Secretário de Educação nega fechamento de escolas, mas alunos devem ser transferidos

Seeduc informou que o número de vagas ofertadas para o ano que vem é superior ao número daquelas ocupadas em 2016


Rio - O secretário estadual de Educação, Wagner Victer, negou o fechamento de escolas do estado por conta da crise, na tarde desta quarta-feira, em audiência pública da Comissão Estadual da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). No entanto, a Casa informou que está prevista uma reorganização em mais de 20 escolas da rede pública de ensino no ano que vem. Com isso, alunos serão transferidos, turmas vão ser reduzidas e turnos, extintos.

Durante a audiência, a estudante da rede estadual Elaine Melchiades argumentou sobre o fato de os alunos não terem sido ouvidos. “A falta de democracia esteve em todo o momento. No Ciep, a gente teve essa notícia no dia 18, quando a regional chegou e disse que seria municipalizado. Nos trataram como números, mas nós não somos. Somos pessoas e queremos ser ouvidas", ressaltou a menina.
Audiência pública da Comissão Estadual de Educação realizada nesta quarta-feiraDivulgação
O presidente da Comissão, o deputado Comte Bittencourt (PPS), desaprovou as medidas. "Elas apontam para o encerramento dessas unidades. É doloroso para uma comunidade encerrar uma atividade de uma escola ou um curso noturno que era oferecido no espaço", reforçou o parlamentar.
Para Comte, é preciso realizar um novo encontro para analisar os casos mais graves, como em Maricá, que o ensino noturno foi totalmente extinto e com isso ouve uma precarização do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Além de São Gonçalo, onde estudantes foram transferidos para uma localidade onde tem uma facção rival e o aluno não consegue ir à aula. 
Segundo Marta Moraes, coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), o secretário não deu garantias e, embora ele negue, há escolas fechadas. A coordenadora ressaltou que em nenhum momento a comunidade foi consultada sobre o processo de municipalização. Ainda ressaltou que vão levar para o Ministério Público. 
De acordo com o Sepe, três colégios já foram fechados: a Escola Estadual Estado de Israel, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, a Escola Estadual Lourenço Filho, em São João de Meriti, o CIEP 401, em Japeri, na Baixada Fluminense. A coordenadora lembrou ainda que o CIEP 189, também em São João de Meriti, será fechado no mês que vem.
Diante da ‘otimização’ sugerida pelo governo, o deputado estadual Flavio Serafini (PSOL) decidiu entrar com representação no Ministério Público para a abertura de uma ação civil pública que impeça o fechamento de escolas e obrigue o governo a rever o seu plano.
“Fechar escolas, ao invés de ampliar uma rede que é deficitária, já é algo que não faz o menor sentido. Há bairros que vão ficar completamente descobertos, como o Calaboca ou Tenente Jardim, em Niterói”, revela.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que o número de vagas ofertadas para renovação e novas matrículas é superior ao número de vagas ocupadas no ano de 2016. Ainda ressaltou que não faltarão vagas, tendo em vista que o estado utiliza pouco mais de 40% da capacidade instalada de sua infraestrutura. 
Também informou que eventuais absorções de alunos, alterações de turnos e municipalização de unidades para prefeituras executarem o Ensino Fundamental, que é de sua responsabilidade conforme determina a Lei das Diretrizes e Bases da Educação, já vem ocorrendo rotineiramente nos últimos anos.
Reportagem de Paola Lucas e da estagiária Luana Benedito


Veja a lista completa das escolas

SINDICATO ESTADUAL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
Fundado em 16 de julho de 1977

INFORMES SOBRE FECHAMENTO DE ESCOLAS ESTADUAIS
São duas vertentes de denúncias sobre fechamento de escolas na rede estadual, recebidos pelo SEPE/RJ,
sendo apontadas como:

I. Algumas escolas estão sendo ameaçadas de real fechamento de U.E.;
II. Outras o sistema não permite novas matrículas, e/ou não reconhece alunos já inscritos.
III.Educação de Jovens e Adultos muito prejudicado pois a maioria dos turnos fechados foi o da noite.
IV. Em nenhum dos casos a comunidade escolar foi consultada.
CAPITAL
BANGU
 1*CE NAÇÕES UNIDAS:* 04 turmas e mais ou menos 100 alunos atingidos.
2.C.E.JOÃO SALIM MIGUEL E CE DALTRO SANTOS:* Vivem a mesma situação, mesmo tendo prédios
próprios. Essas escolas funcionam nos três turnos. Além disso, no Daltro Santos querem limitar o turno da
tarde, parece que a perspectiva é fechar o turno da tarde e isso pode ser colocado em prática em 2018.
Parece que eles querem acumular a demanda no CE Bangu, ou seja, superlotar o Bangu
3.*CE DALTRO SANTOS:* 3 turmas da tarde e 3 da noite, 140 alunos.
4. *CE JACQUES RAIMUNDO:* fechamento do noturno, colégio compartilhados, funcionam no prédio da
prefeitura que fica em Realengo.
5..*CE ESTADO DE ISRAEL* que será extinta! É uma escola compartilhada.
6. Reverendo Martin Luther King (Pça da Bandeira - Previsão de fechamento- 1º semestre de 2018, quando a
última turma estará no módulo 4. É escola compartilhada com o município).
7. C. E. Profa. MATILDE DE JESUS QUADRADO –Ilha do Governador
8. C. E. BANGU (fechando turmas do técnico);
9. C. E. SALIM (perderá o noturno);
10. C. E. ALCIDES CARNEIRO (não terá turno da noite, os alunos foram para o C. E. BANGU);
11.EEES DESEMBARGADOR NEI PALMEIRO- Jacarépagua
12. CE ESTADO DE ISRAEL- REALENGO Fechamento total
JAPERI/ENGENHEIRO PEDREIRA
1. CIEP 401 – Fechamento integral
NITERÓI
(TODOS EJA, ​onde as direções de escola não reconhecem a política de fechamento, apesar de não terem
aberto para novas matrículas)
1. C. E. BRIGADEIRO CASTRIOT (CEBRIC)
2. C. E.E BALTAZAR BERNARDINO – Fechamento de 6 turmas do turno da noite ( EJA e NEJA), 2
professores devolvidos , 3 perderam tempos na escola e 9 mudaram de turno.
3. C. E. CONSELHEIRO JOSINO
4. INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ISMAEL COUTINHO (IEPIC)
5.CIEP MARIA PORTUGAL
6. C.E. DOUTOR SOUZA SOARES- Fechamento do turno da noite
7.C.E. PINTO LIMA- Turno da noite fechado
8.C.E. DOUTOR MEMÓRIA- Fechamento do turno da noite
RESENDE7​
1. C. E. ANIBAL BENÉVOLO (corre o risco de esse tornar uma escola militar no ano de 2017)
2. C.E. PEDRO BRAILE NETO- Extinção de turno
TERESÓPOLIS
1. CIEP 475 SEBASTIAO MELLO – CIEP DO BARROSO
CACHOEIRAS DE MACACU (*​ RELATÓRIO EM ANEXO)
1. C.E. MARIA VERALBA FERRAZ
2. C.E. SOL NASCENTE
CONCEIÇÃO DE MACABU
1. E.E. ANTONIO BARCELLOS (Bairro Rhodia)
CAMBUCI
1. C.E. PROFESSOR MANOEL GONÇALVES RAMOS JÚNIOR
NOVA IGUAÇU
1. CIEP 354- MARTINS PENA DR VALMIR PEÇANHA (extinção de turmas de 6º ano e dissolução do
ensino médio noturno)
2. CIEP 167- JARDIM PARAISO-Fechamento do turno da tarde (6 º¨ao 9º ano) e mais duas turmas do
ensino médio, cancelamento de 4 turmas do NEJA do turno da manhã, progressivo fechamento das
turmas de EJA – Fundamental sendo uma turma por semestre
3. C.E. MARECHAL JUAREZ TÁVORA- Extinção de turno
QUEIMADOS
Ciep 335- PROFESSOR JOAQUIM DE FREITAS-Encerramento de turno da noite
VOLTA REDONDA ( ​ Região Médio-Paraíba)
1. E.E. ACRE
2. E.E. MARANHÃO
3. E.E. PROFESSORA MARIA DE LOURDES GIOVANETE
MARICÁ
(Suspenderam as matrículas para o sexto ano, na cidade - Vai sobrar professores e faltar escola para os
alunos)
1. C. E. EUCLYDES PAULO DA SILVA
2. E. DOMICIO DA GAMA
3. CIEP 259 – Fechamento do turno da noite sendo 5 turmas do ensino médio regular com uma média de 45
alunos por turma, e mais 6 turmas no diurno.
4. CE Dr. JOÃO DE MATTOS SOBRINHO
SAQUAREMA
1.E.E. PRAIA DA SIQUEIRA-​ Fechou a NEJA e o turno da tarde. Comunidade revoltada.
CABO FRIO
1. CIEP 331- FECHOU TURMAS (601/602/701/803/903)
IGUABA
1.C.E. DOUTOR FRANCISCO DE PAULA PARANHOS- Fechamento do turno da noite, fechamento de
turmas do ensino médio ( 2º e 3º anos) do turno da tarde. A comunidade está mobilizada contra o fechamento
das turmas e ressalta que a escola é de fácil acesso e tradicional na cidade. Não foram consultados.
SÃO GONÇALO
1. CIEP MARLUCI SALES - fechamento total , segundo SEEDUC funcionará arquivo público. O CIEP vem
sendo esvaziado com fechamento de turnos e turmas ao longo dos anos.
2. CE CORONEL JOÃO TARCÍSIO BUENO - fechamento total . Telhado caiu em 2015. Prédio da escola
pintada pelo SCLIAR. Fará 50 anos em 2017. Funcionará no prédio do CIEP 237 Wladimir Herzog, que
