Eles não


ANA PAULA HENKEL
Sou fã confessa de Christopher Nolan e é do seu maravilhoso “Dunkirk” que eu lembro neste momento tão crítico do país. O trecho que resume a ideia central do filme é quando um piloto de avião abatido, resgatado boiando no mar e traumatizado, grita com o homem comum que segue com seu pequeno barco para tentar resgatar soldados a pedido de Churchill na França ocupada: “Seu lugar é em casa!”, grita o piloto abatido.
Para o piloto, vivido pelo sempre enigmático e brilhante ator irlandês Cillian Murphy, o cidadão comum deve deixar a guerra para os profissionais, que o mais prudente é se ausentar, se omitir, se proteger em sua própria casa, enquanto o destino da nação está sendo decidido entre as forças do bem e do mal na Segunda Guerra. A resposta de Mr. Dawson, interpretado com uma dignidade comovente por Mark Rylance, não poderia ser mais definitiva: “Se não ajudarmos, não haverá mais casa, filho.”

A menos de uma semana da eleição mais importante em décadas, temos que admitir a possibilidade real da volta do grupo mais nefasto, corrupto e vingativo ao poder central do Brasil. O assalto do PT às instituições brasileiras é inédito, sem precedentes no Brasil e provavelmente no mundo, não apenas pelo volume de dinheiro envolvido e pela desfaçatez, mas também pela clara e evidente intenção de usar a força e o poder do Estado para subjugar o país ao projeto de poder do partido que, por honra e mérito de parte do judiciário e do Ministério Público, está na cadeia. Nem tudo parecia perdido até que vieram a campanha eleitoral deste ano, as pesquisas e a vertiginosa ascensão do poste Fernando Haddad, prefeito rechaçado de São Paulo e postulante ao cargo de office-boy de luxo de um detento. Um roteiro de terror em que o país morre no final.
Basta uma rápida busca na internet para reavivar a memória de quem não se lembra o que foi o PT no poder entre 2003 e 2016, o que fizeram e que país entregaram. Será que o Brasil já esqueceu de toda pilhagem bilionária dos cofres públicos, de verdadeiras fortunas “emprestadas” a ditaduras companheiras, do aparelhamento do Estado por militantes cleptomaníacos, pela total incapacidade de viabilizar no país um ambiente favorável ao investimento e à geração de empregos e riqueza de forma sustentável e não com feitiçarias econômicas como empréstimos sem lastro que acabaram gerando crise, recessão e milhões de desempregados e inadimplentes? Não é possível!
Enquanto a bolha de celebridade hedonistas se preocupa com a proteção de seus próprios vícios e perversões, para não mencionar as torneiras abertas do tesouro para seus “projetos culturais”, o brasileiro é assassinado ao ritmo de mais de cem cadáveres por dia, todos os dias, num genocídio de proporções bíblicas. É nestas horas que se vê a quem serve a destruição da educação brasileira, da ideologização dos currículos e da compra da imprensa pela nefasta publicidade estatal ou por empréstimos de padrasto para filho pródigo.
Minha próxima coluna será publicada já com o resultado do primeiro turno conhecido. O Brasil não pode vacilar, é o futuro das próximas gerações que está em jogo. Vista sua camisa verde e amarela, vá para as ruas, resgate o espírito das manifestações de 2015/16 e defenda seu país da mais perigosa ameaça enfrentada por seu povo. Se você não encarar essa guerra e apenas voltar para casa, pode não haver mais casa esperando você.

Artigo publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário