Cotado por Temer, Beltrame “ainda” é réu por improbidade





Por que Beltrame não pode ser Secretário Nacional de Segurança

As ligações de Beltrame com Aryzinho, o assessor de Cabral acusado de ser mandante de assassinato
Agora vejam a coincidência. Aryzinho foi acusado pela família do babalorixá cubano Rafael Zamora, de ser o mandante de seu assassinato. O babalorixá namorava uma amante de Aryzinho, que lhe contou esquemas do assessor especial de Cabral. Estranhamente o inquérito que investigava o assassinato desapareceu e nunca foi concluído. Quem era o secretário de Segurança na época? Beltrame, claro. 
Em outro episódio, na Operação Guilhotina, o delegado Cláudio Ferraz denunciou que Aryzinho participou de um esquema para abafar as investigações, depois que Beltrame ficou com medo que o chefe de Polícia Civil, Allan Turnowsky contasse esquemas da secretaria. Beltrame de acusador virou testemunha de defesa de Turnowski. E para proteger o delegado Turnowski e mudar o rumo da Operação Guilhotina chamaram Aryzinho para ajudar. 


“Levei mala de dinheiro para Lula”

Ex-sócio de Fernando de Arruda Botelho, acionista da Camargo Corrêa morto em acidente aéreo há cinco anos, Davincci Lourenço diz à ISTOÉ que ele foi assassinado e que o crime encobriu um esquema de corrupção na empresa. O ex-presidente petista, segundo ele, recebeu propina para facilitar contrato com a Petrobras

A TESTEMUNHA-BOMBA Davincci Lourenço de Almeida diz que ordem partiu de Fernando Botelho, da Camargo Corrêa




Sérgio Pardellas e Germano Oliveira

O personagem que estampa a capa desta edição de ISTOÉ chama-se Davincci Lourenço de Almeida. Entre 2011 e 2012, ele privou da intimidade da cúpula de uma das maiores empreiteiras do País, a Camargo Corrêa. Participou de reuniões com a presença do então presidente da construtora, Dalton Avancini, acompanhou de perto o cotidiano da família no resort da empresa em Itirapina (SP) e chegou até fixar residência na fazenda da empreiteira situada no interior paulista. A estreitíssima relação fez com que Davincci, um químico sem formação superior, fosse destacado por diretores da Camargo para missões especiais. Em entrevista à ISTOÉ, concedida na última semana, Davincci Lourenço de Almeida narrou a mais delicada das tarefas as quais ficou encarregado de assumir em nome de acionistas da Camargo Corrêa: o transporte de uma mala de dinheiro destinada ao ex-presidente Lula. “Levei uma mala de dólares para Lula”, afirmou à ISTOÉ. É a primeira vez que uma testemunha ligada à empreiteira reconhece ter servido de ponte para pagamento de propina ao ex-presidente.
Ele não soube precisar valores, mas contou que o dinheiro foi conduzido por ele no início de fevereiro de 2012 do hangar da Camargo Corrêa em São Carlos (SP) até a sede da Morro Vermelho Táxi Aéreo em Congonhas, também de propriedade da empreiteira. Segundo o relato, a mala foi entregue por Davincci nas mãos de um funcionário da Morro Vermelho, William Steinmeyer, o “Wilinha”, a quem coube efetuar o repasse ao petista. “O dinheiro estava dentro de um saco, na mala. Deixei o saco com o dinheiro, mas a mala está comigo até hoje”, disse. Dias depois, acrescentou ele à ISTOÉ, Lula foi ao local buscar a encomenda, acompanhado por um segurança. “Lula ficou de ajudar fechar um contrato com a Petrobras. Um negócio de R$ 100 milhões”, disse Davincci de Almeida. A atmosfera lúdica do desembarque de Lula na Morro Vermelho encorajou funcionários e até diretores da empresa a posarem para selfies com o ex-presidente. De acordo com Davincci, depois que o petista saiu com o pacote de dinheiro, os retratos foram pendurados nas paredes do hangar. As imagens, porém, foram retiradas do local preventivamente em setembro de 2015, quando a Operação Lava Jato já fechava o cerco sobre a empreiteira. Na entrevista à ISTOÉ, Davincci diz que o transporte dos dólares ao ex-presidente não foi filho único. Ele também foi escalado para entregar malas forradas de dinheiro a funcionários da Petrobras. Os pagamentos, segundo ele, tiveram a chancela de Rosana Camargo de Arruda Botelho, herdeira do grupo Camargo Corrêa. “O Fernando me dizia que a “baixinha”, como ele chamava Rosana Camargo, sabia de tudo”, disse Davincci.
A imersão de Davincci no submundo dos negócios, não raro, nada republicanos tocados pela Camargo Corrêa foi obra de Fernando de Arruda Botelho, acionista da empreiteira morto há cinco anos num desastre aéreo. Em 2011, Davincci havia virado sócio e uma espécie de faz-tudo de Botelho. A sintonia era tamanha que os dois tocavam de ouvido. Foi Botelho quem lhe disse que a mala que carregava teria como destino final o ex-presidente Lula: “A ordem do Fernando Botelho era entregar para o presidente. Ele chamava de presidente, embora fosse ex”. Numa espécie de empatia à primeira vista, os dois se aproximaram quando Arruda Botelho se encantou com uma invenção de Davincci Lourenço de Almeida: um produto revolucionário para limpeza de aviões, o UV30. O componente proporciona economias fantásticas para o setor aéreo. “Com apenas cinco litros é possível limpar tão bem um Boeing a ponto de a aeronave parecer nova em folha. Convencionalmente, para fazer o mesmo serviço, é necessário mais de 30 mil litros de água”, afirmou Davincci.

PARCERIA Botelho (esq) e Davincci (dir) eram sócios na fabricação de produtos para limpeza de aviões
Interessado no produto químico inventado por Davincci, o UV30, Botelho abriu com ele uma empresa de capital aberto, a Demoiselle Indústria e Comércio de Produtos Sustentáveis Ltda. Na sociedade, as cotas ficaram distribuídas da seguinte forma: 25% para Fernando de Arruda Botelho, 25% para Rosana Camargo de Arruda Botelho, herdeira do grupo Camargo Corrêa, 25% para Davincci de Almeida e 25% para Alberto Brunetti, parceiro do químico desde os primórdios do UV30. Pelo combinado no fio do bigode, o casal Fernando e Rosana entraria com o dinheiro. Davincci e Alberto, com o produto. Em janeiro de 2012, a Camargo Corrêa lhe propôs o encerramento da empresa. Simultaneamente, a construtora, segundo a testemunha, fez um depósito de US$ 200 milhões nos Estados Unidos, no Bank of América, em nome da Demoiselle. O dinheiro tinha por objetivo promover o produto no exterior e fechar parcerias com a Vale Fertilizantes, Alcoa, CCR, e outras empresas interessadas na expansão do negócio. A operação intrigou Davincci. Mas o pior ainda estaria por vir.

Acidente ou assassinato?

As negociatas também foram reveladas em depoimento ao promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, que ouviu Davincci em quatro oportunidades. Blat encaminhou os depoimentos à força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba. À ISTOÉ, o promotor disse acreditar que a Camargo Corrêa possa ter usado Davincci como “laranja”. Outro trecho bombástico da denúncia de Davincci à ISTOÉ, reiterado ao Ministério Público, remonta ao acidente fatal sofrido pelo empresário Fernando Botelho no dia 13 de abril de 2012, durante um voo de demonstração, a bordo de um T-28 da Segunda Guerra Mundial, a empresários africanos, com os quais o acionista da Camargo havia negociado o UV30 em viagem à África dias antes. Segundo Davincci, Botelho foi assassinado. O avião, de acordo com ele, foi sabotado numa trama arquitetada pelo brigadeiro Edgar de Oliveira Júnior, assessor da Camargo e um dos gestores das propriedades da empreiteira. Conforme o depoimento, convencido de que o brigadeiro havia lhe dado um aplique, depois de promover uma auditoria interna, Botelho o demitiu na manhã do acidente durante uma tensa reunião, regada a gritos, socos na mesa e bate-bocas ferozes, testemunhada por diretores da Camargo. “O Fernando foi assassinado e o crime tramado pelo brigadeiro Edgar. O avião foi sabotado”, assegura o químico.
Uma sucessão de estranhos acontecimentos que cercaram a tragédia chamou a atenção do Ministério Público. Por exemplo: o caminhão de bombeiros comprado por Botelho exatamente para atender a eventuais emergências no aeródromo de sua propriedade estava trancado no hangar. “Tive que jogar meu carro contra a porta para estourar os cadeados. Peguei o caminhão e fui para o local. Ao chegar lá, as chamas estavam tão altas que não pude chegar muito perto”, afirmou Davincci. Mas o então sócio de Arruda Botelho se aproximou o suficiente para conseguir resgatar o GPS, que havia se descolado da parte externa da aeronave. Porém, o aparelho, essencial para municiar as investigações com informações sobre o voo, não pôde ser conhecido pelas autoridades, segundo Davincci, a pedido do brigadeiro Edgar. “Ele tomou o aparelho das minhas mãos, dizendo que poderia ficar ruim para a família se entregássemos à investigação, e ainda me obrigou a mentir num primeiro depoimento à delegacia”. Com a morte de Fernando de Arruda Botelho, o brigadeiro acabou não tendo seu desligamento da empreiteira oficializado. Já o ex-sócio, desde então, enfrenta um calvário. “Sofri 11 ameaças de morte”, contou.
Motivado pelos depoimentos de Davincci, o caso que havia sido arquivado pela promotora Fernanda Amada Segato em março de 2013 foi reaberto em setembro do ano passado por ordem da promotora Fábia Caroline do Nascimento. As novas investigações estão a cargo do delegado José Francisco Minelli. “Estou na fase da oitiva das testemunhas”, disse à ISTOÉ o delegado. Dois dos quatro irmãos de Fernando de Arruda Botelho, Eduardo e José Augusto, suspeitam de que pode ter havido mais do que um acidente. “Vou ajudar a descobrir a verdade sobre o que aconteceu. Mas um conhecido ligado ao Exército procurou meu irmão (José Augusto) para dizer que estavam convencidos que não foi acidente”, disse Eduardo Botelho em mensagem, ao qual ISTOÉ teve acesso, enviada em janeiro para Davincci.
Irmão de Botelho atesta relato
Por telefone, de sua fazenda em Itirapina, Eduardo Botelho revelou à reportagem de ISTOÉ comungar dos indícios apontados pelo ex-sócio do irmão morto em 2012. “O nível de nojeira da equipe que comandava os negócios do meu irmão era muito grande. Tudo o que aconteceu naquele dia do acidente aéreo foi estranhíssimo. Meu irmão estava sendo roubado. Como ele não tinha controle do que acontecia com o avião, ele pode ter sido sabotado sim. Era fácil sabotar o avião. Ele era da Segunda Guerra. Podem ter mexido no avião no dia da queda”, disse Eduardo Botelho. “Se ele não tivesse morrido naquele dia, iria fazer uma limpeza gigantesca nas fazendas da Camargo”, asseverou o irmão, que rompeu relações com Rosana Camargo, a viúva, há algum tempo. “Uma máfia cercava meu irmão. Como pode um gerente de fazenda que ganha R$ 4 mil comprar quatro casas num condomínio fechado em São Carlos?”, perguntou Eduardo. Sobre Davincci, confirmou que ele e seu irmão eram realmente muito próximos e que, desde a morte de Fernando de Arruda Botelho, os antigos sócios dedicam-se a tentar tomar a empresa dele. “Ele (Davinci) morou na minha casa aqui na fazenda. Meu irmão dizia que eles iriam fazer chover dinheiro com o produto. Depois que meu irmão morreu, tentaram quebrar a patente, criaram outras empresas similares à Demoiselle. Tudo para tirá-lo da jogada”, confirmou.
Uma das empresas às quais o irmão do ex-acionista da Camargo se refere está sediada em São Paulo. No endereço mora Rosana, a bilionária herdeira da segunda maior construtora do País, que, por meio de seus advogados, se disse alvo de “crimes de calúnia, difamação e injúria por parte de Davincci”. “Ele responde a diversas ações judiciais, já tendo sido obrigado pela Justiça a cessar a divulgação de ameaças”, afirmou o advogado Celso Vilardi
A Muniz e Advogados Associados, que também representa a Camargo Corrêa, diz que Edgard de Oliveira Júnior, em razão dos desentendimentos entre os sócios, deixou espontaneamente a sociedade que mantinha com Davincci. “A empresa foi dissolvida, liquidada e a patente colocada à disposição”, afirma. Procurada para confirmar a negociação intermediada por Lula, conforme depoimento de Davincci, no valor de R$ 100 milhões, a Petrobras não respondeu até o fechamento desta edição. William Steinmeyer, da Morro Vermelho, confirma que conhece Davincci (“um cara excêntrico”), mas jura que não recebeu qualquer encomenda dele.

ACROBACIAS INTERROMPIDAS Fernando Botelho pilotava seu avião da Segunda Guerra quando bateu num barranco e explodiu



. Desde o último mês, a empreiteira se prepara para incrementar sua delação premiada ao Ministério Público Federal. As novas – e graves – revelações, trazidas à baila por ISTOÉ, deverão integrar o glossário de questionamentos aos executivos da empreiteira pelos procuradores da Lava Jato.



RIO DE CABRAL E PEZÃO!
Bandidos atiram contra helicóptero da PRF e matam segurança na Baixada Fluminense

Cerca de 15 criminosos armados com fuzis atiraram contra um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na manhã desta sexta-feira, enquanto roubavam o carregamento de cigarros de um caminhão no Arco Metropolitano, na altura da Favela do Guandu, em Japeri, na Baixada Fluminense. Um segurança que fazia a escolta do veículo foi morto pelos bandidos, que fugiram com o material, avaliado em R$ 1,5 milhão.
Por volta das 9h, os criminosos, a bordo de um automóvel Toyota Corolla e de um Volkswagen Jetta, abordaram o motorista da carreta, anunciando o assalto. Eles levaram o veículo para a entrada da comunidade e o saquearam. O segurança, que fazia a escolta da carga num Ford Ka, tentou impedir, mas foi morto com um tiro no rosto. O nome da vítima não foi divulgado.
Agentes do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) foram acionados e cercaram os ladrões. Os bandidos, então, atiraram contra as viaturas, dando início a um intenso confronto. Motoristas deixaram seus carros para se proteger. De acordo com a PRF, em meio ao tiroteio, os criminosos, escondidos numa área de mata próxima à estrada, dispararam também na direção da aeronave da corporação, que dava apoio aos agentes.
Um vídeo postado em redes sociais mostra o momento em que motoristas que estavam presos no engarrafamento ficam no meio do tiroteio.
Os bandidos fugiram com a carga. Homens do 15º BPM (Caxias), do 24º BPM (Queimados), do 39º BPM (Belford Roxo) e do BPRV, apoiados pelo helicóptero da PRF e um outro do Grupamento Aeromóvel, começaram, então, uma busca para prender o bando e recuperar o material levado. A pista ficou fechada por cerca de três horas.

