Adélio Bispo de Oliveira: lobo solitário, ou membro de uma alcateia raivosa?


Após o ataque contra a vida do presidenciável Jair Bolsonaro, existem mais dúvidas do que certezas sobre o terrorista urbano responsável por esse ato

Adélio Bispo de Oliveira, preso logo após o atentado contra a vida de Jair Bolsonaro, que ocupa a posição de liderança isolada nas pesquisas da campanha presidencial
“Foi um incidente imprevisto que terminou de forma problemática por causa de discordâncias em certos pontos ... pretendíamos dar uma resposta, um susto”, frase de Adélio Bispo de Oliveira, durante sua audiência de custódia no dia 7 de setembro.
É com essa simplicidade e candura que o criminoso descreve sua tentativa frustrada de assassinar Jair Bolsonaro, candidato isolado na liderança das pesquisas à presidência do Brasil, cravando uma faca com lâmina de 30cm, no seu abdômen. Para Adélio Bispo de Oliveira, o atentado foi apenas um incidente, um imprevisto, quase que sem querer.
Provavelmente com o intuito de evitar mais violência, e por ainda não ter informações suficientes, o Ministro Raul Jungmann se apressou a dizer que tudo indicava para o fato de Adélio ser um lobo solitário, uma pessoa que agiu sozinha sem apoio e coordenação de nenhum grupo. No entanto, a vasta quantidade de fatos e indícios pontuados a seguir, fazem com que a possiblidade de uma alcateia, e não apenas um lobo, deva ser seriamente investigada.
Quem é Adélio?
Adélio Bispo de Oliveira nasceu em 6 de maio de 1978, na cidade de Montes Claros (MG), numa família muito simples. Em 1997 ele decide sair de casa em busca de emprego, e passa a viajar para outras cidades e estados. É nessa fase que ele inicia sua aproximação com a religião. Segundo a família, desde então, ele raramente voltou para sua cidade natal.

Em 2013 ele é processado por crime de lesão corporal, ao se desentender com um parente e arrombar sua casa. Foi filiado ao PSOL por sete anos, de 2007 a 2014, com desejo de entrar para política como deputado. Solteiro, nos último sete anos passou por doze empregos e em nenhum permaneceu mais do que três meses. Atualmente está desempregado.
Facebook - Adélio Bispo de Oliveira Adélio Bispo de Oliveira postou na sua página do Facebook a bandeira do Brasil com com centro vermelho, a foice e o martelo, cor e símbolos que remetem ao comunismo
Durante sua audiência de custódia, em 7 de setembro, Adélio se declarou “um autor da esquerda moderada” e que “defende a ideologia de esquerda”. Seu Facebook indica e reforça essas convicções políticas.
Em sua página encontram-se ataques contra Jair Bolsonaro, a Maçonaria, Michel Temer, o MBL, Geraldo Alkmin, a Senadora Ana Amélia, Deltan Dallagnol e até contra os personagens do desenho animado “Tom e Jerry”, lançado em 1940 nos Estados Unidos, em que Adélio alega ter encontrado mensagens subliminares.
Ainda no Facebook, ele defende o regime Venezuelano e Lula, denuncia perseguições ao número 13 (número eleitoral do Partido dos Trabalhadores) e difunde teorias de conspiração sobre os ataques da Al-Qaeda, em 11 de setembro de 2001, contra os Estados Unidos.
5 de julho - Coincidência ou premeditação? (1)
Nesse dia Adélio posta na sua página do Facebook um mapa informando sua localização: Clube e Escola de Tiro .38, em Florianópolis (SC). O mesmo clube do qual os filhos de Jair Bolsonaro, Carlos e Eduardo, são sócios.
Facebook - Adélio Bispo de Oliveira Postagem de Adélio Bispo de Oliveira na sua página do Facebook indicando que esteve no "Clube e Escola de Tiro .38" em 5 de julho
No clube, Adélio, preenche uma ficha cadastral e faz uma instrução de tiro por uma hora. Os cursos desta escola custam entre R$689,00 e R$1.890,00. A viagem de ônibus de Montes Claros para Florianópolis sai por cerca de R$190,00. Não se sabe onde ele se hospedou.
Esse não parece ser um típico programa de recreação de um homem pobre e desempregado, especialmente numa quinta-feira.
Essa viagem, um mês antes do atendado, foi uma coincidência ou possível premeditação?
23 de agosto - Coincidência ou premeditação? (2 e 3)
Adélio compra uma passagem de ônibus, por cerca de R$190,00 e percorre 689 km de Montes Claros para Juiz de Fora. O calendário da campanha de Jair Bolsonaro previa sua chegada nessa cidade no dia 6 de setembro.
Essa viagem, duas semanas antes do atendado, foi uma coincidência ou possível premeditação?
Em Juiz de Fora ele se hospeda numa pensão, pagando adiantado R$400 em dinheiro, por um mês de estadia no melhor e mais caro quarto individual. Esse valor não incluía alimentação. A pensão fica a apenas 1 km do local onde o criminoso esfaquearia Bolsonaro, ou seja, quinze minutos de caminhada a pé.
A localização da pensão foi uma coincidência ou possível premeditação?
6 de setembro - Mais indícios da ação de uma alcateia e não de um lobo solitário 
Há um mês das eleições, Adélio passa a ostentar no seu currículo o infame título de terrorista urbano. Pouco depois das 15hs ele caminha para o calçadão da Rua Halfeld e desfere um golpe de faca no abdômen de Jair Bolsonaro. A cena grotesca é filmada e fotografada por várias pessoas que estavam no local, e choca o Brasil. 


