E OS CHIFRES VÃO APARECENDO

CONSTRUTORA CARIOCA
ENGENHARIA COMPRA VACAS  DE JORGE PICCIANI POR CINCO VEZES O VALOR DE MERCADO


 As vacas compradas da empresa de Jorge Picciani pelos donos da Carioca Engenharia, um dos pontos centrais da segunda rodada da delação da família Backheuser, estavam com o preço bem acima do valor de mercado.

Além dos controladores da Carioca, a gerente financeira da empreiteira, Tânia Fontenelle, já havia afirmado em delação que as vacas compradas da família Picciani foram superfaturadas.
Na transação, cada uma das 160 vacas levadas pela Carioca custou cerca de R$ 21 mil, num total de R$ 3,5 milhões.
O superfaturamento teria sido para a Carioca gerar caixa dois para financiamento eleitoral, com Picciani repassando de volta R$ 1 milhão à empreiteira.
Mas, na edição da revista “piauí” que chega esta semana às bancas, a repórter Malu Gaspar revela, num perfil do poderoso chefão do PMDB fluminense, que, na ocasião em que vendeu gado para a Carioca, a Agrobilara de Picciani leiloou outros 330 animais do mesmo plantel, a R$ 4.484 por cabeça, em média. Ou seja: quase cinco vezes menos.
Se tivesse optado por comprar por meio do leilão e não diretamente da Agrobilara, a Carioca teria gastado R$ 717.500. Bem menos do que os R$ 3,5 milhões que desembolsou.


Quando cai o resto da quadrilha?

Juca Bala, Doleiro de esquema de Cabral, é preso no Uruguai






Vinícius Claret Vieira Barreto, o "Juca Bala", nome citado por dois delatores premiados da Calicute - Divulgação

Mandado de prisão de Vinícius Claret foi assinado pelo juiz Marcelo Bretas


RIO E BUENOS AIRES — Autoridades uruguaias, em operação conjunta com a Polícia Federal brasileira, prenderam, nesta sexta-feira, os brasileiros Vinícius Claret, também conhecido como Juca Bala, e seu sócio Cláudio Fernando Barbosa, ambos envolvidos em operações de lavagem de dinheiro do esquema do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Os mandados de prisão são assinados pelo juiz Marcelo Bretas da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, atendendo a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Calicute. Os dois nomes estavam na difusão vermelha da Interpol. Eles foram levados para a sede da Interpol no Uruguai. Os dois prestarão depoimento às 12h de sábado em Montevidéu.
ENTENDA O QUE PESA CONTRA SÉRGIO CABRAL

Vinícius Claret foi preso em Maldonado, cidade próxima ao balneário de Punta del Este. Já Barbosa foi detido no aeroporto internacional do Montevidéu quando voltava de viagem ao Chile. Ele tinha deixado o Uruguai na sexta-feira antes do carnaval. Segundo a investigação, Barbosa atendia pelos codinomes Tony ou Peter.
A juíza uruguaia para o Crime Organizado, Beatriz Larrieu, confirmou as prisões de Claret e Barbosa e informou que os dois prestarão depoimento neste sábado. De acordo com a magistrada, se, como lhe informou a polícia de seu país, existe um pedido de captura emitido pelo Brasil, "o caminho mais provável neste caso será a extradição". De acordo com o protocolo de extradição dos países do Mercosul, o prazo máximo para que isso ocorra é de 30 dias.
— Eles serão levados para o juizado (de Crime Organizado) ao meio dia de amanhã (sábado). Já está disposta sua condução — explicou a juíza.
Perguntada sobre os próximos passos a seguir, explicou:
— Em princípio, tenho que ver os antecedentes policiais. O que me informaram até agora é que existe um pedido de captura feito pelo Brasil. Se for assim, eles ficarão presos até a extradição, que será no prazo estabelecido nos acordos do Mercosul — disse a juíza.
Beatriz será a encarregada de interrogar os brasileiros e decidir o que acontecerá com eles após o depoimento.
Vinícius Claret Vieira Barreto foi citado por dois delatores da Operação Calicute, os irmãos Renato e Marcelo Chebar. Doleiros, eles revelaram que, quando o esquema de propina de Cabral ficou grande demais, em 2007, tiveram de chamar Juca Bala para assumir as operações de lavagem. Até então, Renato e Marcelo usavam operações dólar-cabo (entrega de valores em reais no Brasil para que fossem creditados recursos em dólar no exterior) usando a própria clientela.
Os irmãos Chebar revelaram a existência de um total de US$ 100 milhões escondidos por Sérgio Cabral no exterior. Obrigados, pelo gigantismo do esquema, a procurar outro doleiro que tivesse maior capacidade operacional para a lavagem, eles transferiram as operações para Juca Bala. Os delatores garantiram que não tinham nem sequer o telefone de Juca, pois falavam com ele através do programa de mensagens Messenger, usando um sistema de criptografia. Renato disse que se encontrou com Juca em pelo menos três ocasiões, mas sempre no hotel onde se hospedava em Montevidéu.
Juca, segundo ele, tinha uma estrutura no Rio para o recebimento em espécie dos valores da propina de Cabral. O esquema de lavagem, segundo os delatores, ocorrida da seguinte forma: de posse dos reais enviados por Cabral através de Carlos Miranda, Renato e Marcelo entravam em contato com Juca pelo Messenger, usando o programa PIDGIN, para fechar a taxa de câmbio. O megadoleiro, segundo eles, também usava os codinomes Ana Holtz e Peter.




Feira Livre

ODEBRECHT COMPROU MP E DEU R$300 MILHÕES AO PT, REVELA EX-PRESIDENTE



 ODEBRECCHT COMPROU MEDIDA PROVISÓRIA ASSINADA POR DILMA

Foram colocados à disposição do PT exatos R$ 300 milhões, entre 2008 e 2014, período que compreende os governos Lula e Dilma, segundo revelou o empreiteiro Marcelo Odebrecht, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele que doou metade desse dinheiro à campanha de reeleição de Dilma Rousseff. Ele contou haver pago R$ 50 milhões por uma medida provisória do Refis, que beneficiou a Odebrecht, assinada por Dilma e o então ministro da Fazenda Guido Mantega.
Odebrecht também relatou repasses ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas não esclareceu se a doação foi legal ou por meio de caixa dois, sem declarar. Ele também falou sobre um jantar com o então vice-presidente Michel Temer, mas negou ter tratado de valores de campanha.
As suspeitas são de abuso de poder econômico e político, o que significa que podem ter existido gastos de campanha acima do informado à Justiça Eleitoral, doações por meio de propina vindas de empreiteiras contratadas pela Petrobras e o pagamento indevido a gráficas contratadas pela campanha de Dilma.
As gráficas foram alvo de uma operação da Polícia Federal em dezembro, e um laudo feito por peritos do TSE concluiu que as gráficas não conseguiram provar que realmente fizeram os serviços que foram pagos pela coordenação da campanha.

FORAM OITENTA POR CENTO DAS DOAÇÕES  NO 'CAIXA DOIS' PARA CAMPANHA DE DILMA, DIZ ODEBRECHT

MARCELO ODEBRECHT CONTA COMO BANCOU A CAMPANHA DE DILMA











Em depoimento à Justiça Eleitoral realizado nesta quarta-feira (1), o executivo Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente do grupo que leva seu sobrenome, afirmou que 4/5 das doações para a campanha presidencial de Dilma Rousseff tiveram como origem o caixa 2. A audiência comandada pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin ocorreu na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba. 
Segundo relatos, Marcelo afirmou no depoimento que a petista tinha dimensão da contribuição e dos pagamentos, também feitos por meio de caixa 2, ao então marqueteiro do PT, João Santana. A maior parte dos recursos destinados ao marqueteiro era repassada em espécie.
As negociações eram feitas diretamente entre Marcelo, Santana e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Na audiência, Marcelo cita inclusive um encontro com Dilma no México, ocasião em que teria lembrado que os pagamentos feitos a Santana estavam "contaminados", uma vez que as offshores utilizadas por executivos do grupo serviam para pagamento de propina. 
                                                          
ELE CONTOU TAMBÉM QUE PAGOU EM ESPÉCIE O TRABALHO DO MARQUETEIRO JOÃO SANTANA PARA O PT. (FOTO: GIULIANO GOMES, AE) 

Marcelo lembrou que o valor acertado para a campanha presidencial do PT de 2014 foi de R$ 150 milhões. Deste total, R$ 50 milhões eram uma contrapartida à votação da medida provisória do Refis, encaminhada ao Congresso em 2009, que beneficiou a Braskem, empresa petroquímica controlada pela Odebrecht e pela Petrobras. 
Ao detalhar a distribuição de recursos, Marcelo informou ainda que R$ 10 milhões foram diretamente para a campanha de Dilma, como doação oficial. Outros R$ 5 milhões foram repassados via PT. Também teriam ocorridos pagamentos de "dezena de milhões" para partidos aliados.
Marcelo foi questionado sobre o início da relação com o governo do PT. Ele ressaltou que as primeiras conversas ocorreram em 2008, quando o ex-ministro Antônio Palocci o procurou para pedir doações para as eleições municipais daquele ano, especificamente para as que João Santana estava trabalhando. 
Na ocasião, o empresário disse a Palocci que não lidava com campanha municipal, mas apenas com as presidenciais. Considerou, contudo, que podia ser acertado um valor para 2010 e que, quando chegasse o período da campanha presidencial, a quantia entregue para a campanha municipal seria descontada. Quando Palocci deixou a Casa Civil, Dilma teria definido que o novo interlocutor seria Guido Mantega, dessa forma estava encerrada a conta "Italiano" e foi aberta a "Pós-Italia".
 MARCELO ODEBRECHT DEIXOU CLARO QUE, SE ERA CAIXA DOIS, ERA PAGAMENTO DE PROPINA. (FOTO: GIULIANO GOMES, AE)
 Marcelo Odebrecht disse em depoimento à Justiça Eleitoral, nesta quarta-feira (1), que se sentia o "bobo da corte" do governo federal, tendo sido obrigado a entrar em projetos que não desejava e a bancar repasses às campanhas eleitorais sem receber as contrapartidas que julgava necessárias. "Eu não era o dono do governo, eu era o otário do governo. Eu era o bobo da corte do governo", disse Marcelo. 
No depoimento, Odebrecht falou ainda sobre a "naturalidade" do caixa 2 em campanha eleitoral, defendeu a legalização do lobby e deixou claro que a Odebrecht não era a única empresa a usar doações para conquistar apoio político. O caixa 2, segundo ele, envolve pagamento de propinas.   
      Marcelo foi preso em junho de 2015, no âmbito da Operação Lava Jato, acertou delação premiada, e deve permanecer na carceragem da Polícia Federal em Curitiba até o final deste ano.
Ele também se mostrou incomodado por divergências com seu pai, presidente do Conselho de Administração do Grupo Odebrecht, Emilio Odebrecht, quanto a projetos em que a empresa apoiava o governo.
O ex-presidente da empreiteira foi ouvido pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral e investiga a chapa formada por Dilma e Michel Temer na campanha eleitoral de 2014.