Observe a conduta de muitos
dos principais meios de comunicação brasileiros, seus editoriais e badalados
comentaristas. Não precisará muito tempo para concordar com esta afirmação:
eles decidiram que o problema do Brasil não são os corruptos, nem é a esquerda
retrógrada, nem a irracionalidade do modelo institucional, nem a
irresponsabilidade fiscal dos parlamentos, nem a instabilidade criada pelo STF.
O que tem que ser combatido no Brasil é o conservadorismo. Não lhe deve ser
concedido direito de representação e precisa ser alvejado até que não reste em
pé um só desses idiotas para que suas pautas não ganhem força institucional.Ampla maioria da população crê
em Deus e reconhece a importância da
religião e da instituição familiar. É contra a ideologia de gênero e quer
proteger as crianças dos abusadores que pretendem confundir sua sexualidade. É
contra o aborto, o desarmamento e a liberação das drogas. Quer segurança e
bandidos na cadeia. Repudia o feminismo como pauta política, movimento
revolucionário, ou fundamento de uma nova moral. Não admite a transformação da
sala de aula em oficina onde o professor opera como torneiro de cabeças.
Rejeita o deliberado acirramento de conflitos que se tenta impor em vista de
diferentes cores de pele, olhos e cabelos; ou de classe, apetite sexual, faixa
etária, renda. E por aí vai.
Os grandes veículos a que me
refiro, ou advogam do lado oposto, ou jamais revelaram qualquer interesse por
tais posições. Da ideologia de gênero ao feminismo mais transgressor.
Degeneradas fazem orgia com símbolos sacros em via pública? Noticia-se o
ocorrido como quem descreve um pôr do sol sobre a Lagoa, ou se fala em
liberdade de manifestação e em tolerância. É a pretendida tolerância com o
intolerável e com os intolerantes…
De fato, o período que estamos
vivendo oferece oportunidades extraordinárias para observarmos o principal
alinhamento de grandes meios de comunicação. Mesmo quando há diferenças
importantes entre eles, sobressai um denominador comum que resiste à desilusão
de muitos profissionais com as antigas convicções. Até os que delas se
divorciaram antes de ficarem viúvos da esquerda participam da confraria que
pode ser definida como a união de quase todos no repúdio às posições
conservadoras. E essa intransigência, hoje, tem como alvo o candidato
Bolsonaro, saco de pancadas da eleição presidencial. Dedicam-se a malhá-lo,
haja ou não motivo para isso. Aliás, não precisaria motivo. O conservadorismo
basta.
Tal atitude reforça a natural
conduta dos demais candidatos. A posição de Bolsonaro nas pesquisas já seria
motivo suficiente para todos o atacarem. Com a mídia comandando a artilharia
contra o adversário comum, o que pudesse haver de conservadorismo em qualquer
deles foi jogado no arquivo morto. “A mídia rejeita e está ajudando”, dirão.
Objetivo alcançado: há um único representante dessa importante corrente de
opinião indispensável para realinhar aspectos essenciais da vida nacional.
Agora, basta abatê-lo e esperar, ali adiante, a colheita integral do
“progressismo” plantado por ação ou omissão.
PERCIVAL PUGGINA
Percival
Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e
escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de
jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a
Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo
Pensar+.