Reprodução Twitter Jair Bolsonaro logo após receber uma facada no seu abdômen
Ao se analisar detalhadamente os vídeos do atentado, começam a aparecer detalhes que levantam a suspeita de participação de terceiros, como o de um homem que troca um objeto com uma mulher, a pouco mais de um metro de Adélio, momentos antes do atentado. 
Assim que ele é preso e levado da cena do crime, uma nova suspeita de que Adélio não agiu só aparece. Nos vários vídeos do ataque a Bolsonaro que circulam livremente na internet, existe um que mostra Adélio algemado e sentado no chão de uma Delegacia, que contém o seguinte diálogo entre uma autoridade Policial e o réu confesso:
Policial - “Quem te mandou fazer isso?”
Adélio - “Ninguém”
Policial - “Não foi isso que você falou antes. Quem te mandou fazer isso?”
Adélio - “Eu não disse que ninguém mandou, quem mandou foi o Deus aqui em cima”
O criminoso percebe que caiu em contradição. Logo ao ser preso, no questionamento inicial da Polícia antes de chegar na Delegacia, ele nomeia um mandante. Na Delegacia, ele muda de ideia e decide por a culpa em Deus.
Os advogados de Adélio reforçam essa versão, ao dizer que seu cliente alegou motivações religiosas, e que a intenção da facada era apenas para ferir. Mais tarde, Adélio e seus advogados alteram mais uma vez o discurso, passando a dar ênfase na motivacão do crime como sendo política. 
Incrivelmente, em apenas 24 horas surgiram três suspeitos de colaborar ou motivar o atentado: 1) O mandante secreto, citado inicialmente, 2) Deus, e por fim 3) Divergências políticas.

