GLOBO SEM MÁSCARA
















































Não é para eleger Lula nem Bolsonaro que a Lava Jato refunda o Brasil
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

18 Julho 2017 | 03h00
Lula e Bolsonaro
Enquanto o prefeito João Doria estuda as falas e trejeitos de Emmanuel Macron e tenta mimetizar a eleição dele no Brasil, o deputado Jair Bolsonaro vai tentando, devagar e sempre, seguir a trilha de Donald Trump, que era tão absurdo, ninguém acreditava e chegou lá. Uma surpresa mundial. Ou melhor, um susto.
A imprensa americana – e, por conseguinte, a brasileira – não viu Trump, não acreditou em Trump, ridicularizou Trump e, no final, foi obrigada a engolir a vitória dele para a presidência da maior potência mundial. Agora, a opinião pública nacional não acredita, não vê e não leva Bolsonaro a sério. O risco é ser novamente surpreendida.
Homem de comunicação, Doria é um craque midiático e está todos os dias nas capas de sites e de jornais, nos programas mais populares de TV e em rádios de diferentes regiões. Bolsonaro é quase ausente da mídia nacional, mas faz sua divulgação no corpo a corpo em aeroportos, nas chegadas a cidades de todo o País e em reuniões fechadas.
“Anfíbio” que passou parte da vida na caserna e está no seu sétimo mandato na Câmara, viaja muito, abre filas de curiosos ávidos por selfies com ele, agita voos de lá para cá e é recebido como candidatíssimo, não raro com a improvisação de palanques e megafones. As pessoas começam a se perguntar: “E o Bolsonaro, hein?”
As respostas oscilam em três categorias: há os que o apoiam porque sentem ojeriza pela política e uma vaga nostalgia da ditadura militar; os que têm verdadeira ojeriza ao próprio Bolsonaro e ao que ele representa; e um grupo crescente que nem é tão a favor nem tão contra, mas manifesta curiosidade diante dele.
A eleição de Bolsonaro para a Presidência é altamente improvável, porque ele representa um nicho, não a maioria, e porque ele é pouco conhecido e campanhas são cruéis e reveladoras. São o momento de mostrar as fragilidades e até “os podres” dos candidatos. No mínimo, o que ele entende de economia, negociação política e administração pública?
Mas Bolsonaro está crescendo. Segundo o DataPoder360, que entrou no complexo mundo das pesquisas neste ano, ele já tem 21% e está em empate técnico com o líder Lula (23%), num cenário em que Doria e Marina Silva estão com 13% e 12%. Num outro cenário, com Geraldo Alckmin no lugar de Doria, Lula tem 26% e Bolsonaro, novamente, ostenta 21%. Alckmin fica em terceiro, com 10%, e Marina em quarto, com 6%.
A esta altura, as pesquisas não projetam resultados, apenas apontam tendências, e uma tendência clara é que Bolsonaro está no jogo, um jogo perigoso não só por causa dele. Há um consenso de que a eleição de 2018 será entre candidatos não enrolados na Lava Jato, caso do próprio Bolsonaro, Marina, Doria e Ciro Gomes, o lanterna, por enquanto, mas o líder das pesquisas é considerado também o líder da Lava Jato: o ex-presidente Lula.
Condenado pelo juiz Sérgio Moro, ele poderá se candidatar se o TRF-4 absolvê-lo ou simplesmente não julgá-lo antes do registro da chapa no TSE. Também poderá se o tribunal confirmar a sentença de Moro, mas a defesa entrar com recurso e um tribunal superior der liminar favorável. Os petistas se mobilizam para mudar as regras do jogo com a chamada “Emenda Lula”, que altera o prazo para a prisão de candidatos, de 15 dias para oito meses. Um escândalo.
São dois riscos: a vitória de Lula seria o fim e a desmoralização da Lava Jato, mas, sem ele na eleição, o primeiro nas pesquisas pode passar a ser Bolsonaro. Não é para eleger Lula nem os Bolsonaros da vida que o Brasil faz a faxina que faz. Quem será em 2018, ninguém sabe. Mas quem não deve ser, todos precisamos saber. É melhor prevenir do que remediar.











Tognolli: “A Lava Jato vai esclarecer o que o Sombra levou para o túmul...

