Servidores do Rio voltam às ruas contra salários atrasados
O ponto alto da
manifestação foi a "ceia da miséria", encenada em frente ao Palácio
da Guanabara
Sem salários desde de novembro, centenas de servidores
do Rio de Janeiro organizaram ontem (23) uma caminhada em direção ao Palácio
Guanabara, sede do governo estadual. Eles cobravam a regularização do
pagamento, que só será depositado em janeiro de 2017, e o 13º salário. O ponto
alto da manifestação foi a "ceia da miséria", encenada em frente ao
palácio, quando os servidores comeram pão e beberam água em alusão à penúria do
Natal dos servidores.
SAIBA MAIS
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão,
disse ter consciência do que os servidores com salários atrasados estão
passando
Com um novo bloqueio de contas do governo pela União,
as duas primeiras parcelas do pagamento de novembro - de um total de nove - não
serão pagas. A nova previsão é que os salários sejam regularizados em até cinco
parcelas, entre 5 e 17 de janeiro. O pagamento do 13º, no entanto, não tem
previsão para nenhuma categoria, segundo a Secretaria de Fazenda.
Ao todo, terão confraternizações de fim de ano cerca
de 40% dos servidores do estado. Os funcionários do Judiciário e do Legislativo
estão com os salários em dia, mas no Executivo só receberam os servidores da
ativa da educação - com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - e da segurança
pública. Os pensionistas, no entanto, entram no parcelamento, o que preocupa,
por exemplo, a Associação de Bombeiros Militares do Rio de Janeiro.
Viúvas passam dificuldades
"Estão sem receber as pensionistas, as viúvas
daqueles companheiros que tombaram, como aqueles que faleceram durante o
socorro na tragédia da serra (em 2009)", lembrou o subtenente Mesac
Eflain, presidente da associação. "Nós recebemos o salário integral de
novembro, no entanto, nossas pensionistas não receberam e o pior é que o
dinheiro só será liberado em parcelas", disse.
Quem também está sem receber são os servidores da
Ciência e Tecnologia, incluindo os professores e demais profissionais das
universidades estaduais. "A Universidade [Estadual do Rio de Janeiro]
(Uerj) está sendo sucateada. Os salários de docentes e técnicos estão
atrasados, os bolsistas estão sem bolsas e a universidade recebeu pouco mais de
10% de seu orçamento", denunciou a diretora de bibliotecas da Uerj,
Rosângela Sales. "Tem um ano que a situação é dramática", desabafou.
Da área da Saúde, a auxiliar em enfermagem Mariá Casa
Nova, que também é diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e
Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro, conta que os profissionais
passaram a sobreviver de doações. "Eu mesma peguei as cestas básicas que
estão sendo doadas e distribuídas pelos sindicatos. Eu estou passando
necessidade, se não fossem os sindicatos em melhores condições, como o da
Justiça, não sei o que faria", explicou.
Durante a manifestação, os servidores receberam apoio
da população dos bairros de Laranjeiras e do Catete, na zona sul, que acenaram
das janelas, exibiram bandeiras vermelhas ou apitaram. Os manifestantes
respondiam com palavras de ordem: "Alô população, calamidade é o
Pezão", em referência ao governador Luiz Fernando Pezão que também foi
chamado de "salafrário..
Pezão, que tem buscado uma saída com o governo
federal, em nota à imprensa, disse que mantém o "compromisso de buscar
soluções para a crise". "Tenho consciência do que os servidores estão
passando. Sei o que o atraso representa. Estou doído com isso", afirmou. O
governador, no entanto, sofre críticas por ter liberado incentivos fiscais
retroativos a joalheiras.
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