Milícias como a Gardênia Azul seguem em casos de mortes no Rio


No dia da morte de Marielle e Anderson, o atual companheiro da ex-esposa de Girão, apontado como o líder da Gardênia Azul, também foi assassinado
No ano que completa uma década da conclusão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre as milícias do Rio de Janeiro, o clima continua tenso. Milicianos citados no processo são suspeitos de ordenar assassinatos e outros acabaram mortos.
No dia da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) que, à época da CPI, era assessora do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da comissão, Marcelo Diotti da Mata também foi assassinado a tiros na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
Diotti estava acompanhado da esposa, a funkeira Samantha Miranda. A MC foi companheira do ex-sargento do Corpo de Bombeiros Cristiano Girão, apontado pela CPI das Milícias como o líder do grupo que dominava a comunidade da Gardênia Azul (zona oeste).
Além de Girão, o relatório concluído em 14 de novembro de 2008 apontou centenas de outros nomes que possivelmente seriam milicianos, entre eles policiais, bombeiros e civis. O documento ainda destacou que 171 comunidades do Rio de Janeiro contavam com a presença de milícias. Em nove delas, o relatório especificou sobre as possíveis lideranças e “testas de ferro” — incluindo a Gardênia Azul. Segundo a CPI, os grupos milicianos “utilizando-se de métodos violentos passaram a dominar comunidades inteiras nas regiões mais carentes do município do Rio, exercendo à margem da Lei o papel de polícia e juiz”.
 Sobre o ataque ao casal que terminou com a morte de Diotti, a Polícia Civil do Rio de Janeiro disse que “a Delegacia de Homicídios da Capital está investigando o caso”. A assessoria de imprensa da polícia ainda afirmou que “imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas e testemunhas estão sendo ouvidas”.
































Samantha em foto postada em seu Instagram Foto: Reprodução Instagram

Samantha e Diotti já haviam sofrido um atentado nove meses antes, em junho do ano passado. Informações da Record TV apontam que o casal havia acabado de sair de uma festa quando um veículo passou e atirou mais de uma vez conta os dois. Os tiros, no entanto, não acertaram. O suspeito de ter cometido o crime, apontado por Samantha à Polícia Civil, é Girão.
O suspeito de liderar a milícia da Gardênia Azul foi eleito vereador no ano de conclusão da CPI das Milícias. No final de 2009, no entanto, ele foi preso e quase um ano depois, em 27 de outubro de 2010, perdeu o mandato por excesso de faltas. Seis anos depois, em 2015, Girão recebeu liberdade condicional (quando termina de cumprir a pena nas ruas).
Ex-genro de Batman, PM morto na praia namorou ex-mulher de chefe de milícia rival
O soldado PM Carlos Eduardo Conceição Dias, Eduardinho, de 32 anos, morto nesta quinta-feira na Praia da Reserva, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, já namorou a ex-mulher do miliciano Cristiano Girão, que é ex-vereador. O relacionamento entre o policial e a funkeira Samantha Miranda dos Sanntos, de 30 anos, teria durado seis meses. Eduardinho era ex-genro de outro miliciano, Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, rival de Girão.



     Carlos Eduardo era soldado da PM Foto: Reprodução 
No dia 9 de fevereiro deste ano, Samantha fez um registro de ocorrência na 16ª DP(Barra da Tijuca), acusando Carlos Eduardo de agressão. Em depoimento, ela afirmouque estava numa boate da Barra, quando encontrou o policial, com quem havia se relacionado durante seis meses, e já era seu ex-namorado na ocasião. Ele teria dado um soco e um tapa no rosto da mulher.
Samantha contou ainda aos policiais que eles tinham terminado três dias antes do registro ter sido feito. A ex-mulher de Girão pediu ainda que fossem estabelecidas medidas protetivas para proibir que o PM se aproximasse dela e de seus familiares
Eduardinho foi morto com tiros na cabeça, quando estava sentado embaixo de um guarda-sol na Praia da Reserva. Ao lado dele estava uma mulher, cuja identidade não foi revelada pela Divisão de Homicídios da capital.
Procurada pelo EXTRA, Samantha não quis comentar sobre seu relacionamento com Carlos Eduardo. Ela tem uma filha com Girão, que esteve preso na unidade federal de Porto Velho, Em Rondônia.












