MÁ COMPANHIA

JORGE PONTES

Que diabo era essa empresa, afinal?
Reparem, pelo que falou Emilio Odebrecht, que a corrupção sempre esteve encrustada no DNA dessa companhia. O suborno é parte integrante da própria filosofia da empresa. 
Corromper é cláusula pétrea e a propina foi tão importante para o sucesso dessa empreiteira quanto foi a própria engenharia civil.
Aliás, a Odebrecht criou e desenvolveu uma nova modalidade de engenharia, a "Engenharia da Corrupção". 
Marcelo Odebrecht departamentalizou a corrupção, incentivando seus executivos a comprarem políticos e a superfaturarem as obras. Concedia bônus por isso. Havia no organograma da empresa um departamento só para pagamento de subornos. Não ocorria nada por debaixo dos panos, isto é, a corrupção era o business as usual...
Trata-se de um "case", de um exemplo acadêmico - para todo o sempre nas aulas de compliance - de uma "pessoa jurídica criminosa", de uma empresa literalmente bandida.
Será que essa empresa seria tão grande e tão bem sucedida se não fosse tão corrupta?
Por que será que a Odebrecht pagava para ganhar todas essas concorrências? Será que a companhia era de fato competitiva? 
Depois de ler os depoimentos dos delatores e de conhecer em detalhes os esquemas, chego à conclusão que essa companhia não merece mais chances. Tem que acabar, fechar, mudar de nome ou se reinventar em outra encarnação.
Não se trata de uma grande fraude ocorrida numa companhia, mas de uma empresa arquitetada, montada e conduzida - corporativa e institucionalmente - para maximizar exponencialmente os seus ganhos corrompendo e fraudando. 
Imagino que qualquer executivo que tenha se recusado a subornar políticos deva ter sido demitido por falta de "comprometimento com os valores filosóficos da Odebrecht". 
Essa empresa fez de fato o rabo balançar o cachorro desde o seu nascedouro.
Emilio e Marcelo Odebrecht nunca demonstraram respeito por ninguém.
Botaram no bolso, como uma caixinha de chicletes, presidentes e ministros.
Passaram por cima do Brasil inteiro, da vontade popular, da sociedade, do Congresso, para poderem ganhar dinheiro e construir suas obras, que incluem estádios e pontes que nem necessárias eram. 
Emilio Odebrecht prestou depoimento sem a menor circunspecção e sem a seriedade exigida para aquele momento. Fez piada e relaxou, mostrando profundo desrespeito à sociedade. 
Essa empresa definitivamente não merece continuar em "good standing".
O certo mesmo, como exemplo pra quem fica no meio empresarial, era acabar com a Odebrecht.

Jorge Pontes é Delegado de Polícia Federal e foi Diretor da Interpol no Brasil




PROSUBPROPINA MILIONÁRIA

PROPINA DO PT NO SUBMARINO BRASILEIRO: R$50 MILHÕES
CONTRATO DA ODEBRECHT COM SUBMARINO RENDEU R$50 MILHÕES AO PT


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Ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht revelou que a parte do PT no contrato de desenvolvimento do Submarino Nuclear brasileiro (Prosub) foi de R$ 50 milhões. O negócio, segundo o ex-executivo, era complexo pois havia também acordo de transferência de tecnologia por parte da empresa francesa que tinha o contrato com a Marinha do Brasil. O negócio rendia à Odebrecht de R$ 500 a 700 milhões ao ano. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
“Sempre que chegava o final do ano, tinha um problema para receber” no contrato do Prosub, queixou-se Odebrecht na sua delação.
Quando Odebrecht cobrava o pagamentos de parcelas, “aumentava a expectativa” de propina em Guido Mantega e João Vaccari Neto.
O alto valor do submarino forçava Odebrecht a tratar diretamente com Guido sobre pagamentos, já que era ele o responsável pela liberação.










DELATOR DIZ QUE CABRAL NEGOCIOU MAIS DE R$ 20 MILHÕES PARA CAMPANHA DE PEZÃO

AFIRMAÇÃO É DO EX-EXECUTIVO DA EMPREITEIRA BENEDICTO BARBOSA NO ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA COM A PGR

