'Financial Times': Violência do Rio é reflexo da crise econômica e corrupção
Artigo fala sobre
criminalidade, tráfico de drogas, Sergio Cabral e morte de políciais
O jornal
britânico Financial Times publicou nesta quinta-feira (3) um longo
texto sobre a situação do Rio de Janeiro um ano após os Jogos Olímpicos.
FT entrevistou
moradores de comunidades que vem sentindo um crescente aumento da violência. O
editorial aborda temas de segurança pública e comenta a decisão do governo
federal de enviar 10.000 soldados para proteger ruas e praias. "Isto
acontece exatamente um ano depois que a cidade hospedou as primeiras Olimpíadas
da América do Sul."
O artigo lembra que as
Olimpíadas de 2016 foram projetadas para mostrar as conquistas do Brasil. No
entanto, a realidade pós-jogos tem sido o contrário.
Estado foi dominado por
escândalos de corrupção, economia decrescente e por uma onda de crimes
violentos, diz o periódico.
"O Rio de Janeiro
se tornou o símbolo mais marcante de tudo o que está acontecendo com o maior
país da América Latina".
O diário lembra os
tempos áureos do Brasil, com uma economia emergente e afirma que o país está
sofrendo a sua pior recessão na história. Um escândalo de corrupção na
Petrobras implicou grande parte da elite política, incluindo o presidente
Michel Temer, que sobreviveu a uma votação no congresso na quarta-feira sobre
se ele deveria enfrentar um julgamento criminal. Um ex-governador do estado do
Rio, Sérgio Cabral, já foi preso como resultado do escândalo, que ameaça as
carreiras de dezenas de outros políticos do estado.
O diário lembra os
tempos áureos do Brasil, com uma economia emergente e afirma que o país está
sofrendo a sua pior recessão na história
A crise econômica do
país desperdiçou os orçamentos governamentais e o governo estadual foi forçado
a declarar estado de emergência financeira no ano passado mas enfrenta
atualmente déficits orçamentários dramáticos em seus hospitais e escolas.
FT analisa que a
paralisia política causada pelos escândalos de corrupção criou um vácuo que as
gangues criminosas do Brasil estão tentando rapidamente preencher.
O noticiário afirma que
de acordo com a secretaria de segurança do estado, o número de assassinatos no
estado do Rio aumentou 10 por cento nos primeiros seis meses do ano para 2.723,
enquanto as mortes durante os confrontos com a polícia aumentaram 45 por cento.
Embora ainda menor em comparação com o Rio na década de 1990, a taxa de
assassinato está aumentando rapidamente.
Tiroteios entre
policiais e gangues estão matando mais inocentes com balas perdidas. Em um
incidente recente, uma bala atingiu uma mãe grávida, ferindo mortalmente o
bebê. Em outra ação, um porteiro foi morto por uma granada perto de Copacabana.
Times diz que
segundo uma contagem da mídia local o Rio é um dos lugares mais perigosos do
mundo para ser policial, com 91 mortos até agora este ano.
O estado do Rio de
Janeiro foi governado pelo senhor deputado Cabral, um político popular e
centrista. Uma das suas iniciativas mais importantes foi instalar uma nova
iniciativa policial comunitária, chamada unidades de pacificação policial, ou
UPPs, em algumas das muitas favelas da cidade. Durante algum tempo, a presença
policial pareceu reduzir o conflito armado. Mas as promessas de acompanhar o
aumento do investimento público nas favelas não foram cumpridas. Ativistas
sociais suspeitavam que o programa da UPP visava bloquear as favelas durante a
hospedagem do país durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas e permitir
que Cabral ganhasse a reeleição, complementa Financial Times.
O Rio começou a afundar
no fim do super ciclo de commodities após 2011. O gasto público considerável
que sustentou o governo Cabral no Rio secou. Para o Rio, a ressaca das
Olimpíadas começou imediatamente depois quando o enorme programa de segurança
organizado para os Jogos foi retirado. O número de assaltos começou a subir.
Cabral foi acusado de corrupção e preso. O estado foi praticamente falido, sem
dinheiro para saúde, educação e especialmente segurança.
Alguns analistas e
residentes da favela culpam a corrupção pela crescente violência, enquanto
outros dizem que a crise econômica está forçando os narcotraficantes a lutar
pela participação no mercado. Uma pessoa familiarizada com o comércio de drogas
diz que os traficantes disseram que estavam vendendo 60 por cento menos de
cocaína por causa da recessão.
A violência das
quadrilhas também aumentou devido a uma disputa entre duas facções criminosas
dominantes do Brasil - o Primeiro Comando da Capital em São Paulo e Comando
Vermelho, com sede no Rio, dizem analistas.
Times dedicou um
bloco especialmente para falar sobre o ex-governador Sergio Cabral, com a chamada
"Queda do Rei do Rio' expõe corrupção em escala.
Financial Times
Venezuela manipulou números da eleição, acusa empresa
Comparecimento à eleição da Constituinte teria sido alterado em
1 milhão de votos, diz empresa que atua no sistema eleitoral do país desde 2004
São Paulo – O número de
eleitores que participaram da eleição da Assembleia Nacional Constituinte (ANC)
do último domingo na Venezuela foi manipulado.
A acusação veio à tona nesta terça-feira pela Smartmatic, empresa que
trabalha em pleitos venezuelanos desde 2004. Conduziu, inclusive,
as duas últimas eleições presidenciais: 2006 e 2012, que reelegeram Hugo
Chávez.
A informação foi dada
pelo presidente da companhia, de Londres, e repercutida por agências internacionais.
De acordo com ele, os números oficiais foram inflados em um milhão. Números
oficiais divulgados no início da semana informaram que o comparecimento às
urnas foi de 8.089.320 de pessoas.
“Sabemos, sem dúvidas,
que o comparecimento da última eleição para a Assembleia Nacional Constituinte
foi manipulado”, declarou Antonio Mugica, CEO da Smartmatic. Ainda segundo ele,
a fraude foi detectada em razão do sistema eleitoral automatizado usado no
país. O executivo se recusou a responder se tal manipulação poderia mudar o
resultado final da eleição.
O órgão eleitoral
venezuelano negou tal manipulação e classificou a denúncia como
“irresponsável” e “sem fundamento” em comunicado emitido no fim dessa
quarta-feira.
Assembleia Constituinte
O governo do
presidente Nicolás Maduro
vem enfrentando críticas e ameaças de sanções da comunidade internacional desde
que colocou em andamento o processo de eleição de uma ANC que tem como objetivo
reescrever a Constituição em vigor no país desde 1999.
No último domingo, eleitores de toda a Venezuela foram às urnas para eleger
os nomes que farão parte desse conselho, que foi oficialmente instalado nesta
quarta-feira na capital Caracas. Números oficiais estabeleceram que o
comparecimento às urnas foi de 8.089.320, cerca de 41% do eleitorado. Um dos
eleitos é Nicolásito, filho de Maduro.
A questão dos números é
delicada e grave, já que um dos argumentos do governo para tentar dar
legitimidade ao pleito ante a população era o de que mais pessoas compareceram
para a eleição dessa ANC no último domingo que contra o seu estabelecimento em
junho. Na ocasião, uma votação simbólica conduzida pela oposição sobre a
realização dessa eleição teria contado com votos contra de 7,5 milhões de
pessoas.
Do ponto de vista
legal, a eleição enfrenta problemas que incendiaram ainda mais o debate sobre a sua legitimidade, uma vez que a Constituição
atual prevê que o presidente tem a competência para convocar uma Assembleia
Constituinte, mas que essa convocação deve, antes, se referendada por voto
popular.
O clima é de tensão, já que líderes da oposição foram presos na terça-feira e levados
para locais desconhecidos, aumentando as críticas de desmantelamento
democrático. Ainda na última terça, três deputados chavistas que eram parte da
bancada do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) de Maduro
para criar um novo grupo de oposição.
“Em 1999 foi o povo
quem convocou a Constituinte. Hoje só foi convocada por um poder constituído e
não podemos nos calar”, disse Eustoquio Contreras. A expectativa é que
outros membros da casa, também da bancada governista, se juntem ao grupo.
Enquanto a crise
política assola as instituições venezuelanas, os protestos, a favor e contra
Maduro, seguem por todo o país. As manifestações se iniciaram em abril e a
maioria delas terminou em confrontos violentos. Até o momento, foram
registrados 121 mortos, quase 2.000 feridos e mais de 5.000 detidos. Só no
último domingo, quando a votação era conduzida, dez pessoas morreram.
Por Gabriela Ruic com agência Reuters
access_time2 ago 2017, 18h00 - Publicado em 2 ago 2017, 10h23
Sérgio Moro aceita denúncia contra Lula e outros 12 por caso envolvendo sítio em Atibaia
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, as empreiteiras Odebrecht e OAS compraram e pagaram por melhorias no sítio como forma de propina ao ex-presidente.
O juiz Sérgio Moro aceitou
nesta terça-feira (1º) a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e outras 12 pessoas pelo caso do sítio em Atibaia, no âmbito da Operação
Lava Jato. Agora, todos são réus no processo. O ex-presidente já é réu em outras ações e tem uma condenação.
Leia a íntegra da decisão
Segundo o Ministério
Público Federal (MPF), Lula recebeu propina proveniente de seis contratos
firmados entre a Petrobras e a Odebrecht e a OAS. Os valores foram repassados
ao ex-presidente em reformas realizadas no sítio, dizem os procuradores.
Conforme a denúncia, as melhorias no imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão.
Lula nega as acusações
e diz não ser o dono do imóvel, que está no nome de sócios de um dos filhos do
ex-presidente. Em nota, a assessoria de imprensa dele disse que a
"abertura de ação sobre o sítio de Atibaia é mais uma etapa da farsa
judicial movida pela Lava Jato contra o ex-presidente Lula".
O ex-presidente afirma
que todos os bens que pertencem a ele estão declarados à Receita e foram
bloqueados pelo juiz Sérgio Moro. Ainda de acordo com a nota, o sítio em
Atibaia não está entre esses bens poque "não é e nunca foi de Lula".
A nota também diz que
"a Lava Jato violenta mais uma vez a lei e os direitos de Lula, porque há
dois anos vem mentindo para o país e não consegue reconhecer que
errou". Leia a íntegra da nota abaixo.
Já os advogados do
ex-presidente classificaram a decisão de Moro, de aceitar a denúncia, como
"mais um atentado ao estado de direito". "Mais uma vez trabalha
com conceito de “propriedade de fato” embora o sítio referido na denúncia tenha
proprietários conhecidos, que constam na matrícula do imóvel e que provaram a
utilização de recursos próprios e lícitos para a compra do bem, e, ainda, que
suportam despesas de sua manutenção", dizem.
Apesar de o imóvel
estar em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios de Fábio
Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente, os investigadores da força-tarefa
encontraram uma série de elementos que, segundo a denúncia, comprovariam que o
sítio pertence, na verdade, ao ex-presidente. Entre eles, estão bens pessoais,
roupas e indícios de visitas frequentes ao imóvel. A denúncia afirma que entre
2011 e 2016, Lula esteve no local cerca de 270 vezes.
Vista aérea do sítio em
Atibaia, no interior de São Paulo (Foto: Carlos Nardi/WPP/Estadão Conteúdo)
De acordo com Moro, as
provas apresentadas conseguem sustentar minimamente que Lula era de fato dono
do sítio.
“Os elementos
probatórios juntados pelo MPF e também colacionados pela Polícia Federal
permitem, em cognição sumária, conclusão de que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva comportava-se como proprietário do Sítio de Atibaia e que pessoas
e empresas envolvidas em acertos de corrupção em contratos da Petrobrás, como
José Carlos Cosa Marques Bumlai, o Grupo Odebrecht e o Grupo OAS, custearam
reformas na referida propriedade, tendo por propósito beneficiar o
ex-Presidente”, afirmou o juiz.
No despacho, o juiz
citou que, pelos relatos e documentos, as reformas no sítio efetuadas por
Bumlai e pela Odebrecht começaram antes do final do mandato presidencial. Moro
afirmou que Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, relatou que os custos das
reformas no sítio foram abatidos de conta geral de propinas que tinha, entre
outras causas, os contratos da OAS com a Petrobras.
“Por outro lado, não há
qualquer registro de que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pago
qualquer valor por essas reformas realizadas no Sítio de Atibaia”, afirmou o
juiz.
Moro disse que demorou
a aceitar a denúncia porque estava ocupado com outros processos relacionados à
operação. “Esclareça-se, por fim, que demorei a apreciar a denúncia pois
ocupado com processos, com acusados presos e por também por reputar relevante
aguardar a posição do MPF em relação à absolvição de Paulo Roberto Valente
Gordilho na ação penal conexa [sobre o tríplex em Guarujá]”.
Veja quem virou réu
Luiz
Inácio Lula da Silva, ex-presidente: corrupção passiva e
lavagem de dinheiro
Marcelo
Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht: corrupção ativa
José
Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, dono da OAS: corrupção
ativa e lavagem de dinheiro
José
Carlos Bumlai, pecuarista: lavagem de dinheiro
Agenor
Franklin Medeiros, ex-executivo da OAS: corrupção ativa
Rogério
Aurélio Pimentel, ex-assessor especial da Presidência:
lavagem de dinheiro
Emílio
Odebrecht, dono da construtora Odebrecht: lavagem de dinheiro
Alexandrino
de Alencar, ex-executivo da Odebrecht: lavagem de dinheiro
Carlos
Armando Guedes Paschoal, ex-diretor da Odebrecht: lavagem
de dinheiro
Emyr
Diniz Costa Junior, engenheiro da Odebrecht: lavagem do
dinheiro
Roberto
Teixeira, advogado de Lula: lavagem de dinheiro
Fernando
Bittar, empresário, sócio de um dos filhos do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: lavagem de dinheiro
Paulo
Gordilho, engenheiro da OAS, lavagem de dinheiro
Entenda a denúncia
A acusação trata do
pagamento de propina de pelo menos R$ 128 milhões pela Odebrecht e de outros R$
27 milhões por parte da OAS. Conforme a denúncia, Lula foi beneficiado com parte
desse dinheiro, por meio de obras realizadas no sítio Santa Bárbara, em
Atibaia.
As obras, conforme a
denúncia, serviram para adequar o imóvel às necessidades de Lula. Segundo o
MPF, a Odebrecht e a OAS custearam R$ 850 mil em reformas na propriedade.
O MPF diz que Lula
ajudou as empreiteiras ao manter nos cargos os ex-executivos da Petrobras
Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada, Nestor Cerveró e Pedro
Barusco, que comandaram boa parte dos esquemas fraudulentos entre empreiteiras
e a estatal, descobertos pela Lava Jato. Todos já foram condenados em ações
penais anteriores.
Conforme a denúncia, as
duas empreiteiras foram beneficiadas em pelo menos sete contratos. Também faz
parte da denúncia o contrato de aluguel do navio-sonda Vitória 10.000,
realizado pela empreiteira Schahin, junto à Petrobras.
Nesse contrato, o
processo apura um suposto pagamento de R$ 150 mil a Lula, com a ajuda do
pecuarista José Carlos Bumlai, que teria intermediado os repasses ao
ex-presidente.
Veja a seguir os
indícios levados em conta por Moro para receber a denúncia contra Lula:
Proximidade dos formais
proprietários com Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares;
Informação de que
veículos de utilização do ex-presidente teriam comparecido cerca de 270 vezes
ao sítio de Atibaia entre 2011 a 2016 e que agentes de segurança pessoal dele
também lá estiveram em mais de uma centena de oportunidades;
Colocação de câmeras de
segurança por ação dos agentes de segurança pessoal do ex-presidente;
Mensagens eletrônicas
trocadas entre o caseiro da propriedade rural e o Instituto Lula, inclusive
acerca de obras e eventos corriqueiros no sítio;
Localização, na busca e
apreensão autorizada judicialmente, de diversos bens pessoais de Luiz Inácio
Lula da Silva e de seus familiares, inclusive vestuários com o nome do
ex-Presidente, na suíte do sítio;
Apreensão de notas
fiscais emitidas contra a esposa do ex-presidente relativas a bens encontrados
no sítio;
Apreensão de notas
fiscais emitidas contra auxiliares do ex-presidente e empregados da Odebrecht
no apartamento dele em São Bernardo relativas a bens encontrados no sítio de
Atibaia;
Mensagens eletrônicas
relativas à reforma do sítio de Atibaia encaminhadas a auxiliares do
ex-presidente;
Apreensão no
apartamento do ex-presidente em São Bernardo (SP) de minuta de escritura de
compra e venda do imóvel de matrícula 55.422, ou seja, parte do sítio de
Atibaia, de Fernando Bittar para o ex-presidente.
Depoimentos de membros
da empreiteira Odebrecht - Emílio Odebrecht, Alexandrino Salles de Alencar,
Emyr Diniz Costa Júnior e de José Adelmário Pinheiro Filho - e de Leo Pinheiro,
ex-presidente da OAS;
Notas fiscais de
serviços, obras e materiais de construção para reformas no sítio emitidas pela
Odebrecht e José Carlos Bumlai;
Mensagens de celular
entre os denunciados sobre as obras e serviços;
Notas fiscais
apreendidas no apartamento do ex-presidente em São Bernardo do Campo de bem
utilizado no sítio e emitidas contra engenheiro da Odebrecht e contra arquiteto
contratado por José Carlos Costa Marques Bumlai;
Notas fiscais emitidas
em nome de Fernando Bittar para aquisição de cozinha no sítio em Atibaia, mas
com pagamento suportado pela OAS.
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