fechará. O Sedretário Vagner Victer ligou para a Secretária Municipal de São Gonçalo- Vaneli, e ofereceu o
prédio sem no entanto avisar que estava interditado.
3. CIEP 408 SÉRGIO CARDOSO - fechamento de turno da noite que atende 150 alunos. A p´ré matrícula
já está direcionando os alunos para o C.E. Lauro Correia que já está lotada e não tem condições
físicas de atender os launos do CIEP. Parte do prédio do CIEP ficará ociosa.
4. CE PAULINO PINHEIRO BATISTA - fechamento do turno da noite
5.C.E. DESEMBARGADOR FERREIRA PINTO- Fechamento do turno da noite
SÃO JOÃO DE MERITI ​(Fechamento total​)
1. CIEP 189 – VALDÍLIO VILAS BOAS – Fechamento total, comunidade carente e com muita violência
2. CE LOURENÇO FILHO –Fechamento integral, atendia mais de 500 alunos
3.E.E. RUBENS FARRULLA- Redução de 30% das turmas de 6º ano . Foi extinto o noturno tinham 04 turmas.
Ano passado havia médio e Neja. Esse ano só Neja.
VALENÇA
1. CE THEODORICO FONSECA – Fechamento do turno da noite. Foi a primeira escola em Valença a
oferecer ensino noturno público na cidade
NATIVIDADE (​ Fechamento total)
1. CE QUERENDO
ITABORAÍ ​(Turmas sendo fechadas/Turno da noite)
1. CIEP BRIZOLÃO 130 DR.ELIAS DE MIRANDA SARAIVA
2.
3. C.E. DOUTOR MOACYR MEIRELLES PADILHA- Funcionando no CIEP Marambaia em São Gonçalo.
Prédio fechado após o incêndio em 2015.
RIO BONITO ​(Turmas sendo fechadas – horários diversos)
1. COLÉGIO MATOSO - Turno da tarde e noite - 13 turmas total;
2. COLÉGIO DR. ROBERTO - Turno da tarde;
3. COLÉGIO ANTÔNIO LOPES - Turno da tarde e noite;
4. COLÉGIO DIRCEU - Turno da noite, ensino médio da tarde, 1 turma de ensino fundamental manhã,
somando 4 turmas a noite, 5 turmas a tarde e 1 turma de manhã.
TRÊS RIOS
1. E. E. LUTHER KING (fechada);
2. EE Dr. WALMIR PEÇANHA (encerramento do turno noturno que atende além do ensino médio regular a
nova educação de jovens e adultos – NEJA);
3. EE CONDESSA DO RIO;
4. INSTITUTO DE EDUCAÇÃO (noturno fechado para 2017, apesar da comunidade apresenta).
BELFORD ROXO
1.C.E. SARGENTO WOLFF- não abrirá matrícula para o primeiro ano noturno. São duas turmas de primeiro
ano. Lote XV/Belford Roxo. Nesta região todas as escolas do estado foram fechadas o noturno, em anos
anteriores. A escola mais próxima com noturno fica em Duque de Caxias.
2.CE ALICE PACINNI GÉLI: fechamento do noturno. Pq. São Vicente/Belford Roxo
Ciep 116 Vila Maia: fechamento do turno da tarde. 6º ano (01); 7º ano (02); 8º ano (01); 9º ano (01); 1º ano
médio(01). Médio e Fundamental. Nova Aurora/Belford Roxo.
3.Ciep 112 MONSENHOR SOLANO LOPES.* Ano que vem vai acabar o noturno. O colégio não renovou com
os alunos do noturno. Se não me engano tem 3 turmas. Heliópolis/Belford Roxo
4.Ciep BERTA LUTZ em Belford Roxo está tentando acabar com o médio. Vai fechar o 2º ano e talvez só
ficará com o 1 ano. Não abriu Neja I então não terá Neja II ano que vem. A média de alunos lá é pequena 15
alunos por turma que frequentaram. Mas nos outros anos eram mais. Os alunos dizem q não tem escola ali
perto não. Acho q por isso ainda não fechou. Mais próximo seria em Miguel Couto.
5.*CE MILTON CAMPOS, E CE JACQUES RAIMUNDOS:* fechamentos do noturno, colégio compartilhados,
funcionam no prédio da prefeitura.
6.CIEP116-VILA MAIA- Fechamento do 2º turno – 1 turma do 6º ano, 2 turmas do 7º ano, 1 turma do 8º ano e
1 turma do 9º e 1 turma do 1º ano do ensino médio
7. CIEP 374- AUGUSTO RODRIGUES- Fechamento do 2º turno- segundo segmento do ensino fundamental e
ensino médio
TERESÓPOLIS
1- *Ciep 475, SEBASTIÃO MELO* - bairro Barroso. Será municipalizado por completo.
2- *COLÉGIO PRESIDENTE BERNARDES*, bairro São Pedro, serão fechadas 5 turmas no 1° turno. O 3° e
2° turnos, possivelmente, serão extintos. Vários professores deverão ser lotados em outras Escolas.
Informação passada pela Direção da Escola hoje, 23/11.
NOVA FRIBURGO
1.C.E.-PADRE FRANCA- Fechamento de turno
2.C.E. FELICICANO COSTA-Fechamento de turmas
PARACAMBI
11.CIEP 385- PASTOR VALÉRIO DE SOUZA
MIGUEL PEREIRA
1.CIEP 494 ALEXANDRE CARVALHO
VASSOURAS
1.IETC-INSTITUTO DE EDUCAÇÃO THIAGO COSTA
TRAJANO DE MORAES
1.E.E. DR. ELIAS- ESCOLA RURAL
2.E.E.MARIA DE MENDONÇA – ESCOLA RURAL
ENGENHEIRO PAULO DE FRONTIN
1.CIEP 289- CECÍLIO BARBOSA DA PAIXÃO
DUQUE DE CAXIAS
1.C.E. JOÃO XXIII- Fechamento de turmas do 6º ano
2.CIEP 209- Só atenderá no turno da manhã. Era horário integral
3.CIEP 370- PROFESSOR SILVIO DE GINECO DE CARVALHO- Fechamento do turno da noite
Delatores ameaçados

