O deputado Jair Bolsonaro Foto: Fabio
Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Após o deputado Jair
Bolsonaro aparecer em segundo lugar em pesquisas de intenções de votos à
Presidência, o jornal norte-americano Quartz publicou uma comparação
entre o brasileiro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que também
era tido como candidato improvável nas eleições à Casa Branca em 2016.
"A eleição de
Trump ensinou aos norte-americanos que qualquer candidato, não importa o quanto
ele pareça, deve ser levado a sério por todos antes que seja tarde
demais", diz o texto.
De acordo com a
publicação, embora a população dos EUA não conheça a história de Bolsonaro, ela
é parecida com a do republicano e, portanto, "os brasileiros precisam
entender isso agora".
O deputado, que
representa o Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados do Brasil, tem feito
reivindicações racistas, homofóbicas e xenófobas desde que entrou na política
em 1988. "Eu não tento agradar a todos. Eu não sou bom, mas os outros são
muito ruins. Eles tentam me derrubar, mas continuo a subir nas pesquisas",
declarou o brasileiro ao portal Vice News .
O Quartz define
Bolsonaro como um "fenômeno popular" na política brasileira e suas
declarações polêmicas podem ser comparadas por diversas vezes as de Trump. O
magnata também é conhecido por seu estilo excêntrico e politicamente incorreto.
Segundo o jornal, o
discurso do deputado é centrado em suas visões conservadoras sobre uma série de
questões sociais. Ele já deixou claro que "preferiria ter um filho morto
do que um homossexual" e que a comunidade LGBT está tentando assumir a
sociedade.
Para Bolsonaro,
"esses grupos querem alcançar nossos filhos para transformá-los em adultos
gays para satisfazer a sexualidade dos homossexuais no futuro", diz a
publicação.
O deputado do Partido
Social Cristão (PSC) irá se candidatar à presidência nas eleições de 2018,
principalmente após a onda de escândalos e corrupção que envolvem a maior parte
dos políticos.
De acordo com o jornal,
"os brasileiros, assim como os norte-americanos, estão com sede de
mudança. A inflação é alta, o crime é alto, o desemprego é alto, mas o quadro
de políticos é corrupto. Bolsonaro tem uma mensagem diferente que se
encaixa" no atual cenário.
"Eu sou uma pessoa
autêntica. Minhas propostas são diferente de tudo o que está lá fora",
disse ao Vice News o político que acredita que um retorno à lei e à
ordem significa mudar a política de direitos humanos no Brasil, porque
"não podemos tratar os criminosos como vítimas. Você luta contra a
violência com violência".
No texto
norte-americano é destacado outro ponto que teria impulsionado Bolsonaro: o
movimento evangélico do Brasil. No Congresso, a Igreja está cada vez mais
dominante, inclusive a maioria de seus membros votaram a favor do impeachment
da ex-presidente Dilma Rousseff.
Além disso, a
publicação ressalta que a população conservadora sente que o país está perdido
com políticas liberais e a solução é ter políticas mais duras como as do futuro
candidato ao Palácio do Planalto.
O Brasil enfrenta a sua
pior recessão econômica desde a década de 1930. Quatro brasileiros em cada 10
estão desempregados. A ascensão de Bolsonaro, segundo o Quartz , tem
gerado repercussão mundial. "Eu faço novidades, então é claro que as pessoas
etão atrás de mim", disse o deputado ao jornal.
Mas Bolsonaro ainda
acredita que a mídia o retrata injustamente. A narrativa de como a mídia e a
oposição estão tentando sufocar seu movimento também está presente no discurso
do político. Esta é mais uma das histórias que os norte-americanos estão
familiarizados. Trump já denunciou diversas vezes que as declarações da
imprensa sobre sua vida pessoal e política são "mentirosas".
A publicação ainda diz
que o brasileiro se compara com outros candidatos de extrema-direita. "Da
mesma forma que a oposição está tentando sufocar o movimento de Le Pen na
França, eles estão tentando prejudicar minhas chances em 2018", ressaltou
Bolsonaro na entrevista.
A chance de Bolsonaro
de ser eleito começou a aumentar. Em 30 de abril, ele apareceu com 15% das
intenções de votos atrás apenas no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No
entanto, o petista é alvo de investigação por corrupção e lavagem de dinheiro.
Na publicação,
Bolsonaro ainda argumenta que os resultados da pesquisa também podem ser
enganadores. Ele cita as pesquisas de opinião pública norte-americanas que não
previram a vitória de Trump. "Apesar do retrato da mídia dele, ele ainda
ganhou", disse.
Para o jornal, mesmo
que Bolsonaro não vença no próximo ano, essa perda não descarta futuras
campanhas. "Os brasileiros estão com sede de mudança e estão procurando
por alguém diferente - um estranho. É hora de começar a pensar seriamente em
Bolsonaro", finaliza a publicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário