TRF-2 determina bloqueio de bens na Operação Cadeia Velha; valores de Albertassi, Picciani e Melo chegam a R$ 270 milhões
























Desembargador Abel Gomes também determinou a prorrogação da prisão temporária (por mais cinco dias) de Felipe Picciani, Ana Claudia Jaccoub, Marcia Schalcher de Almeida e Fabio Cardoso do Nascimento.
O desembargador federal Abel Gomes determinou nesta sexta-feira (17), o bloqueio cautelar de contas e o arresto de bens de 13 pessoas e 33 empresas investigadas na Operação Cadeia Velha. Os valores dos bens bloqueados de Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi somam R$ 270 milhões.
Jorge Picciani R$ 154.460.000,00
Paulo Melo R$ 108.610.000,00
Edson Albertassi R$ 7.680,000,00
Os três deputados se entregaram na sede da Polícia Federal, na noite de quinta-feira (16), após os desembargadores federais do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidirem que os deputados fossem presos preventivamente.
A medida foi tomada em medida cautelar penal apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), que encaminhou ao relator uma listagem com nomes e valores referentes aos bens das pessoas físicas e jurídicas.
A ordem de bloqueio envolve ativos financeiros e bens móveis e imóveis, incluindo veículos, embarcações e aeronaves. O desembargador também determinou a prorrogação da prisão temporária (por mais cinco dias) de quatro investigados na Operação Cadeia Velha: Felipe Carneiro Monteiro Picciani, Ana Claudia Jaccoub, Marcia Rocha Schalcher de Almeida e Fabio Cardoso do Nascimento.
Alerj revoga prisões de Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi
Em sessão extraordinária realizada na tarde desta sexta-feira (17), os deputados estaduais revogaram as prisões dos colegas Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Paulo Melo - que também já presidiu a Casa - e Edson Albertassi, atual líder do governo. Os três deputados são do PMDB.
Em votação aberta, 39 deputados votaram por soltar os três colegas presos, seguindo o parecer aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, enquanto a manutenção das prisões recebeu 19 votos. Um deputado, Bruno Dauaire (PR), se absteve.
Além de libertar os três, o parecer da CCJ - transformado em projeto de resolução para ir a votação - também determina que Picciani, Albertassi e Melo voltem ao exercício do mandato.



JUSTIÇA MANDA PRENDER PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DO RJ E DOIS DEPUTADOS
























PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA É UM DOS BANDIDOS MAIS PODEROSOS DO RIO
EM DECISÃO UNÂNIME, TRF2 ORDENOU A PRISÃO PREVENTIVA DE JORGE PICCIANI E OUTROS DOIS DEPUTADOS
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) determinou, por unanimidade, a prisão preventiva do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani, e dos deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB. A determinação segue agora para a Alerj, que votará se aceita a medida ou a rejeita.
Os parlamentares foram indiciados na Operação Cadeia Velha, deflagrada na terça-feira (14) pelo Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF). A operação investiga o uso dos cargos públicos para corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, em combinação com as empresas de ônibus.
Votaram com o relator, desembargador Abel Gomes, os desembargadores Messodi Azulay, Paulo Espírito Santo, Marcelo Granado. O presidente da 1ª Turma, desembargador Ivan Athié, que não seria obrigado a votar, também acompanhou o voto, fechando a questão por 5 votos a favor da prisão e o afastamento dos deputados de seus cargos.


Ministro adia homologação da delação de marqueteiro de Cabral e Pezão que revelou 'caixa 2' em campanhas do RJ

























