Janot critica crise no estado do Rio de Janeiro e diz que se reflete no país

R$ 250 milhões entregues ao Estado do Rio arcam com o décimo terceiro salário atrasado de quase 150 mil servidores que ganham até R$ 3.200

Em meio a mais uma fase da Operação Lava Jato deflagrada ontem e a cerimônia de entrega de R$ 250 milhões — parte do dinheiro da quadrilha que seria liderada por Sérgio Cabral — ao Estado para pagar o 13º salário a 147.342 servidores com vencimentos até R$ 3.200, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, jogou duro contra o Palácio Guanabara. “É triste verificar que o Estado do Rio de Janeiro atravessa uma crise financeira, ética e política. Quando o Rio de Janeiro dobra o joelho, o Brasil dobra o joelho”, afirmou durante o evento no Tribunal Regional Federal 2 (TRF). Só no Rio, as operações já repatriaram R$ 400 milhões.

Rodrigo Janot criticou as crises financeira, política e ética no estado. Na chamada ‘lista’ de Janot entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), o governador Luiz Fernando Pezão é citado em esquema de caixa 2 nas delações da Odebrecht. “Como reagir a essa insana corrupção que assola o Brasil? Magistratura, Ministério Público e a polícia através de um trabalho de cooperação contra o crime organizado que se enraizou no Rio de Janeiro e no Brasil. Esse dinheiro volta para o lugar de onde nunca devia ter saído: os cofres públicos”, analisou Janot.
Coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato no Rio, o procurador regional da República, Leonardo Cardoso, fez questão de ressaltar que a cerimônia representava o ‘custo-corrupção’. “Os valores de hoje são apenas de três pessoas”, afirmou. Um acordo de colaboração premiada realizado com dois dos réus, os doleiros e irmãos Marlo e Renato Chebar permitiu a repatriação de US$ 101.430 mil dólares em contas que estavam na Suíça. Os valores pertenciam a Sérgio Cabral (aproximadamente 80 milhões de dólares); Carlos Bezerra, apontado como operador do esquema (7 milhões de dólares) e Wilson Carlos ao ex-secretário de Governo (15 milhões de dólares). Foram presos em novembro, quando foi deflagrada a Operação Calicute.
Fortuna cresce no mandato
A fortuna do ex-governador Sérgio Cabral explodiu quando ele passou a ocupar o cargo máximo do Palácio Guanabara, em 2007. “Em 2002, ele tinha US$ 2 milhões de dólares em conta em Nova Iorque. De 2002 a 2006 eram US$ 6 milhões. Depois explode e ele chega a ter mais de US$ 100 milhões de dólares”, revelou o procurador da República Eduardo El Hage, um dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Rio, do Ministério Público Federal.
Para o servidor público Antônio Manoel Silva, de 58 anos, dos quais mais de 25 dedicados ao Estado os administradores tratam os recursos públicos como se fossem privados. “Essas operações mostram que eles usam o dinheiro ao seu bel-prazer”, criticou Silva, que integra o Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) fez questão assistir a cerimônia ontem no Tribunal Regional Federal 2.

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