Servidor: pesadelo que vive funcionalismo do estado parece que não tem fim

Com apenas R$ 700 do salário de abril liberados, 207 mil servidores seguem sem saber como pagar contas

15/06/2017 11:00:07
PALOMA SAVEDRA

Rio - Um pesadelo. É assim que servidores do estado classificam a forma como estão vivendo em meio a atrasos e parcelamentos de salários desde o ano passado. Ontem, 207 mil ativos, inativos e pensionistas receberam apenas R$ 700 referentes a abril. E não há ainda previsão de quando os vencimentos serão quitados e nem sobre o pagamento de maio. 
A solução, segundo o governo, é o Plano de Recuperação Fiscal, que suspenderá o pagamento de dívidas do Rio com a União por três anos. Mas enquanto o acordo não fecha, a angústia do funcionalismo só aumenta.
Há sete anos no estado, a técnica em Enfermagem da Policlínica Piquet Carneiro, Daniela Dias, 39 anos, fez concurso público em busca de estabilidade. Casada e mãe de Ana Beatriz, 6 anos, e Rafael, 8, hoje, a servidora sofre a cada mês com a imprevisibilidade do pagamento do salário: ela sustenta os filhos. 





















Daniela fez concurso para o Estado do Rio para ter estabilidade e garantir equilíbrio financeiro para a sua família; hoje, ela lamenta penúria

 “Cheguei a me mudar para perto do trabalho e a sair de uma clínica particular para ser exclusiva do estado. Hoje, vivo sem saber de onde vou tirar tirar dinheiro. Busco a mínima dignidade de poder pagar o sustento dos meus filhos”, declarou a servidora, ao lado do pai, o aposentado Geraldo Dias, 76.
“Também trabalho em uma unidade federal de saúde. É o que está amenizando a minha situação e da minha família”, completou.  Também vítima da crise do estado, o professor de Química da Faetec, Paulo Coelho, 65, lamenta: “Tenho mais de 35 anos de magistério trabalhando de sol a sol. Busquei o máximo de conhecimento profissional e, na Faetec, desenvolvo um trabalho sério aos trancos e barrancos. Quando a gente pensa que vai ter o salário, que já está atrasado, recebo R$ 700 do que tenho direito”.
Ele também é químico da Vigilância Sanitária do estado e diz que sobrevive com a auxílio da família: “Meus irmãos ajudam com o essencial. Outro dia eu não tinha dinheiro para o leite da minha filha... Tive que cancelar meu plano de saúde e vou ter que arcar com multa. Não vejo uma luz no fim do túnel. Não há uma saída para esse problema”.





















Não tem uma luz no fim do túnel. Não vejo saída para esse problema. Estudei, tenho mestrado, e estou perdido', Paulo Roberto Coelho, 65 anos, presidente da Faetec Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

A professora aposentada Ieda Ribeiro, 72, precisa arcar com os custos dos medicamentos que toma diariamente. Ela tem uma neta adotiva e foi obrigada a tirá-la da escola particular desde que a crise do estado estourou. 
 “Coloquei ela numa escola pública de referência, mas não é perto de casa. O pouco dinheiro que entra uso para pagar a condução escolar dela, meus remédios e os do meu marido”, contou Ieda, acrescentando que a aposentadoria do INSS do marido Francisco cobre apenas algumas despesas, mas não é suficiente.





















'Nunca passei por uma situação dessa. Sempre fui a cabeça da família e, hoje, conto com ajuda para pagar contas', Ieda Ribeiro, professora aposentada do Estado / Agência O Dia

Paixão e única fonte de renda 
A farmacêutica industrial da Secretaria de Saúde, Rogéria Carvalho, 47, está no estado desde 2004, e tem neste trabalho sua única fonte de renda. “Fiz concurso com muito amor para a Vigilância Sanitária. Sempre fui apaixonada pelo meu trabalho, e ainda sou. Tenho um filho de 11 anos na escola particular e eu que pago todos os gastos relacionados a ele”, relatou ela, que acrescentou:  “É um desespero para fechar as contas a cada mês. Não consigo entender como o estado chegou a essa ponto e que não há arrecadação suficiente para poder pagar o funcionalismo. Estão maltratando muito o servidor estadual”, criticou a farmacêutica. 
Inspetor da Escola Técnica Estadual João Luiz do Nascimento, da Faetec, Marcos Gomes, 59, precisa contar com o auxílio de sua mãe para quitar pagamentos e custos com a saúde de um dos seus filhos. 
“Ele demanda mais cuidados, pois sofre de síndrome de patau (doença genética que afeta o sistema nervoso, entre outros sintomas) e todo mês preciso comprar medicação para ele. Semana passada tive que gastar só R$ 400 de comprimidos. Não tenho conseguido arcar com os gastos”, queixou-se. 
 Em nota, a Secretaria Estadual de Fazenda informou que, logo após a publicação da sanção do Regime de Recuperação Fiscal, no Diário Oficial da União, em 22 de maio, “o governo do Estado do Rio iniciou imediatamente as conversas com o governo federal para a homologação do plano estadual”.
A pasta completou alegando que “a expectativa é que essas conversas evoluam satisfatoriamente, visando à estabilidade financeira do Estado, assim como a regularização dos salários dos servidores públicos estaduais o mais rapidamente possível”.


