Partidos mudam leis há 22 anos para tirar mais dinheiro do nosso bolso


Tudo começou em 1997 quando partidos foram desobrigados de seguirem a Lei de Licitações

Desde 1997, os partidos políticos alteram as leis e os limites de gastos, como se viu agora na tentativa de ampliar o Fundão Sem Vergonha, para facilitar o acesso aos cofres públicos. O presidente Jair Bolsonaro vetou algumas, mas é improvável que os vetos sejam mantidos pelo Congresso. As alterações são manobras para acesso livre ao bolso do cidadão, fazendo-o pagar, além de campanhas, até multas eleitorais. Na campanha de 2020, já estão autorizados a nos tirar R$1,7 bilhão. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Em 1997, os partidos cancelaram os parâmetros da Lei de Licitações e o dinheiro deixou de ser gasto pela melhor relação custo/benefício.
Já em 1998, o Congresso proibiu o cancelamento do registro de um partido que não apresentar ou tiver as contas rejeitadas.
Políticos aumentaram para 5 anos, em 2009, o prazo para julgamento das contas partidárias e limitou a suspensão dos repasses a um ano.
Desde 2015, o repasse só é suspenso se o partido está inadimplente, mas a reprovação das contas deixaram de configurar a inadimplência.

Fonte: Diário do Poder

EX PRESIDENTE MICHEL TEMER É PRESO PELA LAVA JATO



Mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio de Janeiro.
O ex-presidente Michel Temer foi preso em São Paulo na manhã desta quinta-feira (21) pela força-tarefa da Lava Jato. Os agentes ainda tentam cumprir um mandado contra Moreira Franco, ex-ministro de Minas e Energia.
Preso, Temer é levado para o Aeroporto de Congonhas, onde vai embarcar em um voo e será levado ao Rio de Janeiro em um avião da Polícia Federal. O ex-presidente deve fazer exame de corpo de delito no IML em um local reservado e não deve ser levado à sede da PF de São Paulo, na Lapa.
Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro.
Desde quarta-feira (20), a PF tentava rastrear e confirmar a localização de Temer, sem ter sucesso. Por isso, a operação prevista para as primeiras horas da manhã desta quinta-feira atrasou.
Ainda não está claro a qual processo se referem os mandados contra Temer e Moreira Franco.
O ex-presidente Michel Temer responde a dez inquéritos. Cinco deles tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF), pois foram abertos à época em que o emedebista era presidente da República e foram encaminhados à primeira instância depois que ele deixou o cargo. Os outros cinco foram autorizados pelo ministro Luís Roberto Barroso em 2019, quando Temer já não tinha mais foro privilegiado. Por isso, assim que deu a autorização, o ministro enviou os inquéritos para a primeira instância.
Entre outras investigações, Temer é um dos alvos da Lava Jato do Rio. O caso, que está com o juiz Marcelo Bretas, trata das denúncias do delator José Antunes Sobrinho, dono da Engevix. O empresário disse à Polícia Federal que pagou R$ 1 milhão em propina, a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do presidente Michel Temer. A Engevix fechou um contrato em um projeto da usina de Angra 3.
Michel Temer (MDB) foi o 37º presidente da República do Brasil. Ele assumiu o cargo em 31 de agosto de 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff, e ficou até o final do mandato, encerrado em dezembro do ano passado.
Eleito vice-presidente na chapa de Dilma duas vezes consecutivas, Temer chegou a ser o coordenador político da presidente, mas os dois se distanciaram logo no começo do segundo mandato.
Formado em direito, Temer começou a carreira pública nos anos 1960, quando assumiu cargos no governo estadual de São Paulo. Ao final da ditadura, na década de 1980, foi deputado constituinte e, alguns anos depois, foi eleito deputado federal quatro vezes seguidas. Chegou a ser presidente do PMDB por 15 anos

SARGENTO ACUSADO DE MATAR MARIELLE TEM MANSÃO EM CONDOMÍNIO DE LUXO EM ANGRA DOS REIS


Condomínio Portogalo, em Angra dos Reis, na Costa Verde.