Samantha foi casada com Girão Foto: Reprodução
Lotado na UPP Fazendinha, no Complexo do Alemão, o PM estava de licença médica para tratamento psiquiátrico. A licença do PM, que levava uma vida repleta de viagens e carros de luxo, iria se encerrar neste sábado. Pouco antes de morrer, o PM havia estacionado uma BMW, avaliada em torno de R$ 75 mil, na orla da praia.
Numa foto postada por ele numa rede social, o militar pode ser visto usando o anel dourado com a figura do Batman, símbolo da maior milícia do Rio. Joias semelhantes também já foram apreendidas pela polícia com outros dois presos, acusados de pertencer ao grupo paramilitar.

Menos de um mês antes de Samantha e Diotti serem atacados, ocasionando a morte d
o companheiro da MC, outro crime envolveu suspeitos de ligação com a milícia da Gardênia Azul. Na ocorrência, em 18 de fevereiro, Adriano Cavalcante, apontado pela polícia como um dos chefes da milícia na comunidade, foi morto a tiros junto com a namorada enquanto estavam em um carro dentro do próprio bairro.
O caso também foi encaminhado para investigação da Delegacia de Homicídios, que recolheu imagens de câmera da segurança do local. Segundo moradores da comunidade, as vítimas foram atacadas por dois indivíduos que passaram em uma moto
AS VISITAS DE MILICIANOS à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro às vésperas do assassinato de Marielle Franco não se limitaram à presença do ex-vereador Cristiano Girão Matias, como revelou com exclusividade The Intercept Brasil na última semana. Ao analisar imagens de câmeras internas de segurança, agentes da Delegacia de Homicídios detectaram que – poucas horas antes do assassinato de Marielle – ao menos mais um paramilitar esteve no sétimo andar do prédio, o mesmo frequentado por Girão.
O suspeito é um ex-policial militar e tem outras semelhanças com Girão: ele também foi indiciado na CPI das Milícias – na qual Marielle trabalhou ao lado do deputado Marcelo Freixo em 2008 – e também frequentou o gabinete do político Zico Bacana, atual vereador pelo PHS e outro indiciado na mesma Comissão.