As pressões para que testemunhas desmintam seus depoimentos incluem ameaças de morte sob a mira de revólveres, envolvem promessas de incendiar moradias com a família dormindo e compõem a face obscura do mundo das delações premiadas
PRESSÃO DE CUNHA - A advogada Beatriz Catta Preta, representante do delator Júlio Camargo, da Toyo Setal, teve uma arma apontada para sua cabeça na frente dos filhos; MEDO DO PT - O ex-sócio da OAS, Léo Pinheiro, pediu para permanecer preso temendo ser assassinado

A advogada Beatriz Catta Preta abre a porta de casa localizada na rua Hungria, bairro Jardim Europa, São Paulo, e se depara com o doleiro Lúcio Bolonha Funaro no sofá da sala brincando com seus dois filhos. Ela estremece. Funaro saca uma arma, aponta para sua cabeça e desfia um rosário de ameaças. Para não realizá-las, impõe a Catta Pretta uma condição: que convença seu cliente, o empresário Julio Camargo, ex-consultor da Toyo Setal, a não sustentar denúncias contra seu aliado, o então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha. Em negociação de delação premiada, no início de 2015, Camargo havia se comprometido a dizer aos investigadores da Lava Jato que Cunha recebeu US$ 5 milhões de propinas na venda de navios-sondas da Samsung para a Petrobras em 2008. Funaro, que já havia sido defendido por Catta Preta no episódio do mensalão, tinha acesso à residência da advogada, mas àquela altura já era uma espécie de capanga de Cunha. A ameaça surtiu efeito. Num primeiro momento, sob a orientação de Catta Preta, Camargo livrou a cara do deputado. Só em maio deste ano, Camargo decidiu revelar os subornos recebidos por Cunha e forneceu os detalhes mais sórdidos do pagamento de propina em contas na Suíça. Iniciava-se ali o processo de perda do mandato de Cunha e da conseqüente prisão pela Lava Jato.

