Oportunidade perdida

Empreiteiras recusaram acordo, proposto por ex-ministro, que colocaria fim à operação

“As empresas só consideravam a ideia de pagar multa e finalizar a investigação, mas sem assunção de culpa”
Alberto Toron advogado da UTC
Márcio Thomaz Bastos, que foi titular da Justiça no governo Lula e em 2014 advogava para empreiteiras, estimou valor a ser devolvido a partir de conversa com o procurador Janot
AILTON DE FREITAS/2-8-2012Negociação. Márcio Thomaz Bastos no plenário do STF durante julgamento do mensalão: ex-ministro propôs acordo com empreiteiras que incluía pagamento de indenização
Quando a Operação Lava-Jato estava em seu início, e nenhum empreiteiro havia sido preso, o advogado Márcio Thomaz Bastos propôs aos executivos dessas empresas, em setembro de 2014, que assumissem a culpa pelos atos de corrupção na Petrobras e pagassem R$ 1 bilhão de indenização. Esse valor teria sido sugerido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em conversas com Bastos, que foi ministro da Justiça no governo Lula e, na época, advogava para Camargo Corrêa e Odebrecht, relata THIAGO HERDY. Bastos chegou a encomendar uma minuta de acordo de leniência, que não prosperou, diante da resistência da própria Odebrecht, da OAS e da Engevix. Dois meses depois, os executivos das empreiteiras começaram a ser presos. -SÃO PAULO- Seis meses após o início da Operação Lava-Jato, em setembro de 2014 advogados das maiores empreiteiras brasileiras sentaram-se à mesa do ex-ministro da Justiça e advogado Márcio Thomaz Bastos para ouvir o seu diagnóstico: era melhor que todos fizessem um grande acordo para tentar encerrar as investigações. O preço era assumir a culpa em atos de corrupção envolvendo a Petrobras e pagar uma indenização a ser rateada entre as empresas. Algo estimado, na época, em R$ 1 bilhão, valor que teria sido surgido a partir de conversas de Bastos com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
A proposta foi recusada. Dois meses depois, a Polícia Federal começou a prender executivos de empresas como Camargo Corrêa, OAS, Engevix e UTC.
Segundo os advogados que participaram das conversas, a oposição mais contundente veio das empresas Odebrecht, OAS e Engevix. Bastos, ex-ministro do governo Lula, mirava o futuro pelo espelho do retrovisor. Primeiro, conhecia o rigor do juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, Sérgio Moro, de outros carnavais — principalmente em processos que envolviam lavagem de dinheiro e corrupção.
O advogado já detectava a ação de uma forçatarefa bem articulada, com profissionais dispostos a chegar longe. E percebeu cedo que, do Palácio do Planalto, não viria o bombeiro (ou bombeira) disposto a apagar aquele fogo.
MINUTA COM BASE NA LEI ANTICORRUPÇÃO
Bastos, que foi ministro da Justiça por quatro anos e meio e, em 2014, advogava para Camargo Corrêa e Odebrecht, encomendou a redação de uma minuta à luz da então recém-aprovada Lei Anticorrupção, para circular entre as empresas investigadas. O GLOBO obteve acesso ao documento que poderia ter sido a peça-chave de uma outra narrativa para a Lava-Jato — que completa dois anos na próxima quinta-feira. Pela minuta, “colaboradores e dirigentes” das empresas assumiam terem estado em “situações de potencial conflito com dispositivos legais” e manifestavam “inequívoca disposição em colaborar com a administração na elucidação dos fatos supracitados”.
As empresas se comprometeriam a “cessar a prática” de atos de corrupção relatados no acordo, que seria formalizado pela Controladoria-Geral da União (CGU). Obrigavam-se a “cooperar plenamente com as apurações”, ressarcir “integralmente o dano ao Erário” que viesse a ser identificado, para poderem continuar a ser contratadas pelo poder público. E incluía uma cláusula benéfica às empresas: a qualquer momento poderiam “desistir das obrigações previstas”, ficando “sem efeito” eventuais declarações apresentadas à autoridade.
“Se arrecadar R$ 1 bilhão para fazer dez penitenciárias, estou satisfeito”, teria dito Rodrigo Janot a Bastos, segundo relato do advogado José Francisco Grossi, testemunha do encontro dos dois. Duas fontes próximas a Bastos também confirmaram o valor.