Diretor da OAB e família são executados a tiros dentro de casa em São Gonçalo

Uma família inteira foi executada dentro de casa durante a madrugada desta sexta-feira, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. De acordo com a Polícia Militar, Soraya Gonçalves de Resende, de 37 anos, o marido dela, o advogado Wagner da Silva Salgado, de 42, e a filha do casal, Geovanna Resende Salgado, de 10, foram mortos a tiros por volta da 5h. Wagner era diretor de eventos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Gonçalo.
— Ele trabalhava há um ano como diretor de eventos da OAB São Gonçalo. Ele era advogado cível, nunca quis entrar em criminal. Não era o que ele gostava de fazer. A gente não tem nem pista do que pode ter acontecido aqui. Ele era filho único, então também não acreditamos que seja alguma coisa envolvendo parentes — disse o presidente da OAB São Gonçalo, Eliano Enzo.
Segundo Enzo, as informações preliminares dão conta de que não houve arrombamento no apartamento. A família estava em casa, um apartamento da Rua Aurelio Pinheiro quando, no Barro Vermelho, quando foi atacada. Wagner chegou a ser levado para o Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, mas não resistiu. Ele teria sofrido três perfurações por tiros na cabeça.
A Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo realiza perícia no local do crime.
OAB divulga nota de pesar
A OAB-RJ divulgou uma nota de pesar pela morte do diretor assinada pelo presidente da instituição, Felipe Santa Cruz. “É com imenso pesar que a diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro (OAB/RJ), comunica o falecimento do diretor de Eventos da OAB/São Gonçalo, Wagner da Silva Salgado, de sua esposa, Soraia, e da filha, Geovanna, após ato de extrema violência que ocorreu dentro da casa da família, na madrugada desta sexta-feira, dia 17. A presidência da OAB/RJ já entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança para exigir rapidez na investigação do bárbaro crime. A Seccional se solidariza com a advocacia local na pessoa de seu presidente Eliano Enzo e oferece todo o apoio neste momento de grande tristeza e revolta”, diz a nota.

Mãe é amparada em enterro de criança morta por bala perdida na Maré, Rio

Menina estava brincando na laje de casa e foi atingida no tórax por uma bala perdida. Portal do Procurados oferece recompensa de R$ 1 mil por informações sobre o caso.
A mãe da menina Fernanda Adriana Pinheiro, de 7 anos, chegou amparada por familiares, pouco depois das 12h desta sexta-feira (17), ao Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, local do enterro. Sob forte emoção, a criança foi enterrada por volta das 13h30. "Não vai embora, minha filha
A menina estava brincando na laje de casa e, por volta das 20h de quarta-feira (15), foi atingida no tórax por uma bala perdida, contaram familiares. Ela chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Federal de Bonsucesso, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
O Portal do Procurados está oferecendo recompensa de R$ 1 mil por informações dos responsáveis pela morte de Fernanda. Quando esteve no Instituto Médico-Legal (IML) para liberar o corpo, a mãe da menina
“Sonhadora a minha filha. Queria ser veterinária. Alegre, vaidosa, não me abandonava hora nenhuma. Não sei como vou conseguir viver sem ela”, disse Thaiana Santos, mãe da menina Fernanda.
De acordo com a Polícia Militar, não houve operação policial na comunidade na quarta. Segundo a PM, o que aconteceu foram confrontos entre traficantes de facções rivais. A causa seria a morte de um gerente do tráfico de uma das facções que atua na região.




Delcídio do Amaral diz que CPI do Cachoeira foi criada para fazer justiça no mensalão

 O ex-senador prestou depoimento nesta quinta-feira na 7ª Vara Federal Criminal do Rio

