O documento, obtido
pelo jornal O Globo,
faz parte de um lote de 694 documentos enviados pelo governo de Barack Obama ao
de Dilma Rousseff, para que a Comissão da Verdade examinasse abuso de direitos
humanos durante o período da ditadura militar.
O então ministro do
Planejamento, Delfim
Netto, é citado como alvo de acusações em dois
casos. Num deles, conhecido como o caso das polonetas, havia suspeitas em
torno de empréstimo de US$ 2 bilhões à Polônia a taxas de juros consideradas
baixas.
Em outro, um documento
conhecido como “relatório Saraiva” — acusava Delfim de, quando embaixador em
Paris, receber propina para intermediar negócios entre bancos estrangeiros e
estatais brasileiras. Ao jornal, ele negou qualquer relação ou irregularidade
nos dois casos.
Também estão no informe
menções ao escândalo da mandioca (desvio de verbas para produtores) e as
suspeitas contra os dois pré-candidatos do PDS (hoje PP) à Presidência, o
ex-governador Paulo Maluf e o então ministro Mário Andreazza. O jornal não
localizou a assessoria de Maluf.
O texto de 1984 afirma
que a corrupção abatera de forma tão grande a imagem dos militares entre os
brasileiros que era um fator decisivo para que eles saíssem do poder.
“Entre muitos oficiais,
dos mais baixos aos mais altos, há uma forte crença que os últimos 20 anos no
poder corromperam os militares, especialmente o alto comando e que agora é hora
de deixar a política e suas intempéries e voltar a ser soldado”, diz um trecho.
O alerta, no entanto,
era que mesmo com a saída dos militares os efeitos da corrupção ficariam e
poderiam desestabilizar a política nos anos seguintes.
O Ministério da Defesa
informou ao Globo que os telegramas são conhecidos pelo governo desde 2015 e
que não há nenhum novo posicionamento a fazer.
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