O sargento reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, preso na manhã desta terça-feira acusado de ser o responsável pelos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, frequentava uma mansão de luxo no condomínio Portogalo, em Angra dos Reis, na Costa Verde. O local ficou famoso na década de 1990, quando o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna comprou uma casa lá. A mansão, que tem uma lancha em seu interior, foi rastreada por agentes da Delegacia de Homicídios e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP do Rio durante a investigação. Lessa ganhava uma aposentadoria bruta de R$ 8.191,53. Com os descontos, o valor líquido chegou, no último mês de fevereiro, a R$ 7.463,86.
Os agentes se surpreenderam com a quantidade de bens do policial. Lessa foi preso em sua casa no condomínio Vivendas da Barra, na Avenida Lúcio Costa, 3.100, Barra da Tijuca. O local, por coincidência, é o mesmo onde o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), mora. O condomínio fica de frente para o mar, com seguranças na portaria. No local, os agentes apreenderam o carro de Lessa, um Infiniti FX35 V6 AWD blindado. O modelo custa em média R$ 120 mil. Os agentes também descobriram que o policial viajava com frequência para o exterior.
Segundo a promotora Simone Sibílio, coordenadora do Gaeco, Lessa e Élcio de Queiroz, o outro preso pelo crime, estiveram na casa em Angra durante o carnaval.
— Enquanto nós estávamos trabalhando no caso durante o carnaval, os dois estavam em Angra, se divertindo com uma lancha — afirmou a promotora.
Lessa é um caveira — como são conhecidos os agentes que tem o curso de Operações Especiais. Ele foi promovido, na década de 1990, por ato de bravura na PM. Por isso, teve o salário aumentado, à época, em 40% por ser um dos agentes agraciados com a premiação por pecúnia. A gratificação foi criada em 1995, durante o governo Marcello Alencar, para premiar quem participava de grandes operações. Ela acabou após três anos de polêmica, já que o número de homicídios subiu no estado, o que fez o bônus ser apelidado de "gratificação faroeste".
 Ninguém jamais havia investigado Ronnie Lessa. Embora os corredores das delegacias conhecessem a fama do sargento reformado, de 48 anos, associada a crimes de mando pela eficiência no gatilho e pela frieza na ação, Lessa era até a operação desta quarta-feira um ficha limpa. Egresso dos quadros do Exército, foi incorporado à Polícia Militar do Rio em 1992, atuando principalmente no 9º BPM (Rocha Miranda), até virar adido da Polícia Civil, trabalhando na extinta Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (DRAE), com a mesma função da atual Desarme, na Delegacia de Repressão à Roubo de Cargas (DRFC) e na extinta Divisão de Capturas da Polinter Sul. A experiência como adido foi o motor da carreira mercenária de Lessa.
Também foi preso o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz por envolvimento no crime. Segundo a denúncia do MP do Rio, Lessa teria atirado nas vítimas, e Elcio era quem dirigia o Cobalt prata usado na emboscada. Elcio de Queiroz foi expulso da corporação.
Arregimentado por contraventor
Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos contra Marielle, e Élcio Queiroz, suspeito de dirigir o carro.
Lessa, como outros adidos, conhecia mais das ruas do que qualquer policial civil. Logo, destacou-se e ganhou respeito pela agilidade e pela coragem na solução dos casos. Esta fama, segundo os bastidores da polícia, chegou aos ouvidos do contraventor Rogério Andrade, na época cada vez mais ocupado em fortalecer o seu exército numa sangrenta disputa territorial com o também contraventor Fernando Iggnácio de Miranda. Em jogo, o legado do bicheiro Castor de Andrade, morto em 1997.
