Milton Lima
A Guiana, um pequeno país da
América do Sul, tem vivido um boom econômico graças à descoberta de grandes
reservas de petróleo em seu território. No entanto, esse crescimento tem
despertado o interesse e a cobiça da Venezuela, que busca anexar parte da
região guianense que detém a maior parte do ouro negro. Esse conflito coloca em
questão o impacto do desenvolvimento econômico baseado em um único produto e a
importância da liberdade econômica para a prosperidade de uma nação.
A
reviravolta econômica da Guiana devido à descoberta de petróleo
A Guiana é um país de 800 mil
habitantes e área equivalente à do Estado do Paraná. Após décadas de
interferência estatal, corrupção e pobreza, a Guiana adotou políticas de
abertura econômica e reformas institucionais que permitiram um rápido
crescimento. Segundo o Banco Mundial, a Guiana teve o maior crescimento
econômico do mundo em 2022, com um aumento de 62% do seu Produto Interno Bruto
(PIB). A previsão para 2023 é de um crescimento de 8,1%, bem acima da média
mundial.
O principal fator que
impulsionou esse crescimento foi a descoberta de petróleo em sua costa
atlântica. A reserva de petróleo descoberta equivale a 23% de todo o petróleo
descoberto no mundo na última década, segundo a consultoria Rystad Energy. A
Guiana planeja elevar sua produção de petróleo para 1 milhão de barris por dia
nos próximos quatro anos, o que a colocaria entre os maiores produtores da
América Latina. A previsão é que o PIB per capita da Guiana chegue a 35 mil
dólares, semelhante ao de países europeus.
O desafio
do crescimento econômico impulsionado pelo petróleo na Guiana
No entanto, o crescimento
econômico baseado em um único produto também traz desafios e riscos para a
Guiana. Um deles é a chamada “doença holandesa”, que ocorre quando a
valorização de um setor exportador, como o petróleo, provoca uma apreciação da
moeda nacional e prejudica a competitividade de outros setores, como a
agricultura e a indústria. Isso pode gerar uma dependência excessiva do
petróleo e uma vulnerabilidade a choques externos, como a queda dos preços
internacionais.
Outro desafio é a gestão dos
recursos provenientes do petróleo, que devem ser usados de forma transparente e
eficiente para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo do país. A
Guiana criou um fundo soberano para administrar as receitas do petróleo e
destiná-las a projetos de infraestrutura, educação, saúde e proteção ambiental.
No entanto, há preocupações sobre a capacidade institucional e a governança do
fundo, que podem ser afetadas por interesses políticos e corrupção.
Um terceiro desafio é a
diversificação e a abertura econômica, que são fundamentais para evitar a
armadilha da renda média e garantir a competitividade e a inovação da economia
guianense. A Guiana deve aproveitar o impulso do petróleo para estimular outros
setores, como o turismo, a mineração, a pesca e a agricultura, que têm
potencial para gerar emprego e renda para a população. Além disso, a Guiana
deve buscar uma maior integração regional e global, através de acordos
comerciais e de cooperação, que possam ampliar seus mercados e atrair
investimentos estrangeiros.
A disputa
entre Venezuela e Guiana pelo petróleo: interesses, estratégias e potenciais
consequências
O interesse da Venezuela pelo
petróleo da Guiana se deve à baixa qualidade do seu próprio petróleo, que é
pesado e caro de extrair e refinar. Além disso, a indústria petrolífera
venezuelana está em decadência, devido à má gestão, à corrupção e às sanções
internacionais impostas ao regime de Maduro. A Venezuela, que já foi o maior
produtor de petróleo da América Latina, viu sua produção cair de 3,2 milhões de
barris por dia em 2008 para 500 mil barris por dia em 2020, segundo a
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
A estratégia de Maduro para se
fortalecer no poder através de um conflito externo é criar uma tensão com a
Guiana e mobilizar o nacionalismo e o chavismo de seus apoiadores. Maduro tem
feito declarações provocativas e ameaçadoras contra a Guiana, acusando-a de ser
uma “colônia” dos Estados Unidos e de violar a soberania venezuelana. Maduro
também tem enviado tropas e navios militares para a região fronteiriça,
aumentando o risco de um confronto armado.
A possibilidade de vitória de
Maduro em um eventual conflito é incerta, mas não pode ser descartada. A
Venezuela tem um exército muito maior e mais equipado do que o da Guiana, com
cerca de 120 mil soldados e 280 tanques, contra 3,5 mil soldados e 10 tanques
da Guiana, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). No
entanto, a Guiana conta com o apoio diplomático e militar de países como os
Estados Unidos, o Reino Unido, o Brasil e a Colômbia, que reconhecem a
legitimidade da fronteira estabelecida pelo tratado de 1899 e condenam as
agressões de Maduro.
O destino
da pequena nação anglófona e a importância da liberdade econômica
O destino da pequena nação
anglófona permanece indefinido, diante dos desafios e das oportunidades que o
petróleo traz. A Guiana tem a chance de se tornar um exemplo de prosperidade e
democracia na região, se souber aproveitar os recursos do petróleo para
promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo de seu povo, respeitando os
princípios da liberdade econômica e política. Por outro lado, a Guiana pode se
tornar uma vítima da ambição e da violência de Maduro, se não conseguir
defender sua soberania e sua integridade territorial, contando com o apoio da
comunidade internacional.
A liberdade econômica é um fator
determinante para a prosperidade de um país, pois permite que as pessoas tenham
mais oportunidades, escolhas e bem-estar. A liberdade econômica envolve
aspectos como o respeito à propriedade privada, o estado de direito, a livre
iniciativa, a livre concorrência, a livre circulação de bens, serviços e
capitais, a baixa carga tributária, a baixa interferência estatal, a
transparência e a responsabilidade fiscal. Segundo o Índice de Liberdade
Econômica de 2021, elaborado pela Heritage Foundation, a Guiana ocupa a 134ª
posição entre 180 países, com uma pontuação de 54,7, considerada “moderadamente
livre”. A Venezuela ocupa a última posição, com uma pontuação de 25,2,
considerada “reprimida”.
A liberdade econômica é um direito humano fundamental, que deve ser respeitado e protegido por todos os países. A liberdade econômica é a base para a liberdade política, social e individual, que são essenciais para a dignidade e a felicidade das pessoas. A liberdade econômica é a chave.
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