Renato Pereira diz que só na campanha de Pezão ao governo do Rio ele recebeu cerca de R$ 800 mil de forma não declarada.
O marqueteiro Renato Pereira revelou, em delação, detalhes dos pagamentos em caixa dois durante as campanhas do ex-governador Sérgio Cabral, do atual governador Luiz Fernando Pezão e também do ex-prefeito Eduardo Paes. Nesta terça-feira (14), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), devolveu o acordo de delação para a Procuradoria-Geral da República fazer os ajustes. O ministro viu ilegalidades no acordo e considerou as condições muito favoráveis ao delator. Lewandowski também retirou o sigilo dos depoimentos.
Renato Pereira foi o marqueteiro responsável por campanhas de políticos do PMDB a cargos executivos no Rio de Janeiro durante quase 10 anos. No acordo de delação fechado com a Procuradoria-Geral da República, Renato Pereira diz que era comum se pagar parte do valor das campanhas em caixa dois e que só na campanha de Pezão ao governo do Rio ele admitiu ter recebido cerca de R$ 800 mil de forma não declarada.
O marqueteiro disse que o então secretário de Obras do Rio, Hudson Braga, atualmente preso por fazer parte da quadrilha chefiada por Sérgio Cabral, era o responsável pelos pagamentos de campanha e que teria apresentado um cronograma que previa entrega de pagamentos quinzenais, sendo uma parte contabilizada e o restante via caixa dois. Renato Pereira afirmou ainda que ficou combinado o pagamento parcelas mensais de R$ 300 mil, entregues a ele pelo emissário Barata. Fontes ouvidas pela TV Globo dizem que Barata é Jacob Barata Filho, empresário do setor de ônibus, preso nesta terça na Operação Cadeia Velha.
Renato ainda contou que, durante a campanha, os pagamentos passaram a ser feitos de forma irregular e que isso foi informado ao governador Pezão. Para regularizar a situação, ficou acertado com Leandro Azevedo, superintendente da Obredecht no Rio, que a empreiteira faria pagamentos em uma conta no exterior, na qual deveria ser depositado o valor de 800 mil euros, o que hoje representa mais de R$ 3 milhões. O marqueteiro diz que o pagamento se concretizou.
Ele também diz ter participado de uma reunião no apartamento de Pezão, na qual o governador relatou que havia conversado com o dono da Andrade e Gutierrez, Sérgio Andrade, para que a empreiteira contribuísse com R$ 10 milhões. O marqueteiro disse ainda que R$ 3 milhões vieram a partir da simulação da rescisão de um contrato de parceria com o grupo PPR, que havia recebido os valores da Andrade Gutierrez.
Outra parte do pagamento, quase R$ 2 milhões, segundo o delator, teria sido feito pela agência Propeg, que recebeu a quantia da Andrade Gutierrez e contratou a prole para um serviço claramente superfaturado.
Na delação, Renato contou detalhes também da campanha de Cabral ao governo do Rio em 2010. O delator disse que o ex-governador indicou Wilson Carlos, seu então secretário de governo para acertar os pagamentos de campanha.
Segundo o marqueteiro, Wilson o orientou a procurar Leandro Azevedo, executivo da Odebrecht, para acertar parte do pagamento. Ele disse ainda que entre fevereiro e junho de 2010 foram feitos pagamentos mensais de cerca de R$ 300 mil, sempre em espécie por meio de senhas combinadas e que geralmente as palavras eram nomes de peixes como badejo e pintado. Na delação, Renato Pereira diz que os fornecedores cobravam do PMDB valores menores do que eram faturados e que a sobra entrava como caixa dois.
Campanha de Paes teria custado R$ 20 milhões
Outra campanha que teve Renato como marqueteiro foi a reeleição de Eduardo Paes à prefeitura do rio em 2012. O delator contou que o próprio ex-prefeito o avisou que o executivo da Odebrecht, Leandro Azevedo, iria lhe procurar e que, assim como na pré-campanha de Sérgio Cabral em 2010, a Odebrecht fez pagamentos mensais, sempre em espécie e sempre com senhas.
A campanha, segundo o marqueteiro, custou R$ 20 milhões, valor negociado por Paes e Pedro Paulo Carvalho, que já era deputado federal na época. A contratação foi feita através da produtora Cara de Cão, com nota fiscal assinada pelo PMDB, em valor menor do que o cobrado e com a diferença entrando no caixa dois.
Segundo Renato Pereira, os valores de campanha foram repassados por um assessor de Paes, chamado Guilherme Shileder, em encontros em carros e restaurantes marcados num aplicativo de celular.
A A assessoria de Luiz Fernando Pezão informou que todas as doações de campanha foram feitas de acordo com a Justiça Eleitoral. A assessoria de Eduardo Paes e do deputado Pedro Paulo disse que a delação é mentirosa e inconsistente e que Renato Pereira cita fatos que depois diz não terem acontecido.
A defesa de Jacob Barata Filho reitera que é falsa a história narrada pelo delator e destaca que Renato não cita diretamente o empresário, indicando apenas intermediários que não são identificados.
A Andrade Gutierrez e a Odebrecht reiteraram que estão colaborando com as investigações dentro dos acordos de leniência firmados com o Ministério Público Federal. As duas empresas reforçaram o compromisso de esclarecer e corrigir os fatos irregulares ocorridos no passado.
O PMDB do Rio foi procurado, mas não se manifestou. A produção da TV Globo não conseguiu contato com as defesas de Sérgio Cabral, nem de Leandro Azevedo. Ainda não foram localizadas as defesas de Guilherme Shileder, Hudson Braga, nem com a produtora Cara de Cão.