Arregimentado por Andrade, Lessa não demorou a crescer na organização e ocupar o destacado posto de homem de confiança do chefe. Até que, em abril de 2010, a explosão de uma bomba no carro do bicheiro não apenas matou o filho dele, Diogo Andrade, de 17 anos, como fulminou a credibilidade de Lessa junto ao chefe, por não conseguir protegê-lo, assim como sua família. O guarda-costa e exímio atirador foi incapaz de evitar a morte do jovem.
Chama atenção que o método de detonação da bomba usada no atentado que matou o filho do contraventor, segundo peritos da época, foi o mesmo usado no atentado ao sargento da PM, em 2 de outubro de 2009. Na ocasião, o sargento perdeu a perna. Um laudo do Esquadrão Antibombas da Polícia Civil revelou que para explodir o Toyota Corolla blindado de Andrade foi usado um dispositivo acionado à distância por meio de um telefone celular.
Com a sua reforma por invalidez, Lessa acabou deixando de ser adido, mas ainda frequentava as delegacias da Polícia Civil, principalmente a antiga Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (DRAE). Até que, em 2011, ciente da migração dos adidos para as fileiras do crime, a Secretaria de Segurança do Estado vetou para sempre a cessão de quadros da PM para a Polícia Civil e acabou com a DRAE. A medida foi resultado da Operação Guilhotina da Polícia Federal, que investigou a corrupção policial envolvendo policiais civis e os adidos, além de integrantes da cúpula da instituição.
Com as portas fechadas na polícia, o ambiente mafioso tornou-se um caminho sem volta para Lessa. A mira certeira, decisiva para a expansão territorial de Rogério Andrade, foi também o passaporte do ex-sargento para a organização criminosa formada por matadores de aluguel, considerada mais temida e eficiente do Rio. Segundo a investigação, Lessa atuava junto com o ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, um dos fundadores do Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel alvo da operação Os Intocáveis, do Ministério Público. Adriano está foragido até hoje.
Num cenário em que o dinheiro da corrupção garantia a impunidade destes mercenários, Lessa nem sequer se dava ao trabalho de agir às sombras. Para agenciá-lo, bastava dar uma passada no bar onde o ex-adido fazia ponto no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca.
Uma opinião unânime assombra os que conheceram Lessa pessoalmente. Há quem diga que ele é capaz de tudo para cumprir as empreitadas criminosas, sem medir as consequências. Hábil no manejo principalmente de fuzis, é conhecido por gostar de atirar sentado, embora uma prótese moderna disfarce bem o problema físico quando em pé. Jamais volta para a base sem ter cumprido o que fora acertado com o contratante.
Prisões
Segundo informações obtidas pelo G1, Ronnie e Élcio estavam saindo de suas casas quando foram presos. Eles não resistiram à prisão e nada disseram aos policiais.
Os policiais estavam de tocaia na porta do condomínio de Ronnie desde as 3h. Às 4h, quando ele saiu de casa, acabou sendo preso. Segundo os agentes da Divisão de Homicídios que participaram da prisão, por saber que os mandados geralmente são cumpridos às 6h, Lessa tentou sair de casa ainda de madrugada para dormir em outro lugar e escapar da polícia.
O PM reformado foi preso em sua casa em um condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, o mesmo onde o presidente Jair Bolsonaro tem residência. O ex-PM Élcio mora na Rua Eulina Ribeiro, no Engenho de Dentro, Zona Norte.


A 'Operação Lume' cumpriu ainda 32 mandados de busca e apreensão contra os denunciados para apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munição e outros objetos.
Após a prisão do PM Ronnie, agentes fizeram varredura no terreno da casa dele e encontraram armas e facas. Detectores de metais foram usados para vasculhar o solo, e até uma caixa d'água passou por vistoria.
Crime planejado
Os presos foram levados à Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, por volta das 4h30. De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o crime foi meticulosamente planejado durante três meses.
A investigação aponta que o PM reformado Ronnie Lessa fez pesquisas na internet sobre locais que a vereadora frequentava. Os investigadores sabem ainda que, desde outubro de 2017, o policial também pesquisava a vida do deputado federal Marcelo Freixo.
Ronnie teria feito pesquisas sobre o então interventor na segurança pública do Rio, general Braga Netto, além de buscas sobre a submetralhadora MP5, que pode ter sido usada no crime.
A polícia afirma ainda que o PM usou uma espécie de "segunda pele" no dia do atentado. A malha que cobria os braços serviria, segundo as investigações, para dificultar um possível reconhecimento.

PALOCCI DETALHA LIGAÇÃO DE LULA E DILMA COM BELO MONTE

Em delação premiada, o ex-ministro ainda cita uma suposta ruptura entre Lula e Dilma
A delação premiada de Antônio Palocci incrimina o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e revela detalhes dos crimes de corrupção e fraudes no bilionário negócio de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Alvo desde 2015 de investigações na Operação Lava Jato, em Curitiba, o caso vai resultar em nova denúncia contra o ex-presidente - preso e condenado - e arrastar de vez para o escândalo a ex-presidente Dilma Rousseff, outros membros do PT e da cúpula do MDB.
Primeiro delator do núcleo político de comando do esquema de corrupção sistêmica nos governos do PT revelado pela Lava Jato, Palocci detalhou sua atuação no acerto de R$ 135 milhões em propinas em Belo Monte - equivalente a 1% do contrato de R$ 13,5 bilhões. O valor dividido de forma igualitária, 50% cada, entre o PT e o MDB. E incriminou Lula e Dilma no esquema.
Palocci afirma que Lula "se envolveu diretamente" na corrupção em Belo Monte. Segundo o delator, o ex-presidente exigiu que o amigo José Carlos Bumlai, pecuarista com livre acesso ao Planalto em seu governo, e Delfim Netto recebessem "milhões" no negócio, por terem formulado o consórcio vencedor do contrato.
"Lula informou que a formação do consórcio alternativo partira de ordem dele próprio", relata Palocci, no Termo 05 de sua delação premiada fechada com a Polícia Federal e homologado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).
No depoimento anexado aos inquéritos da Lava Jato em Curitiba, nesta quinta-feira, 17, Palocci detalha que Dilma sabia das arrecadações de recursos e teria entrado em atrito com Lula. "Lula insistia que deveriam ser pagos em virtude da atuação de Delfim Neto e Bumlai na formação do consórcio vencedor; Que Lula informou que Bumlai e Delfim Neto deveriam receber R$ 30 milhões pela formação do consórcio alternativo e que ainda não tinham sido pagos."
O ex-ministro ainda cita uma suposta ruptura entre Lula e Dilma. "Que a respeito da ruptura entre Lula e Dilma, recorda-se o colaborador que, durante o crescimento da Operação Lava Jato, Dilma deu corda para o aprofundamento das investigações, uma vez que isso sufocaria e implicaria Lula; que, por sua vez, Lula, em movimento reverso, relembrava que Dilma era a presidente do Conselho de Administração da estatal na época de grande parte dos fatos apurados, lembranças estas que fazia em diversas reuniões no Instituto na presença de dezenas de pessoas; que Lula construía assim sua narrativa, dando recados diretos à Dilma".
Com base nas afirmações de Palocci e no material apreendido em 2016 na Operação Aletheia, que teve Lula como alvo, a Polícia Federal produziu um documento que destaca dados de uma reunião realizada em 2013 em que o ex-presidente, o delator e outros pessoas estavam presentes.
No documento, diz a PF que "sustenta o colaborador que Lula tinha conhecimento do cartel de empreiteiras investigado no âmbito da Operação Lava Jato e que à época do processo de licitação e construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, buscou uma alternativa para redução de preços".
"Sustenta ainda que Lula teve a ideia de criar um consórcio alternativo para concorrer com o único consórcio até então inscrito, porém que tinha plena consciência de que esse consórcio alternativo não possuía capacidade técnica de executar a obra."
E que nas análises do material apreendido com Lula, havia "arquivo de texto em questão contém a transcrição de reunião denominada 'GRUPO FUTURO', na data de 02/09/2013".
"Inicialmente destaca-se a crítica feita por Lula e Dilma pelo fato de que o desempenho da Petrobras era diretamente relacionado à gestão dela enquanto Presidente do Conselho da Estatal: 'Ela gerou um processo de desconfiança que é inacreditável a quantidade de empresários que são fornecedores da Petrobras e que estão quebrados. E não tem desculpa de que a Petrobras fez alguma coisa errada em qualquer momento porque a Dilma era presidente do Conselho, o Guido é presidente do Conselho, a Graça era diretora'."
A Informação 120/2018 da PF, anexada aos inquéritos pelo delegado Filipe Hille Pace, destaca ainda as críticas feitas por Lula a Dilma. "Constam relatos do criminoso colaborador Antonio Palocci Filho declarando que Lula criticava o posicionamento de Dilma ao assumir falhas na Estatal, e que durante reuniões na presença de dezenas de pessoas, costumava declarar que a culpa era da própria Dilma pois a mesma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras à época."
"Que, em meados de 2013, acirrou-se a disputa entre Lula e Dilma e, com o surgimento da Operação Lava Jato, ambos começam a discutir abertamente; Que se recorda de pronunciamento de Dilma Rousseff em 2014, no Estadão, em que ela afirmou que, relativamente ao caso de Pasadena, havia ela, na condição de presidente do Conselho de Administração da Petrobras, assinado um parecer técnica e juridicamente falho; Que aquele pronunciamento de Dilma irritou Lula, uma vez que, em outras palavras, significava que a Presidente da República assumiu a existência de crimes na Petrobras."
Belo Monte
A Lava Jato considera ter evidências de que governo federal atuou de forma indevida para que o leilão fosse vencido pelo Consórcio Norte Energia, que posteriormente deu origem à SPE Norte Energia S.A. "O objetivo seria manter a concessão de Belo Monte sob o seu controle indireto, por meio da participação societária predominante da Eletrobrás e suas subsidiárias", informa o Ministério Público Federal, no autos dos processos.
Às vésperas do leilão de concessão, o governo "montou de forma improvisada o grupo investidor Consórcio Norte Energia", liderado pela Chesf. A Lava Jato, com base nas confissões que já tinha dos empreiteiros envolvidos no negócio, sabia que "munido de informações privilegiadas da proposta" que seria apresentada pelos concorrentes, o Consórcio Belo Monte Energia, e apresentou proposta "sem embasamento em estudo de viabilidade econômica, com deságio de aproximadamente 6%" sobre a concorrente, vencendo automaticamente o certame.
"Possuindo controle indireto sobre a concessionária Norte Energia S.A., o governo federal, mediante acordo de corrupção, direcionou o contrato de construção da usina ao Consórcio Construtor Belo Monte, consórcio formado por empreiteiras que efetuariam o pagamento de propina na proporção de 1% dos valores contratuais, sendo 50% ao Partido dos Trabalhadores (PT) e 50% ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)", sustenta a Lava Jato.
Alvo da fase 49 da Operação Lava Jato em Curitiba - batizada de Buona Fortuna -, a corrupção no negócio bilionário da usina de Belo Monte terá novos capítulos em 2019, com a delação de Palocci. Além de envolver Lula e Dilma e uma área de forte influência do MDB, a de energia, o episódio é exemplo de como o próprio governo passou a interferir nas licitações à partir do conluio de agentes políticos e públicos do empreiteiras - que ganhavam, mesmo quando perdiam na formatação dos contratos.
Histórico
Prevista para custar mais de R$ 30 bilhões, Belo Monte foi o mais grandioso projeto iniciado ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva no setor energético. A usina foi projetada para ser a maior hidrelétrica 100% brasileira. Seu leilão foi lançado em 2009, o contrato, fechado no final de 2010 - fim da era do primeiro presidente operário.
Em 20 de abril de 2010, foi realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) o Leilão n.º 06/2009, para a concessão do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Concorreram o Consórcio Belo Monte Energia, formado por Furnas Centrais Elétricas S/A (24,50%), Eletrosul Centrais Elétricas S/A (24,50%), Andrade Gutierrez Participações S/A (12,75%), Vale S/A (12,75%), Neoenergia S/A (12,75%) e Companhia Brasileira de Alumínio (12,75%) e o recém criado Consórcio Norte Energia.
Criado com a ajuda do ex-ministro Delfim Netto, ele foi formado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) (49,98%), Construtora Queiroz Galvão S/A (10,02%), Gaia Energia e Participações (10,02%), J Malucelli Construtora de Obras S/A (9,98%), Cetenco Engenharia S/A (5%), Galvão Engenharia S/A (3,75%), Mendes Junior Trading Engenharia S/A (3,75%), Serveng Civilsan S/A (3,75%) e Contern Construções e Comércio Ltda (3,75%).
O Consórcio Norte Energia deu lance de R$ 77,97 por megawatt-hora (R$/MWh), contra o lance de R$ 82,90 ofertado pelo Consórcio Belo Monte Energia. O consórcio Xingu, da Odebrecht e Camargo Corrêa, havia desistido de participar do leilão, por entender não haver condições econômico-financeiras de integrar a disputa com uma tarifa-teto estipulada em edital de R$ 83,00/MWh.
Com a vitória no leilão, o consórcio formou a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Norte Energia S.A. para receber a outorga de exploração de Belo Monte, e agregou "sócios estratégicos", segundo o MPF. O quadro da empresa foi acrescido de: as estatais Eletronorte e Eletrobrás, os fundos de pensão Petros, Funcef e Cevix, Bolzano Participações (Previ e Iberdrola), a OAS.
A força-tarefa considera que, embora constituída como empresa privada, a Norte Energia, na prática, "de forma indireta, era controlada pelo governo Federal, haja vista a soma das participações societárias da Eletronorte (19,98%), da CHESF (15%) e da Eletrobras (15%)".
O contrato de concessão 01/2010, do Ministério de Minas e Energia com a Norte Energia S.A. foi assinado com a União em 26 de agosto de 2010.
Subcontratação
Na sequência, a empresa subcontratou o Consórcio Construtor Belo Monte formado por dez empreiteiras, e liderado pelas três maiores empresas que inicialmente iriam disputar a obras: Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht.
A força-tarefa destaca que a concessionária vencedora do leilão recebeu "massivos aportes de empréstimos do BNDES" e contratou, para a construção da usina, outras empresas.
"Há evidências de que o governo federal, visando manter a concessão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte sob o seu controle indireto, notadamente por meio da participação societária predominante da Eletrobrás e de suas subsidiárias, atuou de forma indevida para que o leilão fosse vencido pelo Consórcio Norte Energia, que posteriormente deu origem à SPE Norte Energia S.A."

