteiras, responsabilizadas por quase 70% da corrupção comprovada em negócios da Petrobras durante o governo Lula. Entre outras transações, os procuradores descreveram pagamentos de R$ 560 mil mensais ao ex- presidente, de 2011 a 2014. Lula defendeu- as: “Já se deram conta de que o salário de muita gente na Justiça vem dos impostos que pagam essas empresas?”
Preferiu dever respostas substantivas, como se desejasse entregar- se às suspeitas. Reverberou contra as instituições e voltou a sinalizar que a História é ele. Arrematou com seu estado de espírito: “Indignado”, “magoado” e “perseguido”.
Por coincidência, neste março completam- se dez anos daquela que talvez tenha sido a maior das injustiças cometidas pelo Estado brasileiro contra um cidadão comum: Francenildo dos Santos. Aos 24 anos, ganhava por mês ( R$ 370) quase 1.500 vezes menos do que Lula recebeu das cinco empreiteiras do caso Petrobras.
Caseiro no Lago Sul, em Brasília, em 2006 testemunhou cenas dos porões do poder, como o trânsito de malas de dinheiro em ambiente de festas libertinas. Num ano eleitoral marcado pelo inquérito do mensalão, confirmou à repórter Rosa Costa que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, frequentava a casa.
Convocado à CPI, foi silenciado pelo senador Tião Vianna ( PT), que obteve uma liminar no Supremo. O número do seu CPF foi levado da Secretaria da Receita, comandada por Jorge Rachid, para o Palácio do Planalto. Ali, Lula se reunia com o ministro Palocci e o presidente da Caixa, Jorge Mattoso. À noite, o ministro recebeu de Mattoso um envelope com a violação do sigilo bancário de Francenildo na Caixa, relatou o repórter João Moreira Salles.
O governo espalhou cópias de extrato bancário onde constava depósito de R$ 30 mil. Tornou o caseiro suspeito de corrupção, a soldo dos “inimigos” eleitorais. A farsa não durou. Foi comprovado que o dinheiro fora doado pelo pai do caseiro, em parcelas, para ajudá- lo a comprar uma casa.
Desempregado e com a vida vasculhada, Francenildo aguentou firme. Até sugeriu que a devassa se estendesse ao seu voto na eleição de 2002: ajudara a eleger Lula presidente, de quem jamais recebeu sequer um pedido de desculpas.


 

MINISTROS NO STF E AÇÃO NO MPF SINALIZAM DE OUTRA MEGA-OPERAÇÃO POLICIAL
OPERAÇÃO EM GESTAÇÃO HOJE PODE SER DA ZELOTES OU DA LAVA JATO

Vários ministros do Supremo Tribunal Fedeal (STF)  foram chamados ao trabalho, neste domingo, e a movimentação no Ministério Público Federal (MPF) prenunciam outra operação envolvendo figurões da República neste início de semana. Figurões com foro privilegiado, ou sejam, deputados federais e senadores.
A presença de Teori Zavascki - relator da Lava Jato - entre os minstros que se encontram no STF sugere que a mega-operação pode resultar de investigações do esquema do Petrolão, gatunagem desmantelada na estatal Petrobras, mas há informações que ligam a mobilização à Operação Zelotes. Zelotes está trabalhando porque é o plantonista. 

Fontes com acesso às investigações do esquema bilionário de fraude no Carf, o conselho dos contribuintes, ligados à Receita Federal, dão como certa mais uma fase da operação Zelotes em ao menos quatro estados, neste início de semana, incluindo Alagoas e Pará.
Consta que uma centena de agentes federais estão convicados para a operação deste início de semana, e mais outra centena que se encontra de sobreaviso para eventual emprego, no cumprimento de mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva.