As provas de Odebrecht e o caixa 2 de Dilma
Executivos da empreiteira prometem entregar provas que confirmam remessas para abastecer o caixa dois de Dilma, conforme revelou ISTOÉ em sua última edição
Na última semana, ISTOÉ revelou que a presidente afastada, Dilma Rousseff, exigiu de Marcelo Odebrecht, em encontro pessoal depois do primeiro turno das eleições de 2014, R$ 12 milhões para a campanha à reeleição. O recurso abasteceu o caixa paralelo. Do total, R$ 6 milhões foram repassados ao marqueteiro João Santana e R$ 6 milhões ao PMDB. A afirmação foi feita por Odebrecht durante acordo de delação premiada, ainda em negociação. Executivos da empreiteira prometem fornecer provas para sustentar o que dizem. Segundo apurou ISTOÉ, a Odebrecht se comprometeu com o Ministério Público Federal a entregar uma série de documentos que confirmam a remessa de dinheiro para o caixa dois de Dilma. Entre esses papéis estão planilhas que detalham as datas e valores dos pagamentos, os nomes dos beneficiários e as contas no exterior onde foram feitos depósitos.
Serão identificadas contas e operadores, segundo um dos membros da força tarefa que participa das negociações, ainda não conhecidos pela Lava Jato. Algumas dessas contas já foram reveladas e os procuradores buscam detalhá-las com o apoio dos órgãos de controles de outros países, que possuem acordo com o Brasil. Ao longo da semana, mais uma revelação corroborou a prática criminosa. Preso pela Operação Lava Jato por pagar propina em contratos da Petrobras, o lobista Zwi Skornicki afirmou que os US$ 4,5 milhões que pagou João Santana eram, na verdade, para financiar a campanha da petista por meio de caixa dois.
Na chamada delação definitiva, os diretores da Odebrecht prometem munir os procuradores da força-tarefa da Lava Jato de mais informações estratégicas. Como o pagamento feito diretamente aos fornecedores da campanha, mas cujos recibos foram emitidos em nome do partido. Ou seja, o PT, segundo um dos procuradores, apresentou à Justiça Eleitoral despesas abatidas do caixa oficial da campanha, mas na verdade não usou os recursos declarados para efetuar esses pagamentos. A Odebrecht colocará à disposição da Lava Jato os registros internos com os valores e datas desses pagamentos, além de identificar as pessoas físicas e jurídicas que receberam os recursos.
A empreiteira entregará ainda todos os contratos de obras feitas no exterior e com financiamento do BNDES. São casos que fogem do
alcance dos organismos de controle do País e que foram negociados pessoalmente pelo ex-presidente Lula. Também nesses casos foram feitos diversos pagamentos em contas abertas no exterior, algumas já reveladas. Até a semana passada, os membros da força tarefa planejavam abrir uma nova investigação específica para os financiamentos internacionais do BNDES, pois são casos que não guardam relação direta com o Petrolão.
A revelação trazida por ISTOÉ na última semana sacudiu o mundo político e ganhou as páginas de jornais internacionais. Na edição de terça-feira 7, o jornal o The New York Times traçou um perfil da presidente afastada em que faz menção à reportagem. O texto descreve que Dilma vive um estado de espírito inconstante, entre a sustentação da retórica de ter sofrido um golpe e a esperança de retornar ao poder. A publicação, no entanto, é enfática ao analisar que, em simultâneo às denúncias contra integrantes do novo governo, surgem revelações que a colocam cada vez mais no epicentro das investigações do Petrolão, como a revelação feita por ISTOÉ.
No cenário político, a declaração de Marcelo Odebrecht insuflou a oposição a Dilma. O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse que o conteúdo compromete a presidente afastada. Ele estuda pedir para incluir a acusação de Odebrecht no processo no Senado. “Essas declarações formam a convicção de que ela não pode continuar na Presidência. Contribuem para desmoronar a imagem virginal que o PT tentou construir”.
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