O
ministro do Exterior da Coreia do Norte, Ri Yong-ho - EDUARDO MUNOZ /
REUTERS
Titular do Exterior da Coreia do Norte reforça críticas ao
presidente americano em discurso na ONU
WASHINGTON - Em meio à escalada de tensão e troca de ameaças entre o presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un, o ministro do Exterior da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, não poupou críticas ao chefe de Estado americano em seu discurso na 72ª Assembleia da Organização das Nações Unidas em Washington. Ri afirmou que o republicano pagará caro por seu discurso esta semana na conferência internacional, no qual ameaçou aniquilar a Coreia do Norte. Ele afirmou que os insultos a Kim e à Coreia do Norte tornam "visita de nosso míssil ao território inteiro dos Estados Unidos ainda mais inevitável".
— Caso se perdam vidas
nos Estados Unidos, será por sua culpa, por culpa dessa missão suicida de Trump
— ameaçou Ri. — A Coreia do Norte é um Estado nuclear responsável, mas
adotaremos medidas preventivas necessárias e implacáveis (...) se os Estados
Unidos e seus vassalos quiserem avançar (com ataques contra o país).
Ri defendeu que as
pressões internacionais, exercidas através de sanções contra a Coreia do Norte,
não farão Pyongyang interromper o desenvolvimento de seu programa nuclear:
— Estamos agora apenas
a alguns passos de completar nossa capacidade nuclear. É absurdo pensar que
nosso país vai desviar um milímetro de seu rumo por mais restritas que sejam as
sanções que nos impõem.
Em seu primeiro
discurso na ONU, Trump ameaçou destruir totalmente a Coreia do Norte, e chamou
o líder norte-coreano de "homem-foguete" que tenta implementar uma
"missão suicida".
— Devido a sua falta de
conhecimento comum básico e sentimento adequado, ele tentou insultar a
dignidade suprema do meu país ao se referir (a Kim Jong-un) como um foguete —
afirmou Ri. — Ninguém, além de Trump, está numa missão suicida.
Ri insultou o
presidente americano, chamando-o de "mentalmente perturbado e cheio de
megalomania". O ministro norte-coreano disse que Trump impõe uma ameaça à
segurança internacional.
Segundo Ri, os
comentários do republicano contrários ao regime norte-coreano
"mancharam" a ONU, disse o ministro, que sustentou que Trump pagará
caro. Segundo ele, Trump tem intenção de transformar a ONU em um "ninho de
gângsters" onde o "derramamento de sangue é a ordem do dia".
— Trump pode não estar
ciente do que é proferido de sua boca — afirmou Ri, acrescentando que o regime
norte-coreano vai se certificar de que ele pagará pelo que diz.
O discurso de Ri na ONU
começou pouco depois do Pentágono
anunciar que aviões militares dos Estados Unidos, escoltados por
jatos de combate, sobrevoaram o espaço aéreo internacional sobre as águas a
Leste da Coreia do Norte, em uma demonstração de força, que mostra a variedade
de opções militares disponíveis ao presidente Donald Trump.
SUSPEITA DE TESTE NUCLEAR NA COREIA
Mais cedo, a China
identificou um tremor de magnitude 3,4 na Coreia do Norte, o que levantou
suspeitas iniciais de um possível novo teste nuclear do regime do líder Kim
Jong-un. De acordo com Centro Nacional de Terremotos da China (Cenc), o epicentro
do sismo foi praticamente o mesmo que o do tremor de 3 de setembro, provocado
pelo sexto teste nuclear norte-coreano — o mais poderoso até agora.
Apesar das suspeitas, a
Coreia do Sul e, posteriormente a China, afirmaram que o tremor pode ser sido
originado por causas naturais. O serviço meterológico do país classificou o
abalo com magnitude 3,0. Após o abalo, a Organização do Tratado de Proibição
Completa de Testes Nucleares (CTBTO, na sigla em inglês) anunciou que está
investigando as causas da explosão.
Os seis testes
nucleares da Coreia do Norte
Todos os testes
nucleares realizados anteriormente pela Coreia do Norte foram classificados com
magnitiude superior a 4,3. No último ensaio, realizado no dia 3 de setembro, o
abalo sísmico alcançou magnitude 6,3. Na ocasião, a Coreia do Norte afirmou que
estava testando uma bomba de hidrogênio.O Ministério de Relações Exteriores da
China ainda não se manifestou sobre o tremor, mas a notícia foi amplamente
veiculada pelas agências estatais do país.
8 de outubro de 2006
O primeiro teste
nuclear da Coreia do Norte provocou um terremoto de 4,3 graus de magnitude. De
acordo com funcionários dos EUA, a arma usava plutônio e teria alcançado menos
de um quiloton (unidade de energia liberada).
TROCA DE AMEAÇAS
A suspeita sobre um
novo teste de mísseis na Coreia do Norte acontece em meio a um contexto de
extrema tensão entre o país asiático e os Estados Unidos, acentuada por uma
escalada verbal entre os presidentes Kim Jong-Un e Donald Trump.
Na quarta, o
republicano afirmou que Kim é um "louco" que coloca o povo
norte-coreano em risco. Antes da fala de Trump, o dirigente da Coreia do Norte
havia chamado o americano de "perturbado" e prometeu fazer com que
ele pagasse caro por suas ameaças.
Em meio ao cenário de
agressões entre os dois países, o ministro das Relações Exteriores da Rússia,
Serguei Lavrov, criticou a postura dos líderes, que classificou como "uma
briga entre crianças de jardim da infância".
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