CAMINHONEIROS BLOQUEIAM RODOVIAS CONTRA AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS























NESTA SEGUNDA-FEIRA, 21, A PETROBRAS ANUNCIOU MAIS UMA ALTA DO VALOR DO DIESEL NAS REFINARIAS, DE 0,97% A PARTIR DE TERÇA, 22 (FOTO: DOUGLAS MAGNO/O DIA/AE)

Caminhoneiros protestam nesta segunda-feira, 11, em todo o país, contra o aumento do combustível. No início da manhã havia atos em pelo menos 11 Estados: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins.
Os protestos nas rodovias foram anunciados sexta-feira (18) pela Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCam) e pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA).
A convocação dos caminhoneiros pela ABCam foi feita como forma de cobrar medidas para reduzir o impacto do aumento do diesel, entre elas a isenção de tributos. "O aumento constante do preço nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o óleo diesel tornou a situação insustentável para o transportador autônomo. Além da correção quase diária dos preços dos combustíveis feita pela Petrobras, que dificulta a previsão de custos por parte do transportador, os tributos PIS/Cofins, majorados em meados de 2017, com o argumento de serem necessários para compensar as dificuldades fiscais do governo, são o grande empecilho para manter o valor do frete em níveis satisfatórios", diz comunicado da ABCam.
Na semana passada, a entidade enviou ofício ao governo, afirmando que os caminhoneiros vêm sofrendo com os aumentos sucessivos no diesel, o que tem gerado aumento de custos para a atividade de transporte. Segundo a associação, o diesel representa 42% dos custos do negócio. Citando dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a organização afirma que 43% do preço do diesel na refinaria vêm do ICMS, PIS, da Cofins e Cide.
No documento, a entidade reivindicou a isenção do PIS, da Cofins e Cide sobre o óleo diesel utilizado por transportadores autônomos. A associação também propõe medidas de subsídio à aquisição de óleo diesel, por meio de um sistema ou pela criação de um Fundo de Amparo ao Transportador Autônomo.
No fim de semana, a Justiça Federal no Paraná proibiu que caminhoneiros bloqueiem qualquer rodovia federal que cruze o estado, sob pena de multa de R$ 100 mil por hora em caso de descumprimento da medida. A decisão é do juiz Marcos Josegrei da Silva.
O magistrado atendeu a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que descreveu como “incomensuráveis” os potenciais prejuízos causados por eventual bloqueio de rodovias. Apesar da proibição de bloqueios, o juiz destacou “que não se está negando o direito de reunião e/ou de liberdade de expressão previstos constitucionalmente”.
Ele disse que não vê problemas na realização da manifestação “em meia-pista, nos locais em que haja pista dupla”, mas vetou a retenção do fluxo total de veículos.
Aumentos
Nesta segunda-feira, 21, a Petrobras anunciou mais uma alta do valor do diesel nas refinarias, de 0,97% a partir de terça, 22. Na semana passada, foram cinco reajustes diários seguidos. A escalada nos preços acontece em meio à disparada nos preços internacionais do petróleo.
A Petrobras diz que as revisões podem ou não refletir para o consumidor final – isso depende dos postos. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel nas bombas já acumula alta de 8% no ano. O valor está acima da inflação acumulada no ano, de 0,92%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).




Caso Mariele joga luz sobre milícia em alta






















A denúncia contra o ex-PM Orlando de Araújo, apontado por uma testemunha como envolvido na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, tornou famoso um nome já conhecido pela polícia. Ele é investigado por supostamente comandar uma milícia violenta, que se expande por Jacarepaguá, zona oeste do Rio. Também enfrenta suspeitas por três homicídios, participação no jogo do bicho e na máfia dos caça-níqueis. A defesa diz que ele é inocente.
A quadrilha extorque dinheiro por meio de cobranças ilegais relacionadas a serviços que controla, conforme apuração do Ministério Público e da Polícia Civil. O grupo ganha força em Curicica, bairro que serve de apelido ao ex-PM, Taquara, Freguesia e Praça Seca, além da comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande e Vargem Pequena, na zona oeste carioca.
Um dos homicídios em que Araújo é suspeito teve como vítima um colaborador do vereador Marcello Siciliano (PHS), também apontado como mandante da morte de Marielle. Carlos Alexandre Pereira, o Cabeça, tinha prestado depoimento sobre o caso Marielle. Foi encontrado com marcas de tiros dentro de um carro na Taquara na noite de 8 de abril, 25 dias após a execução da vereadora.
Há a suspeita de que teria sido queima de arquivo. Testemunhas afirmaram que um dos atiradores gritou: "A gente tem de calar a boca dele". Segundo a defesa, a inclusão do ex-PM no inquérito deve-se ao fato de o assassino, supostamente, ter dito "manda um alô pro Curicica".
Segundo a testemunha, a morte de Marielle foi encomendada por Siciliano ao ex-PM porque ela estava "atrapalhando" a milícia. O vereador nega. Os outros dois assassinatos são mais antigos. Em junho de 2015, o presidente da escola de samba União do Parque Curicica, Wagner Raphael de Souza, foi baleado. Já em junho de 2016, o sargento da reserva da PM Geraldo Antônio Pereira foi metralhado no estacionamento da academia da qual era dono. Foi alvejado na cabeça e no pescoço por três homens, de carro. O caso logo foi ligado a disputas ligadas à exploração ideal de caça-níqueis.
"Essa alegação de que (Araújo) é apenas um líder comunitário é historinha", disse um investigador ao Estado. Preso desde outubro, Araújo pode ser transferido do Rio na semana que vem, a pedido da Justiça.
O ex-PM atribui o envolvimento de seu nome a uma retaliação da testemunha. O motivo seria o rompimento de uma parceria - Araújo diz que seu acusador é um PM com quem trabalhara como segurança particular e de eventos por dois anos. O ex-PM teria se afastado após descobrir que ele tinha envolvimento com o crime.
"Estou vivendo à base de calmante", disse a mulher de Araújo. Empresária de 34 anos, ela trabalha com compra e venda de joias de ouro e tem uma distribuidora de água no Recreio. "Tenho de me esconder porque não sei o que está acontecendo. Nossa vida virou um inferno.

Fonte: Jornal do Brasil