Campanha municipal, com suas regras esdrúxulas, começa hoje
Proibição da doação de empresas vai jogar finanças das disputas na mais absurda clandestinidade

Por: Reinaldo Azevedo  16/08/2016

A campanha eleitoral municipal começa nesta terça, obedecendo à soma de regras esdrúxulas da chamada minirreforma política e do tacão imposto pelo STF, que proibiu as doações de empresas a partidos e candidatos. Podem colaborar com as campanhas apenas as pessoas físicas. O limite de doação é 10% do que foi declarado no Imposto de Renda. Como o financiamento público também não foi aprovado, é claro que vai faltar dinheiro, e haverá um festival de caixa dois e doações por baixo do pano. Mais: o crime organizado espreita as disputas Brasil afora. Afinal, o dito-cujo dispõe de moeda sonante. Com a palavra, o ministro Roberto Barroso, do Supremo, o grande responsável por essa proibição estúpida.
O Congresso também fez das suas. Começando hoje, haverá apenas 45 dias para a campanha — antes, eram 90. O tempo dos candidatos na TV também foi substancialmente reduzido: dos antigos 45 dias para os atuais 35. As inserções começam no dia 26.
Os blocos de propaganda não mais terão meia-hora, mas 10 minutos: no rádio, às 7h e às 12h; na TV, às 13h30 e às 20h30. Os partidos terão ainda direito a 70 minutos diários para as inserções curtas, de 30 ou de 60 segundos — 60% do tempo devem ficar reservados aos candidatos a prefeito, e 40% aos vereadores.
Sou contra propaganda na televisão e no rádio, é claro! Mas, se existe, encurtar o tempo de exposição dos candidatos só colabora com quem já está na frente, certo? Afinal, há menos tempo para tentar fazer o eleitor mudar de ideia. O mesmo se diga sobre o encurtamento do período de campanha: com apenas 45 dias, aumentam as chances de a tendência atual do eleitorado se confirmar.
Podem escrever: esta será a primeira e a última eleição disputada segundo essas regras.


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