Moro envia tropas da Força Nacional ao Ceará para conter violência


























Cerca de 300 homens e 30 viaturas da Força Nacional seguem nesta sexta-feira (4) para o Ceará, para atuar contra a onda de violência registrada nos últimos dias no estado. O envio das tropas foi autorizado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que já havia determinado nessa quinta-feira a mobilização da Força Nacional de Segurança Pública (FN).
De acordo com portaria assinada pelo ministro, a atuação será por 30 dias em ações de segurança e apoio à Polícia Federal (PF), à Polícia Rodoviária Federal (PRF), ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e às forças policiais estaduais. O prazo pode ser prorrogado. De acordo com o Ministério, a decisão de enviar as tropas foi tomada diante da dificuldade das forças locais de combater sozinhas o crime organizado e da gravidade dos fatos. Ainda segundo a pasta, foi considerado o “dever das forças policiais federais e estaduais de, por ação integrada, proteger a população civil e o patrimônio público e privado de novos incidentes”. Nessa quinta-feira (3), houve motim na Casa de Privação Provisória de Liberdade, em Fortaleza. Também foram registrados ataques à ônibus.
Prefeitura, bancos e delegacias são atacados na 2ª noite de violência em Fortaleza e interior do Ceará


















Ataques a ônibus e prédios públicos e privados ocorrem desde a noite de quarta-feira (2), em um total de 58 crimes. Quarenta e cinco pessoas foram detidas e três pessoas se feriram desde o início da onda de violência. Moro autorizou envio da Força Nacional para o Ceará.
Cidades da Grande Fortaleza e interior do Ceará registraram mais uma noite e uma madrugada de ataques. Uma prefeitura, agências bancárias e delegacias foram os alvos de ataques incendiários na madrugada desta sexta-feira (4). Desde a noite de quarta-feira (2), ocorreram 58 ataques em Fortaleza, Tinguá, Pacatuba, Horizonte, Maracanaú, Caucaia, Pindoretama, Eusébio, Morada Nova, Jaguaruana, Canindé, Piquet Carneiro, Morrinhos, Aracoiaba, Baturité, Juazeiro do Norte, Guaiúba, Acaraú, Pacajus, Iguatu e Massapê. Apenas 30% dos ônibus de Fortaleza circulam nesta sexta, sob escolta policial.
Desde o início dos ataques, 18 ônibus foram incendiados, tiros foram disparados contra prédios e bancos, e artefatos caseiros incendiários foram arremessados contra delegacias. Uma bomba foi colocada na coluna de um viaduto na BR-020, em Caucaia, e corre risco de desabar. Segundo o secretário da Segurança do Ceará, André Costa, 45 suspeitos foram detidos desde quarta-feira, entre adultos e adolescentes. Um casal de idosos e um motorista ficaram feridos até o momento.
A Secretaria de Segurança do Ceará não informou a motivação dos crimes. O presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa, acredita que os atentados são represália à fala do novo secretário de Administração Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, que foi nomeado para o cargo neste ano.
O novo secretário afirmou que "o Estado não deve reconhecer facção" em presídio e fará fiscalização rigorosa para evitar a entrada de celular nas unidades prisionais. Luís Mauro Albuquerque ainda se posicionou contra a separação de detentos por facção criminosa nas unidades prisionais do Estado.
No ataque ao prédio da Caixa da Pajuçara, na madrugada desta sexta, um grupo invadiu a agência com um carro, quebrou as vidraças e em seguida incendiou o local. Os suspeitos estavam acompanhados de um grupo que deu apoio à fuga, de acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE).
Ainda durante a madrugada desta sexta-feira, o Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú também foi atacado. Uma das salas no térreo, que estava em reforma, foi incendiada. A ação não resultou em vítimas e o fogo foi controlado logo em seguida.
Envio da Força Nacional
Diante dos ataques, o governador do Ceará Camilo Santana (PT) solicitou, na quinta-feira, o apoio da Força Nacional ao ministro da Justiça, Sérgio Moro.
O ministro assinou nesta sexta-feira a autorização para o uso da Força Nacional no Ceará, por 30 dias.

























Ataques no Ceará

Cronologia dos ataques

Noite de quarta-feira (2)
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Edson Queiroz, em Fortaleza
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Parque Santa Rosa, em Fortaleza
Quinta-feira (3)
Explosão em viaduto próximo ao Bairro Metrópole, em Caucaia
Incêndio a veículo em Caucaia, Na Rua 114 no Conjunto Planalto Caucaia
Incêndio de seis veículos, em Horizonte
Artefato inflamável arremessado em posto de combustível no Bairro Damas, em Fortaleza
Tiros em agência bancária no Bairro Otávio Bonfim, em Fortaleza
Danos a câmeras de videomonitoramento no Bairro Barra do Ceará, em Fortaleza
Danos a câmeras de videomonitoramento no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza
Ataque a fotossensor no Bairro Moura Brasil, em Fortaleza
Ataque a fotossensor no Bairro Messejana, em Fortaleza
Ataque a fotossensor, em Caucaia
Ataque a semáforo no Bairro Quintino Cunha, em Fortaleza
Ataque incendiário contra ônibus no Bairro Bonsucesso, em Fortaleza
Ataque a ônibus no Bairro Serrinha, em Fortaleza
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Parque Santa Rosa, em Fortaleza
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Barroso, em Fortaleza
Incêndio a coletivo no Bairro Mucuripe, em Fortaleza
Ataque de ônibus no Bairro Castelão, em Fortaleza
Ataque a ônibus em Fortaleza
Ataque a ônibus em Morada Nova
Van incendiada no Sítio São João, em Messejana, em Fortaleza
Ônibus queimado na Rua Santa Philomena, no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza
Caminhão de lixo incendiado em Messejana, em Fortaleza; fogo atingiu também carro particular
Ataque a concessionária no Bairro Papicu, em Fortaleza
Sexta-feira (4)
Explosão de carro durante incêndio de veículos no 27º Distrito Policial, em Fortaleza
Tentativa de incêndio a veículos no 8º Distrito Policial, em Fortaleza
Agência da Caixa Econômica incendiada na Avenida Francisco Sá, em Fortaleza
Agência bancária do Bradesco metralhada na Pontes Vieira, em Fortaleza
Tentativa de incêndio a lotérica no Bairro Jardim Iracema, em Fortaleza
Prédio do Detran foi atacado, em Fortaleza
Carro com explosivos apreendido e cruzamento interditado, em Fortaleza
Posto de combustível atacado no Bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza
Agência da Caixa Econômica incendiada na Pajuçara, Maracanaú
Ataque a ônibus na cidade de Iguatu
Ataque contra Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú
Agência do Bradesco da cidade de Caucaia atingida por tiros
Suspeito morto em troca de tiro com policiais ao tentar destruir radar semafórico, no Eusébio
Tentativa de incêndio a veículos do 24º Distrito Policial, em Pacatuba
Ônibus escolar incendiado, em Tianguá
Centro Cultural da cidade de Pindoretama incendiado
Ônibus incendiado no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza
Na cidade de Canindé, criminosos puseram fogo em um caminhão e um trator
Ônibus da Prefeitura de Jaguaruana foi incendiado à 0h30 no Centro da cidade
Um ônibus e um caminhão foram incendiados em Piquet Carneiro; dois foram presos com queimaduras
Bando joga combustível e tenta incendiar posto em Fortaleza
Na cidade de Morrinhos, criminosos arremessaram um coquetel molotov no prédio do INSS
Criminosos ateram fogo no prédio da garagem da Prefeitura de Aracoiaba
Três homens homens tentaram atacar prédios públicos em Baturité; um foi preso com coquetéis molotov
Veículo da Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) foi incendiado no Bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza
Um caminhão foi incendiado na Via Expressa, na esquina com Rua do Trabalhador, em Fortaleza
Um bando jogou material inflamável e ateou fogo em um posto de combustível no José Walter, em Fortaleza (veja no vídeo acima); as chamas foram controladas
Ataques ocorreram em Juazeiro do Norte, Guaiúba, Acaraú e Massapê, de acordo com a Secretaria da Segurança
Ônibus incendiado no Jardim Bandeirantes, em Maracanaú
Caminhão de lixos incendiado em Pacajus, no Bairro Banguê
Ônibus incendiado na Avenida Francisco Sá, em Fortaleza
Destruído um poste com câmera de videomonitoramento na Cidade Jardim, em Fortaleza
Veículo dos Correios é incendiado na comunidade Babilônia, na periferia de Fortaleza