Especialista destaca que França é contra acordo Mercosul e UE em proteção ao seu mercado interno

 Fonte: Paulo Niccoli Ramirez, cientista político e professor de sociologia da ESPM

O Mercosul e a União Europeia negociam uma declaração pública sobre o futuro do acordo comercial entre os dois blocos. A ideia é ressaltar que as negociações trouxeram avanços técnicos para entendimentos futuros. Segundo Paulo Niccoli Ramirez, cientista político e professor de sociologia da ESPM, o Brasil recorreu à Alemanha e à Espanha para tentar destravar as negociações, mas sem sucesso.

“Os dois países estão alinhados ao governo brasileiro com a intenção de produzir maior empregabilidade, maior grau de conhecimento científico e tecnológico a partir de cooperação mútua e investimentos. A França discorda do acordo entre os blocos, principalmente por reduções alfandegárias em relação aos produtos agrícolas brasileiros competindo com o seu mercado interno. A França sempre se posicionou contrária ao pacto ao longo das duas décadas de negociações”, comenta Ramirez.

O especialista ressalta que a decisão pública do presidente Macron colocou um freio nas negociações.  “A saída entre os dois blocos é uma divulgação de um documento público que indique os avanços nos últimos meses em ritmo acelerado, com reuniões semanais, impulsionadas pelo desejo do presidente Lula. Esse comunicado também está sendo pensado para diminuir o impacto negativo e que reduza a frustação”, conclui Ramirez.

O especialista está disponível para comentar o assunto.

Sobre a ESPM

A ESPM é uma escola de negócios inovadora, referência brasileira no ensino superior nas áreas de Comunicação, Marketing, Consumo, Administração, Economia Criativa e Tecnologia. Seus 12 600 alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação e mais de 1 100 funcionários estão distribuídos em cinco campi - dois em São Paulo, um no Rio de Janeiro, um em Porto Alegre e um em Florianópolis. O lifelong learning, aprendizagem ao longo da vida profissional, o ensino de excelência e o foco no mercado são as bases da ESPM.

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A GUIANA, O PETRÓLEO E A VENEZUELA: UM CONFLITO GEOPOLÍTICO EM ASCENSÃO

 Milton Lima

Georgetown, capital da Guiana, sua maior cidade e centro cultural, político e econômico do país.

A Guiana, um pequeno país da América do Sul, tem vivido um boom econômico graças à descoberta de grandes reservas de petróleo em seu território. No entanto, esse crescimento tem despertado o interesse e a cobiça da Venezuela, que busca anexar parte da região guianense que detém a maior parte do ouro negro. Esse conflito coloca em questão o impacto do desenvolvimento econômico baseado em um único produto e a importância da liberdade econômica para a prosperidade de uma nação.

A reviravolta econômica da Guiana devido à descoberta de petróleo

A Guiana é um país de 800 mil habitantes e área equivalente à do Estado do Paraná. Após décadas de interferência estatal, corrupção e pobreza, a Guiana adotou políticas de abertura econômica e reformas institucionais que permitiram um rápido crescimento. Segundo o Banco Mundial, a Guiana teve o maior crescimento econômico do mundo em 2022, com um aumento de 62% do seu Produto Interno Bruto (PIB). A previsão para 2023 é de um crescimento de 8,1%, bem acima da média mundial.

O principal fator que impulsionou esse crescimento foi a descoberta de petróleo em sua costa atlântica. A reserva de petróleo descoberta equivale a 23% de todo o petróleo descoberto no mundo na última década, segundo a consultoria Rystad Energy. A Guiana planeja elevar sua produção de petróleo para 1 milhão de barris por dia nos próximos quatro anos, o que a colocaria entre os maiores produtores da América Latina. A previsão é que o PIB per capita da Guiana chegue a 35 mil dólares, semelhante ao de países europeus.

O desafio do crescimento econômico impulsionado pelo petróleo na Guiana

No entanto, o crescimento econômico baseado em um único produto também traz desafios e riscos para a Guiana. Um deles é a chamada “doença holandesa”, que ocorre quando a valorização de um setor exportador, como o petróleo, provoca uma apreciação da moeda nacional e prejudica a competitividade de outros setores, como a agricultura e a indústria. Isso pode gerar uma dependência excessiva do petróleo e uma vulnerabilidade a choques externos, como a queda dos preços internacionais.

Outro desafio é a gestão dos recursos provenientes do petróleo, que devem ser usados de forma transparente e eficiente para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo do país. A Guiana criou um fundo soberano para administrar as receitas do petróleo e destiná-las a projetos de infraestrutura, educação, saúde e proteção ambiental. No entanto, há preocupações sobre a capacidade institucional e a governança do fundo, que podem ser afetadas por interesses políticos e corrupção.

Um terceiro desafio é a diversificação e a abertura econômica, que são fundamentais para evitar a armadilha da renda média e garantir a competitividade e a inovação da economia guianense. A Guiana deve aproveitar o impulso do petróleo para estimular outros setores, como o turismo, a mineração, a pesca e a agricultura, que têm potencial para gerar emprego e renda para a população. Além disso, a Guiana deve buscar uma maior integração regional e global, através de acordos comerciais e de cooperação, que possam ampliar seus mercados e atrair investimentos estrangeiros.

A disputa entre Venezuela e Guiana pelo petróleo: interesses, estratégias e potenciais consequências

O crescimento econômico da Guiana também tem despertado o interesse e a cobiça da Venezuela, que vive uma grave crise política, social e humanitária sob o regime autoritário de Nicolás Maduro. A Venezuela reivindica uma parte do território guianense, conhecida como Guiana Essequiba, que corresponde a 70% da área total da Guiana e detém grande parte do petróleo descoberto. A disputa territorial remonta ao século XIX, quando a Grã-Bretanha, então potência colonial da Guiana, e a Venezuela assinaram um tratado que estabelecia a fronteira entre os dois países. A Venezuela, no entanto, nunca reconheceu esse tratado e considera a região como sua.

O interesse da Venezuela pelo petróleo da Guiana se deve à baixa qualidade do seu próprio petróleo, que é pesado e caro de extrair e refinar. Além disso, a indústria petrolífera venezuelana está em decadência, devido à má gestão, à corrupção e às sanções internacionais impostas ao regime de Maduro. A Venezuela, que já foi o maior produtor de petróleo da América Latina, viu sua produção cair de 3,2 milhões de barris por dia em 2008 para 500 mil barris por dia em 2020, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

A estratégia de Maduro para se fortalecer no poder através de um conflito externo é criar uma tensão com a Guiana e mobilizar o nacionalismo e o chavismo de seus apoiadores. Maduro tem feito declarações provocativas e ameaçadoras contra a Guiana, acusando-a de ser uma “colônia” dos Estados Unidos e de violar a soberania venezuelana. Maduro também tem enviado tropas e navios militares para a região fronteiriça, aumentando o risco de um confronto armado.

A possibilidade de vitória de Maduro em um eventual conflito é incerta, mas não pode ser descartada. A Venezuela tem um exército muito maior e mais equipado do que o da Guiana, com cerca de 120 mil soldados e 280 tanques, contra 3,5 mil soldados e 10 tanques da Guiana, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). No entanto, a Guiana conta com o apoio diplomático e militar de países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Brasil e a Colômbia, que reconhecem a legitimidade da fronteira estabelecida pelo tratado de 1899 e condenam as agressões de Maduro.

O destino da pequena nação anglófona e a importância da liberdade econômica

O destino da pequena nação anglófona permanece indefinido, diante dos desafios e das oportunidades que o petróleo traz. A Guiana tem a chance de se tornar um exemplo de prosperidade e democracia na região, se souber aproveitar os recursos do petróleo para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo de seu povo, respeitando os princípios da liberdade econômica e política. Por outro lado, a Guiana pode se tornar uma vítima da ambição e da violência de Maduro, se não conseguir defender sua soberania e sua integridade territorial, contando com o apoio da comunidade internacional.

A liberdade econômica é um fator determinante para a prosperidade de um país, pois permite que as pessoas tenham mais oportunidades, escolhas e bem-estar. A liberdade econômica envolve aspectos como o respeito à propriedade privada, o estado de direito, a livre iniciativa, a livre concorrência, a livre circulação de bens, serviços e capitais, a baixa carga tributária, a baixa interferência estatal, a transparência e a responsabilidade fiscal. Segundo o Índice de Liberdade Econômica de 2021, elaborado pela Heritage Foundation, a Guiana ocupa a 134ª posição entre 180 países, com uma pontuação de 54,7, considerada “moderadamente livre”. A Venezuela ocupa a última posição, com uma pontuação de 25,2, considerada “reprimida”.

A liberdade econômica é um direito humano fundamental, que deve ser respeitado e protegido por todos os países. A liberdade econômica é a base para a liberdade política, social e individual, que são essenciais para a dignidade e a felicidade das pessoas. A liberdade econômica é a chave.

Brasil nos últimos lugares do PISA novamente - Epoch Times Brasil