Quando cai o resto da quadrilha?

Juca Bala, Doleiro de esquema de Cabral, é preso no Uruguai






Vinícius Claret Vieira Barreto, o "Juca Bala", nome citado por dois delatores premiados da Calicute - Divulgação

Mandado de prisão de Vinícius Claret foi assinado pelo juiz Marcelo Bretas


RIO E BUENOS AIRES — Autoridades uruguaias, em operação conjunta com a Polícia Federal brasileira, prenderam, nesta sexta-feira, os brasileiros Vinícius Claret, também conhecido como Juca Bala, e seu sócio Cláudio Fernando Barbosa, ambos envolvidos em operações de lavagem de dinheiro do esquema do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Os mandados de prisão são assinados pelo juiz Marcelo Bretas da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, atendendo a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Calicute. Os dois nomes estavam na difusão vermelha da Interpol. Eles foram levados para a sede da Interpol no Uruguai. Os dois prestarão depoimento às 12h de sábado em Montevidéu.
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Vinícius Claret foi preso em Maldonado, cidade próxima ao balneário de Punta del Este. Já Barbosa foi detido no aeroporto internacional do Montevidéu quando voltava de viagem ao Chile. Ele tinha deixado o Uruguai na sexta-feira antes do carnaval. Segundo a investigação, Barbosa atendia pelos codinomes Tony ou Peter.
A juíza uruguaia para o Crime Organizado, Beatriz Larrieu, confirmou as prisões de Claret e Barbosa e informou que os dois prestarão depoimento neste sábado. De acordo com a magistrada, se, como lhe informou a polícia de seu país, existe um pedido de captura emitido pelo Brasil, "o caminho mais provável neste caso será a extradição". De acordo com o protocolo de extradição dos países do Mercosul, o prazo máximo para que isso ocorra é de 30 dias.
— Eles serão levados para o juizado (de Crime Organizado) ao meio dia de amanhã (sábado). Já está disposta sua condução — explicou a juíza.
Perguntada sobre os próximos passos a seguir, explicou:
— Em princípio, tenho que ver os antecedentes policiais. O que me informaram até agora é que existe um pedido de captura feito pelo Brasil. Se for assim, eles ficarão presos até a extradição, que será no prazo estabelecido nos acordos do Mercosul — disse a juíza.
Beatriz será a encarregada de interrogar os brasileiros e decidir o que acontecerá com eles após o depoimento.
Vinícius Claret Vieira Barreto foi citado por dois delatores da Operação Calicute, os irmãos Renato e Marcelo Chebar. Doleiros, eles revelaram que, quando o esquema de propina de Cabral ficou grande demais, em 2007, tiveram de chamar Juca Bala para assumir as operações de lavagem. Até então, Renato e Marcelo usavam operações dólar-cabo (entrega de valores em reais no Brasil para que fossem creditados recursos em dólar no exterior) usando a própria clientela.
Os irmãos Chebar revelaram a existência de um total de US$ 100 milhões escondidos por Sérgio Cabral no exterior. Obrigados, pelo gigantismo do esquema, a procurar outro doleiro que tivesse maior capacidade operacional para a lavagem, eles transferiram as operações para Juca Bala. Os delatores garantiram que não tinham nem sequer o telefone de Juca, pois falavam com ele através do programa de mensagens Messenger, usando um sistema de criptografia. Renato disse que se encontrou com Juca em pelo menos três ocasiões, mas sempre no hotel onde se hospedava em Montevidéu.
Juca, segundo ele, tinha uma estrutura no Rio para o recebimento em espécie dos valores da propina de Cabral. O esquema de lavagem, segundo os delatores, ocorrida da seguinte forma: de posse dos reais enviados por Cabral através de Carlos Miranda, Renato e Marcelo entravam em contato com Juca pelo Messenger, usando o programa PIDGIN, para fechar a taxa de câmbio. O megadoleiro, segundo eles, também usava os codinomes Ana Holtz e Peter.




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