ASSANGE DIVULGA MAIS DE 500.000 DOCUMENTOS PROVANDO QUE A CIA
CRIOU O ESTADO ISLÂMICO.
O fundador da organização
que luta pela transparência das informações, conhecida como Wikileaks, divulgou
um anúncio no dia 1 de dezembro de 2016, expondo mais de 500.000 arquivos
diplomáticos arquivados desde 1979, que, de modo sucinto, revelam que a CIA
(Central Intelligence Agency - Agência Central de Inteligência, o maior órgão
de informações, espionagem e contra-espionagem dos EUA) foi responsável pela
criação do grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS).
O período de divulgação
desses dados coincidiu com o sexto aniversário da divulgação
"Cablegate" do WikiLeaks, que expôs as maquinações do império dos
EUA. A divulgação mais recente, conhecida como "Carter Cables", expõe
531.525 novos arquivos diplomáticos aos já volumosos registros da Public
Library of US Diplomacy (PLUSD - Biblioteca Pública da Diplomacia dos EUA).
Num comunicado divulgado
na exposição dos arquivos do "Carter Cables", Julian Assange mapeou
os eventos desde 1979, começando por uma série de eventos que culminaram com o
surgimento do Estado Islâmico.
"Se podemos indicar
algum ano como o 'marco zero' de nossa era, esse ano é 1979", disse
Assange. Assange mostra a realidade de que as raízes do terrorismo islâmico
moderno começaram a se fixar por uma parceria entre a CIA e o governo da Arábia
Saudita, investindo bilhões de dólares para criar uma força
"mujahideen" para lutar contra a União Soviética no Afeganistão - e
que, em última análise, favoreceu a criação da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.
Assange não está sozinho
nessas alegações. De acordo com uma pesquisa da Express, a maioria da população
compreende que a política externa dos EUA criou o Estado Islâmico. Assange
revela que o ataque do 11 de Setembro e a invasão do Afeganistão estão
diretamente ligadas ao surgimento do ISIS.
"No Oriente Médio, a
Revolução Iraniana, a revolta islâmica na Arábia Saudita e os acordos do Campo
Davi (entre Egito e Israel) levaram não somente à atual dinâmica de poder
regional, como também mudaram decisivamente a relação entre petróleo, islamismo
militante e questões mundiais.
"A revolta em Meca
mudou permanentemente a Arábia Saudita para o wahhabismo, levando à difusão
transnacional do fundamentalismo islâmico e à desestabilização do
Afeganistão", disse Assange. "A invasão do Afeganistão pela URSS fez
com que a CIA investisse bilhões de dólares em guerrilheiros mujahideen como
parte da Operação Ciclone, fomentando o surgimento da Al-Qaeda e o eventual
colapso da União Soviética".
"A difusão da
islamização havia chegado ao Paquistão, desde 1979, onde ocorreram os episódios
da queima da embaixada dos EUA e o assassinato do então primeiro ministro
paquistanês, Zulfikar Ali Bhutto".
"A crise dos reféns
iranianos acabou minando a presidência de Jimmy Carter, levando à eleição de
Ronald Reagan".
"O surgimento da
Al-Qaeda eventualmente levou ao atentado do 11 de Setembro de 2001 e outros
ataques aos Estados Unidos, permitindo a invasão dos EUA contra o Afeganistão e
o Iraque, causando uma década inteira de guerra que, no fim, resultou na base
ideológica, financeira e geográfica para o ISIS", disse Julian Assange.
Em adição ao surgimento
do islamismo militante global, as últimas divulgações incluem dados sobre a
eleição de Margaret Thatcher como primeira ministra britânica. O incidente na
ilha Three Mile também é mostrado como parte de eventos que ligam as conexões
de Henry Kissinger com David Rockefeller, que buscava um local para resguardar
o xá deposto do Irã.
"Em 1979, parecia
que o sangue nunca iria parar", disse Assange. "Dúzias de países
foram palcos de assassinatos, golpes, revoltas, bombardeios, sequestros de
políticos e guerras de liberação". Com a divulgação dos chamados
"Carter Cables", o WikiLeaks já publicou um total de 3.3milhões de
arquivos diplomáticos dos EUA. Mantendo-se fiel ao seu lema, o site WikiLeaks
continua a expor dados secretos dos governos.
Numa entrevista com
Assange, ele aponta um e-mail enviado a Podesta, expondo os governos da Arábia
Saudita e do Qatar como diretamente ligados ao ISIS. No e-mail, enviado em 17
de agosto de 2014, Hillary Clinton pediu que John Podesta ajudasse a
"pressionar" os governos do Qatar e da Arábia Saudita a fornecer mais
apoio ao ISIS, por aqueles que são considerados geralmente como aliados
próximos dos EUA (algo que os pronunciamentos oficiais dos EUA continuam a
negar publicamente).
O e-mail de Hillary
Clinton para Podesta revela claramente a realidade da situação.
"Precisamos usar nossa diplomacia e, mais ainda, nossa inteligência
tradicional para pressionar os governos do Qatar e da Arábia Saudita, que estão
fornecendo financiamento e logística clandestinos para o ISIS e outros grupos
radicais sunitas na região", escreveu Clinton no e-mail. (via Ação
Avante)