A participação de paramilitares no crime é uma das principais linhas de investigação da Polícia Civil.
Usando um cordão grosso no pescoço e um relógio dourado, o ex-PM – cuja identidade permanece em segredo – estava acompanhado de outros dois homens. Todos foram ao gabinete do vereador Zico Bacana. Os investigadores agora buscam imagens de câmeras dos arredores do prédio para mapear o caminho percorrido pelo trio até o carro usado por eles naquela tarde. A expectativa é de que a placa – ou ao menos o modelo – sejam os mesmos usados na execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes horas depois.
Ação de profissionais
Dois veículos foram usados pelos matadores na tocaia à vereadora do PSOL. Um Cobalt prata – que ficou por quase uma hora parado próximo à Casa das Pretas, onde Marielle participou de uma reunião antes de ser morta – e um Renault Logan. Ambos estavam com placas clonadas, o que levou a investigação, nesta pista, a um beco sem saída.
As precauções tomadas pelos matadores e os tiros certeiros na cabeça de Marielle reforçam a suspeita da participação de pessoas treinadas em perseguição, emboscada e disparo de arma de fogo. Não eram criminosos comuns. Marielle vinha criticando as mortes em ações da PM, especialmente em Acari e no Jacarezinho, o que reforça a linha de investigação.
Espingardas, pistolas, metralhadoras e fuzis
Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana, como é conhecido, é um ex cabo da Polícia Militar eleito em 2016. Ele foi apontado no relatório da CPI das Milícias como um dos líderes de um grupo criminoso formado por “policiais militares, bombeiros, ex-marginais, vigilantes e civis”.
O grupo fazia dinheiro com cobrança por segurança dos moradores e do comércio, gás, sinal de TV a cabo, internet, cópia de chaves, garrafão de água, barraca de vendedores, taxa de 10% a 50 % na venda de imóveis e taxa para produção de documentação na associação de moradores, onde os chefes se reuniam. Um sistema muito semelhante às máfias globais, sobretudo as italianas.
Para impôr domínio territorial em bairros da Zona Norte do Rio, o grupo praticava ameaças, assaltos, agressões, tortura, expulsão de moradores e assassinatos, usando espingardas, pistolas, metralhadoras e fuzis.
Ascensão e queda… e ascensão
A CPI das Milícias apresentou seus resultados há uma década. Depois de um período de relativa calma no legislativo do Rio, a presença de paramilitares listados entre os 226 indiciados no relatório final é especialmente preocupante e pode representar uma retomada do avanço do crime.
Antes da investigação presidida pelo deputado Marcelo Freixo, os irmãos Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e Natalino Guimarães, eleitos, respectivamente, vereador e deputado estadual, eram os principais representantes da bancada no Estado.
Natalino e Jerominho abriram caminho para outros representantes acusados de envolvimento com milícias, entre eles o vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, do DEM, assassinado em junho de 2009 com mais de dez tiros, poucos meses após ter sido indiciado na CPI. O relatório final também citou a então vereadora Carmen Glória Venâncio Guimarães, a Carminha Jerominho, do PTdoB – filha de Jerominho.
Além dos políticos, o relatório listou 67 policiais militares, oito policiais civis, três bombeiros, dois agentes penitenciários, dois militares das Forças Armadas e 130 civis. Após a aprovação na Assembleia, a peça foi encaminhada aos Ministérios Públicos estadual, federal e eleitoral, à Polícia Civil e à Polícia Federal. Vários foram condenados.
“Não estava lá”
Se, segundo as investigações, o ex-PM que esteve na Câmara no dia da morte de Marielle foi ao gabinete de Zico Bacana, Cristiano Girão, no dia 7 de março, teria estado também na sala do emedebista Chiquinho Brazão, que tem forte votação em área de milícia. Procurado pela reportagem, Brazão disse que não estava em seu gabinete naquele dia. O vereador, contudo, não nega a suposta ida de Girão à sua sala:
“O gabinete é um espaço público e pelo que li na imprensa, ele (Girão) informou na recepção que iria ao gabinete da presidência da Casa. Se a DH tem as imagens vai poder comprovar que não estive no gabinete nesse dia. Por isso, não posso responder sobre o caso”.
O vereador Chiquinho Brazão é irmão do ex-deputado estadual e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão, preso pela Polícia Federal na Operação Quinto de Ouro por suspeita de corrupção.
Em nota, a assessoria de imprensa da Câmara informou que o presidente, Jorge Felippe, vem colaborando com as investigações, inclusive, autorizando a entrega de vídeos registrados pelo circuito interno de segurança.
Já Zico Bacana não respondeu.


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Após CPI, milicianos reocupam o Rio






























Primeiro e segundo escalões foram presos e agora estão voltando às ruas; mortes recentes creditadas ao bando expõem ousadia do esquema

