Os possíveis impactos da delação bombástica de Joesley Batista
na política e na economia brasileiras
por Alan Gripp
As últimas da
Lava-Jato, reveladas com exclusividade por Lauro Jardim, nos levam a questões
automáticas que dizem respeito ao futuro de um país já combalido pela
corrupção. O governo Temer sobreviverá a tais revelações? As reformas podem ser
sepultadas? O que acontecerá com a economia? Como fica o cenário político?
Grandes momentos pedem
análises cautelosas, porém necessárias. É arriscado prever o destino de Temer,
mas é fato que num contexto de baixíssima popularidade ele precisará mais do
que nunca de sua conhecida habilidade política para se equilibrar no poder. Mas
seu futuro provavelmente dependerá das ruas, sempre elas.
Sobre Aécio Neves é
possível afirmar que as gravações de Joesley Batista sepultam de vez seus
planos. Aécio já estava enlameado, mas tinha a seu favor o controle do PSDB e
dava sinais de que venderia caro a desistência da candidatura presidencial.
Agora não mais. Ganhará força a tendência propalada no Congresso de que ele
deve tentar se eleger deputado federal, com o único propósito de manter o foro
privilegiado.
A princípio também é
possível dizer que o novo capítulo da Lava-Jato fortalece a tendência de
crescimento dos outsiders, João Dória incluído. Mas a verdade é que só se
saberá lá na frente quem terá consistência e quem apenas se aproveitou do vácuo
deixado pelos políticos tradicionais, sem condições de voos mais altos.
Consequências
econômicas imediatas são inevitáveis. A mais importante delas diz respeito à
reforma da Previdência, que no cenário mais otimista sofrerá um atraso e no
mais pessimista, voltará aos escaninhos, o que quebraria a espinha dorsal da
retomada econômica.
Por fim, ela, a
Lava-Jato. É inevitável pensar que, no mínimo, deu um nó no cérebro daqueles
que casuisticamente insistem em atribuir a ela o papel de algoz do petismo. Ao
completar o álbum de figurinhas da política brasileira, pode-se dizer com
segurança que promoveu uma reforma ética que não estava na agenda brasileira. A
Lava-Jato não tem cor, não tem time, não tem controle possível. Alguém dúvida
ou precisa desenhar?