Servidores fazem ato contra Pezão e o TJ-RJ: 'Não ter salário não é mero aborrecimento'




























Ato dos servidores em frente ao TJ Foto: Nelson Lima Neto

O Movimento Unificado dos Servidores Públicos (Muspe) realizou, nesta quinta-feira, ato contra as decisões do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) que consideraram o atraso do salário dos servidores um mero aborrecimento. O protesto aconteceu em frente ao Fórum Central, no Centro do Rio.
Cerca de 50 funcionários estiveram no ato, que também criticou a decisão do governador Luiz Fernando Pezão de passar alguns dias em um spa no interior do Estado.
Desde o início do ano, dezenas de servidores recorreram ao Juizado Especial Fazendário pedindo danos morais contra o atraso dos vencimentos. Os juízes, porém, consideram o pedido sem validade e afirmaram que o atraso é um mero aborrecimento.
— Sugiro a esses juízes, que ganham em dia, a voltarem a estudar. O que todos nós estamos passando não é mero aborrecimento — disse um dos servidores presentes.

























Ida de Pezão a spa gera a revolta dos servidores; ‘Ele tirou férias’, diz Dornelles






Enquanto o governador Luiz Fernando Pezão alivia o estresse numa clínica spa de luxo em Penedo, na região serrana, os servidores estaduais tentam diminuir o seu numa fila em busca de doação de cestas básicas. Pelos cálculos do Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) seria possível alimentar 500 funcionários públicos com o pagamento de uma semana no Rituaali, para onde Pezão foi com a mulher Maria Lúcia Horta Jardim. A estadia no lugar pode chegar a R$ 27.316, por semana.
A entidade divulgou uma nota de repúdio na qual considerou “absoluta falta de senso” o governador se hospedar num ambiente de “luxo e ostentação”, no pior momento da crise para os servidores, “com pelo menos duzentas mil famílias passando grandes privações por conta de estarem com três pagamentos atrasados

























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— É mais uma notícia que revolta o servidor, porque numa situação de crise o governo não tem apontado soluções e as que surgem não têm sido suficiente para resolver os problemas — critica Flávio Sueth, membro do Muspe.
O Palácio Guanabara confirmou que Pezão está em um centro de saúde, “com acompanhamento médico”. Ocupando o cargo com a ausência de Pezão, o vice-governador Francisco Dornelles comentou o caso.
— Ele tirou férias. Se afastou. E o lugar onde ele está eu realmente não sei. O problema é dele — disse Dornelles à TV Globo.
Um dos donos da Rituaali é Marcos Ferreira Trindade, também sócio na empresa FSB, que mantém contratos com o governo do estado. Em nota divulgada ontem, a assessoria do Palácio Guanabara afirmou que não vê nenhuma incompatibilidade no ato “porque não há relação entre a clínica e os serviços prestados pela FSB ao governo”. Além disso, o governador está pagando com recursos próprios as despesas, “sem qualquer benefício.”
Revoltados, servidores aposentados mostram fotos do spa onde está Pezão Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
A Riatuaali oferece aos seus hóspedes programas como detox, controle do estresse, equilíbrio, entre outros. Além, tem também serviços de geoterapia, massoterapia, hidroterapia, fitoterapia e outras terapias com as quais os servidores do estado, com as contas fora de equilíbrio, nem podem sonhar. Os preços ´e que podem causar estresse. Para um casal permanecer uma semana no centro de saúde variam de R$ 14.817 (apartamento de luxo, com 40 metros quadrados) a R$ 27.316 (chalé black, com dois andares e 113 metros quadrados). Os valores incluem hospedagem, alimentos e tratamentos, exceto os estéticos. Os pacientes têm de pagar 30% do valor na reserva e os 70% restantes no check-out. Já a diária num quarto standard, segundo o Tripadvisor, fica entre R$ 1.500 e R$ 1.800.
Os chalés são divididos em duas categorias. A primeira com localização mais reservada e devido o tamanho permite que os hospedes que tenham indicação médica, como é o caso de Pezão, realize alguns tratamentos ali. As acomodações são equipadas com sauna. Pelo menos sete são assim. Os outros estão localizados próximo à recepção e possuem banheira de hidromassagem, lareira, copa, frigobar, chaleira elétrica e uma antessala para repouso. Os apartamentos são 14, todos com varandas com vista para a piscina principal, mata e jardim. Dois deles, na lateral do prédio, contam com uma segunda varanda para quem quer tomar banho de sol.
O site do Rituaali informa ainda que a clínica spa mantém um time de especialistas nas áreas de saúde, bem estar, estética, nutrição e gastronomia, acompanhados pelos médicos Luiz Fernando Sella e Daniela Tiemi Kanno, ambos fazem parte do quadro de sócios do empreendimento. Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Sella tem especialização no exterior, inclusive em Havard, em estilo de vida. Já Daniela Kanno, formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) é especialista em alimentação funcional e qualidade de vida, segundo o site.