Tânia Fontenelle disse a Moro que repassava dinheiro a Carlos Emanuel Carvalho de Miranda, operador do ex-governador
SÃO PAULO - Ex-diretora
financeira da Carioca Engenharia, Tânia Fontenelle, confirmou ao Juiz Sérgio
Moro que a empreiteira repassou mesadas fixas de até R$ 500 mil ao
ex-governador Sérgio Cabral. Fontenelle prestou depoimento a Moro na tarde
desta sexta-feira, quando foi arrolada como testemunha de acusação na ação que
o ex-governador Sérgio Cabral responde por corrupção, lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha na Justiça Federal de Curitiba.
Fontenelle, que fechou
acordo de delação premiada, reiterou que ainda em 2007, quando Cabral assumiu a
propina paga pela Carioca era de R$ 200. Porém, em seu segundo mandato o
repasse subiu para R$ 500 mil. Ela disse que o dinheiro era repassado a Carlos
Emanuel Carvalho de Miranda, o Carlinhos, apontado pelo Ministério Público
Federal como “homem da mala” do ex-governador.
— Eu tinha por
incumbência gerar os valores que eram solicitados pelos acionistas e diretores
da empresa (Carioca Engenharia). Eu repassava um valor fixo mensal ao senhor
Carlos Miranda, que me foi apresentado como uma pessoa de confiança do
ex-governador. Eu pagava R$ 200 mil mensais. Isso permaneceu por dois a três
anos e depois passou para R$ 500 mil mensais — disse Fontenelle.
A ex-diretora financeira,
conhecida como matemática, disse que a propina era justificada por meio de
contratos superfaturados de algumas empresas que trabalhavam para Carioca. Ou,
através de contratos simulados com outras empresas.
—
Uma vez que existiam os
contratos superfaturados ou dissimulados, os serviços eram contabilizados na
empresa. Algumas empresas superfaturavam os serviços e devolviam a diferença.
Esses recursos geravam caixa 2 — disse a delatora. — Eu sabia que eu pagaria
através de caixa 2 e que os valores eram era propina ou doação eleitoral não
registrada.
Em seu acordo de
colaboração, Fontenelle a Carioca comprou vacas superfaturadas da empresa
Agrobilara para ‘gerar dinheiro em espécie’ para a empreiteira. A Agrobilara é
a empresa de agropecuária do presidente da Alerj, Jorge Picciani,
que nega irregularidades
Nenhum comentário:
Postar um comentário