RIO - Passados dez anos da CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro – que indiciou mais de 200 pessoas –, esses grupos paramilitares ampliaram seu protagonismo no Estado. A investigação parlamentar apontou envolvimento de policiais, agentes penitenciários e bombeiros, além de políticos que os protegiam, e resultou na prisão de alguns dos seus principais chefes. A atividade criminosa, porém, continuou. Agora, esses grupos exibem publicamente a sua força, apesar de o tráfico de drogas dominar as atenções em razão dos constantes tiroteios.
Segundo o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a CPI e até hoje circula com seguranças armados por causa das frequentes ameaças, as milícias já dominam território maior que o de traficantes. Dez anos depois da comissão, afirma ele, o desafio é monitorar os milicianos que foram presos e estão saindo. “A CPI citou mais de mil nomes, e todo o primeiro e o segundo escalões das milícias foi preso. Agora as pessoas estão saindo – e têm de sair mesmo, ninguém está propondo pena perpétua. Mas evidentemente elas precisam ser monitoradas”, diz o parlamentar.
Há uma semana, milicianos mataram cinco jovens de 16 a 19 anos, com tiros na cabeça, em Maricá, na região metropolitana. Os assassinos gritaram “aqui é milícia, vamos voltar” e fugiram. Trata-se de uma prática comum entre milicianos: aterrorizar a população e, na sequência, cobrar por serviços, como a venda de gás de cozinha em botijões a preços extorsivos, comércio ilegal de sinal de internet e TV a cabo e exploração de agiotagem.
Filmada de um helicóptero de TV na manhã seguinte à chacina, a ação de milicianos em Bateau Mouche e Chacrinha foi outra prova da ousadia. Armados com fuzis e pistolas, eles trocaram tiros com traficantes. Nas imagens, há homens com uniformes iguais ao da PM. A corporação investiga se eram policiais ou criminosos comuns com fardas.
A execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), no dia 14, na região central do Rio, também pode ter sido ação de milicianos, no estilo das máfias. O fato de ela e o motorista terem sido atingidos, apesar dos vidros escuros, denunciou a perícia do atirador, provavelmente profissional. Antes de ser vereadora, Marielle atuou como assessora parlamentar na CPI.
Expansão. Especialistas ouvidos pelo Estado estimam que as milícias estejam em mais de 200 territórios do Rio. Elas se expandem por bairros da zona norte e oeste da capital e por municípios da região metropolitana e da Baixada Fluminense em direção a Nova Iguaçu e São João de Meriti, e disputam áreas com o tráfico. Na região, já houve casos em que os milicianos desfilaram nas ruas exibindo seus fuzis e metralhadoras.
O delegado Claudio Ferraz, ex-chefe da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, nomeado em 2007 com o intuito de combater as milícias, lembra que à época esses grupos eram considerados um “mal menor”. Quando começaram a eleger vereadores e deputados, o poder público passou a atuar contra eles. “Hoje não há mais áreas neutras, as milícias entraram em todas. Com o enfraquecimento das UPPs, novos vácuos estão abrindo para elas. Por isso o Rio está pegando fogo”, analisa Ferraz.
Inicialmente, as milícias eram vistas como grupos que “limpariam” as comunidades dos traficantes e de criminosos sem precisar se preocupar com o respeito às leis. Quando dominaram as localidades, porém, a conversa mudou. “Viraram um bando criminoso comum, fazem atrocidades como o tráfico faz, extorquindo como a máfia dos anos 1950 nos Estados Unidos. Agem à luz do dia, uniformizados. Quem não aceita é punido: eles põem fogo no estabelecimento, destroem cargas, matam”, diz o promotor Jorge Luís Furquim, que investiga milícias há 15 anos.
O sociólogo Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio (Uerj), denuncia que nada foi feito pelo Estado em relação aos milicianos. “Inventaram as UPPs para recuperar as áreas do tráfico, mas nada para a milícia”, avalia. “Agora, a intervenção federal na segurança também não contemplou esse problema.”
Procurada, a Secretaria de Estado de Segurança afirmou que atua com rigor no combate aos grupos paramilitares. De 2007 a 2017, foram presos 1.377 milicianos, segundo a pasta. 























