Cabral desafia promotora que fez inspeção em sua cela





















Picciani (de camisa branca) é recebido por Cabral (camisa verde) em cela com a porta aberta

Durante inspeção em cadeia de Benfica, MP encontrou diversas irregularidades

Preso em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o ex-governador Sérgio Cabral fez perguntas com tom de ironia a integrantes do Ministério Público do Estado durante uma inspeção na cela, na última sexta-feira (24).
Em entrevista na manhã desta segunda-feira (27) ao telejornal Bom Dia Rio, a promotora Andrea Amin disse que o ex-governador perguntou se ela estava procurando por fuzis ou drogas em sua cela.
"Ele veio perguntar quem coordenava a operação. Eu disse que era eu. E aí, ele perguntou se eu procurava um AK-47 ou por crack. Respondi que se achasse, apreenderia. Tempos depois, ele voltou e fez elogios ao trabalho do Ministério Público", relatou a promotora.
Durante a inspeção de sexta-feira (24), o MP encontrou uma série de irregularidades na galeria C, que reúne presos da Operação Lava Jato. Procuradores encontraram alimentos congelados e in-natura, tais como camarão, bolinho de bacalhau, iogurtes, queijos importados. Diferente das galerias A e B, onde estão presos com curso superior, os colchões de dormir da galeria C são diferentes e mais altos.
Há também filtros de água instaladas, o que, segundo o MP, demonstra clara distinção de políticos e empresários da Lava Jato em relação aos demais presos. A inspeção encontrou, ainda, na cela do empresário do ramo de ônibus Jacob Barata Filho, preso por corrupção, R$ 500 em dinheiro. Em vídeo do Ministério Público ao qual o programa Fantástico teve acesso, a cela de Cabral aparece aberta enquanto o ex-governador conversa com o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), também detido pela Lava Jato.
O Ministério Público enviou os alimentos para perícia e investiga se eles foram fornecidos por restaurantes do Rio. O material resultado da inspeção foi enviado para o juiz Marcelo Brêtas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. 
Em outubro, Brêtas entendeu que Cabral tinha privilégios na prisão de Benfica e autorizou a transferência do ex-governador para o presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A defesa de Cabral entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguiu evitar a saída do ex-governador do Rio de Janeiro, por decisão do ministro Gilmar Mendes, relator da Lava Jato no estado.

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