AFIRMAÇÃO É DO EX-EXECUTIVO DA
EMPREITEIRA BENEDICTO BARBOSA NO ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA COM A PGR
EM
NOTA, PEZÃO DISSE QUE “NUNCA RECEBEU RECURSOS ILÍCITOS . SUAS TESTEMUNHAS:
SÉRGIO CABRAL, JORGE PICCIANI, SÉRGIO CÔRTES E DEMAIS CAPANGAS.
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O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) negociou com a Odebrecht
mais de R$ 20 milhões, via caixa dois, para a campanha à reeleição do atual
governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 2014, afirmou o ex-executivo
da empreiteira Benedicto Barbosa no acordo de delação premiada com a
Procuradoria-Geral da República (PGR). Conforme Barbosa, o montante faz parte
do total de R$ 120 milhões que a empresa teria repassado ilegalmente a Cabral e
Pezão desde 2006.
Dos R$ 26 milhões destinados ao atual governador, o
ex-executivo disse que a Odebrecht repassou R$ 20,3 milhões diretamente à
campanha de Pezão. Outro 1 milhão de euros teria sido pago ao marqueteiro de
Pezão, Renato Pereira, a pedido de Cabral. Segundo Barbosa, os recursos
destinados a Pezão foram contabilizados, nas planilhas de controle do pagamento
de propina da empresa, como referentes à cota de Cabral. “Foi pedido do doutor
Cabral, porque o Pezão não sentou com a Odebrecht para pedir dinheiro”,
declarou.
Barbosa contou que os valores foram negociados no primeiro
trimestre de 2014, sem precisar a data. Cabral foi governador do Rio entre
janeiro de 2007 a 3 de abril de 2014, quando renunciou ao cargo. Com o ato,
Pezão, então vice-governador, assumiu o comando do Estado. No mesmo ano, tentou
reeleição e venceu a disputa no segundo turno com 55,8% dos votos válidos,
derrotando o então senador e atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), que
teve 44,2% dos votos.
O ex-executivo afirmou na delação que Cabral recebeu, ao
todo, cerca de R$ 94 milhões da Odebrecht. Desse total, R$ 3 milhões foram
doados, via caixa dois, à primeira campanha dele ao governo do Rio, em 2006. Os
recursos teriam sido pedidos pelo próprio Cabral. Após ser eleito, Benedicto
Barbosa disse que interlocutores do ex-governador o procuraram para pedir mais
R$ 12 milhões para pagar despesas “em descoberto”. Segundo o ex-executivo, o
dinheiro foi pago mensalmente ao longo de 2007.
Barbosa afirma que os R$ 94 milhões pagos a Cabral foram
retirados de contratos que a Odebrecht firmou com o governo do Rio para as
seguintes obras: a reforma do estádio Maracanã e da estação de metrô em frente;
obras da linha 4 do metrô do Rio, que liga a Zona Sul à Barra da Tijuca; o PAC
das Favelas no Complexo do Alemão, na Zona Norte da capital fluminense; lote 1
do Arco Metropolitano; além de obras classificadas como “projetos menores”.
Na delação, o ex-executivo contou que, logo após ser eleito
pela primeira vez em 2006, Cabral afirmou que o “plano” do ex-governador era
estabelecer um “parâmetro” de cobrar 5% de propina de todos os contratos no
Estado. A Odebrecht, porém, não gostou do porcentual. “Falei, governador, como
estou num volume adiantado, queria que a gente discutisse isso quando visse a
qualidade dos negócios”, afirmou Barbosa. Segundo ele, a empreiteira não fechou
porcentual.
Em nota, Pezão disse que “nunca recebeu recursos ilícitos”.
Afirmou também que todas as doações para sua campanha de 2014 “foram feitas de
acordo com a Justiça Eleitoral”. A prestação de contas apresentada pelo
governador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não traz doações da Odebrecht.
O Estado não conseguiu contato com o advogado de Cabral e com Renato Pereira,
marqueteiro de Pezão.(AE)