INDÍCIOS DE FARSA em delação premiada
DEZ 12, 2016
Operador da Odebrechet no Estado do Rio poupa Picciani e
aliados, mas joga holofotes em adversários do presidente da Alerj
Da redação
Existem fortes indícios de manipulação e farsa na delação
do executivo da Odebrechet Leandro Azevedo no âmbito da Operação Lava Jato. As
suspeitas são de que o executivo promoveu um jogo de informações para implicar
desafetos da empresa e proteger aliados no campo político. Marcelo Odebrechet, presidente da
empreiteira preso na Operação Lava Jato: turma da delação premiada estaria
incriminando desafetos e protegendo aliados no Estado do Rio
Responsável pela administração de contratos da empreiteira
no Estado do Rio, incluindo algumas prefeituras, Azevedo em sua delação citou
entre os beneficiários de propina distribuída pela empresa o governador Luiz
Fernando Pezão (PMDB), o ex-governadores Anthony Garotinho (PR), Rosinha
Garotinho (PR), o deputado Paulo Mello (PMDB), o ex-prefeito de Macaé Riverton
Mussi, o ex-deputado Adrian Mussi (PHS) e o prefeito de Rio das Ostras
Alcebíades Sabino (PSDB).
A CONTA NÃO FECHA
Em Rio das Ostras, por exemplo, o executivo cita o prefeito
Sabino, mas é justamente em seu governo que a empresa enfrenta problemas
judicias para receber parcelas referentes ao contrato de saneamento básico.
Desde que assumiu a prefeitura, Sabino questiona na justiça
uma clausula contratual que destina 70% da arrecadação de royalties para
garantir o pagamento do contrato. Um negócio da China que a Odebrechet
Ambiental conseguiu fisgar na cidade da Região dos Lagos.
A delação exclui, no entanto, o nome do ex-prefeito Carlos
Augusto Balthazar (PMDB), que na sua última gestão assinou o contrato com a
Odebrechet. Chega a ser surreal: Sabino que desonrou o contrato seria
beneficiário de propina e Balthazar que assinou e pagou quando foi prefeito,
não teria merecido uma única contribuição em campanhas.
Não custa lembrar que Carlos Augusto Balthazar, que foi
novamente eleito este ano, é aliado do presidente da Alerj Jorge Picciani, que
também não é citado na delação, muito embora, há notícias de que o PMDB já foi
beneficiário de doações de campanha. O mesmo Picciani é presidente do PMDB
fluminense. Estranho, não?
Outra incongruência é a citação do ex-governador Anthony
Garotinho, cuja esposa Rosinha é prefeita de Campos. A prefeitura de Campos e a
Odebrechet brigam na justiça. A empresa cobra o pagamento de R$ 10 milhões e a
prefeitura se nega a pagar, porque acusa a empreiteira de abandonar as
obras do programa de habitação Morar Feliz. Garotinho diz ter recebido
contribuições de campanha, mas nega ter recebido recursos por meio de caixa 2.
Mais um fato curioso: Em denúncia protocolada na
Procuradoria Geral da República, Garotinho cita Picciani como comandante do
braço parlamentar de uma “organização criminosa” responsável pela dilapidação
do Estado do Rio. A mesma organização, segundo a denúncia, incluiria Sérgio
Cabral (preso na Operação Calicute), o desembargador Sérgio Zveiter (eleito
para um novo mandato à frentre do Tribunal de Justiça do Estado do Rio), e o
Procurador Geral de Justiça Marfran Vieira.
LISTA DE DESAFETOS
Não é preciso ir muito longe, portanto, para constatar que
na lista de Leandro Azevedo só tem adversários de Picciani. Este é o caso de
Paulo Mello, que ousou o comandante do PMDB fluminense na disputa pela
presidência da Alerj.
Na relação do delator também está Pezão, que precisa ser
derrubado de onde está para que o presidente da Alerj chegue ao cargo de
governador por meio de uma eleição indireta.
Em Macaé, o ex-prefeito Riveton Mussi, outro desafeto de
Picciani citado na lista, divulgou nesta segunda-feira (12/12) uma nota oficial
desmentindo o delator, que apresenta como prova neste jogo de palavras seus
depoimentos controversos e planilhas que podem ser montadas num curto espaço de
tempo por profissionais da corrupção. Picciani parece blindado, só que não
escapará de questionamentos. No momento a pergunta que não cala é a seguinte:
onde está Picciani?
Como costumava escrever o jornalista Davi Nasser, “falta
alguém em Nuremberg”.
No Direito, a testemunha é conhecida como a prostituta de
todas as provas. Já um delator, réu confesso, vai além da prostituição. É capaz
de fazer qualquer negócio, até mesmo montar uma delação sob medida para
incriminar desafetos e proteger os “dindos”. O perido disso tudo, é a farsa ser
desmontada e o réu ficar jogado a própria sorte.
Segue abaixo nota oficial enviada pelo ex-prefeito de Macaé
Riverton Mussi, em resposta a VIU ONLINE sobre a delação do réu confesso
Leandro Azevedo :
ESCLARECIMENTO
Riverton
Mussi
Hoje, fui surpreendido pela matéria de RJTV – 1a Edição,
citando meu nome e de meu irmão Adrian como supostos beneficiários de dinheiro
de Caixa 2 da empresa Odebrecht.
Tenho a esclarecer que:
Jamais recebi em minha casa o ex-diretor da Odebrecht
Leandro Azevedo.
Em 2008, meu irmão Adrian simplesmente não foi candidato a
prefeito de Macaé, nem muito menos pertencia ao PHS, não fazendo sentido a
acusação de caixa 2 para sua campanha
Em 2010, realmente meu irmão foi candidato a deputado
federal mas a acusação carece de lógica até no valor apontado: por que a
Odebrecht daria esse valor para um candidato ao legislativo, estreante que
nunca havia concorrido a cargo algum?
Admito, outrossim, que conheço o ex-diretor Leandro
Azevedo, tendo participado de diversas reuniões administrativas em que várias
outras pessoas se encontravam presentes, da mesma forma que em eventos
institucionais como inaugurações. No entanto, jamais pedi nenhuma contribuição
a ele, muito menos via caixa 2.
Desconheço o motivo que o levou a fazer tal acusação,
talvez desviar o foco de outras pessoas da região envolvidas atualmente na
política municipal. O que não é o meu caso.
Eu me coloco à disposição da Justiça, da Imprensa ou de
quem quer que seja, para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.
Muito agradecido por sua atenção,
Riverton Mussi