Trump assina decreto para retirar EUA de acordo com países do
pacífico
Parceria fechada no TPP por 12 países havia sido assinada por Obama em 2015. Retirada era uma das promessas de campanha de Trump.
Parceria fechada no TPP por 12 países havia sido assinada por Obama em 2015. Retirada era uma das promessas de campanha de Trump.
O presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (23) uma ordem executiva para
iniciar a saída do país do Tratado de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), negociado pelo governo de
Barack Obama e visto como um contrapeso à crescente influência econômica e
política da China.
A iniciativa é a primeira
decisão do novo presidente republicano, que durante a campanha denunciou com veemência o que chamou de acordo
"terrível", que "viola", segundo ele, os interesses dos
trabalhadores norte-americanos.
"Temos falado muito
disso durante muito tempo", disse Trump enquanto assinava a ordem
executiva no Salão Oval da Casa Branca. "O que acabamos de fazer é uma
grande coisa para os trabalhadores americanos", acrescentou.
MAIS: Qual o
impacto do governo Trump na economia do Brasil?
O texto, promovido por
Washington e que supostamente modela as regras do comércio do século XXI, foi
assinado em 2015, mas não entrou em vigor. Ele previa a liberação do comércio
de serviços, como engenharia de software e consultoria financeira.
A administração Obama
considerava o TPP como o melhor tratado possível porque inclui não só a
eliminação de barreiras comerciais, como também de normas sobre legislação
trabalhista, ambiente, propriedade intelectual e compras estatais.
TPP
O tratado foi assinado
por 12 países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova
Zelândia, Peru, Cingapura, Estados Unidos e Vietnã, que representam 40% da
economia mundial e um terço do comércio global.
O TPP, que visa reduzir
barreiras comerciais em algumas das economias com o crescimento mais rápido da
Ásia e se estender do Canadá ao Vietnã, não pode entrar em vigor sem os Estados
Unidos.
Ele precisa da
ratificação de pelo menos seis países que respondam por 85% do Produto Interno
Bruto (PIB) combinado dos países membros.
MAIS: Obama diz
que sem TPP China decretará regras do comércio mundial
Várias organizações não
governamentais o questionam por alegar que há normas pouco transparentes para
os trabalhadores e o meio ambiente. Argumentam ainda que viola normas soberanas
de países-membros e limita o acesso a medicamentos.
Resposta da China
A China tem buscado
promover sua própria versão de um pacto comercial da Ásia-Pacífico, chamado de
Parceria Abrangente Econômica Regional (RCEP, na sigla em inglês), que exclui
os Estados Unidos e cria uma área de livre comércio de 16 nações, incluindo a
Índia, o maior bloco do mundo nesse âmbito, abrangendo 3,4 bilhões de pessoas.
Trata-se de um acordo
comercial mais tradicional, que envolve cortar tarifas em vez de abrir
economias e estabelecer padrões trabalhistas e ambientais como o TPP faria.
Nafta
Trump anunciou na
sexta-feira (20), dia de sua posse, que exigirá a
renegociação do Nafta, acordo de livre-comércio integrado por
Estados Unidos, Canadá e México, e vai abandonar o tratado a menos que o país
consiga "um acordo justo".
O comunicado, publicado
menos de duas horas depois de Trump fazer seu juramento de posse, diz que o
novo governo tentará mudar os termos do acordo em vigor há 23 anos. Durante a
campanha, Trump afirmou que o pacto gerou desemprego, baixa na produção
industrial e perdas econômicas aos EUA.
A indústria
automobilística foi um dos principais alvos das críticas do agora presidente.
México e Canadá são os principais exportadores de veículos para o mercado
americano. Na campanha e após a vitória nas eleições, Trump atacou
especialmente as importações vindas do México e ameaçou sobretaxar fábricas
construídas fora dos EUA.
Ele disse que os EUA
deixarão de perder indústrias e empregos para a China e o México, e ameaçou
penalizar empresas que queiram deixar o país, como fizeram com a Toyota e a
BMW.
Empregos e
impostos
A base econômica de Trump
foi a promessa de aumento de empregos, um de seus temas mais frequentes. Trump
afirma que pretende aumentar impostos para quem o fizer ou para quem não
empregar preferencialmente norte-americanos e chegou a afirmar que quer
“obrigar” a Apple a fabricar seus produtos nos Estados Unidos.
Trump, recebeu na manhã
desta segunda-feira (23) um grupo de 12 empresários na Casa Branca e prometeu
cortes de impostos e a redução de 75% das regulações. "Vamos
baixar os impostos maciçamente, tanto para a classe média como para as
companhias", afirmou, ressaltando sua vontade de "fazer os empregos
voltarem" aos Estados Unidos e favorecer a produção em território
americano.