Tensão permanente

As criminosas ameaças de Funaro a Catta Preta, até então uma jurista responsável por defender dezenas de delatores da Lava Jato, levaram a advogada a abandonar os clientes e a praticamente encerrar a profissão. Mas desnudou uma faceta obscura do mundo das delações premiadas. De 2014, quando a operação Lava Jato foi deflagrada, até hoje, delatores sofrem ameaças de terem suas vidas e a de seus parentes ceifadas. Aterrorizados, alguns se viram obrigados a mentir em depoimentos à Justiça. Depois, mudaram suas versões. O clima permanece pesado entre os dispostos colaborar com os procuradores. Há duas semanas, o empresário Léo Pinheiro, ex-sócio da OAS, foi responsável por um gesto insólito. Pinheiro chegou a pedir para continuar preso temendo que, em liberdade, corresse risco de morte. A solicitação foi feita por seus advogados ao juiz Sergio Moro “tendo em vista o teor bombástico de sua nova delação”. Os defensores de Pinheiro alimentam outro receio: o de que o empreiteiro seja transferido para o Complexo Médico Penal de Pinhais. Entendem que ele não teria garantia de vida no local, mais vulnerável do que a Superintendência da PF no Paraná. “Seria recomendável a sua manutenção na carceragem da Superintendência Regional da Polícia Federal do Paraná, inclusive para acautelar eventual risco à sua integridade física”, disseram. Um delator clamar para permanecer detido é algo inédito na Lava Jato, mas Pinheiro teme terminar como Celso Daniel, o ex-prefeito de Santo André assassinado com 13 tiros em janeiro de 2002. O crime teve motivações políticas. Assim como Daniel estava disposto a denunciar um sombrio esquema de desvios de recursos para financiamento de campanhas eleitorais, o que poderia ferir o PT de morte antes mesmo de o partido ascender ao Planalto, Pinheiro pretende apresentar à Lava Jato seu arsenal bélico com potencial para enterrar de vez o lulopetismo, quase 15 anos depois. A nova delação pode ser determinante para a condenação do ex-presidente Lula, hoje réu nos casos do tríplex no Guarujá e do armazenamento de seu acervo num balcão em São Paulo, custeado pela OAS.

