TEMPOS SOMBRIOS


Ditadura do judiciário avança sobre a liberdade de expressão e pavimenta a chegada do estado nazifascista de esquerda no brasil.

...O novo Código Penal francês dá ao genocídio uma definição

ainda mais ampla: "O fato, a execução de um plano

concertado que tenda à destruição total ou parcial de um

grupo nacional, étnico racial ou religioso, ou de um grupo

determinado a partir de qualquer outro critério arbitrário"

(grifo nosso). Essa definição jurídica não contradiz a

abordagem mais filosófica de André Frossard, para quem

"há crime contra a humanidade quando se mata alguém sob

o pretexto de que ele nasceu."3 Em seu curto e magnífico

relato intitulado Toutpasse, Vassili Grossman diz a respeito

de Ivan Grigorievitch, seu herói oriundo do campo: "Ele

permaneceu o que ele era em seu nascimento, um homem".4

É precisamente esse o motivo de ele sucumbir ao golpe do

terror. ...A definição francesa permite sublinhar que o

genocídio não é sempre do mesmo tipo - racial, como no

caso dos judeus - e que também pode visar grupos sociais.

Em um livro publicado em Berlim, em 1924 - intitulado La

terreur rouge en Russie-, o historiador e socialista russo

Serguei Melgunov cita Latzis, um dos primeiros chefes da

Tcheka (a polícia política soviética) que, em 19 de novembro

de 1918, deu as seguintes diretivas a seus esbirros: "Nós

não fazemos uma guerra específica contra as pessoas. Nós

exterminamos a burguesia enquanto classe.

Citado por Kostas Papaionannou, Lês Marxistes, J'ai Lu,

1965.

Lê Crime contre l'humanité, Robert Laffont, 1987.

Tout passe, Julliard-L'Age de 1'homme, 1984.

Desde o início, Lenin e seus camaradas se situaram no

contexto de uma "guerra de classes" sem perdão, na qual o

adversário político, ideológico, ou mesmo a população

recalcitrante eram considerados - e tratados - como inimigos

e deveriam ser exterminados. Os bolcheviques decidiram

eliminar legalmente, mas também fisicamente, toda oposição

ou toda resistência -

e mesmo a mais passiva - ao seu poder hegemónico, não

somente quando esta era formada por grupos de adversários

políticos, mas também por grupos sociais propriamente ditos

— tais como a nobreza, a burguesia, a intelligentsia, a Igreja,

etc., e também as categorias profissionais (os oficiais, os

policiais...) -conferindo, por vezes, uma dimensão de

genocídio a esses atos. Desde 1920, a "descossaquização"

corresponde abertamente à definição de genocídio: o

conjunto de uma população com implantação territorial

fortemente determinada, os cossacos, era exterminado, os

homens fuzilados, as mulheres, as crianças e os idosos

deportados, os povoados destruídos ou entregues a novos

habitantes não cossacos. Lenin assimilava os cossacos à

Vendéia,* durante a revolução francesa, e desejava aplicarlhes

o tratamento que Gracchus Babeuf, o "inventor" do

comunismo moderno, qualificava como "populicídio".6

A "deskulakização" de 1930-1932 não foi senão a retomada,

em grande escala, da "descossaquização", com a novidade

de a operação ser reivindicada por Stalin, para quem a

palavra de ordem oficial, alardeada pela propaganda do

regime, era

"exterminar os kulaks enquanto classe". Os kulaks que

resistiam à coletivização eram fuzilados, os outros eram

deportados junto com suas mulheres, crianças e os idosos.

De fato, eles não foram todos diretamente exterminados, mas

o trabalho forçado ao qual foram submetidos, nas zonas não

desbravadas da Sibéria ou do Grande Norte, deixou-lhes

pouca chance de sobrevivência. Várias centenas de milhares

deixaram ali suas vidas, mas o número exato de vítimas

permanece desconhecido.

Quanto à grande fome ucraniana de 1932-1933, relacionada à

resistência das populações rurais à coletivização forçada, ela

em poucos meses provocou a morte de seis milhões de

pessoas.

 

O LIVRO NEGRO DO COMUNISMO

Crimes, terror e repressão

com a colaboração de Remi Kauffer, Pierre Rigoulot, Pascal

Fontaine, Yves Santamaria e Sylvain Boulouque Tradução

CAIO MEIRA

BERTRAND BRASIL

Título original: Lê livre noirdu communisme Obra publicada

sob a direção de Charles Ronsac Capa: Raul Fernandes

Editoração: Art Line 1999

Impresso no Brasil

Printed in Braztl

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos

Editores de Livros, RJ