SERÁ QUE ENTREGOU PEZÃO E PICCIANI?

Ex Presidente do TCE Jonas Lopes recebe autorização para deixar o país

Delator do esquema de corrupção que envolve empresas, políticos, prefeitos e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o ex-presidente da Corte, Jonas Lopes de Carvalho, a mulher, o filho de dele, o advogado Jonas Lopes Neto, a nora e os dois netos já estão fora do país. A autorização da viagem da família, por 40 dias, foi concedida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer. Jonas comandou o tribunal de 2011 a 2016, ápice das obras da Copa do Mundo e da Olimpíada.
Nos bastidores é dado como certo que o ex-presidente, atualmente licenciado, apontou seis conselheiros e um ex-membro da Corte como integrantes do esquema de propina, além de prefeitos e megaempresa de prestação de serviço cujo dono fez fortuna durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral, preso no fim do ano passado na Operação Calicute. Hoje, ele e mais 11 pessoas são réus na Justiça Federal por desvios dos cofres públicos avaliados em R$ 224 milhões.
Jonas também revelou no acordo convênios fraudulentos no governo Cabral. Mas há uma grita geral em relação à credibilidade da delação porque ele não denunciou esquema na prefeitura de um grande aliado político que se confunde com a sua trajetória de vida. Aos mais íntimos, Jonas contou que decidiu ajudar as investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) para salvar a carreira do filho, ainda considerado um jovem advogado.
Para Lopes abrir o ‘bico’ pesaram as acusações contra Jonas Neto de ter clientela, principalmente de prefeitos, que se beneficiavam com a paralisação de fiscalizações na Corte. A atuação do filho levou Jonas a se indispor até com um conselheiro que foi avisá-lo do fato do esquema ser comentado nos bastidores da Corte e até na Assembleia Legislativa (Alerj).
O tribunal começou a ser exposto a partir da delação de dois ex-executivos da Andrade Gutierrez, Clóvis Renato Primo e Rogério Nora de Sá. Eles contaram que, para garantir a aprovação dos contratos de obras e aditivos no TCE, pagaram propina no valor de 1% do dinheiro repassado à empreiteira.
Como então presidente do tribunal, Jonas tinha o poder de paralisar as fiscalizações do corpo instrutivo do TCE nas obras do Maracanã, Arco Metropolitano, PAC das Favelas e Linha 4 do Metrô. Esses procedimentos, segundo investigação da Polícia Federal, ficaram ‘engavetados’ no gabinete do então presidente. Só no caso do Maracanã eram 22 processos parados no TCE.
Até na casa de Jonas foram apreendidos documentos referentes às obras. Os investigadores recolheram três celulares, um deles com linha dos Estados Unidos que serviria para negociações com empreiteiras e políticos.
Lava Jato joga duro para aceitar acordo com Cavendish
A Força-Tarefa da Lava Jato joga duro para aceitar a delação premiada do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construções. Por enquanto, o acordo ainda não foi homologado pela Justiça. Nos bastidores, a maior explicação é a de que Cavendish não estaria ainda muito disposto a denunciar membros da estrutura da Justiça. O que não é o caso de Carlos Miranda, apontado como operador do esquema do ex-governador Sérgio Cabral. Ele teria colocado no papel informações sobre importante representante da estrutura da Justiça que teria atendido pedido de favor de Cabral e, em troca, recebido R$ 2 milhões.
Na terça-feira, o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez um discurso duro, na sede do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), durante a cerimônia de entrega de R$ 250 milhões desviados pelo esquema liderado pelo ex-governador. O dinheiro recebeu um carimbo especial: pagamento do 13º salário a 147.342 servidores com vencimentos até R$ 3.200.
Na solenidade, Janot criticou ferozmente a corrupção no Rio de Janeiro e no Brasil. “É triste verificar que o Estado do Rio de Janeiro atravessa uma crise financeira, ética e política. Quando o Rio de Janeiro dobra o joelho, o Brasil dobra o joelho. Como podemos reagir a essa insana corrupção que assola o Brasil? As instituições são chamadas para mostrar ao que vieram. Magistratura, Ministério Público e a polícia através de um trabalho de cooperação contra o crime organizado que se enraizou no Rio de Janeiro e no Brasil. Esse dinheiro volta para o lugar de onde nunca devia ter saído: os cofres públicos para servir à sociedade do Rio”, afirmou.
Na ocasião, o procurador Eduardo El Hage revelou que a fortuna de Cabral explodiu quando ele passou a ocupar o Palácio Guanabara, em 2007. A partir daí aumentou de US$ 6 milhões para mais de US$ 100 milhões, o equivalente a mais de R$ 300 milhões.

Janot critica crise no estado do Rio de Janeiro e diz que se reflete no país

R$ 250 milhões entregues ao Estado do Rio arcam com o décimo terceiro salário atrasado de quase 150 mil servidores que ganham até R$ 3.200

Em meio a mais uma fase da Operação Lava Jato deflagrada ontem e a cerimônia de entrega de R$ 250 milhões — parte do dinheiro da quadrilha que seria liderada por Sérgio Cabral — ao Estado para pagar o 13º salário a 147.342 servidores com vencimentos até R$ 3.200, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, jogou duro contra o Palácio Guanabara. “É triste verificar que o Estado do Rio de Janeiro atravessa uma crise financeira, ética e política. Quando o Rio de Janeiro dobra o joelho, o Brasil dobra o joelho”, afirmou durante o evento no Tribunal Regional Federal 2 (TRF). Só no Rio, as operações já repatriaram R$ 400 milhões.

Rodrigo Janot criticou as crises financeira, política e ética no estado. Na chamada ‘lista’ de Janot entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), o governador Luiz Fernando Pezão é citado em esquema de caixa 2 nas delações da Odebrecht. “Como reagir a essa insana corrupção que assola o Brasil? Magistratura, Ministério Público e a polícia através de um trabalho de cooperação contra o crime organizado que se enraizou no Rio de Janeiro e no Brasil. Esse dinheiro volta para o lugar de onde nunca devia ter saído: os cofres públicos”, analisou Janot.
Coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato no Rio, o procurador regional da República, Leonardo Cardoso, fez questão de ressaltar que a cerimônia representava o ‘custo-corrupção’. “Os valores de hoje são apenas de três pessoas”, afirmou. Um acordo de colaboração premiada realizado com dois dos réus, os doleiros e irmãos Marlo e Renato Chebar permitiu a repatriação de US$ 101.430 mil dólares em contas que estavam na Suíça. Os valores pertenciam a Sérgio Cabral (aproximadamente 80 milhões de dólares); Carlos Bezerra, apontado como operador do esquema (7 milhões de dólares) e Wilson Carlos ao ex-secretário de Governo (15 milhões de dólares). Foram presos em novembro, quando foi deflagrada a Operação Calicute.
Fortuna cresce no mandato
A fortuna do ex-governador Sérgio Cabral explodiu quando ele passou a ocupar o cargo máximo do Palácio Guanabara, em 2007. “Em 2002, ele tinha US$ 2 milhões de dólares em conta em Nova Iorque. De 2002 a 2006 eram US$ 6 milhões. Depois explode e ele chega a ter mais de US$ 100 milhões de dólares”, revelou o procurador da República Eduardo El Hage, um dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Rio, do Ministério Público Federal.
Para o servidor público Antônio Manoel Silva, de 58 anos, dos quais mais de 25 dedicados ao Estado os administradores tratam os recursos públicos como se fossem privados. “Essas operações mostram que eles usam o dinheiro ao seu bel-prazer”, criticou Silva, que integra o Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) fez questão assistir a cerimônia ontem no Tribunal Regional Federal 2.

Ex-secretário de obras de Cabral promete delatar repasses de propina a Pezão

Delação de ex-secretário de Cabral mira também alto escalão da Alerj e do TCE
No acordo que vem tentando fazer com o Ministério Público Federal (MPF), o ex-secretário de Obras de Sérgio Cabral, Hudson Braga, promete detalhar o pagamento de propinas para o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, de acordo com informações deste domingo (19) do colunista Lauro Jardim.
Preso desde novembro do ano passado, junto com Cabral, na Operação Calicute, um dos braços da Operação Lava Jato, Braga também vai falar da negociação para a instalação de uma fábrica da Vigor (pertencente ao grupo JBS) em Barra do Piraí, cidade Natal de Pezão.
A investigação sobre o suposto esquema de propina que envolvia o governo do Estado do Rio aponta que o valor pago a Cabral era de 5% por obra, mais 1%, chamado de "taxa de oxigênio", e que era repassado para a Secretaria de Obras do governo, de Hudson Braga. O desvio de recursos teria acontecido principalmente em três grandes obras, a reforma do Maracanã, do Arco Metropolitano, e o PAC Favelas, nas quais o prejuízo foi estimado em mais de R$ 220 milhões.       Briga na prisão
     Cabral já teria se desentendido com Hudson Braga no fim de dezembro, no presídio de Bangu, onde estão presos desde novembro. Também segundo Lauro Jardim, a informação de que Braga "já dá sinais de que prepara a sua deleção premiada" teria irritado Cabral, que reagiu cobrando lealdade. Cabral teria se acalmado após o bate-boca dizendo que, se fosse o caso de fazer delação premiada, ele mesmo, Cabral, poderia coordenar os entendimentos do grupo. A delação do ex-secretário de Obras do ex-governador Sérgio Cabral, Hudson Braga, já está sendo articulada por seus advogados junto ao Ministério Público Federal (MPF). De acordo com informações da coluna de Lauro Jardim, figuras do alto escalão da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE) serão citadas.


Casal Cabral comprou 20 joias por R$ 6 milhões, diz delatora

Rio, 17 - A diretora comercial da H.Stern, Maria Luiza Trotta, vendeu pessoalmente para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB) e sua mulher Adriana Ancelmo, presos pela Operação Calicute, 20 joias que somaram R$ 6 milhões entre 2012 e 2015. O casal, no entanto, comprou outros 20 itens da loja, num total de 40 peças. O valor total não foi informado.

A executiva teve a delação premiada homologada na manhã desta sexta, 17, pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Ela foi ouvida em audiência no período da tarde, apesar do protesto dos advogados da defesa do casal. Inicialmente, ela seria testemunha.

A peça mais cara vendida a Adriana foi um brinco de brilhantes solitários de R$ 1,8 milhão. O conjunto foi comprado como uma troca de outra peça de R$ 1,2 milhão, com a complementação dos R$ 600 mil. A diretora citou ainda a compra de um anel de rubi de R$ 600 mil e um brinco de R$ 25 mil.

A diretora disse ainda que Cabral chegou a ser atendido uma vez no Palácio Guanabara, quando ainda era governador. Os agendamentos eram feitos pelo assessor Pedro Ramos. Em outras oportunidades, Maria Luiza foi ao apartamento do casal, ao escritório de Adriana Ancelmo ou em um escritório de Cabral, no Leblon. A ex-primeira-dama também frequentava a loja de Ipanema, na zona sul do Rio.

Maria Luiza afirmou que Adriana pagava em cheque ou dinheiro. Os cheques eram trocados antes de serem descontadas pelo pagamento em espécie. O parcelamento ocorria em até dez vezes.

A ex-primeira dama comprava algumas peças com nota fiscal, enquanto Cabral não, disse. "Para ele, não foram emitidas notas, ele deixava claro que gostaria de deixar sem identificação, queria uma coisa mais 'discreta'", afirmou.

Maria Luiza, que trabalha desde 82 na joalheria, vendeu nove itens para Cabral e 11 para Adriana. Apenas quatro peças compradas pela primeira-dama tiveram nota emitida.

A executiva declarou que as joias eram entregues com certificados aos dois clientes e, depois da Operação Calicute ser deflagrada, a H.Stern gerou segundas vias delas.

"Foram tiradas do sistema agora", disse. Ela afirmou que, apesar de não terem sido emitidas as notas à época, há documentos de todas as vendas, que seriam registros em computador.

Segundo a diretora, Cabral pediu que o pagamento de uma joia fosse feito no exterior, na Alemanha. "Ele pediu para pagar uma compra no exterior, mas eu disse que não sabia se seria possível. Perguntei na matriz e tive a resposta (positiva). Voltei na casa dele com o número da conta para fazer o pagamento, foi feito na Alemanha", disse.

Maria Luiza vendeu apenas joias femininas a Cabral. Ele disse acreditar que eram para Adriana, porque eram compradas em datas comemorativas e, posteriormente, viu ex-primeira dama do Estado usando-as.

Defesa

A H. Stern foi procurada pela reportagem, mas avisou que não vai ser pronunciar. A defesa de Cabral pediu que o MPF faça uma investigação do débito fiscal da joalheria.

A defesa da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo criticou o fato de a diretora comercial da joalheria ter sido ouvida nesta sexta-feira como delatora num dos processos que investigam a corrupção no governo do Estado do Rio sob a gestão Sergio Cabral (PMDB). Maria Luiza deporia ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, na condição de testemunha de acusação, mas assinou um acordo de colaboração, formalizado ontem à noite, e, depois, homologado por Bretas.

"Nós vamos até as últimas instâncias contra isso. Uma pessoa que era testemunha vem na condição de delatora. Isso fere o Código de Processo Penal e a Constituição. A defesa rebate as acusações feitas. Testemunha é imparcial, delator acusa. No depoimento que ela prestou à Polícia Federal, ela não falou nada disso. Aqui, chegou com vários números", disse o advogado Alexandre Lopes à GloboNews.

Adriana, casada com o ex-governador Sergio Cabral, réu em seis processos da Lava Jato, por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, pertencimento a organização criminosa e evasão de divisas, é acusada de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O advogado reafirmou que a ex-primeira-dama nega ter cometido os crimes.

Sobre as informações declaradas por Maria Luiza Trotta, o advogado disse que a diretora "titubeou" e "se equivocou", e que sua cliente só comprou joias mediante recebimento de nota fiscal. "Quem garante que as joias foram mesmo vendidas a eles?"