SEM PAZ – Primeiro delator da Lava Jato, Hermes Magnus teve de sair do País, com medo de ser morto
O lobista Fernando Moura, que delatou o ex-ministro José Dirceu na Lava Jato, também não quis pagar para ver até onde PT era capaz de chegar. Num primeiro depoimento a Sérgio Moro, contrariou o que dissera na delação premiada aos procuradores. Moura afirmou que Dirceu nunca recomendou que ele deixasse o Brasil e desistisse de revelar as transferências de R$ 11,8 milhões em propinas para o ex-ministro. Depois voltou atrás. “Eu errei. Errei feio”. E se explicou: deu uma guinada de 180° graus no depoimento por se sentir ameaçado quando passeava por uma rua de Vinhedo, interior de São Paulo, cidade onde Dirceu mantinha residência, e foi abordado “por um homem branco, de 1,85m de altura, aparentando ter uns 40 anos”, que perguntou como estavam seus netos. “Eu interpretei que houve uma ameaça velada de alguém envolvido neste processo”, disse Moura. O delator ainda relatou aos procuradores da Lava Jato que quando estava na cadeia, apenas uma pessoa o procurou para falar sobre as implicações de seu depoimento. Tratava-se de Roberto Marques, ex-assessor de Dirceu, que lhe pediu, quando dividiram cela em Curitiba, para que ele não citasse o nome do ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, no esquema do Petrolão. Pereira, que havia sobrevivido incólume ao mensalão, mesmo depois de ser denunciado por Roberto Jefferson, acabou virando réu na Lava Jato este mês.

NA MIRA – Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, disse temer pelos filhos em depoimento à Lava Jato
O expediente de atemorizar familiares de delatores tem se mostrado bastante usual durante as investigações da Lava Jato. O mesmo Funaro que foi o principal responsável pela aposentadoria forçada e precoce de Catta Preta, ao colocar uma arma em sua cabeça na frente dos filhos, ameaçou os rebentos de outro delator: Fábio Cleto, vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) e apadrinhado de Eduardo Cunha. Funaro costumava ser agressivo durante cobranças de propinas. Em delação premiada, Cleto disse ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que ele quis pôr fogo em sua casa, no momento em que seus filhos estivessem lá. “Em razão dessas cobranças agressivas, o declarante (Fábio Cleto) e Lúcio Bolonha Funaro acabaram brigando. Que o fator culminante para a separação foi quando Funaro ameaçou colocar fogo na casa do depoente com os filhos dentro”.

Delator saiu do Brasil

Pioneiro nas denúncias que resultaram nas investigações da Lava Jato, o empresário Hermes Freitas Magnus, dono da Dunel Indústria e Comércio Ltda, ainda se sente inseguro. Magnus, que implicou José Janene (PP-PR), morto em 2010, e o doleiro Alberto Youssef, ainda em 2008, teve de deixar o Brasil para desfrutar de uma vida livre de sobressaltos. Teme ser morto. “Sobretudo agora que o doleiro Youssef está em liberdade”, contou à ISTOÉ, pedindo para que não fosse revelado o País onde vive atualmente.
TRUCULÊNCIA – Lúcio Funaro ameaçou Catta Preta e Fábio Cleto: doleiro agia a mando de Eduardo Cunha



QUE O PARCEIRO SE JUNTE LOGO AO “CAPO”
Ex-governador Sérgio Cabral é preso pela PF na Zona Sul do Rio

Ele é suspeito de receber propina para a concessão de obras públicas. Juiz Marcelo Bretas ainda determinou a prisão preventiva de outras 7 pessoas.


A Polícia Federal prendeu, na manhã desta quinta (17), o ex-governador do Rio de JaneiroSérgio Cabral sob a acusação de cobrança de propina em contratos com o poder público. O ex-governador foi alvo de dois mandados de prisão preventiva, um expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, e outro pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Além de Cabral, outras nove pessoas tinham sido presas até as 7h30.
O objetivo da ação é investigar o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, cujo prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões.
Presos preventivamente (sem prazo para terminar), até às 8h15:
- Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho (ex-secretário de governo do RJ);
- Hudson Braga (ex-secretário de obras);
- Carlos Emanuel de Carvalho Miranda;
- Luiz Carlos Bezerra;
- Wagner Garcia;
- José Orlando Rabelo;
- Luiz Paulo Reis.
Presos temporários (até 5 dias):

- Paulo Fernando Magalhães Pinto e Alex Sardinha da Veiga.

