Vereadores de Teresópolis são presos em operação do MP-RJ e da Polícia Civil













Metade da Câmara  municípal de Teresópolis  é investigada.

Metade dos vereadores de Teresópolis são alvos de prisão em uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (25).
Cinco dos seis vereadores alvos da Operação Ananas (abacaxi em francês) foram presos até as 8h45. Há sete mandados de busca e apreensão decretados, um deles na Câmara Municipal.

Estão sendo cumpridos sete mandados de busca e apreensão, um deles na Câmara da cidade.
Mandados de prisão
Ø Claudia Lauand, a "Dra. Claudia"
Ø Eudilbelto José Reis, o "Dedê da Barra"
Ø Leonardo Vasconcellos de Andrade
Ø Luciano dos Santos Cândido, o “Pastor Luciano”
Ø Rocsilvan Rezende da Rocha, o "Rock"
Ø Ronny Santos Carreiro
Os vereadores são suspeitos de associação criminosa para a prática dos crimes de concussão e peculato.

A cronologia da crise do diesel, do controle de preços de Dilma à redução diante da greve dos caminhoneiros





















Caminhoneiros estão parados desde segunda-feira afetando vários setores da economia do país; mas como chegamos a esta crise?
A greve dos caminhoneiros, que entrou no seu quarto dia nesta quinta-feira e afeta vários setores da economia do país, tem sua raiz na insatisfação com a política de preços dos combustíveis, que passou por uma mudança significativa no início do governo Michel Temer, em 2016.
Os reajustes passaram a ser determinados pela Petrobras de acordo com variações do dólar e do preço do petróleo no mercado internacional.
Antes, no governo de Dilma Rousseff, a variação dos preços internacionais era repassada de forma defasada aos valores praticados no país, um mecanismo usado para tentar segurar o aumento da inflação.
Veja abaixo, com mais detalhes, a cronologia dos fatos que levaram à atual crise.

2008 a 2014 - 'Interferência política' e preço abaixo do mercado


























A ex-presidente Dilma Rousseff visita as obras da P-74 (Petrobras) no Estaleiro Inhaúma, na região de São Gonçalo, em 2013 (Foto: Rudy Trindade/Frame/Folhapress)

O governo Dilma era acusado de usar a Petrobras como instrumento de política macroeconômica para controlar a inflação.
A prática de controlar e atrasar o repasse dos preços internacionais aos combustíveis no mercado interno permitia ao governo, na prática, influenciar os índices de inflação por meio da gasolina e do diesel - praticamente obrigando a Petrobras a vender os produtos a preços abaixo do mercado, o que teria causado grandes prejuízos à empresa.
Agindo assim, o governo evitava que a elevação do preço dos combustíveis se disseminasse pela economia afetando os outros produtos que dependem diretamente de transporte rodoviário e de insumos derivados do petróleo, capitalizando o impacto na inflação geral.

Junho de 2016 - Declaração de 'independência























Pedro Parente, presidente da Petrobras, durante apresentação dos resultados da Petrobras, que registrou no 1º trimestre o maior lucro desde 2013 (Foto: Sergio Moraes/Reuters)

Em 2016, Pedro Parente, novo presidente da Petrobras, foi empossado por Michel Temer afirmando que a política de preços passaria a ser guiada pelos interesses da empresa, sem influência do governo.
Em outubro do mesmo ano, o valor dos combustíveis começou a acompanhar a tendência do mercado internacional tomando por base não somente o preço do petróleo bruto, como também custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias, além de uma margem para remunerar riscos inerentes à operação, como a volatilidade da taxa de câmbio e dos preços, taxas portuárias, lucro e tributos.
Com a nova política, as revisões de preços passaram a ser feitas pelo menos uma vez por mês, podendo haver manutenção, redução ou aumento nos valores praticados nas refinarias e possível impacto nas bombas, para o consumidor.
"Para permitir maior flexibilidade na gestão comercial de derivados e estimular aumentos de vendas", a Petrobras também afirmou na época que avaliaria conceder descontos pontuais para o diesel e a gasolina em mercados específicos, mas que "em hipótese alguma" esses descontos levariam o preço para um patamar abaixo dos custos.
A estatal ressaltou ainda que não praticaria preços abaixo da paridade internacional, sinalizando o fim do combustível amplamente subsidiado, política adotada por governos anteriores.
Junho de 2017 - Frequência maior de ajustes
Depois de avaliar que não estava conseguindo acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações de petróleo e derivados, a Petrobras anuncia que haveria uma frequência maior nos ajustes de preços.
A partir de 03 de julho de 2017, a empresa passou a realizar ajustes nos preços "a qualquer momento, inclusive diariamente".
"A revisão da política aprovada permitirá maior aderência dos preços praticados do mercado doméstico ao mercado internacional no curto prazo e possibilitará à companhia competir de maneira mais ágil e eficiente", disse a Petrobras, na época.
O preço do petróleo, depois de dois anos em recordes mínimos, começava, justamente em junho de 2017, a subir no mercado internacional.
Em dezembro, pela primeira vez desde a implementação dessa nova política, o litro de gasolina ultrapassava a barreira dos R$ 4 nos postos.
Maio de 2018 - Greve
























