Matéria do jornal Folha de SP de 28 de agosto de
1998, antes de Lula ser eleito em 2002
Há quase 10 anos, criei o jornal digital Terça
Livre para alertar sobre a atividade dos grupos socialistas. Esses
grupos são complexos, atuam de forma distinta, mas estão sempre coordenados
pela “vanguarda do Partido”, ou seja, há sempre um chefão por
trás das ações desses grupos, por mais que não pareçam estar alinhados.
Esses grupos de ação marxista atuam na imprensa,
ONGs, na esfera educacional - desde a alfabetização até o ensino superior -, na
arte, na política eleitoral e quando necessário na esfera ilegal e
criminosa.
Anarquia: uma ponte para a
revolução
O pensamento revolucionário utiliza-se de braços
burocráticos e anárquicos, ou seja, de ações dentro da máquina do Estado e
grupos fora da lei, desde que os dois braços trabalhem juntos, como está
escrito no texto da III Internacional:
Um grande Partido Socialista,
transformando-se em Partido Comunista, não deve se limitar a concentrar em sua
direção central a função de autoridade, deixando subsistir para o resto o
antigo estado de coisas. Se a centralização não deve ser letra morta, mas se
transformar em fato real é necessário que sua realização se cumpra de maneira
que ela seja, para os membros do partido, um reforço e um desenvolvimento,
realmente justificados, de sua atividade de sua combatividade comum.
A centralização do poder de decisão das ações
socialistas é um conceito de extrema importância para os revolucionários. É por
meio dela que as ações comunistas permanecem alinhadas, mesmo quando os
diferentes grupos falam que estão em discordância. Qualquer divergência é puro
teatro.
A atividade com “combatividade comum”, de
que fala o texto, é o Partido dos Trabalhadores agindo na esfera burocrática e
o MST na esfera da ilegalidade, por meio das invasões. O crime não pode ser
duramente criticado e punido, por isso a necessidade de sempre manipular as
palavras em busca de atenuar a imagem dos dois grupos diante da sociedade. A
palavra invasão se torna “ocupação”, o conceito
de propriedade privada é substituído por “terra improdutiva”,
o assassinato de crianças no ventre de suas mães é substituído
por “aborto” e por aí vai. O que importa é a revolução e a direção que
ela toma para destruir suas vítimas.
Agitação e Propaganda Comunista
Ainda analisando o texto da III Internacional, é
possível que para os comunistas, o levante revolucionário armado é precedido da
“propaganda e a agitação revolucionária”. É uma atividade organizada e
conduzida do mesmo modo há mais de um século, por meio de “manifestações
ocasionais, reuniões de massas e sem cuidado com o conteúdo revolucionário
concreto dos discursos e panfletos”.
As ações variam, mas o que importa é sempre tomar a
decisão “nas questões concretas em situações diversas” para beneficiar o
“conteúdo revolucionário”. O texto ensina bem direitinho o que fazer
(grifos meus):
As principais formas de propaganda e agitação
são: conversas pessoais, participação nos combates dos
movimentos operários – sindicais e políticos, ação pela imprensa e
a literatura do partido. Cada membro de um partido legal ou
ilegal deve, de uma ou de outra forma, participar regularmente
dessa atividade.
A propaganda pessoal verbal deve
ser conduzida em primeiro lugar à maneira de agitação a domicílio
organizada sistematicamente e confiada a grupos constituídos especialmente para
esse fim. Nenhuma casa na área de influência da organização local do
partido deve ficar de fora dessa agitação. Nas cidades mais importantes
uma agitação de rua, especialmente organizada,
com distribuição de folhetos e cartazes, pode dar bons resultados.
Também nas usinas e fábricas deve-se organizar uma agitação pessoal
regular, conduzida pelos núcleos e frações do Partido e
acompanhada da distribuição de literatura.
Nos países onde a população
reprime as minorias nacionais, o dever do Partido é prestar
toda atenção à agitação e propaganda e à agitação nas camadas
proletárias dessas minorias. A agitação e a propaganda deverão naturalmente
ser conduzidas na língua das minorias nacionais respectivas. Para
atingir esse objetivo, o Partido deverá criar as organizações
apropriadas.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) é um braço do Partido dos Trabalhadores, não importa o que digam. O que
importa é o que fazem. O PT e o MST não têm apenas uma relação histórica e
próxima. O MST é um movimento revolucionário que opera sob o pretexto de “lutar
pela reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores rurais sem terra”.
Fundado em 1984, o MST se tornou uma das principais organizações de movimentos
revolucionários do Brasil, perdendo apenas para Comando Vermelho e o Primeiro Comando
da Capital (PCC) por razões óbvias.
O MST não possui meros laços estreitos com o PT,
partido político revolucionário fundado em 1980, mas é um braço do partido
mesmo. A relação incestuosa entre pai e filho não é secreta. Muitos membros do
MST são filiados ao PT, e o movimento é um importante aliado político do
partido. O MST é a gasolina das políticas defendidas pelo PT. Quando o PT
precisa, é o MST quem faz o trabalho sujo de invadir terras, sempre com as
palavras mágicas que atenuam a realidade de suas ações, como “a
reforma agrária”, “a defesa dos direitos dos trabalhadores” e a “promoção
da justiça social”. É a imprensa, outro braço dos revolucionários, quem
atua para que essas palavras sejam as únicas disponíveis para
descrever as ações dos grupos revolucionários.
Militantes do MST ocuparam e ainda ocupam cargos em
órgãos governamentais relacionados à agricultura e reforma agrária nos regimes
petistas. Há quem tenha perdido a vergonha na cara e diga que relação entre o
PT e o MST não é homogênea, como se grupos revolucionários tivessem
o dever de ter uma relação homogênea. O texto mesmo que exponho
aqui, a saber, A Estrutura, os Métodos e a Ação dos Partidos Comunistas, da III Internacional Comunista de junho de 1921,
diz que isso é proibido:
Não pode haver uma forma de organização imutável e
absolutamente conveniente para todos os partidos comunistas. As condições
da luta proletária se transformam constantemente e, conforme
essas transformações, as organizações da vanguarda do proletariado devem
também procurar constantemente formas novas e adequadas. As
particularidades históricas de cada país determinam também formas especiais de
organização para os diferentes países.
É por isso que é real a existência de diferentes
correntes de pensamento dentro do PT e do MST, e nem todos os membros de um
estão necessariamente alinhados com todas as posições do outro, desde que essa
divergência seja apenas no campo da ação, ou seja, do como se deve agir
agora. Como e quando isso ocorre? Quando a prostituta precisa cobrar o
cliente na frente da esposa dele sem ser descoberta. Se a prostituta corre o
risco de não ser paga, ela certamente dirá para seu cliente, mesmo na frente da
esposa dele, que precisa do pagamento dos serviços sexuais realizados. É o que
ocorre entre PT e MST, embora os dois grupos sejam completamente prostituídos
em sua moral. Todo revolucionário estudioso, não a gorda de cabelo roxo e
cabelo debaixo do braço, mas o estudioso revolucionário, sabe que há variedade
de ações nos dois grupos e isso acontece de acordo com as diferentes
fazes da revolução. Entretanto, no fundo, “não há diferença essencial
na estrutura que devem se esforçar para obter um partido legal
e um partido ilegal”, ou seja, os dois grupos variam apenas em aspectos
operacionais.
Os propagandistas e agitadores comunistas devem
utilizar ao extremo, e de forma compreensível para todos, todos
os elementos e fatos cotidianos que colocam a burocracia de
Estado em conflito direto com o ideal da democracia pequeno-burguesa e o
“Estado de direito”.
“A combinação do trabalho legal
com o trabalho ilegal”
Os Comunistas sabem que precisam se tornar
uma organização de combate capaz, de uma parte, de evitar, em
campo aberto, um inimigo com forças superiores concentradas sobre um
ponto e, de outra parte, de utilizar as dificuldades deste
inimigo para atacá-lo onde ele se encontra. É um grande erro preparar-se
exclusivamente para os levantes e os combates de rua ou para
os períodos de maior rejeição. Os comunistas sabem que precisam cumprir seu
trabalho revolucionário preparatório em todas as situações e
estar sempre prontos para a luta armada, pois é praticamente impossível
prever a alternância dos períodos de ação e de calmaria. Eles estão atentos
que, sempre que possível, é necessário “aproveitar esta previsão para
reorganizar o Partido”, porque a mudança muito rápida de atitude provoca
surpresa. É o que ocorreu após o impeachment de Dilma e a
prisão de Lula, por exemplo. O despreparo pode custar para os revolucionários,
e essa lição foi dada há mais um século:
Os Partidos Comunistas legais
dos países capitalistas em geral ainda não compreenderam
suficientemente como sua a tarefa de preparação para os levantes
revolucionários, para o combate pelas armas e, em geral, para a luta ilegal.
Frequentemente se constrói a organização do Partido tendo em mira uma
ação legal prolongada e segundo as exigências das tarefas legais
cotidianas.
Mensalão, Petrolão e Lava Jato estavam sempre
protegendo os aspectos mais perigosos dos comunistas. Eles não roubam para
enriquecer, mas para financiar ações revolucionárias. O trabalho do PT,
sobretudo na imprensa, para proteger o MST e outros grupos revolucionários foi
muito eficiente. Sempre que se fala da corrupção, as pessoas se dizem lutar
contra a corrupção, não contra a sua finalidade. Comunista não rouba para pagar
prostitutas, mas para comprar armas.
Para um Partido ilegal, é
evidentemente da mais alta importância evitar que seus membros e órgãos
sejam descobertos; é preciso, portanto, evitar que eles sejam
fichados pelas imprudências na distribuição dos materiais e no recolhimento das
cotizações. Um Partido ilegal não deve se servir na mesma medida que um
Partido legal das formas abertas de organização para
seus fins conspirativos; ele deve, entretanto, se aplicar a poder
fazê-lo cada vez mais.
E quem disse que os comunistas são democráticos e
defensores da paz é um mentiroso. Pacifismo é uma ova. Eles defendem “Revolução
armada já!”:
A agitação antimilitarista no sentido pacifista é
má, pois ela não pode senão encorajar a burguesia em seu desejo de desarmar
o proletariado. O proletariado rejeita a princípio e combate da
maneira mais enérgica todas as instituições militaristas do Estado
burguês e da classe burguesa em geral. Por outro lado, o proletariado
aproveita-se dessas instituições (exército, sociedades de
preparação militar, milícia de defesa civil e etc.)
para exercitar militarmente os operários para as lutas revolucionárias.
A agitação ostensiva não deve ser dirigida contra a formação militar da juventude
operária, mas contra as arbitrariedades dos oficiais. O
proletariado deve utilizar da forma mais enérgica possível todas as
possibilidades de se apossar das armas.
Este é o primeiro de uma série de artigos que escreverei sobre o MST e grupos revolucionários. Eles estão há anos se preparando para uma luta armada. Por isso Flávio Dino está desarmando a população, enquanto não toma as armas de membros do MST. É urgente desmascarar o MST, o PT e os outros braços revolucionários do Brasil e da América Latina. Outros artigos serão escritos para você esteja munido de argumentos, dados e material suficiente para seus vídeos, conversas com amigos etc.
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