Uma das operações é a Calicute, considerada um braço da Operação Lava-Jato no Rio, que tem como base a delação premiada do empresário Fernando Cavendish. A esposa de Cabral, Adriana Ancelmo, também é alvo de condução coercitiva por essa operação. A outra ação é da Lava-Jato, que teve como base a delação da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia.
Por volta das 6h50, um carro saiu da garagem do ex-governador e muitas pessoas que estavam na porta tentaram invadir o local e gritavam pela prisão dele. Para sair do local, a polícia chegou a jogar spray de pimenta.
Ao todo, a Operação Calicute visa cumprir 38 mandados de busca e apreensão, 8 de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 14 conduções coercitivas.
Carro leva Sérgio Cabral para a PF (Foto: Reprodução TV GLOBO)
A polícia chegou à casa de Cabral, no Leblon, Zona Sul do Rio, por volta das 6h. Cabral e os outros acusados são suspeitos de receber propina em troca da concessão de obras públicas como a reforma do Maracanã e a construção do Arco Metropolitano.

A investigação teve como ponto de partida as delações de Clóvis Primo e Rogério Numa, executivos da Andrade Gutierrez, feitas no âmbito do inquérito do caso Eletronuclear. Os dois revelaram à força-tarefa que os executivos das empreiteiras se reuniram no Palácio Guanabara, sede do governo, para tratar da propina e que houve cobrança nos contratos de grandes obras. Só a Carioca Engenharia comprovou o pagamento de mais de R$ 176 milhões em propina para o grupo.
O mandado expedido pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, visa cumprir, de forma coordenada, 14 mandados de busca e apreensão, 2 mandados de prisão preventiva e 1 mandado de prisão temporária.
A operação foi batizada de “Calicute”, região da Índia onde o descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral, teve uma de suas maiores tormentas.
Agentes da Polícia Federal chegaram ao prédio do ex-governador por volta das 6h (Foto: Carlos Brito / G1)
Advogados de Sérgio Cabral chegaram à Polícia Federal por volta das 7h40 da manhã desta quinta-feira (17). (Foto: Cristina Boeckel / G1)


 
Polícia está na casa do ex-governador Sérgio Cabral (Foto: Carlos Brito / G1)
Motivações para os pedidos de prisão
De acordo com a PF, a Operação Calicute foi desencadeada a partir da delação de executivos das construtoras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, sobre cobrança de propina em troca de concessões do poder público para obras como a reforma do Maracanã e a construção do Arco Metropolitano. Só a Carioca Engenharia comprovou o pagamento de mais de R$ 176 milhões em propina.
À Operação Lava-Jato, os delatores Rogério Nora de Sá e Clóvis Peixoto Primo disseram que Cabral cobrou pagamento de 5% do valor total do contrato para permitir que a construtora Andrade Gutierrez associasse à Odebrecht e à Delta, no consórcio que disputaria a reforma do Maracanã, em 2009. Na época, o ex-governador negou que isso tenha ocorrido.
A Delta pertencia a Fernando Cavendish, amigo de Cabral que foi preso em julho, após o juiz Marcelo Bretas aceitar uma denúncia contra 22 suspeitos de participar de um esquema que desviou R$ 370 milhões dos cofres públicos.
Operação Calicute com o objetivo de investigar o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo governo do Rio de Janeiro. O prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões. A apuração em curso identificou fortes indícios de cartelização de grandes obras executadas com recursos federais mediante o pagamento de propinas.

São investigados os crimes de pertencimento à organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. A Operação Calicute é resultado de investigação em curso na força-tarefa da Operação Lava-Jato no estado em atuação coordenada com a força-tarefa da Operação Lava-Jato no Paraná.