Eu presenciei a violência contra Marina Silva em 2014. Gente que
se dizia leve, amiga dos amigos dela, defensores dos direitos humanos,
democratas e progressistas, de repente se transformou em seres alucinados e
violentos, desferindo ataques sem pensar, reproduzindo o que era repassado pela
máquina de moer reputações.
– Guerra é guerra! – justificou-se um deles, ao ser por mim
questionado.
Reviraram a vida de Marina, do marido dela, buscaram defeitos
onde não havia, mentiram e injuriaram, porque os fins justificavam os meios.
– Feio é perder – emendou o teórico da baixaria.
Eles fazem isso com a certeza de que é quase impossível alguém
da esquerda sair dela, escapar do laço do passarinheiro. Marina que o diga, ao
declarar apoio crítico aos seus algozes.
Vingativos e donos da razão, eles posam de bonzinhos agora para
dar o troco depois de segunda-feira, caso obtenham êxito nas urnas, que Deus
nos livre e guarde! Estão com a faca entre os dentes para furar a barriga dos
“inimigos do povo”.
Acusam os adversários de fascistas, mas agem como os
sindicalistas de Mussolini ao fraudar eleições sindicais, desaparecendo com
urnas no meio da noite. Mentem e roubam, sob uma capa de honestidade, rasgada
após as investigações da Lavajato. Desmascarados, adotaram o lema de que todos
são corruptos. A diferença é que eles roubam em nome do povo. Como sempre
fizeram, matando, massacrando e exterminando o povo em nome do próprio.
Não se iludam: eles são os fascistas de esquerda.
Miguel Lucena é Delegado de
Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.