Em áudio, miliciano tenta convencer traficante a 'atravessar' de lado, mostrando que estão mandando como nunca
RIO — A atuação de milicianos na guerra pelo controle da favela da Bateau Mouche, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio, onde moradores convivem com conflitos desde o ano passado, também passa pelo recrutamento de adversários. Reportagem exibida neste domingo pelo “Fantástico”, da TV Globo, revelou áudios de paramilitares incentivando traficantes a mudar de lado. No Rio, o combate a esses grupos de milicianos é feito pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
Em uma das gravações, um miliciano pede ao traficante para passar informações e depois "atravessar": "O menor está em contato comigo. Ele é gerente da boca, tem uma pistola. Falei com ele: 'sabe o que você pode fazer? Sai dando informação pra a gente, depois tu pega e atravessa, pô'". Em outro registro, o paramilitar diz: "Dá meu contato pra ele que eu vou entrar na mente dele".
Moradores da Praça Seca relataram para a reportagem do Fantástico como funciona o domínio dos milianos na região. Além de cobrarem R$ 40 por uma falsa segurança e monopolizarem os serviços de gás, TV a Cabo, água e internet, a quadrilha controla o conteúdo dos celulares de quem vive no local:
"...Eles olham até o telefone das pessoas. Mandam você desbloquear e se tiver alguma coisa no telefone que comprometa eles, você vai pagar por aquilo (...) Eles olham as mensagens, as ligações, whatsapp (...) Olham a sua galeria de fotos, vêem se você está repassando fotos, vídeos".
A quadrilha também envia ameaças em grupos de WhatsApp de moradores: "Pode meter o pé do morro que agora não vai ter desenrolo, o pau vai cantar, a jiripoca vai piar, a bala vai voar e não tem jeito. É ordem. Morador que não pagou os dias de atraso, vai pagar, mano. Vai ter que pagar. Não vai ter Bope, não vai ter ninguém, não (...) É milícia do Rio de Janeiro, rapá!”, avisam.
Ainda conforme a reportagem, o poder das milícias não parece diminuir no Rio, apesar de o estado estar sob intervenção federal. A Polícia investiga a participação desses grupos paramilitares na execução da vereadora Marielle Franco (Psol) e também de cinco jovens dentro d eum condomínio, na cidade de Maricá.




Testemunhas do assassinato de Marielle dão detalhes sobre o crime e dizem que PMs as expulsaram do local



Jornal O Globo localizou duas pessoas que afirmam ter presenciado o momento em que vereadora e motorista foram executados no Centro do Rio. Ambas contaram versões idênticas e nenhuma foi ouvida pela polícia.

Uma reportagem publicada na edição deste domingo (1) pelo jornal O Globo revela novos detalhes sobre a execução da vereadora do Psol Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. As informações foram dadas por duas testemunhas que não foram ouvidas pela polícia. Ambas teriam afirmado que policiais militares mandaram testemunhas sair do local do crime.
O Globo conversou com as duas testemunhas em separado e ambas deram a mesma versão sobre o crime, que inclui detalhes sobre o momento da abordagem, a rota de fuga e as características físicas do autor dos disparos que mataram a vereadora e o motorista.
Segundo as testemunhas, o carro em que os assassinos estavam imprensou o veículo conduzido por Anderson no qual estavam Marielle e uma assessora parlamentar e que quase subiu na calçada. Ambas disseram, também, que só viram um veículo no momento em que foram feitos os disparos. As imagens de câmeras de vigilância sugeriam que dois veículos haviam perseguido o carro em que a vereadora estava.
As testemunhas disseram também que viram um homem negro, que estava sentado no banco de trás do carro dos criminosos, colocando o braço para fora do veículo com uma arma de cano alongado e que o armamento parecia ter um silenciador.
As duas pessoas ouvidas pelo jornal afirmaram ainda que o carro usado pelos criminosos deu uma guinada e fugiu, cantando pneus, pela Rua Joaquim Palhares. Até então, a suspeita era de que a fuga teria ocorrido pela Rua João Paulo Primeiro, perpendicular à Joaquim Palhares.

Ainda segundo o Jornal O Globo, as duas testemunhas revelaram que permaneceram no local do crime até a chegada da polícia, mas que os policiais militares mandaram todos sair de lá sem serem ouvidos.
Desde os assassinatos de Marielle e Anderson Gomes, a investigação está sob sigilo. Diante da reportagem do Jornal O Globo, a GloboNews questionou à Polícia Civil sobre a razão perla qual as duas testemunhas não foram ouvidas. A corporação não se pronunciou a respeito.
Na semana passada, o secretário de Segurança, general Richard Nunes, disse em uma entrevista à GloboNews que é inegável que as investigações sobre o crime indiquem uma motivação relacionada à atuação política de Marielle Franco. Um investigador do caso relatou ao jornal O Globo que estão sendo considerados projetos da vereadora e conflitos relacionados à atividade legislativa, apesar de ela nunca ter recebido ameaças. O mesmo agente afirmou que ela defendia pautas que contrariavam interesses de grupos, inclusive de milicianos.