Comandante do Exército teme que crime organizado no Brasil 'caminhe para situação como a do México'























Em homenagem a soldado morto no regime militar, general Villas Bôas defendeu 'coesão nacional para o desenvolvimento' para que 'gerações futuras não passem pelo que ocorreu há 50 anos'.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou nesta quinta-feira (5) temer que a infiltração do crime organizado no país contamine outras instituições, levando o Brasil para uma situação semelhante à do México, com mortes e confrontos entre integrantes de cartéis, ou da Colômbia no passado recente, com disputas entre guerrilhas do narcotráfico e o governo.
O general conversou com jornalistas durante evento em São Paulo. Nas últimas semanas, ele encontrou pré-candidatos à Presidência da República. Nos encontros, ele demonstrou preocupação em relação ao orçamento para a defesa e o controle das fronteiras. Entre os pontos que conversou com os pré-candidatos, disse ele nesta quinta, está a "segurança da população".
"Tratamos das fronteiras e do combate ao crime organizado e às organizações criminosas. Eu tenho muito receio que estas organizações vão se estruturando, se ampliando, ganhando caráter nacional e internacional e, inclusive, elas aumentam sua capacidade de contaminar outras instituições", afirmou.
"Eu tenho medo, por exemplo, que a gente caminhe para uma situação como a vivida no México atualmente, ou como a que foi vivida na Colômbia com os cartéis, há 20 anos", disse Villas Bôas.
Segundo ele, a questão das drogas está "avançando e enfraquecendo a sociedade brasileira".
Herzog e o sargento Kozel
O comandante do Exército, que está usando cadeira de rodas devido a uma doença degenerativa, participou de um ato em São Paulo em homenagem ao sargento Mário Kozel Filho, morto em um atentado de grupo armado contra a sede do Exército na capital paulista em 1968. Um carro-bomba com 20 quilos de explosivos destruiu parte do quartel e deixou mais cinco feridos.
O evento ocorreu um dia após a Corte Interamericana de Direitos Humanos considerar o Estado brasileiro responsável pela falta de investigação, julgamento e sanção dos responsáveis pela tortura e assassinato do jornalista Vladimir Herzog, morto durante o regime militar.
"Eu gostaria de que a família do sargento do Kozel tivesse os mesmos direitos e recebesse as mesmas atenções que a família do Herzog. Mas o contexto da morte do Herzog e do Kozel devem fazer um alarde comparativo com o que vivemos hoje. Naquela época, a sociedade brasileira cometeu um erro de permitir a linha de confrontação da guerra fria cindisse a nossa sociedade e criou acabando um ambiente para que fatos lamentáveis como a morte do soldado Kozel como o que aconteceu com o Vladimir Herzog tivessem ocorrido", disse ele.
"Nós hoje vivemos um momento em que nossa sociedade foi perpassada por muitas linhas de fratura".
"Temos que olhar para a frente, recuperar a coesão nacional e restabelecer uma ideologia de desenvolvimento, um sentido de projeto, para que as gerações futuras nao venham a passar pelo que ocorreu há 50 anos. Este é o o grande ensinamento disso tudo".
"Estas separações que estão ocorrendo na sociedade... nós estamos na iminência de algo muito grave ocorrer, que é a perda da nossa identidade. E isso não pode acontecer num país com o potencial do Brasil, que tem papel muito grande a cumprir no mundo", afirmou o general.
Movimento intervencionista
Villas Bôas minimizou o movimento intervencionista que ganha força em manifestações populares, que pedem maior participação política do Exército ou uma possível intervenção militar no Executivo. Para ele, as pessoas apenas se identificam com os valores militares, sem fundo ideológico.
"Este movimento, eu, pessoalmente, interpreto como uma identificação da população com os valores que as Forças Armadas representam, e uma âsia pelo restabelecimento da ordem. Eu não vejo caráter ideológico nisso. Mas, de qualquer forma, as Forças Armadas, o Exército, se eventualmente vierem a intervir, será para fazer cumprir a Constituição, manter a democracia e proteger as instituições", disse.
Segundo ele, isso se daria da forma como ocorreu quando houve a convocação para as Forças Armadas atuarem durante a greve dos caminhoneiros e também na intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro.
"Quem interpreta que o Exército pode intervir é porque não conhece as Forças Armadas e a sua determinação democrática", salientou o comandante.
Intervenção no Rio
O oficial também rebateu críticas à demora na mudança da situação da violência no Rio de Janeiro após a intervenção federal decretada na segurança pública em fevereiro pelo presidente Michel Temer e sob o comando do Exército. Segundo Villas Bôas, o processo é lento e envolve mudanças no caráter "estrutural" da polícia fluminense e no modo de agir e pensar das forças de segurança locais.
"Os verdadeiros resultados da intervenção no Rio vão demandar um pouco mais de tempo. É uma missão extremamente difícil, extremamente preocupante e extremamente necessária"
"Em relação às críticas, as pessoas têm que entender que esta situação vivida no Rio em segurança pública, ela é decorrente de uma espécie de omissão das autoridades e da justiça, e decorrente também de programas e valores que permeiam a nossa sociedade hoje. As pessoas perderam a confiança umas nas outras. Nosso país está muito carente de disciplina e princípio da autoridade está muito corroído. A reversão deste quadro exige tempo. As principais medidas estão sendo tomadas pela equipe de intervenção e são de caráter estrutural, como a reestruturação da Polícia Militar", disse ele.
"Já ocorreram melhoras e que, infelizmente, não são tão divulgadas. Os verdadeiros resultados vão demandar um pouco mais tempo. É uma missão extremamente difícil, extremamente preocupante e extremamente necessária", salientou.


Bolsonaro lidera no ES com 27,5% contra 15,1% de Marina e 9,9% de Ciro

PARANÁ PESQUISAS

















Em cenário com Lula, Bolsonaro ainda aparece à frente, com 25,5%

O deputado Jair Bolsonaro (PSL) lidera as intenções de voto para presidente da República entre os eleitores do Espírito Santo com 27,5%, segundo levantamento Paraná Pesquisas. Em segundo, aparece Marina Silva (Rede) com 15,1%, seguida de Ciro Gomes (PDT) com 9,9% e Geraldo Alckmin (PSDB) com 5,6%.
O senador Alvaro Dias (Podemos) teria 3,7% contra 2,1% de Manuela D’Ávila (PCdoB), 2% de Fernando Haddad (PT), 1,3% de Henrique Meirelles (MDB) e 1,2% de João Amôedo (Novo). Os demais candidatos não atingiram 1%.
Para 22,2% dos entrevistados, nenhum dos candidatos merece ser votado e 6,4% não souberam ou não quiseram responder.
Em um segundo cenário, incluindo o nome de Lula apesar da condenação em 2ª instância por corrupção e lavagem de dinheiro, Bolsonaro também lidera, com 25,5% contra 23,6% do petista. Marina teria 9,5%, seguida por Ciro (6,2%), Alckmin (5,1%), Alvaro Dias (3,1%), Manuela (1,2%) e Amôedo (1,1%). Os demais candidatos não atingiriam 1% dos votos. Nesse cenário, 17,7% não votariam em nenhum dos candidatos e 4,5% não souberam ou não quiseram responder.
Avaliação do governo Temer
Sobre o governo do presidente Michel Temer, 61,7% avaliam a administração como péssima, 16,4% a classificam como ruim, 16,6% como regular, 3% como boa e apenas 0,8% a veem como ótima.
Do total, 86,9% disseram desaprovar a administração do governo e 9,5% aprovam. Há ainda 3,5% que não souberam ou não quiseram opinar.
O Paraná Pesquisas ouviu 1.540 eleitores em 50 municípios capixabas entre os dias 28 de junho e 3 de julho. O grau de confiança do levantamento é de 95% e a margem de erro é de 2,5% para mais ou menos.



Empresários aplaudem Bolsonaro e vaiam Ciro durante evento da CNI























Para Bolsonaro, país ficará ingovernável com 'este Supremo'
Rivais na disputa pelo Planalto, Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) provocaram nesta quarta-feira (4) reações antagônicas em uma plateia formada por empresários que se reuniram em Brasília para ouvir as propostas dos pré-candidatos à sucessão de Michel Temer.
Com um discurso superficial, sem detalhar propostas ou aprofundar pensamentos sobre sua possível política econômica, Bolsonaro adotou uma postura mais palatável ao empresariado e foi aplaudido por pelo menos dez vezes durante sua exposição em evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Já Ciro Gomes foi vaiado justamente por defender um tema caro aos empregadores: a revisão da reforma trabalhista aprovada pelo Congresso no ano passado.
O ex-governador do Ceará afirmou não ter poder para revogá-la, mas disse que vai retomar a discussão caso seja eleito em outubro. “Meu compromisso com as centrais sindicais é botar esta bola de volta para o meio de campo.”
A explanação do pedetista causou mal-estar na plateia, que o vaiou na mesma hora. Reativo como costuma ser, Ciro respondeu: “Pois é, vai ser assim mesmo. Se quiserem presidente fraco, escolham um desses aí que vêm com conversa fiada para vocês.”
“Confiança não é simpatia. Confiança é não mentir”, completou o pré-candidato do PDT. Ao final do encontro, Ciro pediu desculpas por qualquer “veemência”, mas afirmou não ter se sentido agredido com as vaias. E ponderou que também foi aplaudido pela audiência.
No âmbito político, Ciro disse que parte do Congresso é vista como corrupta e atacou Temer ao afirmar que “há um quadrilheiro na Presidência”.
Para Bolsonaro, o país ficará “ingovernável” com “este Supremo”. “A gente precisa de um presidente que evite que o nosso Supremo Tribunal Federal continue legislando, bem como o Conselho Nacional de Justiça legisla também”, afirmou.
O presidenciável do PSL disse ainda que militares comandarão alguns dos 15 ministérios que pretende ter, caso seja eleito em outubro.
“Vou botar alguns generais nos ministérios caso eu chegue lá. Qual o problema? Os [presidentes] anteriores botavam terroristas e corruptos e ninguém falava nada.”
Mesmo diante de empresários, Bolsonaro admitiu que não entende de economia. “Quando falei que não entendia de economia, entendi que a grande mídia fosse levar para o lado da humildade.”
Em diversos momentos, disse frases como “não quero falar aquilo que não domino com grande propriedade”, “tenho muito mais a aprender do que a ensinar” ou afirmou que quem deveria responder algumas questões era o economista Paulo Guedes, que presta consultoria para sua pré-campanha.
Ressaltando que “ninguém quer o mal do meio ambiente”, propôs fundir os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente e disse que o país está “inviabilizado” por questões ambientais, indígenas e quilombolas.
Ainda jogando para a plateia, Bolsonaro fez afirmações como “jamais quero ser patrão no Brasil com esta legislação”, “sem patrão não há empregado” e “os senhores são os nossos patrões”.
Sem dar nenhum tipo de detalhe sobre a proposta, falou em manter a inflação baixa e a taxa de juros e em ter um dólar “que não atrapalhe” sem aumentar impostos.
Também buscou -com sucesso- aplausos e risos ao fazer críticas em cima de questões sociais, como quando disse que “nada contra quem é feliz com seu parceiro semelhante. Vá ser feliz. Quem sabe amanhã eu seja também?”
Bolsonaro lidera a corrida presidencial em cenários sem o ex-presidente Lula, segundo pesquisa Datafolha divulgada em junho. Ciro apareceu em terceiro lugar, atrás também de Marina Silva (Rede).
No evento, Henrique Meirelles (MDB) testou sua nova estratégia de campanha e fez um discurso em que citou o governo Lula como sua experiência de sucesso, dizendo que vai mostrar que foi ele quem conduziu a política econômica na boa fase da gestão petista. “A lembrança daquela época é a de que 60 milhões de pessoas entraram na classe média, porque o país cresceu”, disse Meirelles.
Meirelles comandou o Banco Central no governo Lula e, na gestão Temer, de maio de 2016 a abril deste ano, foi ministro da Fazenda.
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) buscou no presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendendo uma política de redução de tributos.
“Trump reduziu o imposto corporativo. Temos de estimular novos investimentos”, disse.
Alvaro Dias (Podemos) defendeu uma mudança no modelo de escolha dos ministros de tribunais superiores.

Dias Toffoli, próximo presidente do STF, desautoriza Moro e manda tirar tornozeleira eletrônica de Dirceu




















Ministro diz que José Dirceu deve ter 'liberdade plena'

O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), cassou nesta segunda-feira (2) decisão do juiz Sergio Moro que havia determinado que o ex-ministro José Dirceu colocasse tornozeleira eletrônica.
Dirceu foi solto por decisão da maioria dos ministros da Segunda Turma, que, na última terça (26), lhe concedeu de ofício um habeas corpus para que ele espere em liberdade o julgamento de uma reclamação apresentada por sua defesa ao Supremo.
Toffoli considerou que Moro extravasou sua competência ao impor a Dirceu outras medidas cautelares, como o uso de tornozeleira.
“O Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR, em decisão com extravasamento de suas competências, restabeleceu medidas cautelares diversas da prisão, outrora determinadas em desfavor do paciente, à míngua de qualquer autorização deste Supremo Tribunal Federal, que, em decisão colegiada da Segunda Turma, deferiu medida cautelar em habeas corpus de ofício, para assegurar a liberdade plena ao ora reclamante até a conclusão de julgamento da ação”, escreveu o ministro do STF.
Ainda segundo Toffoli, questões atinentes à execução provisória da pena ou a medidas cautelares diversas da prisão -que não foram impostas pelo STF- deveriam ter sido apreciadas pela Vara de Execução Penal do Distrito Federal, que tem a jurisdição sobre o processo de execução de Dirceu, e não pelo juiz de Curitiba.
Dirceu cumpria pena na Papuda, em Brasília, até obter o habeas corpus. Ele foi condenado em segunda instância na Lava Jato a 30 anos e nove meses de prisão.
O argumento da Segunda Turma para lhe conceder o habeas corpus de ofício foi a plausibilidade jurídica de seu recurso no STJ (Superior Tribunal de Justiça) no tocante à dosimetria (tamanho da pena).
Toffoli determinou que Moro seja comunicado com urgência sobre sua decisão de retirar a tornozeleira eletrônica.
O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), cassou nesta segunda-feira (2) decisão do juiz Sergio Moro que havia determinado que o ex-ministro José Dirceu colocasse tornozeleira eletrônica.
Dirceu foi solto por decisão da maioria dos ministros da Segunda Turma, que, na última terça (26), lhe concedeu de ofício um habeas corpus para que ele espere em liberdade o julgamento de uma reclamação apresentada por sua defesa ao Supremo.
Toffoli considerou que Moro extravasou sua competência ao impor a Dirceu outras medidas cautelares, como o uso de tornozeleira.
“O Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR, em decisão com extravasamento de suas competências, restabeleceu medidas cautelares diversas da prisão, outrora determinadas em desfavor do paciente, à míngua de qualquer autorização deste Supremo Tribunal Federal, que, em decisão colegiada da Segunda Turma, deferiu medida cautelar em habeas corpus de ofício, para assegurar a liberdade plena ao ora reclamante até a conclusão de julgamento da ação”, escreveu o ministro do STF.
Ainda segundo Toffoli, questões atinentes à execução provisória da pena ou a medidas cautelares diversas da prisão -que não foram impostas pelo STF- deveriam ter sido apreciadas pela Vara de Execução Penal do Distrito Federal, que tem a jurisdição sobre o processo de execução de Dirceu, e não pelo juiz de Curitiba.
Dirceu cumpria pena na Papuda, em Brasília, até obter o habeas corpus. Ele foi condenado em segunda instância na Lava Jato a 30 anos e nove meses de prisão.
O argumento da Segunda Turma para lhe conceder o habeas corpus de ofício foi a plausibilidade jurídica de seu recurso no STJ (Superior Tribunal de Justiça) no tocante à dosimetria (tamanho da pena).
Toffoli determinou que Moro seja comunicado com urgência sobre sua decisão de retirar a tornozeleira eletrônica.