Fascismo e idiotia

O uso do termo ‘fascista’ é um presente para os fanfarrões – do simples idiota ao graduado acadêmico – que desejam destruir seus adversários, pela simples razão de que hoje ninguém sabe exatamente seu significado, designando apenas algo não desejável.
A recomendação dos expoentes da ciência política é a de  que tenhamos extrema cautela com quem usa e abusa das acusações de fascismo. George Orwell, em 1946, já percebera que a palavra perdera qualquer significado, convertendo-se em nada mais do que uma imprecação, um xingamento.
Chamar alguém de fascista, hoje, seria o mesmo de que na Idade Média acusar alguém de heresia e bruxaria, o que levou dezenas de milhares de inocentes à tortura ou à fogueira. Hoje, o objetivo é o mesmo, o de usar conceitos falsos ou imprecisos para desqualificar, submeter e destruir opositores políticos.
Não obstante, esquerdistas continuam a apontar seus dedos fáceis contra ‘fascistas’, como se soubessem do que estão falando. Os mais exaltados, ou aqueles movidos por má fé, enxergam fascistas por todo lado, exceto quando se olham no espelho, como ironicamente observou Jonah Goldberbg, em seu muito interessante livro sobre o fenômeno.
Para Goldberg, principalmente as esquerdas têm o hábito de lançar mão da acusação de ‘fascista’, para desqualificar seus oponentes, pois afinal, ninguém teria a obrigação de ouvir os argumentos de um fascista e muito menos de levá-lo a sério.
Quanto ao fascismo clássico (Itália, Alemanha, na primeira metade do século 20), retiramos alguns elementos que se repetem: exaltação de um líder carismático que passa a ser adorado quase como um deus, e considerado acima das leis; o uso, abuso e apoderamento das palavras e conceitos; a fabricação de sua própria verdade; o uso de grupos  organizados (sindicais, ou outros mais violentos) em suas manifestações públicas; o uso sem controle dos recursos públicos; o desprezo pela ordem legal (até a conquista do poder).
Confesso que nessas características do fascismo clássico, não posso deixar de observar muitos hábitos e práticas do Partido dos Trabalhadores.
Pedro Luiz Rodrigues, diplomata e jornalista.



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