Cobrança de
propina pelo PT em empréstimos do BNDES é relatada por mais executivos
Por Valdo Cruz e Márcio Falcão, na Folha:
O pagamento de propina para liberação de empréstimo do BNDES para bancar projetos no exterior, como revelado pela Andrade Gutierrez na construção de uma siderúrgica na Venezuela, foi cobrado de outras empreiteiras que tinham obras financiadas pelo banco fora do Brasil. Segundo relato de executivos de duas construtoras à Folha, o esquema envolvia o pagamento de 1% de propina para o PT a cada desembolso dos empréstimos feito pelo banco e envolveu outras construtoras além da mineira, segunda maior do país.
O pagamento de propina para liberação de empréstimo do BNDES para bancar projetos no exterior, como revelado pela Andrade Gutierrez na construção de uma siderúrgica na Venezuela, foi cobrado de outras empreiteiras que tinham obras financiadas pelo banco fora do Brasil. Segundo relato de executivos de duas construtoras à Folha, o esquema envolvia o pagamento de 1% de propina para o PT a cada desembolso dos empréstimos feito pelo banco e envolveu outras construtoras além da mineira, segunda maior do país.
A reportagem apurou que investigadores da Operação Lava Jato decidiram levantar se essa espécie de “pedágio”, já admitido pela Andrade, era cobrado de todas as empreiteiras em todos os financiamentos de projetos no exterior bancados pelo BNDES. Ou seja, procuradores e agentes federais investigam se a cobrança de propina pelo PT era uma regra geral ou funcionou apenas em alguns casos. Além da Andrade Gutierrez, o banco federal financiou projetos fora do país de empreiteiras como Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão, entre outras empresas brasileiras com atuação no exterior, principalmente na América Latina e na África.
Os dois executivos disseram que não havia esquema de corrupção dentro do BNDES para a avaliação e aprovação dos financiamentos. Ambos repetiram a mesma explicação, de que dentro do banco tudo era “puramente técnico” e de acordo com as regras do órgão. Segundo a reportagem apurou e também foi detalhado pelo ex-executivo da Andrade Gutierrez Otávio de Azevedo à Justiça, assim que saía a primeira liberação de recurso do BNDES, a empresa era procurada pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, hoje preso em Curitiba.
Na conversa, o petista argumentava que a liberação dos recursos pelo banco também fazia parte do “pacote de 1%” acertado pelo partido com as empreiteiras, percentual cobrado sobre o valor de seus contratos com o governo federal no país. Um dos executivos ouvidos relatou que o pagamento referente ao BNDES era feito pelas construtoras porque elas não queriam problemas futuros com o governo que pudessem prejudicar novos projetos no exterior.
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