Greve de caminhoneiros nas proximidades de Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG) (Foto: Moisés Silva/O Tempo/Estadão Conteúdo)

O mês marca a chegada de protestos dos caminhoneiros, insatisfeitos com os constantes reajustes e o aumento do preço dos combustíveis, que, segundo representantes da categoria, tornou inviável o transporte de mercadorias no país.
No dia 16 de maio, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) apresentou um ofício ao governo federal pedindo o congelamento do preço do óleo diesel e a abertura de negociações, mas foi ignorada. No dia 18 (última sexta-feira), a organização lançou um comunicado em que mencionava a possibilidade de paralisação a partir de segunda-feira, o que de fato ocorreu.
Na terça, pouco depois de a Petrobras anunciar redução nos preços do diesel nas refinarias, motivada por uma leve queda do dólar, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, declarou que não havia espaço para cortar impostos, diante da dificuldade de equilibrar as contas públicas.
Na quarta-feira, pressionado pelos efeitos da greve, Pedro Parente, anunciou que a estatal fará uma redução de 10% no preço do óleo diesel - e que manterá este preço durante as próximas duas semanas. A paralisação, no entanto, continuou.


Greve só termina com sanção de alíquota zero do PIS-Cofins, diz Abcam

No entanto, a notícia de que o presidente do Senado, Eunício Oliveira, deixou a capital para cumprir agenda no Ceará irritou uma liderança dos caminhoneiros: 'quer ver o circo pegar fogo'
Brasil - O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse nesta quinta-feira que a mobilização dos caminhoneiros nas rodovias do país só será encerrada quando o presidente Michel Temer sancionar e publicar, no Diário Oficial da União, a decisão de zerar a alíquota do PIS-Cofins incidente sobre o diesel.
Para poder ser sancionada pelo presidente, a medida precisa, antes, ser aprovada pelo Senado. 
No entanto, outra notícia irritou o presidente da Abcam: o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), deixou a capital federal na manhã desta quinta-feira para uma agenda no Ceará. José da Fonseca Lopes, disse que, sem a presença do presidente do Senado para tentar aprovar a redução dos impostos sobre o diesel, a chance de o movimento terminar nesta quinta-feira cai de até 90% para 5%.

























Nas entrevistas, apareceram os presidentes da Câmara e do Senado bonitinhos. Agora, um agiu e outro já na casa dele tomando uisquinho', disse o presidente da Abcam - Marcos Brandão/Senado Federal
"Se o presidente do Senado viajou para o Ceará, é porque quer ver o circo pegar fogo. Ele também será responsabilizado", disse.
"A informação sobre a viagem de Eunício me deixou preocupado porque pode gerar caos nesse País", acrescentou Lopes. "Fiquei com um sentimento de revolta. Nas entrevistas, apareceram os presidentes da Câmara e do Senado bonitinhos em frente às câmeras para dizer que vamos resolver isso. Agora, um agiu (para aprovar) e outro já na casa dele tomando uisquinho com água de coco, não é por aí. E a gente aqui comendo o pão que o diabo amassou", disse. "Se for isso aí, a coisa não vai ficar boa", completou.
Segundo Fonseca, os caminhoneiros não estão proibindo a passagem de veículos que transportam itens essenciais como remédios nem cargas vivas, produtos perecíveis ou oxigênio para hospital. Ônibus com passageiros e ambulâncias também estão podendo passar pelos bloqueios.
"Não são só os caminhoneiros que estão sendo prejudicados pela alta dos combustíveis. Isso está prejudicando todo mundo, inclusive temos recebido mensagens via redes sociais para continuarmos mantendo o movimento. Há insatisfação da sociedade com o governo", disse.
O representante dos caminhoneiros voltou a criticar a política de preço da Petrobras. “A equiparação com o preço internacional [do petróleo] foi a pior medida que podia ser feita.”