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Delator da Odebrecht cita caixa dois para Pezão, Paes, Lindbergh e Garotinho
Delator da Odebrecht cita caixa dois para Pezão, Paes, Lindbergh e Garotinho
SÃO PAULO - A delação premiada de Leandro Azevedo,
superintendente da Odebrecht no Rio, envolve os nomes das principais lideranças
políticas do estado. Segundo a revista "Veja" deste final de semana,
Azevedo detalhou doações de caixa dois para o governador Luiz Fernando Pezão
(PMDB), o prefeito Eduardo Paes (PMDB), o senador Lindbergh Farias (PT) e para
o ex-governador Anthony Garotinho (PR) e sua mulher, Rosinha, também do PR.
De acordo com a publicação, Pezão teria recebido R$ 23,6
milhões em espécie e 800 mil euros no exterior durante a campanha de 2014. Em
troca, diz a "Veja", o governador ajudaria na liberação de verbas
para a empreiteira.
"Os pagamentos em dinheiro vivo foram feitos na prole,
do marqueteiro Renato Pereira. A conta no exterior, no Banif, também era da
agência", revela a revista.
Em relação ao prefeito Eduardo Paes, o esquema seria
parecido. A entrega do dinheiro também seria feita na sede da Prole, de acordo
com a delação de Azevedo. Já os depósitos no exterior teriam sido feitos nas
agências do Banif e do J.P. Morgan. Os valores revelados pelo delator apontam
que a campanha de Paes recebera R$ 11,6 milhões no Brasil e US$ 5,7 milhões no
exterior.
Já o senador Lindbergh, apontado por Azevedo pelo codinome
de 'Feio", teria recebido R$ 3,2 milhões na forma de caixa dois em suas
campanhas. O dinheiro seria entregue no escritório dele no Rio.
Azevedo contou também que Garotinho e sua mulher, Rosinha,
teriam recebido R$ 9,5 milhões em três eleições. Os pagamentos, disse o
delator, teriam acontecido no escritório do ex-governador. "Ele mesmo
reclamava quando (os pagamentos) atrasavam", diz a revista, citando trecho
da delação de Azevedo.
OUTROS LADOS
Por meio de sua assessoria, o governador Luiz Fernando
Pezão disse que não comentaria informações vazadas e declarações consideradas
por ele “seletivas”. Todas as doações de campanha, segundo a assessoria, foram
aprovadas pela Justiça eleitoral.
Também por intermédio de sua assessoria, o prefeito Eduardo
Paes informou que não comentaria informações baseadas em vazamentos de supostas
delações não homologadas. “De qualquer maneira, ele nega que tenha praticado ou
autorizado qualquer ato ilegal para arrecadação de fundos da sua campanha à
reeleição em 2012”, diz a nota, salientando ainda que “todas as doações foram
oficiais, feitas dentro da lei e suas contas de campanha foram aprovadas pela
justiça eleitoral”.
Em artigo publicado em seu blog, o ex-governador Anthony
Garotinho, que teve a prisão revogada pela Justiça, provocou o delator a provar
em que banco e qual o número da conta que ele teria feito os tais depósitos.
“Delação premiada não pode nem deve servir para cobranças de faturas de obras
onde existam divergência entre as partes, muito menos para vingança. Para isso
existem as esferas competentes”, diz ele, demonstrando indignação. “Entendo o
momento difícil que a empresa vive, assim como as demais empresas envolvidas em
denúncias de corrupção. Mas querer me comparar a Sérgio Cabral ou outros
políticos que usam o governo para enriquecimento pessoal não é justo, nem muito
menos verdadeiro”, diz ele. A revista, noentanto, não faz menção a Cabral na
delação de Azevedo.
O senador Lindbergh Farias, em nota enviada por sua
asessoria, disse que tomou conhecimento da “suposta delação”, mas que a
desconhece e, portanto, não tem como respondê-la. Ele reforça que todas as suas
campanhas tiveram contas aprovadas pela Justiça Eleitoral e que, “recentemente,
a Polícia Federal solicitou o arquivamento da investigação aberta após citação
semelhante. Tenho a consciência tranquila, não tenho o que temer”, disse na
nota.