Polícia / Divulgação Faca com lâmina de 30cm usada por Adélio Bispo de Oliveira na tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro
No mesmo dia do atentado a Polícia Federal conduz uma busca no quarto da pensão que Adélio ocupava, e se depara com itens surpreendentes. Lá é encontrado um cartão de crédito internacional do banco Itaú, dois cartões (conta corrente e poupança) da Caixa Econômica Federal, extratos impressos dos dois bancos, um extrato do FGTS, quatro celulares, três chips de celulares e um notebook.
No dia 12 de setembro a Polícia Federal apreendeu seis discos rígidos de uma lan house que Adélio frequentou diariamente, do dia 29/8 até o dia do atentado, duas vezes por dia, de manhã e de tarde.
O que um desempregado, sem acesso a recursos financeiros, fazia com todo este esse material, se conectando diariamente na internet, esperando a chegada de Bolsonaro com duas semanas de antecedência?
7 de setembro - Um dia após o atentado e os indícios de uma alcateia se acumulam
Menos de 24 horas após o atentado contra a vida de Bolsonaro, uma banca advocatícia composta por quatro defensores de renome aparece em Juiz de Fora para representar o criminoso.
Dois deles, Zanone Manuel de Oliveira Junior e Fernando Costa Oliveira Magalhães, chegam num avião particular, para encontrar seus colegas Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa e Fernando Costa Oliveira Magalhães.
Essa não é uma banca qualquer. Esses advogados trabalharam em casos de grande repercussão nacional como o do goleiro Bruno e da missionária americana Dorothy Stang.
A quantidade e qualidade desses advogados, e a rapidez com que chegam à cena do crime levanta questionamentos imediatos. Zanone declara para a imprensa o motivo pelo qual assumiram o caso: “por questões humanitárias, e por compadecimento com a saúde mental de Adélio”. Mas a pergunta persiste: quem está pagando os serviços desses advogados?
Na tentativa de explicar e sanar essa dúvida, os advogados dão duas infelizes declarações, que produzem o efeito contrário ao desejado, e complicaram ainda mais a vida do criminoso.
























Reprodução-O réu confesso durante sua audiência de custódia. Após perfurar o abdómen de Bolsonaro com uma lâmina de 30cm, Adélio diz para a Juíza que está com dores nas suas costelas

A primeira declaração foi a divulgação da fonte pagadora. Zanone disse que os advogados foram contratados por Igrejas Evangélicas de Montes Claros, ou por pessoas ligadas a elas. Só que não. Todas Igrejas citadas negaram qualquer ligação com os defensores. Veja o posicionamento delas:
- Igreja do Evangelho Quadrangular:  "A Igreja não reconhece o senhor Adélio como membro desta Igreja. A Igreja informa que não pagou absolutamente nada de custas processuais dos advogados do senhor Adélio”, afirma o pastor e superintendente Antônio Levi de Carvalho.
- Testemunhas de Jeová:  "O senhor Adelio Bispo de Oliveira e sua família não são Testemunhas de Jeová. Também esclarecemos que as Testemunhas de Jeová não são responsáveis e não possuem qualquer relação com a contratação de advogados para a defesa do senhor Adelio". Estes religiosos avaliam a possibilidade de ingressar na Justiça contra Zanone Oliveira Junior.
A segunda declaração infeliz do advogado, que gerou mais pontos de interrogação, foi o pedido para a Justiça conduzir uma avaliação psiquiátrica do criminoso, alegando que ele faz “uso permanente de medicamentos controlados de tarja preta, e possui um histórico de consultas com médicos psiquiatras e neurologistas". Só que não. De novo.
Durante sua audiência de Custódia Adélio entrega uma versão diferente daquela apresentada pelos seus advogados, ao afirmar para a Juíza que não usa mais remédios psiquiátricos: “Nesse momento não faço uso regular desses medicamentos”. Dos três remédios que ele disse ter usado no passado, lembrou-se de apenas um.
Contrariando as intenções dos advogados de classificar seu cliente como doente mental, a Procuradora Zani Cajueiro, diz: “No que tange à lucidez, no curso da oitiva na audiência de custódia, o raciocínio do preso era absolutamente coeso, sem lacunas. Externalizou que discordava do candidato Bolsonaro em vários pontos. Não demonstrou a princípio nenhum sinal de insanidade mental”
Para azedar de vez a estratégia de Zanone em atenuar a situação criminal do seu cliente, no dia 12 de setembro o Juiz Bruno Savino, da 3ª Vara da Justiça Federal de Juiz de Fora, negou o pedido do teste de insanidade mental de Adélio, dizendo:
"Até o presente momento, não há elementos de informação que sustentem a existência de dúvida relevante e plausível sobre a higidez mental do investigado"
Esses foram dois importantes gols contra da defesa:
- A versão de que os custos dos advogados foram pagos por Igrejas é pulverizada.
- A estratégia de classificar o criminoso como não responável pelos seus atos é demolida.
Siga o dinheiro
A quantidade de “coincidências” e situações gritantes não explicadas no atentado contra a vida Jair Bolsonáro, faz com que algumas perguntas sejam feitas e demandem respostas rápidas e muito convincentes. Até esse momento, a lista inclui os seguintes questionamentos: 
1-Por que um indivíduo pobre e desempregado decide viajar para Florianópolis e fazer instrução de tiro, no mesmo clube que os filhos de Bolsonaro frequentam, um mês antes do atentado?
2-Quem pagou as despesas de transporte, hospedagem, alimentação e da instrução de tiro em Florianópolis?
3-Por que o mesmo indivíduo decide viajar para Juiz de Fora, duas semanas ante do atentado, e se hospeda numa pensão a 1km do local do crime?
4-Quem pagou as despesas de transporte, hospedagem e alimentação em Juiz de Fora?
5-Como este criminoso mantinha um cartão internacional, e cartões de conta corrente e conta poupança? Quem efetou depósitos nessas contas? Quem eram os beneficiários dos pagamentos dessas contas? 
6-Por que Adélio não se conectava online usando seu notebook, e preferia ir diariamente a uma lan house local?
7-Que pesquisas ele fez na lan house? Quais sites visitou? Trocou e-mails? Ele acessou a agenda eleitoral no site da campanha de Bolsonaro?
8-Em relação aos quatro celulares e três chips, para quem Adélio ligou? Com que trocou mensagens? Qual o conteúdo das mensagens? Quais imagens estão salvas? Ele navegou por quais sites?
9-Esses celulares e chips estão no nome de quem? Suas contas são pagas por quem?
10-A quem Adélio se refere inicialmente como mandante do crime, mas quando foi filmado na Delegacia, muda a história e diz que foi Deus?
11-Quem contratou tão rapidamente a banca de quatro advogados, dois dos quais chegaram em avião particular, para defender um lobo solitário?
12-Quem está mentindo? Os advogados que disseram ter sido contratados por Igrejas, ou estas que desmentiram isso publicamente?
13-Quem é o homem e a mulher que trocam um objeto, próximo de Adélio, segundos antes do atentado? Que objeto é esse?
14-Por que Adélio usou com frequência o pronome “nós” durante seus depoimentos para a Justiça? Será que o estílo conversácional deste terrorista urbano inclui o uso habitual do plural majestático? Ou será que o "nós" significa exatamente o que ele é: mais de uma pessoa.
    15-De onde veio a faca do crime?  O criminoso a comprou em Juiz       de Fora? Roubou da pensão? Recebeu de alguém?
Quando existem fatos e indícios indicando a possibilidade de um crime ter sido premeditado e fruto de uma consiparção, e não cometido por um lobo solitário, uma estratégia de solução que costuma ser muito eficiente é seguir a trilha do dinheiro.
Junte a isso a enorme quantidade de pegadas eletrônicas deixadas pelo criminoso e a Polícia Federal possui farto matérial para identificar todos os membros desta alcateia raivosa que tentou matar Bolsonaro e atacou a nossa democracia.  
Finalizo alertando para um fato óbvio. Se a possibilidade de Adélio ter agido como parte de um grupo for levada a sério, a missão desses conspiradores falhou e o próximo capítulo dessa história de terror é um velho conhecido: a queima de arquivo com a ordem de assassinar Adélio Bispo dos Santos.






Bolsonaro vai a 33% e Haddad pula de 8% para 16%, diz BTG Pactual


Ciro empata em 2º lugar, com 14%

Alckmin cai de 8% para 6%

Marina cai de 8% para 5%


Jair Bolsonaro lidera a corrida presidencial e Haddad foi o que mais cresceu na última semana Sérgio Lima/Poder360 - 28.nov.2017 e 14.ago.2018
O candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, cresceu 3 pontos percentuais na comparação com a semana passada e alcançou 33% das intenções de voto segundo levantamento feito pela FSB Pesquisa (íntegra), contratada pelo banco de investimentos BTG Pactual.
Mas o maior salto da semana foi de Fernando Haddad (PT), que passou de 8% para 16% e empata, dentro da margem de erro, com Ciro Gomes (PDT) na 2ª colocação.
Geraldo Alckmin (PSDB) e a candidata da Rede, Marina Silva, apresentaram tendência de queda nos levantamentos. O tucano caiu de 8% para 6% e Marina, de 8% para 5%. Os 2 estão empatados com João Amoêdo (Novo), que tem 4% das intenções de voto e ficam mais distantes na disputa por 1 lugar no 2º turno.

 Não souberam responder 5% dos entrevistados e 11% não escolheram ninguém ou votariam em branco.
As entrevistas foram realizadas nos dias 15 e 16 de setembro de 2018. O Instituto entrevistou 2.000 eleitores nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 p.p. e o intervalo de confiança é de 95%. O registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é BR-06478/2018.
2º TURNO
A pesquisa também trouxe novidades nas expectativas para o 2º turno, que acontecerá em 28 de outubro. Bolsonaro, que tinha dificuldades de emplacar bons resultados nesta etapa, aparece à frente de Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e Marina Silva.
O único candidato que apresentaria algum risco ao militar seria Ciro Gomes, que empata com ele dentro da margem de erro. Eis os cenários:
Jair Bolsonaro (PSL) – 42%
Ciro Gomes (PDT) – 42%
nenhum/brancos – 13%
não sabe – 3%

Jair Bolsonaro (PSL) – 46%
Fernando Haddad (PT) – 38%
nenhum/brancos – 13%
não sabe – 3%

Jair Bolsonaro (PSL) – 43%
Geraldo Alckmin (PSDB) – 36%
nenhum/brancos – 17%
não sabe – 4%

Jair Bolsonaro (PSL) – 48%
Marina Silva (Rede) – 33%
nenhum/brancos – 17%
não sabe – 3%

POTENCIAL DE VOTO, REJEIÇÃO E DESCONHECIMENTO
A pesquisa também mediu o potencial de voto, a rejeição e o desconhecimento dos candidatos. Segundo o levantamento, Jair Bolsonaro tem o maior potencial de voto, 48%, seguido pelo pedetista Ciro Gomes, que apresenta 45% e pelo tucano Geraldo Alckmin, que tem 39%.
A candidata da Rede, Marina Silva, é a que tem a maior rejeição. Entre os eleitores, 58% disseram não votar na candidata de jeito nenhum. Logo em seguida, aparece Geraldo Alckmin com 53% e Henrique Meirelles, com 48%.
A candidata Vera Lúcia, do PSTU, é a que apresenta menor resultado. A candidata também é a menos conhecida: 56% dos entrevistados não conhecem seu nome. O petista Fernando Haddad ainda é desconhecido de 15% do eleitorado.

PF apreende malas com dinheiro e relógios com o vice-presidente da Guiné Equatorial


Fortuna avaliada em US$ 16 milhões estava nas bagagens no avião dele que pousou no aeroporto de Viracopos, em Campinas. Embaixada diz que relógios eram de uso pessoal de filho de ditador.
A Polícia Federal apreendeu uma verdadeira fortuna em dinheiro e joias dentro de malas que estavam com o vice-presidente da Guiné Equatorial, que chegou sexta-feira (14) ao Brasil.
Lula: a ponte entre empreiteiros e o ditador da Guiné Equatorial
Nova fase da Lava Jato revela que ex-presidente resolveu impasse enfrentado por executivos da OAS envolvendo financiamento, em troca de favores, de carnaval do bloco baiano Ilê Aiyê, cujo tema era o país africano.
O avião dele pousou em Viracopos, em Campinas, interior de São Paulo, com mais de US$ 16 milhões não declarados à Receita.
A comitiva o vice-presidente da Guiné Equatorial continua hospedada em Campinas e a aeronave permanece parada no Aeroporto Internacional de Viracopos. No avião vieram 11 pessoas, entre elas o vice-presidente da Guiné Equatorial,Teodoro Obiang Mangue.
A confusão começou assim que a aeronave pousou, na manhã de sexta-feira (14). Segundo informações de um auditor fiscal, o avião passou por uma inspeção e logo na sequência os funcionários do vice-presidente precisariam passar pelo procedimento de raio-x, porque só o vice-presidente é que tem a imunidade diplomática.
Só que hora na passar o raio-x na bagagem dos funcionários começou uma estranha e inusitada negociação, que durou quatro horas, para que eles pudessem finalmente abrir suas malas, e aí a Polícia Federal pôde encontrar e identificar todo o dinheiro que ele estava carregando, mais os relógios.
Segundo informações desse auditor, assim que isso aconteceu, eles foram levados para uma sala da Polícia Federal e tiveram que prestar depoimento. Um funcionário do vice-presidente, disse, em depoimento, que não sabia o que tinha dentro das malas e que a única informação que ele tinha era que o vice-presidente veio fazer um tratamento médico no Brasil.
O Itamaraty está em contato com a Receita Federal e com a Polícia Federal, mas disse que não vai se manifestar.

Os 11 passageiros passaram quatro horas na sala da Polícia Federal no aeroporto para prestar esclarecimentos. Só depois todos foram liberados e estão num hotel em Campinas.
Troca de mensagens interceptadas pela Polícia Federal entre executivos da OAS revelam as relações próximas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e algumas das maiores empreiteiras do país na obtenção de contratos de obras públicas em países da África e na América Latina. Um caso emblemático revelado na 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira, é o das negociações com o ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, que governa o país a mão de ferro há 35 anos. Trata-se do mesmo governante que financiou, ao menos em parte, o desfile da escola de samba Beija Flor, campeã do carnaval 2015 do Rio de Janeiro com enredo em homenagem ao país africano – o patrocínio, afirmou na época um representante da Guiné Equatorial, foi iniciativa de empresas brasileiras que atuam no país.
Na revista das bagagens, a polícia do aeroporto encontrou US$ 1,5 milhão e R$ 55 mil em dinheiro, além de relógios avaliados em US$ 15 milhões.
Teodoro Obiang Mangue é o filho mais velho do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Mbasogo. Ele é vice-presidente desde 2016. Antes, foi ministro da Agricultura e responsável pela defesa do país. O pai dele é ditador da Guiné Equatorial há 35 anos.
Teodoro Mbasogo é o chefe de estado africano que está há mais tempo no poder e o oitavo governante mais rico do mundo, segundo a revista "Forbes". A Guiné Equatorial fica na África Ocidental e é o terceiro maior produtor de petróleo da África, mas a população é miserável.
O presidente da Guiné Equatorial já esteve outras vezes no Brasil. Ele é conhecido pelos gastos elevados com festas.

 Segundo o teor das mensagens, o ex-presidente Lula “entrou em campo” para solucionar o impasse. Os relatos evidenciam que Lula era tão amigo do ditador a ponto de ser o único a acolher o filho-enxaqueca de Obiang, Teodorín, envolvido em diversas denúncias de lavagem de dinheiro mundo afora. “Falei com o Brahma. Contou-me que quem esteve aqui com ele foi o presidente da Guiné Equatorial, pedindo-lhe apoio sobre o problema do filho. Falou também que está indo com a Camargo (Corrêa) para Moçambique x hidrelétrica x África do Sul”, relata Pinheiro, em uma mensagem datada de outubro. Brahma era o apelido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a PF. O assunto voltou à tona no mês seguinte em outra mensagem do então presidente da OAS: “Deixa acabar as eleições para marcarmos. Ele me falou que o nosso amigo da Guiné veio só para pedir apoio ao filho. Me disse que foi um apelo de pai e que ninguém o atende. Somente o nosso Brahma lhe deu acolhida e entrou em campo para ajudá-lo”. O Carnaval do Ilê Aiyê ocorreu e teve a Guinê como homenageada. Se a OAS pagou a conta sozinha, ainda é um mistério.
A relação estreita entre Lula e o ditador não é novidade. Em uma visita oficial em 2010, o ex-presidente assinou cinco acordos de cooperação com Teodoro. Não à toa. Apesar de o chefe africano ser acusado de perseguição a opositores e corrupção, o país é o terceiro maior produtor de petróleo do continente africano. Lula chegou, inclusive, a defender que o país fosse incorporado a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – a terceira língua oficial da Guiné Equatorial é o português, depois do francês e do espanhol.
O patrocício à Beija Flor foi estimado em 10 milhões de reais. A generosa soma remetida à escola de samba originou críticas no Brasil, sobretudo porque grande parte da população da Guiné Equatorial vive na extrema miséria e sofre com a fome e a repressão. As construtoras, no entanto, negaram a informação de que financiaram o desfile da campeã.
A proximidade entre o governo da Guiné e a OAS evoluiu a tal ponto que o presidente da empreiteira chegou a salvar o filho do ditador da extradição. Em fevereiro de 2013, Teodorín aproveitava o carnaval no Rio, quando o governo francês pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) sua extradição, por acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. Na ocasião, 17 carros de luxo de propriedade de Teodorín foram apreendidos no país europeu. No entanto, ele saiu do Brasil antes que o Supremo julgasse o pedido feito pela França. Pelas mensagens inteceptadas na Operação Lava Jato, fica claro de quem veio a ‘mãozinha’: “Nós avisamos a Teodorín na quarta-feira e ele deixou o Brasil. Como a França pediu ao governo brasileiro a extradição dele, havia o risco de ele ficar impedido de deixar o Brasil. Isto é mal para os negócios brasileiros lá. Vamos ver como fica a viagem de Dilma”, diz Pinheiro.
Em 2010, o então presidente Lula visitou a Guiné Equatorial. Ele foi criticado por apoiar uma ditadura. O governo justificou que era uma viagem de negócios.
Em 2015, foi o ditador da Guiné Equatorial que se envolveu numa polêmica, depois que o país virou enredo do carnaval da Beija-Flor. Teodoro Mbasogo negou que tenha dado US$ 10 milhões para patrocinar o desfile e informou apenas que apoiou a iniciativa de empresas brasileiras que mantêm operações no país.
Na época, o presidente da Beija-Flor, Farid Abrahão David, confirmou que a agremiação recebeu ajuda de empresas brasileiras, mas não informou de onde vieram as doações e nem qual foi o valor recebido.
A Polícia Federal ouviu o secretário da embaixada da Guiné Equatorial no Brasil, Leminio Mikue, que estava no aeroporto de Viracopos, em São Paulo, para recepcionar o vice-presidente.
Ele disse que Teodoro Mangue veio ao Brasil fazer um tratamento médico e que daqui seguiria para Singapura, em missão oficial.

O secretário disse que os relógios são de uso pessoal do vice-presidente e que o dinheiro em espécie seria para a missão oficial em Singapura. Ele não soube, no entanto, explicar que missão seria essa.