— Ali buscávamos pontes para uma conversa. Era tudo preliminar. Naturalmente, Janot precisaria ainda conversar com os procuradores — conta Grossi.
Na época advogado da UTC, Alberto Toron confirma ser de Thomaz Bastos a ideia original do acordo, sobre o qual conversou com ele e em encontros com outros advogados.
— É preciso lembrar que o contexto de hoje é bem diferente do que havia em setembro de 2014. Não havia empresário preso, apenas uma suspeita de participação de empresas em atos investigados — diz.
Mesmo prestando serviços para a Odebrecht, o ex- ministro ouvia da empresa as ressalvas mais contundes à proposta, segundo os relatos. A maior dificuldade da multinacional brasileira era assumir responsabilidade por crimes, com repercussão em contratos internacionais.
— As empresas só consideravam a ideia de pagar multa e finalizar a investigação, sem assunção de culpa — disse Toron.
No encontros, advogados contra o acordo mencionavam haver elementos para anular a ação policial em tribunais superiores. Segundo relatos de participantes da reunião, diziam que “o primeiro time de criminalistas ainda não havia entrado em campo”, e que a morte da LavaJato era questão de tempo.
“O Brasil mudou, é preciso tomar cuidado”, respondia Bastos, que também mencionava a necessidade de se considerar melhorias em políticas de governança das empresas, inclusive com participação direta de órgãos do governo.
A proposta de acordo foi tocada por Bastos bem antes de várias descobertas da Lava-Jato — como as contas da Odebrecht e de diretores da Petrobras no exterior, repasses a ao ex-ministro José Dirceu e a ação de operadores de propina.
— Naquela época, havia um movimento, uma sucessão de delações com menções às grandes empresas. O agravamento da crise já ocorria e era previsível — conta o criminalista Celso Vilardi, que nos meses seguintes se tornaria o responsável por acordo de executivos da Camargo Corrêa com a força-tarefa da Lava-Jato.
Vilardi lembra o alerta feito por Bastos, desde o início, para o papel das colaborações premiadas. O próprio Vilardi considerava que a anulação de provas — principal estratégia apresentada por advogados que atuaram contra o acordo — não surtiria o efeito esperado:
— Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) confessou a existência de contas no exterior para receber propina de empresas, dinheiro que voltou para o Estado. Anular a operação implicaria aceitar devolver esse dinheiro para pessoas que assumiram crimes. Que magistrado de tribunal superior concordaria com isso? — pergunta Vilardi.
No início de novembro, poucos dias antes da fase da Lava-Jato que ficou conhecida como “Juízo Final”, advogados tiveram um encontro com procuradores. Souberam que seria preciso entregar muito mais informação à polícia e assumir responsabilidades para evitar qualquer ação da Justiça. Como noticiou O GLOBO, a CGU também tentou levar adiante a ideia de viabilizar algum acordo após a morte de Bastos, em 20 novembro de 2014.
O procurador-geral da República não chegou a defender publicamente a proposta de acordo de Bastos. Em encontros com advogados após a morte do ex-ministro, ele se opôs à ideia de formalização de acordo em conjunto e, principalmente, sem assunção de culpa. Quando vazaram informações sobre a continuidade das conversas, sofreu forte reação da força-tarefa, o que resultou no sepultamento de qualquer iniciativa da procuradoria pelo acordo.
Advogada da Odebrecht nos encontros com Bastos, Dora Cavalcanti disse não ter recebido a minuta redigida por encomenda do ex-ministro, de quem afirma ter sido bastante próxima.
— Se chegou a nós, não passou por mim — afirmou Dora, que completou “não ter a lembrança de reunião específica sobre a proposta”.
Responsável pela defesa da Engevix no início da Lava-Jato, o advogado Augusto de Arruda Botelho também disse não ter tratado do assunto com Bastos. O advogado da OAS, Roberto Telhada, não respondeu ao GLOBO.
Por meio da assessoria, Janot disse desconhecer a estimativa de R$ 1bilhão para encerrar a Lava-Jato. Afirmou que considerava, desde aquela época, a força-tarefa em Curitiba a autoridade competente para conduzir qualquer negociação.