 O ex-senador Delcídio Amaral disse nesta quinta-feira, em depoimento à Justiça Federal do Rio de Janeiro, que a CPI do Cachoeira no Congresso surgiu como uma forma de fazer justiça por conta do mensalão. Delcídio foi ouvido como testemunha de acusação num processo em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o ex-dono da Delta Fernando Cavendish são réus na 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
Em delação premiada, o ex-senador disse que o ex-presidente Lula incentivou a criação da CPI como uma forma de atingir o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
— Tinha um certo ranço do mensalão — afirmou Delcídio no depoimento. — Essa CPI veio com o intuito de justiçar o que tinha acontecido pra trás — completou, referindo-se ao escândalo.
Em entrevista após o depoimento à Justiça Federal, Delcídio falou que Lula foi um dos incentivadores da CPI porque ela atingiria líderes da oposição e que o ex-presidente também tinha conhecimento da operação para abafar a comissão.
— Dizem que chumbo trocado não dói. Então, o chumbo voltaria, só que aí, quando perceberam, o chumbo não estava voltando. O chumbo ia bater em quem estava querendo se vingar e esvaziaram a CPI — afirmou o ex-senador.
Delcídio disse que o esvaziamento aconteceu quando se percebeu que o esquema de desvio de dinheiro de obras para bancar campanhas poderia ser descoberto:
— Falavam que, com as quebras de sigilos, empresas apareceram e poderiam amarrar contribuições de campanha a várias obras em andamento. Foi por esse motivo que resolveram esvaziar e a CPI terminou melancolicamente sem resultado nenhum — afirmou.
DELAÇÃO DE DELCÍDIO
Em um dos termos da delação premiada, Delcídio falou sobre a instalação e encerramento da CPI do Cachoeira, que investigou as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O parlamentar não foi integrante da comissão, criada em 2012, mas disse tê-la acompanhado de perto. Segundo ele, “a CPI foi muito incentivada pelo ex-presidente Lula com o objetivo de atingir o govemador do Estado de Goiás, Marconi Perillo”. Perillo é do PSDB.
Na delação, Delcídio afirmou que não se avaliou muito bem as consequências políticas da instalação da CPI e que, durante os trabalhos, constatou-se que o financiamento de campanha de 2010, especialmente do PT, teria sido realizado por meio de caixa 2, utilizando-se das empresas de Adir Assad, nome que apareceu nas investigações da comissão.
No momento em que as investigações chegaram a esse ponto, de acordo com Delcídio, os próprios componentes da base do goveno se articularam para acabar com a CPI por perceberem os riscos envolvidos. O senador disse não se recordar quem fazia a articulação política do governo nesta época.
O parlamentar declarou ainda que houve reunião com as bancadas de apoio ao govemo, que orientaram os parlamentares que pertenciam à CPI do Cachoeira à encerrar os trabalhos. Delcídio cita que José de Filippi era o tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff e era ele quem orientava as empresas doadoras a atender eventualmente a campanha presidencial ou as demais campanhas petistas e aliados a utilizarem as empresas de Adir Assad. Ex-prefeito de Diadema, José de Fillipi foi levado para depor na 24ª fase da Lava-Jato em que o ex-presidente Lula também prestou depoimento.
OPERAÇÃO SAQUEADOR
O ex-senador depôs hoje no processo da operação Saqueador, da qual foram alvos Fernando Cavendish, Carlinhos Cachoeira, e o empresário Adir Assad, que já foi condenado na Operação Lava-Jato. Cachoeira e Cavendish estão em prisão domiciliar. Cachoeira veio ao Rio de Goiás com a autorização do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, e acompanhou até ontem as audiências.
A lista de réus na Saqueador conta com executivos, diretores e conselheiros da Delta e proprietários e contadores de empresas fantasmas. Para o MPF, o então dono da Delta era o líder da organização criminosa. A relação entre Cachoeira e Cavendish veio à tona com a Operação Monte Carlo e a CPI do Cachoeira, em 2012. Os dois compareceram ao Congresso na ocasião das investigações.
A investigação constatou que os envolvidos, "associados em quadrilha", usaram empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões, obtidos pela Delta direta ou indiretamente, por meio de crimes praticados contra a administração pública, para o pagamento de propina a agentes públicos.

De acordo com investigação do MPF, 96,3% do faturamento da Delta entre os anos de 2007 a 2012 era oriundo de verbas públicas, totalizando um montante de quase R$ 11 bilhões. Os procuradores afirmam que mais de R$ 370 milhões foram lavados por meio de 18 empresas de fachada. Os responsáveis pela criação delas foram Cachoeira, Assad e Abbud. Por meio de contratos fictícios, as empresas fantasmas lavavam os recursos públicos. Os recursos eram sacados em espécie para o pagamento de propina a agentes públicos para impedir o rastreamento das verbas.