SOCORRO!
Sebastião
Nery
Rio de Janeiro – Um
terço da população não é capaz de ler e compreender um texto mais elaborado.
Segundo o Inaf (Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional), em pesquisa
nacional, só 26% do povo brasileiro é plenamente alfabetizado. Mesmo entre os
com curso superior, encontram dificuldades de entender nas suas mais diversas
áreas do conhecimento, em setores profissionais fundamentais para o
desenvolvimento. E o mais dramático é que o Brasil investe em educação o
equivalente aos países mais desenvolvidos. A grande vítima dessa realidade é a
própria população. Há anos a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vem realizando
exames para os bacharéis saídos das Faculdades de Direito. A cada ano aumenta o
número de reprovados para obtenção da carteira de advogado: 8 de cada 10 não
alcançam o nível de conhecimento jurídico para se filiar ao órgão. É um número
espantoso que atinge as centenas de milhares de saídos dos cursos de Direito,
ao longo das últimas décadas.
Agora, o Cremesp
(Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) diz que 56% dos médicos
formados nas 46 escolas de medicina em atividade no Estado entram no mercado de
trabalho sem conhecimentos básicos: 80% não sabem interpretar uma radiografia e
70% não conseguiram diagnosticar um paciente com crise hipertensiva, doença que
atinge o quase cotidiano de 25% da população brasileira. O conselho médico de
SP, ao divulgar os resultados dos exames realizados em 2016, constatou que dos
2.766 inscritos, somente 43,6% atingiram a pontuação que os habilita para o
pleno exercício profissional.
O médico Bráulio Luna
Filho, diretor do Cremesp e coordenador dos exames, que vem realizando desde
2005, constatou:
-“Com exceção do exame de
2015, nos últimos dez anos o índice de reprovação ficou acima de 50%. É preciso
que as escolas médicas promovam melhorias nos métodos de ensino e imprimam mais
rigor em seus sistemas de avaliação”.
Infelizmente as provas e
o caótico resultado não impedem os futuros médicos do exercício profissional.
Somente para o programa de residência médica, instituições como a USP, Unicamp,
Unifesp e Santa Casa desde 2015 passaram a exigir aprovação nos exames do
Cremesp, para ingresso.
A “Folha de S.Paulo”
publicou em 9 de fevereiro deste ano assustadora matéria da competente
jornalista Claudia Collucci, mostrando as áreas problemáticas: “As médias mais
baixas foram em saúde pública/epidemiologia (49,1%); pediatria (53,3%); e
obstetrícia (54,7%);- 71% dos recém-formados não acertaram diagnóstico e
tratamento para hipoglicemia de recém-nascido, problema comum nos bebês”.
– “As escolas médicas
privadas continuam com pior desempenho em relação às públicas (33,7% contra
62,2%) de aprovação, Em ambas houve aumento de reprovação em relação a 2015.
Entre as públicas de 26% para 38%. Entre os cursos privados, de 59% para 66%.”
Sendo a saúde , como
dizia o saudoso medico e prefeito de Londrina, Dalton Paranaguá, a suprema lei,
o resultado oficializado pelo Cremesp, no Estado mais desenvolvido do País, é
devastador. Se na pauliceia onde, indiscutivelmente, o padrão da medicina
hospitalar está anos à frente da totalidade dos Estados brasileiros, imaginem o
que pode estar ocorrendo em outras unidades federativas.
A saúde está doente e não
é só nas filas dos hospitais.
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