O bilhete que liga o doleiro a Dilma

 



Em manuscrito de Alberto Youssef o nome da presidente Dilma aparece próximo a valores. Documento foi entregue pela contadora do doleiro à PF em abril de 2014, às vésperas da campanha eleitoral, e que estranhamente se mantinha incógnito até agora

Sérgio Pardellas
No dia 29 de abril de 2014, quando começou a atuar como informante da Polícia Federal, a contadora de Alberto Youssef, Meire Poza, forneceu à Lava Jato uma série de documentos recolhidos por ela nos escritórios do doleiro. Um deles, se divulgado à época, poderia ter efeito devastador sobre a campanha à reeleição de Dilma Rousseff. Trata-se de um bilhete escrito de próprio punho pelo doleiro em que ele menciona a presidente. No alfarrábio, o nome de Dilma aparece próximo a valores.
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Guardado a sete chaves pela Lava Jato, o manuscrito de Alberto Youssef atravessou a campanha presidencial incógnito e assim permaneceu até agora. ISTOÉ teve acesso com exclusividade ao documento. Na atual circunstância política, – com a presidente cada vez mais isolada e impassível diante da crise e das denúncias envolvendo sua campanha, – a anotação do doleiro renova o seu potencial explosivo. O bilhete é a principal revelação do livro Assassinato de Reputações II – muito além da Lava Jato – de autoria do delegado Romeu Tuma Jr, previsto para ser lançado nesta semana.
É a primeira vez que surge uma prova ligando Dilma ao doleiro. No manuscrito, a referência à Dilma é o segundo item abaixo do registro “1.000.000 Bsb” (um milhão Brasília). Ao lado do nome da atual mandatária do País aparece o número 17, a palavra viagem e ao que tudo indica ser um horário “16:30”. No primeiro item, Youssef refere-se a um “novo embaixador”. Na sequência, ele sugere o desembolso de alguma quantia: “1.000 – Pagar 50”. Para a secretária do doleiro, profunda conhecedora dos submundos do Petrolão, uma das explicações para o apontamento de Youssef seria “algum pagamento que deveria ser feito à Dilma”. 
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De acordo com relato da contadora, ao receber o papel, em abril de 2014 na Superintendência da PF na Lapa, em São Paulo, o delegado Márcio Anselmo, da força-tarefa da Lava Jato, vibrou: “Que coisa maravilhosa”, teria dito, segundo testemunho dela que consta do livro Assassinato de Reputações II. Ao presenciar a cena, Meire pensou na hora: “Dilma estava no esquema”. Anselmo estava acompanhado do agente Rodrigo Prado. Tanto o manuscrito citando Dilma como os demais documentos entregues por Meire foram acondicionados no porta-malas de uma Range Rover Evoque, apreendida pela Lava Jato e agora a serviço da PF. 
No dia seguinte, o agente Prado enviou um email à contadora de Youssef: “Nossa conversa foi muito boa. Vamos mantendo contato por aqui”. Começava ali o trabalho de Meire Poza como uma espécie de agente infiltrada da PF. Ao longo de mais de um ano, até meados de setembro de 2015, a contadora municiou os policiais federais com uma série de informações relevantes. A maioria delas foi considerada pelos integrantes da Lava Jato na hora de produzir provas contra envolvidos no esquema de desvios na Petrobras. 
Os relatos se revelaram cruciais para a deflagração de operações que vieram a seguir. Estranhamente, o bilhete em que o doleiro menciona a presidente teve outro destino. Nunca foi incorporado às provas da Lava Jato. Além de não aparecer no e-Proc, sistema de consulta dos processos da força-tarefa, ISTOÉ apurou que o documento nunca foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) – caminho obrigatório e formal de qualquer indício ou prova envolvendo um presidente da República. “Esse manuscrito nunca apareceu por aqui”, assegurou na semana passada à reportagem de ISTOÉ um alto integrante da PGR que se debruçou sobre o material relativo ao doleiro Alberto Youssef. 
