Odebrecht criou isenção fiscal aprovada pela Alerj, revela e-mail para Jorge Picciani

























Assembleia aprovou projeto de lei 'nos exatos termos propostos pela Odebrecht'. Proposta foi enviada por diretores da empreiteira ao então presidente da Casa.

Jorge Picciani recebeu da Odebrecht, segundo o Ministério Público Federal (MPF), mais de R$ 11 milhões de propina entre 2008 e 2014. Um e-mail obtido na denúncia mostra um exemplo de como o esquema criminoso funcionaria para ajudar a empresa: a própria Odebrecht enviou ao então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) o projeto de lei que daria isenção fiscal para um dos braços da empresa, a Braskem.
A Alerj já havia aprovado isenção fiscal a uma série de empresas, mas ainda não às petroquímicas de transformação de plástico, como a Braskem. Para dar o benefício a este setor, seria necessário um projeto de lei para mudar a regra.
A investigação encontrou o projeto de lei na caixa de e-mails de Jorge Picciani. Mas ele não era o autor. Picciani havia recebido a proposta em sua caixa de entrada, enviado por Benedicto Barbosa Júnior, da Odebrecht. Pouco tempo depois, a proposta acabou sendo aprovada no plenário.
"O que se viu foi a aprovação do projeto nos exatos termos propostos pela Odebrecht", afirmam os procuradores.

Quem assina o projeto é um aliado de Picciani, o atual prefeito de Nova Iguaçu e ex-deputado Rogério Lisboa. Na denúncia, o MPF diz que a conduta dele não faz parte da imputação, mas que demanda o "aprofundamento das investigações".
Segundo a investigação, o presidente afastado da Casa intermediava as propinas e tinha grande liderança sobre os parlamentares. Diz também que, com o patrocínio às candidaturas, Picciani se tornou "hegemônico e com poder absoluto no estado".
"O poder de Picciani tornou-se a moeda de troca que lhe permitiu enriquecer".

Picciani preso

O presidente afastado da Alerj, Jorge Picciani, foi preso na operação Cadeia Velha, que apura o uso da presidência e outros postos da Assembleia Legislativa para a prática de corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A petição do MPF resulta de investigações feitas há mais de seis meses, que incluíram quebras de sigilo bancário, telefônico e telemático, acordos de leniência e de colaboração premiada, além de provas obtidas a partir das Operações Calicute, Eficiência, Descontrole, Quinto do Ouro e Ponto Final.
De acordo com o Ministério Público Federal, são inafiançáveis os crimes dos deputados, que seguem em flagrante delito, sobretudo de associação criminosa e lavagem de ativos, e não é preciso a Alerj avaliar suas prisões.
As investigações do MPF apontaram que o presidente da Alerj, Jorge Picciani, seu antecessor, Paulo Melo, e o segundo vice-presidente, Edson Albertassi, formam uma organização integrada ainda pelo ex-governador Sérgio Cabral, que vem se estruturando de forma ininterrupta desde a década de 1990.
A organização, como apurou o MPF, vem adotando práticas financeiras clandestinas e sofisticadas para ocultar o produto da corrupção, que incluiu recursos federais e estaduais, além de repasses da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
A petição do MPF foi embasada em três frentes de apuração: os repasses da Fetranspor para deputados; os recursos da Federação para uma conta de Cabral e sua partilha com Picciani e Melo; e as doações da construtora Odebrecht a políticos, depois declaradas em acordos de colaboração já homologados.



STF decide que assembleias não podem derrubar prisão de deputados estaduais

























Por 5 votos a 4, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (7) que as assembleias legislativas estaduais não poderão rever decisões judiciais sobre prisões e medidas cautelares.
Durante os dois dias de julgamento, os ministros Marco Aurélio, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Celso de Mello votaram a favor da imunidade. Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármem Lúcia se manifestaram contra o benefício. Luís Roberto Barroso, em viagem acadêmica, e Ricardo Lewandowski, de licença médica, não participaram da sessão.
O placar foi obtido com voto de desempate da presidente, Cármen Lúcia. Durante seu voto, a ministra disse que a “corrupção está sangrando o país” e que o sistema jurídico impõe a ética no serviço público. No entendimento da presidente, as assembleias não podem revisar decisões judiciais que determinem a prisão de deputados estaduais.
“É preciso que os princípios constitucionais digam respeito a higidez das instituições, aos princípios democráticos, mas não permitem, no entanto, que a imunidade se torne impunidade.", disse a ministra.
O caso que motivou o julgamento foi a prisão preventiva dos deputados do estado do Rio de Janeiro Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB, determinadas pelo TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região).
Os parlamentares foram presos preventivamente no dia 16 de novembro, por determinação da Justiça Federal, sob a suspeita de terem recebido propina de empresas de ônibus. Os fatos são investigados na Operação Cadeira Velha, da Polícia Federal. No dia seguinte, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro reverteu a decisão judicial e votou pela soltura dos três.
A questão jurídica está em torno da interpretação do Artigo 27, da Constituição. O quarto parágrafo diz que o deputado estadual tem direito às regras constitucionais sobre sistema eleitoral, inviolabilidade e imunidades previstas na Carta.
Com base nesse artigo, constituições estaduais reproduziram a regra, prevista no Artigo 53, que garante a deputados e senadores prisão somente em flagrante de crime inafiançável e referendada por sua casa legislativa.
Julgamento sobre imunidade de deputados estaduais teve início nesta quarta-feira (6)
PGR
As ações contra a decisão da Alerj foram protocoladas no Supremo pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). De acordo com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a assembleia do Rio descumpriu a decisão judicial da Justiça Federal, que determinou a prisão dos parlamentares. Ainda segundo a procuradora-geral, a Alerj desrespeitou os princípios do devido processo legal e da separação dos Poderes ao derrubar uma decisão judicial.
Em sua manifestação, a procuradora-geral disse que princípios da Constituição foram desafiados por decisões das assembleias do Rio de Janeiro, Mato Grosso e do Rio Grande do Norte. Todas derrubaram decisões judiciais que determinaram a prisão de deputados estaduais.



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