Relatório sustenta que há indícios suficientes sobre os pagamentos
No relatório final
da Operação Cui Bono, que investiga irregularidades na Caixa
Econômica Federal, a Polícia Federal (PF) afirma que o presidente Michel
Temer esteve envolvido na tentativa de compra de silêncio do ex-presidente da
Câmara Eduardo Cunha e do operador Lúcio Funaro.
A conclusão da PF se
baseia no áudio gravado por Joesley Batista, da J&F, em que o presidente
diz a famosa frase: “Tem que manter isso aí, viu?”, após o empresário afirmar
que estava “de bem” com Eduardo Cunha”.
De acordo com a PF,
foram encontrados “indícios suficientes de materialidade e autoria” atribuíveis
a Temer. A PF diz que o presidente incentivou Joesley Batista a manter
pagamentos a Cunha e Funaro, que estavam presos, para que os dois não fizessem
acordos de delação premiada.
Em delação premiada, o
executivo afirmou ter feito pagamentos de R$ 5 milhões após a prisão de Cunha
como saldo da propina de R$ 20 milhões pela relacionada à desoneração
tributária do setor do frango. Também narrou pagamentos mensais de R$ 400 mil
em benefício de Funaro. Ele relata que Temer tinha ciência disso.
Após a delação da JBS,
Funaro fez um acordo e admitiu que tinha recebido dinheiro para ficar em
silêncio.
O caso motivou uma
denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer, barrada pela
Câmara dos Deputados. O processo voltará a tramitar quando terminar o mandato
do presidente.
Além da compra de
silêncio de Cunha, o relatório também destaca que Temer deixou de comunicar às
autoridades competentes a suposta corrupção de juízes e membros do Ministério
Público, que foi narrada por Joesley no Jaburu.
O empresário disse que
estava “dando uma segurada” em um juiz. Também afirmou que um procurador estava
“dando informação” para ele, e que estava tentando substituir outro procurador.
Temer não condenou os relatos de crimes e, depois, não mandou investigá-los.
O documento de
conclusão do inquérito sobre fraudes no banco público indicia 16 pessoas, entre
elas Cunha, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, Funaro e executivos dos grupos
Bertin, Constantino – Henrique Constantino, dono da Gol -, Marfrig e J&F. A
PF não pode indiciar o presidente.
Fonte: Diário do poder
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