TRE-RJ cassa mandato de Pezão e determina novas eleições; cabe
recurso
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, que teve o mandato cassado
O governador do Rio, Luiz
Fernando Pezão, que teve o mandato cassado
O TRE-RJ (Tribunal
Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) cassou nesta quarta-feira (8) os mandatos
do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e do vice-governador,
Francisco Dornelles (PP), por abuso de poder econômico e político. Como ainda
cabe recurso ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a decisão não tem efeito por
enquanto.
A cassação, caso
confirmada pelo TSE, deixa Pezão e Dornelles inelegíveis por oito anos. O
TRE-RJ determinou ainda que sejam realizadas eleições diretas para a chefia do
Executivo do Estado.
Francisco Dornelles,
vice-governador do Rio
A decisão do tribunal
regional foi por maioria dos votos. Segundo nota divulgada pelo
órgão, "o abuso de poder econômico e político ficou configurado uma
vez que o Governo do Estado do Rio de Janeiro concedeu benefícios financeiros a
empresas como contrapartida a posteriores doações para a campanha do então
candidato Pezão e de seu vice".
Em seu voto, o
desembargador Marco Couto afirmou que "restou comprovado que contratos
administrativos milionários foram celebrados em troca de doação de
campanha".
Em nota, a assessoria de
imprensa do governo do Rio informou que, "quando for publicada a decisão,
o governador Luiz Fernando Pezão e o vice-governador Francisco Dornelles vão
entrar com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)."
Rio em crise
A decisão do TRE-RJ é
mais um baque no governo de Pezão. Ele assumiu em abril de 2014, depois
que Sérgio Cabral (PMDB) renunciou para que o então vice disputasse a eleição
no cargo. Foi eleito no segundo turno, vencendo o então senador e hoje prefeito
do Rio, Marcelo Crivella (PRB).
Pezão foi vice nos dois
mandatos de Cabral -que está
preso desde dezembro sob suspeita de receber propina de empreiteiras.
Hoje, o governador comanda um Estado em profunda crise econômica e palco de
frequentes protestos de servidores públicos, que estão com salários atrasados.
Além de atrasar os
pagamentos, o governo quer, para conter gastos, que os servidores aumentem a
contribuição para a previdência de 11% para 22%.
Esta quarta, o governo do
Rio garantiu o pagamento dos salários dos servidores da segurança no dia 14
e com reajuste de até 10,22%, tudo para
evitar um possível motim na área de segurança. No pacote de ajuste
fiscal para o Estado anunciado no fim do ano passado, o governo previa adiar o
pagamento dos reajustes da categoria para 2020.
Em dezembro, os
servidores da segurança engrossaram o ato dos professores e demais servidores
públicos e chegaram a invadir a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro) durante a votação do pacote de austeridade enviado à Casa por Pezão.
Na terça (7), servidores do
Estado voltaram a protestar na porta da Alerj. Centenas de
participantes, a maioria de servidores da Cedae (a companhia de água e esgoto
do Estado), foram contra colocar em discussão a privatização da companhia e os
demais itens do pacote de medidas anunciadas pelo governo do estado para
combater a crise financeira. Na semana
passada, houve tumulto em manifestação no mesmo local.
Para pressionar o
governo, servidores da Cedae decretaram greve por 72 horas a partir desta
terça. Somente 30% dos funcionários estão trabalhando em ocorrências de falta
d'água e grandes vazamentos, segundo o SintSama (Sindicato dos trabalhadores
das empresas de saneamento básico do Rio de Janeiro). Funcionários
da companhia fizeram novo protesto hoje.
A venda da companhia de
saneamento é uma das manobras do governo para tentar contornar a crise. Ela faz parte
do acordo com a União, que prevê a suspensão do pagamento de dívidas
do Estado com bancos federais durante três anos e o empréstimo de R$ 3,5
bilhões para o Rio de Janeiro.
Em meio a toda essa
crise, Pezão ainda se viu obrigado a ficar licenciado durante sete meses no ano
passado para tratar
de um câncer no sistema linfático. Durante o período, foi
substituído interinamente por Dornelles.
"Teve um efeito
suspensivo, o TRE manteve ele no cargo (...) [Pezão] Vai recorrer e a gente
espera que ele tenha sucesso para o bem do Rio de Janeiro", declarou o
presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) e aliado de Pezão, Jorge Picciani,
em entrevista ao RJTV. Pezão e Dornelles informaram que vão recorrer ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) assim que for publicada a decisão – eles têm
três dias para entrar com o recurso. Segundo as assessorias de imprensa do TRE
e do governo do estado, até que o recurso seja julgado em Brasília governador e
vice podem permanecer no cargo.
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