Fonte: O DIA


Moro condena Cabral a 14 anos por corrupção e lavagem de dinheiro


Juiz diz que Cabral traiu mandato e culpa ex-governador por ruína

O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, foi condenado pelo juiz Sérgio Moro em uma ação da Lava Jato a 14 anos e 2 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A decisão foi publicada no sistema da Justiça Federal por volta das 11h terça-feira (13). 
A mulher dele, Adriana Ancelmo, e foi absolvida por falta de prova suficiente de autoria ou participação. A ré Mônica Carvalho também foi absolvida pelo mesmo processo.
De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, os investigados tiveram envolvimento no pagamento de vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Comperj, formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão. A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) foi aceita em dezembro do ano passado.
Veja os réus condenados e os respectivos crimes
Sérgio Cabral – ex-governador do Rio de Janeiro: corrupção passiva, 12 crimes de lavagem de dinheiro
Wilson Carlos Cordeiro de Silva Carvalho - secretário do governo do Rio de Janeiro durante a gestão de Cabral - corrupção passiva e dois crimes de lavagem de dinheiro
Carlos Emanuel de Carvalho Miranda - sócio do ex-governador Sérgio Cabral - corrupção passiva e quatro crimes de lavagem de dinheiro
Rogério Nora e Clóvis Peixoto também foram denunciados pelo MPF e se tornaram réus nesta mesma ação penal pelo crime de corrupção ativa. Entretanto, em janeiro de 2017, o MPF requereu a suspensão do processo em relação aos dois, devido ao acordo de colaboração premiada firmado com eles.
“Considerando a dimensão dos crimes e especialmente a capacidade econômica de Sérgio Cabral ilustrada pelo patrimônio declarado de quase R$ 3 milhões e, que considerando o examinado nesta sentença, certamente é maior, fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último fato delitivo (05/2014)”, disse Sérgio Moro sobre a multa destinada a Cabral.
Caso haja recurso, Cabral deve responder preso, de acordo com a sentença de Sérgio Moro.
"Os atos de corrupção e lavagem reconhecidos na presente sentença inserem-se em um contexto maior de prática sistemática de infrações penais pelo ex-governador e seus associados e que é ilustrado pelas cerca de nove ações penais contra eles já propostas na Justiça Federal do Rio de Janeiro e igualmente encontra prova neste mesmo feito no sentido de que era cobrado um percentual de vantagem indevida em toda obra pública realizada no Estado do Rio de Janeiro”, afirmou Sérgio Moro.
Para o juiz federal, este fato é “assustador”, além de revelar a “prática sistemática de crimes graves de corrupção".


Procuradoria da República no DF abre investigação sobre Lula e Dilma





















Brasil: Vira essa página!
Investigação foi autorizada com base em delação de Joesley Batista, da JBS. À TV Globo, advogados de Lula reiteraram inocência do ex-presidente; G1 buscava contato com assessoria de Dilma.
A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu uma investigação sobre o suposto repasse de US$ 80 milhões do Grupo J&F aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em contas no exterior (leia mais abaixo o que dizem Lula e Dilma).
O procedimento investigatório criminal foi instaurado após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin remeter à procuradoria trechos dos depoimentos de executivos da JBS. Lula e Dilma não têm direito ao chamado foro privilegiado.
Na delação premiada, Joesley Batista, dono da JBS, afirmou que, em 2009, foi criada uma conta para repasses a Lula, que totalizaram US$ 50 milhões. Em 2010, ainda de acordo com o delator, foi aberta outra conta, para enviar valores a Dilma, para a qual foram enviados US$ 30 milhões.
Os valores, segundo o delator, seriam contrapartida a um financiamento de R$ 2 bilhões, concedido em 2011, para a construção de uma fábrica da Eldorado Celulose.
O caso envolvendo o suposto repasse é investigado em Brasília em razão de suspeitas de desvios no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Segundo relatos de delatores da JBS, a empresa corrompeu políticos para ter incentivos fiscais e conseguir dinheiro no BNDES e em fundos de pensão.
O que dizem Lula e Dilma
À TV Globo, os advogados de Lula informaram que "só vão se manifestar quando tiverem acesso ao material e reiteram a inocência do ex-presidente Lula".
Em nota divulgada na semana passada sobre o suposto repasse, a assessoria de Lula já havia declarado que é falso, leviano e até criminoso atribuir ao ex-presidente qualquer relação com uma conta que não é dele e da qual o ex-presidente nunca teve conhecimento.
O G1 buscava contato com a assessoria de Dilma até a última atualização desta reportagem. Em nota divulgada na semana passada, a ex-presidente declarou ser "fanasiosa a versão de que ela seria beneficiária de uma conta na Suíça" e que Dilma "nunca recebeu qualquer benefício financeiro de Joesley Batista."