EM NOTA, PEZÃO DISSE QUE “NUNCA RECEBEU RECURSOS ILÍCITOS . SUAS TESTEMUNHAS: SÉRGIO CABRAL, JORGE PICCIANI, SÉRGIO CÔRTES E DEMAIS CAPANGAS.
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O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) negociou com a Odebrecht mais de R$ 20 milhões, via caixa dois, para a campanha à reeleição do atual governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 2014, afirmou o ex-executivo da empreiteira Benedicto Barbosa no acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Conforme Barbosa, o montante faz parte do total de R$ 120 milhões que a empresa teria repassado ilegalmente a Cabral e Pezão desde 2006.
Dos R$ 26 milhões destinados ao atual governador, o ex-executivo disse que a Odebrecht repassou R$ 20,3 milhões diretamente à campanha de Pezão. Outro 1 milhão de euros teria sido pago ao marqueteiro de Pezão, Renato Pereira, a pedido de Cabral. Segundo Barbosa, os recursos destinados a Pezão foram contabilizados, nas planilhas de controle do pagamento de propina da empresa, como referentes à cota de Cabral. “Foi pedido do doutor Cabral, porque o Pezão não sentou com a Odebrecht para pedir dinheiro”, declarou.
Barbosa contou que os valores foram negociados no primeiro trimestre de 2014, sem precisar a data. Cabral foi governador do Rio entre janeiro de 2007 a 3 de abril de 2014, quando renunciou ao cargo. Com o ato, Pezão, então vice-governador, assumiu o comando do Estado. No mesmo ano, tentou reeleição e venceu a disputa no segundo turno com 55,8% dos votos válidos, derrotando o então senador e atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), que teve 44,2% dos votos.
O ex-executivo afirmou na delação que Cabral recebeu, ao todo, cerca de R$ 94 milhões da Odebrecht. Desse total, R$ 3 milhões foram doados, via caixa dois, à primeira campanha dele ao governo do Rio, em 2006. Os recursos teriam sido pedidos pelo próprio Cabral. Após ser eleito, Benedicto Barbosa disse que interlocutores do ex-governador o procuraram para pedir mais R$ 12 milhões para pagar despesas “em descoberto”. Segundo o ex-executivo, o dinheiro foi pago mensalmente ao longo de 2007.
Barbosa afirma que os R$ 94 milhões pagos a Cabral foram retirados de contratos que a Odebrecht firmou com o governo do Rio para as seguintes obras: a reforma do estádio Maracanã e da estação de metrô em frente; obras da linha 4 do metrô do Rio, que liga a Zona Sul à Barra da Tijuca; o PAC das Favelas no Complexo do Alemão, na Zona Norte da capital fluminense; lote 1 do Arco Metropolitano; além de obras classificadas como “projetos menores”.
Na delação, o ex-executivo contou que, logo após ser eleito pela primeira vez em 2006, Cabral afirmou que o “plano” do ex-governador era estabelecer um “parâmetro” de cobrar 5% de propina de todos os contratos no Estado. A Odebrecht, porém, não gostou do porcentual. “Falei, governador, como estou num volume adiantado, queria que a gente discutisse isso quando visse a qualidade dos negócios”, afirmou Barbosa. Segundo ele, a empreiteira não fechou porcentual.
Em nota, Pezão disse que “nunca recebeu recursos ilícitos”. Afirmou também que todas as doações para sua campanha de 2014 “foram feitas de acordo com a Justiça Eleitoral”. A prestação de contas apresentada pelo governador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não traz doações da Odebrecht. O Estado não conseguiu contato com o advogado de Cabral e com Renato Pereira, marqueteiro de Pezão.(AE)


MÃOZÃO?

“Governador” foi acusado em delação de ter recebido recursos da Odebrecht em espécie e no exterior










Rio - O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, teria recebido repasses de dinheiro vivo da Odebrecht pessoalmente e em contas no exterior. A denúncia veio de dois ex-executivos, o ex-presidente da construtora, Benedicto da Silva Júnior, que foi responsável por centralizar pagamentos a políticos, e Leandro Andrade Azevedo, ex-diretor de Infraestrutura da empreiteira no Estado do Rio. 
Além dos depoimentos dos delatores — que não podem prestar informações falsas, sob pena de terem os acordos que firmaram para reduzir suas penas cancelados —, o que pode complicar ainda mais a situação de Pezão é a informação de que os repasses foram registrados nas planilhas do Sistema ‘Drousys’, o Departamento de Propina da empreiteira . Isso representaria uma prova documental contra governador do Rio.






















A assessoria do governador classificou a acusação dos delatores como mentirosa, negou o recebimento de recursos ilícitos e disse que Pezão não tem e nunca teve conta no exterior.
Pezão é um dos nove governadores cujo destino será decidido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Luiz Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) enviou o caso a essa corte porque é ela a responsável por julgar crimes cometidos por governadores que estão no exercício do mandato. 
O STJ pode optar pelo arquivamento do pedido — que foi apresentado pelo procurador-geral Rodrigo Janot — ou abrir inquérito para investigar Pezão. Apenas depois dessa fase, o governador pode ser denunciado. Caso a denúncia seja aceita, ele se torna réu.






















A PGR pediu, no mês passado, o arquivamento de outro pedido de investigação contra Pezão, por irregularidades na obra do Comperj. Apesar disso, o ex-diretor da Petrobas Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores da Lava Jato, reafirmou que Pezão estava presente em reunião no Palácio da Guanabara na qual Cabral pediu auxílio do executivo para captar R$ 30 milhões para a campanha de reeleição para o governo do estado, em 2010.
Outro delator que envolveu Pezão em irregularidades foi o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Jonas Lopes. Segundo ele, em 2013, o então vice-governador participou de reunião com os conselheiros do tribunal na qual foi discutida a divisão de propinas. 



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