Voluntário tenta apagar chamas em Portugal - Armando
Franca/AP
LISBOA — Ao menos 31 pessoas morreram em Portugal em decorrência da onda de incêndios sem precedentes, informou a Proteção Civil portuguesa nesta segunda-feira. Outras quatro perderam a vida na região da Galícia, na Espanha. A situação é considerada "crítica", no momento em que o furacão Ofélia avança pelo Atlântico. Em solo português, 440 focos de incêndio estavam ativos no domingo, considerado o "pior dia desde o início do ano", segundo a porta-voz da Agência Nacional de Proteção Civil, Patricia Gaspar. O país ainda se recupera do grande incêndio de junho, que deixou 64 mortos e 200 feridos.
A Proteção Civil ainda
confirmou nesta segunda-feira que há 51 feridos, 15 em estado grave. As vítimas
foram atingidas pelas chamas nos distritos portugueses de Guarda, Coimbra,
Viseu e Castelo Branco. Após a morte de seis pessoas, o primeiro-ministro
português, Antonio Costa, declarou "estado de catástrofe" no país,
onde durante toda a noite 3,7 mil bombeiros lutaram para apagar ao menos 26
incêndios de grandes proporções. Patricia Gaspar destacou o bloqueio em três
eixos viários, incluindo a estrada que liga Lisboa à cidade do Porto.
— Seguramente situações
destas vão se repetir — frisou Costa, que apontou "problemas que se
acumulam há décadas sem resolução simples". — Os governos não têm varinhas
mágicas.
Segundo a BBC, havia
145 focos de chamas em Portugal na manhã de segunda-feira — 32 considerados
graves.
Mapa mostra focos de incêndios em curso em Portugal -
Reprodução/Fogos PT
Na Espanha, o governador da Galícia, Alberto Núñez Feijóo, afirmou que 15 focos de incêndio estavam ativos no domingo, na região do noroeste do país. Ele também classificou a situação como "crítica" e citou zonas urbanas sob ameaça. Pela manhã de segunda-feira, segundo o "El País", eram 67 os incêndios no país — 15 em ameaça direta à população local.
O fogo foi atiçado por
rajadas de vento de até 90 km/h provocadas pelo furacão Ophelia, que avançava
pelo norte da costa espanhola em direção à Irlanda.
"Estamos falando
de condições que não foram registradas na última década. São incêndios
absolutamente intencionais, premeditados, de pessoas que sabem o que fazem",
afirmou Núñez Feijóo, ao denunciar incêndios criminosos.
Milhares de bombeiros
foram enviados à região e contam com o apoio de soldados e moradores
voluntários. Um homem de 70 anos perdeu a vida enquanto ajudava a apagar as
chamas, em Vigo. Duas pessoas morreram presas pelas chamas dentro de seu
veículo na localidade de Nigrán, quando tentavam fugir para se salvar, informou
o governo local. As autoridades regionais também informaram que um idoso foi
encontrado morto em um galpão fora de sua casa, em Carballeda de Avia, que foi
atingida pelas chamas. Ele teria tentado salvar as cabras da sua propriedade.
Portugueses assistem às chamas tomando conta de mata perto de
casas nos arredores de Obidos, cidade popular entre turistas; incêndios
florestais atingem diversos pontos de PortugalFoto: Armando Franca / AP