Mesmo dentro do presídio, o ex-governador estaria financiando a
montagem de dossiês contra o magistrado.
Mesmo dentro do presídio,
o ex-governador Sérgio Cabral estaria financiando a montagem de dossiês contra
o juiz Marcelo Bretas, da Operação Lava Jato no Rio. As informações são de uma
investigação sigilosa da Polícia Federal, a que os repórteres Paulo Renato
Soares, Arthur Guimarães e Leslie Leitão tiveram acesso, com exclusividade. A informação de que o
grupo do ex-governador passou a montar dossies contra os investigadores partiu
de dentro do presídio onde Sérgio Cabral está preso, em Benfica, na Zona Norte
do Rio. Segundo a denúncia, o ex-governador teria um fundo milionário para financiar
uma devassa na vida dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato no estado.
A Polícia Federal já
sabe que houve acessos suspeitos e todos teriam ocorrido depois que Cabral já
tinha sido preso, em novembro do ano passado. E os agentes já sabem em nome de
quais funcionários os acessos foram feitos.
No dia 26 de setembro -
6 dias depois de o ex-governador receber a sentença na Operação Calicute -
houve 8 acessos pra pesquisar registros de ocorrência sobre o juiz Marcelo
Bretas e a mulher dele, que também é juíza.
Interrogatório de Sérgio Cabral ao juiz Marcelo Bretas teve
falas ásperas
O documento foi uma
resposta a um questionamento da força tarefa da Lava Jato, que pediu uma
auditoria sobre todas as consultas feitas aos nomes do juiz e de parentes dele.
No dia 23 de outubro, Cabral citou informações sobre a família de Bretas, da 7ª
Vara Federal Criminal, durante uma audiência.
Ao ser questionado
sobre a compra de joias para lavar dinheiro, o ex-governador
disse que o juiz devia entender do assunto porque a família do magistrado
trabalha com bijuterias.
No fim de outubro, o
Ministério Público pediu a transferência de Sérgio Cabral para um presídio
federal de segurança máxima por causa do comportamento do ex-governador, e
porque ele teria acesso a informações privilegiadas dentro da cadeia.
O Departamento
Penitenciário Nacional definiu que o ex-governador iria para o presídio federal
de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, mas uma liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal
Federal impediu a
transferência.