Nada desmoraliza tanto
qualquer discurso contra as injustiças do mundo quanto a oferta de um
privilégio ao orador. O petismo no poder é exemplo acabado, definitivo, do que
afirmo, embora a mesma hipocrisia também possa ser encontra noutros partidos e
fora da política. Sempre, em algum lugar, há alguém gastando saliva por uma
sociedade "igualitária", e pronto para sugar até a última gota os
mais escandalosos privilégios que lhe apareçam.
Desde 2008, os ex-presidentes brasileiros têm à sua disposição,
pelo resto dos respectivos dias (!), oito assessores e dois automóveis. Os
assessores têm direito a salários, diárias e passagens. Os ex-presidentes, não;
quando viajam, pagam as próprias despesas. Os servidores públicos privatizados
por nossas ex-excelências desempenham as respectivas carreiras funcionais
inteiramente a seus serviços.
Na regência de sua pequena corte mundo afora, Dilma está batendo
todos os recordes de despesas. Matéria da revista Época em 17 de julho informou
que nos primeiros seis meses de 2017 ela gastou “R$ 520 mil com diárias e
passagens, o triplo do que os assessores dos outros ex-presidentes usaram,
juntos, no mesmo período”.
Entre 2011 e 2017, o esquerdista, igualitarista e antielitista
Lula, uma vida honesta a serviço dos pobres, humanista mais honesto do Brasil,
mesmo abiscoitando, por palestra, os mesmos US$ 200 mil recebidos por Bill
Clinton, consumiu do erário R$ 3,1 milhões com as despesas de seus auxiliares.
A equipe de Collor custou R$ 1,2 milhão e FHC despendeu R$ 675 mil. A vida em
Alagoas parece ser mais cara do que em Paris.
Nos primeiros seis meses deste ano, o périplo pós-presidencial
de Dilma incluiu Suíça, França, Estados Unidos, Espanha, Itália, Argentina
e México. Dureza! Neste momento, ela gasta nosso dinheiro falando mal do Brasil
e bem de si mesma, do PT e de Lula, num roteiro que inclui a Alemanha, Rússia e
Finlândia.
O objetivo dessas
romarias consiste em instruir parceiros ideológicos, jornais e bancadas de
esquerda mundo afora sobre o “golpe” que a destituiu de um posto presidencial
onde vinha fazendo grande bem ao Brasil e a seus pobres. Complementarmente,
sustenta a tese de que Lula está sendo vítima de um golpe judiciário para
impedi-lo de disputar novamente a presidência.
E nós, pagando esse
serviço inescrupuloso, contra a imagem do país. A ex-presidente, cujo mandato
foi cassado pelo Senado Federal, talvez creia que essas viagens sejam maligna
vingança contra seu vice, cujo governo está constrangido, por lei, a custear a
própria difamação. Ou seja, presumo que ela continue incorrendo no mesmo
equívoco de seus companheiros de armas e carmas: imaginando que haja no
governo algum dinheiro que não seja do povo. Ou, ainda, supondo-se titular
do direito de usar recursos e servidores públicos para fazer o que bem entenda
pelo resto da vida.
PERCIVAL PUGGINA
Nenhum comentário:
Postar um comentário