Para Romeu Tuma Jr, o episódio é um claro indicativo de que possa ter havido pressão do Planalto para abafar o caso. “É uma indicação forte de que houve uma tentativa de proteger Dilma”, afirmou Tuma Jr. à ISTOÉ. Hoje, no momento de maior fragilidade da presidente, desde a posse, em que as discussões sobre o impeachment ganham força e vigor, tanto a revelação do bilhete, escrito pelo doleiro, como as suspeitas de mais uma interferência do Planalto na Lava Jato contribuem para tornar a situação da petista ainda mais delicada. 
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Internação do doleiro na véspera do 2º turno chegou a ser tratada como atentado.
Não foi, mas a relação dele com a candidata poderia influir na eleição
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Na semana passada, ISTOÉ publicou com exclusividade trechos da delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). As revelações do parlamentar sacudiram a República. Entre elas, a tentativa de ingerência de Dilma nas investigações da Lava Jato, ao nomear o ministro Marcelo Navarro, ao STJ, em troca do compromisso de soltura de empreiteiros envolvidos no Petrolão. Esta seria mais uma investida de Dilma contra a Lava Jato, desta vez no sentido de evitar a criação de embaraços para ela própria. Razões não faltavam. 
Quando o manuscrito em que o doleiro menciona a presidente chegou às mãos da PF, em 29 de abril de 2014, o País encontrava-se às vésperas da campanha eleitoral. Em 17 de março daquele ano, Alberto Youssef fora preso, acusado de ser um dos operadores do Petrolão. Em setembro, o doleiro iniciaria os seus depoimentos à PF. Perguntado, em uma das sessões, sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro afirmou: “O Planalto sabia de tudo”. Questionado pelo delegado que colhia o depoimento a quem ele se referia, Youssef respondeu: “Lula e Dilma”. 
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Ficou por isso mesmo: Ao ver o bilhete, o delegado
Márcio Anselmo vibrou: “Coisa maravilhosa”
A afirmação se tornou pública na sexta-feira 24 de outubro, antevéspera do segundo turno das eleições. No dia seguinte, o doleiro era internado. Imediatamente, surgiram versões de que ele teria sido alvo de atentado ou queima de arquivo. Oficialmente tratou-se de um infarto. O resto da história, todos sabem: Dilma reeleita por uma margem estreita de votos em relação ao senador Aécio Neves (PSDB). Difícil prever se o surgimento desse novo elemento – no caso, o bilhete de Youssef – seria capaz de mudar os rumos da eleição. É certo, no entanto, que o Planalto, tinha total interesse em manter o documento incógnito em meio ao calor da campanha. Seu vazamento era totalmente inconveniente a Dilma àquela altura.
 O livro Assassinato de Reputações II, cujo fio condutor é a trajetória da contadora Meire Poza, a ligação com Youssef e sua atuação como informante da PF, traz outra revelação importante. Por intrigante. Segundo Meire, a Lava Jato poderia ter sido deflagrada dois anos antes, em 2012, quando ela se dirigiu pessoalmente à sede da PF em São Paulo e se dispôs a colaborar com informações sobre o esquema operado por Alberto Youssef. Quem a recebeu foi o delegado Otávio Margonari Russo, lotado na Lapa de Baixo, bairro da zona oeste de São Paulo. Ela diz ter levado tudo o que tinha de indícios de Youssef associados ao PT. 
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Dinheiro: Para Meire Poza, contadora do doleiro, anotação significa pagamento à Dilma
O delegado prometeu investigar, mas não tomou seu depoimento. Duas semanas depois, quando Meire telefonou cobrando uma posição, o delegado, de acordo com a contadora, primeiro disse não se lembrar dela. Depois, recomendou a Meire que não ligasse mais. “Se eu estiver precisando de alguma coisa, quem liga pra você sou eu”. A ligação nunca veio. Em 26 de maio de 2014, Meire relatou esse episódio em reunião com as estrelas da promotoria da Lava Jato: Deltan Dallagnol, Andrey Borges, Carlos Fernando e Roberson Pozzebon. Também participaram do encontro Márcio Anselmo, com quem Meire costumava conversar pelo whatsapp, e Rodrigo Prado. “Minha história começou em março de 2012, quando denunciei Alberto Youssef à Polícia Federal de São Paulo e não aconteceu nada”, disse. 
Silêncio sepulcral. O primeiro a falar teria sido Dallagnol. “Como assim? Você sabia disso, Márcio?”. Ao que o delegado respondeu: “É, eu sabia. Ela esteve lá com um colega nosso, mas, putz, ele estava cheio de trabalho e não levou isso pra frente”. Anselmo foi procurado por ISTOÉ desde a terça-feira 8, mas não retornou até o fechamento desta edição. A reportagem também tentou uma audiência com a direção da PF em Brasília para tratar do tema. Sem sucesso. Numa conversa mantida em Curitiba com o agente Prado, com o qual mantinha uma relação próxima, Meire ouviu do próprio policial que, em sua avaliação, Otávio Russo, ao não investigar a denúncia formulada por ela em 2012, havia incorrido num crime: o de prevaricação.
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“Esquema de Santo André se reproduziu em Brasília”
A expectativa é que o livro Assassinato de Reputações II - muito além da Lava Jato - repita o estrondoso sucesso da primeira edição
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Ingerência: Para Romeu Tuma Jr, Planalto atuou para retardar início da Lava Jato
Em 2012, Marcos Valério, o operador do mensalão, prestou um depoimento em que revelou pela primeira vez que o pecuarista José Carlos Bumlai havia intermediado um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin para, com metade deste valor, conseguir comprar o silêncio do empresário de transportes, Ronan Maria Pinto. Segundo Valério, Ronan ameaçou envolver o ex-presidente Lula, e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho no assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel. 
Valério tentava um acordo de delação premiada e disse ainda que, como contrapartida ao empréstimo a Bumlai, a Schahin foi recompensada com contratos bilionários na Petrobras. Em fevereiro do ano passado, ISTOÉ trouxe um documento do Banco Central atestando a ilegalidade da operação. Em dezembro, depois de ser preso, Bumlai confessou o esquema. O livro Assassinato de Reputações II – muito além da Lava Jato – traz o contrato da transferência de R$ 6 milhões a Ronan, em 2004. Ele prova que a operação clandestina narrada por Valério e confirmada por Bumlai de fato ocorreu. 
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A documentação, segundo narra o livro, foi repassado à PF pela contadora Meire Poza. De acordo com a secretária de Alberto Youssef, quem lhe entregou o material foi Enivaldo Quadrado, braço-direito do doleiro. “O Enivaldo pediu para que eu guardasse como se fosse a minha vida, pois era o seguro dele contra o Lula”. Fornido dessas e outras importantes revelações, o novo livro de Romeu Tuma Jr. e Claudio Tognolli promete repetir o retumbante sucesso da primeira edição. O Assassinato de Reputações – um crime de Estado, lançado em dezembro de 2013, vendeu mais de 140 mil cópias e ficou 24 semanas na lista dos mais vendidos. 
“Demonstramos no livro que o esquema de Santo André se reproduziu em Brasília. Como ocorreu em Santo André, também tentaram abafar as denúncias de Meire Poza feitas em 2012 sobre o Petrolão. Suspeita-se que tenha sido para preservar o governo, afinal, com o andamento das investigações, tudo o que nós temos assistido sobre a Lava Jato estaria acontecendo às vésperas da eleição de 2014, vencida por Dilma”, diz Tuma Jr. no livro. 
Filho do ex-senador e diretor-geral da Polícia Federal Romeu Tuma - morto em 2010 -, Romeu Tuma Junior é delegado aposentado da Polícia Civil de São Paulo e ex-deputado estadual. Integrou a Interpol e, em 2007, durante o governo Lula, Tuminha, como é conhecido, foi nomeado secretário nacional de Justiça. No cargo, acompanhou operações importantes, como a Satiagraha. Acabou exonerado três anos depois, de maneira repentina, pelo Palácio do Planalto. Diz ter sido vítima de perseguição política.

   Lula tinha razão!  


Diante dos fatos que se sucedem de forma avassaladora e preocupante, não há como fugir a uma análise fria e isenta dos acontecimentos que envolvem a política atual para tentar entender o que realmente se passa com o Brasil. Instabilidade econômica que nos remete ao governo de José Sarney, instabilidade política que nos conduz ao período Collor de Melo, e por fim, mas não menos preocupante, uma revolta e intolerância crescentes que nos evoca período mais assustador, quando as instituições foram atropeladas e a constituição rasgada, o que nos levou a amargar um longo período de privação das mais simples liberdades individuais; quem viveu recorda e revive a frustração de não poder se expressar sobre os fatos mais corriqueiros. Tudo era proibido. O que nos trouxe a esse estado de intolerância, insegurança e descrença nas instituições políticas?  Mesmo tentando não pessoalizar a análise, não há como não atentar para algumas questões que se nos atiram diariamente por parte de um dos "lados", já que querem dividir assim o país. Há uma repetição por parte dos "legalistas" de que "traidores inconformados querem tomar de assalto o planalto", seja lá o que for que querem dizer com isso.
Para quem já observa a situação política do país por volta de meio século, certas situações apresentam-se com bastante clareza, e, a título de contribuição com a verdade dos fatos, devemos informar àqueles que assim pensam que o planalto já foi tomado de assalto !  Sim ! Há cerca de treze anos por aqueles que se diziam acima de todos, melhores que todos, os mais honestos, os que não se misturavam com corruptos, os que não concordavam com ninguém que não os companheiros, os que queriam derrubar todos e tudo para salvar o Brasil ! 
Por onde passaram semearam o ódio e a intolerância, compraziam-se em destruir moralmente as pessoas, a verdade era apenas um detalhe, se suas afirmativas sobre seus inimigos- não possuíam adversários, todos eram inimigos- fossem falsas, pior para a verdade !
Quando a "alma mais honesta deste país" no seu maior golpe, com a ajuda indispensável da marquetagem política, metamorfoseou-se em "lulinha paz e amor", o destino de nosso país foi selado... e "selado" ! pelo menos até aqui. Mas vamos recordar um tempo em que Lula tinha razão".


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Nós do "outro lado"
 
     
Não é preciso muito mais para imaginarmos o que deve ter acontecido. É sintomático o "mais honesto" afirmar com todas as letras que se acostumou a dizer o que a maioria queria ouvir, ligação direta com as várias fases da "metamorfose ambulante". É também muito triste constatar que os "inventores do mito" fossem tão prepotentes no objetivo de inventar a roda, julgando talvez que tivessem em mãos um diamante bruto a ser lapidado, quem sabe o "nosso" Emiliano Zapata ! Pancho Villa não, pois consta que ele detestava bebida. Sabemos que errar é humano, e não pretendemos ser muito intolerantes, mas depois de tudo vamos ter que assistir ainda artistas e intelectuais"defendendo o indefensável ?




Resultado de imagem para emiliano zapata e pancho villa                                                                                                    Emiliano Zapata                                                       Benito Mussolini
    Por ocasião do "mensalão" ouvimos os "nossos astros dizerem que para se fazer algo de bom tinha que se meter a mão na m&*da, misturar-se com a "gentalha do congresso". E as leis, as regras republicanas sabichões ? Pelo que estamos assistindo agora os "honrados companheiros" andaram metendo a mão foi na "bufunfa", no meu, no seu, no nosso dinheiro ! E parece que alguns "companheiros artistas" não tem do que se queixar, não é mesmo ?
                                                                                                              
Infelizmente o pior não é o assalto em larga escala praticado pelos do "outro lado". Parece que o seu mítico ídolo, aquele que possui carisma e inteligência indiscutíveis, sendo realmente uma grande liderança em seu meio, a ponto de cavalgar à vontade, homens e mulheres, de analfabetos a intelectuais, demonstra cada vez mais o seu pendor para o autoritarismo. A demonstração de arrogância e desrespeito para com o judiciário- que felizmente está expondo para a sociedade as vísceras pútridas da corrupção- foi chocante e muito preocupante para aqueles que fazem uma leitura mais profunda dos fatos. 

Pra aqueles que fazem uma ligação entre essa agremiação política e outros partidos e personagens da política no Brasil, seria bom lembrar que nunca houve uma ligação de fato entre esses e aqueles.Referiam-se a Brizola pejorativamente como "caudilho", Getúlio como "pai dos pobres e mãe dos ricos" e por aí vai. Dizem que há muita intolerância com os "do outro lado", que não inventaram a corrupção. Ora, não eram os melhores? os incorruptíveis? Outra coisa: O que fizeram de fato, além das "bolsas"? o que o sr "mais honesto" fez pela educação? não a sua, pois isso ficou demostrado no vídeo da Jandira, grande Jandira! assim como filha e neta tem demostrado que o "cavaco não voa longe do toco". Não precisam responder, sabemos o que sua preposta fez pela "pátria educadora". Os avanços obtidos no primeiro governo petista, com o cenário totalmente favorável, não foram suficientes para resolver os problemas da educação, que continua ocupando posição vexatória no ranking mundial. A propaganda enganosa para ganhar as eleições de 2014 pintava um cenário otimista, ainda que no longo prazo. Tão logo se voltou à realidade de uma economia destroçada, as primeiras medidas tomadas-corte de 10,5 bilhões na educação e o socorro à indústria automobilística-demonstraram claramente quais são as prioridades do governo petista. Não estamos contra o socorro às indústrias, mas não à custa do sacrifício da área mais importante para a emancipação e o crescimento do nosso país. A postura de caudilho bravateiro para os humildes e a subserviência para com o grande capital demonstra claramente o caráter do "grande" líder. E "uns e outros" são a mesma coisa: Lula, Dilma, Dirceu, etc, estão juntos, fechados e misturados. Nós do "outro lado" queremos respirar livres do cheiro da decomposição moral que nos ofertaram sem consulta. 
Esses arroubos de ditador assemelham o "mais honesto" a outras figuras de triste memória, que mesmo com grande carisma e poder de liderança, muitas vezes arrastaram  seus seguidores  para o abismo. Até hoje Benito Mussolini tem seus admiradores. Seria Luiz Inácio um fascista?

 "A liberdade é um cadáver putrefato."
"Se eu avançar sigam-me, se eu retroceder matem-me, se eu morrer, vinguem-me." Benito Mussolini.



Lula movimentará "rede violenta" se não for preso, dizem os promotores

Flávio Costa
Do UOL, em São Paulo

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  • Marcelo Machado de Melo/Reuters
    Para o Ministério Público, Lula manobrou para fugir da investigação
    Para o Ministério Público, Lula manobrou para fugir da investigação
Os promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo afirmam que a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "imprescindível", pois concluem que ele movimentará "toda a sua rede violenta de apoio para evitar que o processo crime que se inicia com a presente denúncia não tenha seu curso natural, com probabilidade evidente de ameaças a vitimas e testemunhas e prejuízo na produção das demais provas do caso, impedindo mesmo o acesso no ambiente forense, intimidando-as a tanto".
A afirmação consta nas justificativaspara o pedido de prisão preventiva de Lula, denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica no caso do tríplex do Guarujá.
O caso será analisado pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, que ainda não tem prazo para fazê-lo.
Os promotores citam matérias de jornais e a conduta do ex-presidente, após ser obrigado a depor a Polícia Federal no âmbito da Lava Jato, para afirmar que Lula "sempre buscou manobras para evitar que a investigação criminal do Ministério Público avançasse".
"As atuais condutas do denunciado Luiz Inácio Lula da Silva, que outrora chegou a emocionar o país ao tomar posse como Presidente da República em janeiro de 2003 ("o primeiro torneiro mecânico" a fazê-lo de forma honrosa e democrática), certamente deixariam Marx e Hegel (sic) envergonhados," afirmam, em seu pedido de prisão preventiva do ex-presidente, os promotores.
É provável que os promotores confundiram os nomes dos pensadores alemães. Ao invés de filósofo Friedrich Hegel, que viveu entre 1770 e 1831, eles deveriam estar se referindo a Friedich Engels (1820-1895), contemporâneo de Karl Marx (1818-1883) e apoiador das ideias do autor do clássico "O Capital".
O documento cita o também alemão Friedrich Nietzche (1844-1900), lembrando da sua teoria do "super-homem".
Ainda como justificativa para a prisão, o trio de promotores paulistas afirma que Lula  "protagonizou verdadeiro ataque às instituições do Sistema de Justiça, fato ocorrido em vídeo gravado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ)".  Nele, o ex-presidente queixa-se, irritado, ao telefone:"Eles que enfiem no c... todo o processo!". Veja o vídeo abaixo: